Recomeços escrita por Fê Weasley


Capítulo 4
Capítulo 4 - Ronald


Notas iniciais do capítulo

Hey quarenteners!! como cês tão. Mais um capítulo pra vocês. Dessa vez, menos de uma semana, olha só :D
Beijos procês e até a proxima postagem ;)



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O ruivo parou em frente a casa de seus pais, também conhecida como a sua casa, e a analisou por alguns instantes. O local, com um jardim gigante, um portão laranja, que ele próprio escolhera, janelas gigantes e com alguns pedaços de tinta saindo, lhe davam o ar de conforto e de lar que ele tanto gostava. Se sentia seguro naquele ambiente e uma certa nostalgia pelas experiências vividas quando criança. Se lembrava de escalar aquele portão e de acompanhar a mãe no jardim, enquanto ele tentava enxergar as figuras nas nuvens. Sorriu com a lembrança.

Por mais conforto que a casa em que crescera pudesse lhe dar, nada conseguia diminuir o aperto em seu peito pela conversa que viria a se seguir naquele instante. Sabia que conversar com a mãe era um pouco mais fácil, o que o tranquilizava, mas falar com o pai era algo que o fazia se sentir ansioso desde criança. Seu pai era extremamente rigido e desapontá-lo dizendo que não seguiria seus passos, era o mais tenso que poderia fazer. Para Ronald, essa questão beirava a pior coisa que poderia fazer como filho. Talvez fosse deserdado.

Bufou, irritado com a sua falta de coragem e, se sentando na calçada do lado oposto a sua casa, abriu seu celular e mandou uma mensagem a namorada.

 

 tá ocupada?

não, to no intervalo deles

                                                                                                          Pedi minha demissão hoje.

Não acredito, ronnie…

 achei que tínhamos conversado sobre isso

sim, tínhamos. mas você sabe que talvez

eu nunca mais tenha essa chance, não sabe?

eu sei meu amor

mas quanto tempo mais vc vai ficar

na casa dos seus pais? estamos namorando

há 9 anos!!!

 

eu sei, Lav. mas preciso que a gente

aguente mais um pouquinho. eu não serei

um bom marido e nem um bom pai se

continuar trabalhando com isso.

eu só não aguento mais… a gente nem

sabe se essa historia de ser cineasta vai

dar certo. vc sabe que meu salario de professora

é baixo.

já falou com seus pais?

vai dar certo, só vamos precisar de mais tempo

ainda não. estou sentado aqui na rua.

você precisa que eu vá ai te ajudar a contar?

não… preciso contar sozinho. ajudaria se você

estivesse pq eles te amam kkkkk

de fato, sou uma nora incrivel kkk

Boa sorte, então, amor.

obrigado. te conto quando acabar

 

Desligando o celular e o guardando no bolso, o ruivo voltou a encarar a sua casa por mais algum tempo, tentando se decidir se aquela era a hora certa para entrar ou não. Quase uma hora já havia se passado quando, para sua surpresa, sua mãe apareceu, indo em direção ao jardim e, se assustando com a imagem do filho sentado do outro lado da rua, gritou:

— Ron? O que ta fazendo aí sentado? Tá passando bem?

O rosto da mãe estava começando a ficar vermelho em um claro sinal de nervosismo e, antes que ela tivesse um ataque ali mesmo, ele resolveu se levantar e entrar em sua casa.

— Oi mãe, tudo bem? não precisa ficar preocupada, eu to bem. – Disse, assim que passou pelo portão.

— E o que ta fazendo ai? Não foi trabalhar? – Perguntou, começando a amassar o pano que estava em suas mãos. Sua mãe não mudava nunca mesmo…

— Podemos entrar? Preciso falar uma coisa com a senhora. – Perguntou, respirando profundamente e pedindo ajuda a todos os santos para fazer daquela tarefa mais fácil

— Ronald Weasley!!! Não assuste a sua mãe. – Ralhou, lhe batendo com o pano que antes era amassado.

— Ai!! Calma. – Disse, rindo. Talvez fosse o nervosismo, mas essa ação de sua mãe soara engraçada demais pra ele.

O ruivo entrou em sua casa, que ainda possuía o cheiro típico de café da manhã de Molly Weasley, e relaxou um pouco. O homem lembrou-se que, por mais que deixasse a mãe chateada e decepcionada com ele, ela jamais tomaria qualquer atitude ruim, como acreditara que o pai faria.

Foi com essa certeza que, sentando-se na mesa da cozinha, olhou diretamente pra mãe e disse em um único rompante:

— Mãe, eu pedi demissão do meu emprego.

— Ron… Porque fez isso, filho? – Perguntou, já com lágrimas nos olhos – Eles te fizeram algum mal?

— Não, mãe… São todos excelentes.

— Conseguiu algo melhor então? – Perguntou a senhora, já mudando totalmente o tom de antes.

— Também não… – Respondeu abaixando a cabeça. – Eu resolvi que não vou seguir a carreira de relações internacionais.

— Meu filho… Por que foi fazer isso? O que pensa que vai fazer? trabalhar numa loja? – Começou a mulher, se levantando e andando de um lado pro outro.

— Não, calma…

— Ronald, pelo amor de Deus. O que pensa que vai fazer da sua vida? Você tem 26 anos. Vai ficar morando nessa casa pra sempre? enrolando a pobre da Lilá? – Ron se perguntou se ele conseguiria acalmá-la.

— Eu tenho 25, mãe. 

— Não me interessa, seu aniversário está logo ai. 26 anos nas costas com uma atitude dessas de moleque. O que os pais da sua namorada pensarão de nós?

— Eu serei cineasta. – Cortou a mãe, antes que não tivesse mais coragem

— Vai ser o que? – Perguntou a mãe em um misto de raiva, tristeza, angústia e desespero.

— Cineasta. – Respondeu mais uma vez, com convicção.

— Você só pode estar brincando comigo. Cineasta, Ronald? Eu estou completamente desgostosa. Não achava que logo você, meu filho, a essa altura do campeonato, me mataria desse jeito.

As palavras da mãe, haviam pegado o homem de 25 anos desprevenido. Imaginou que, diferente de seu pai, a matriarca o apoiaria em sua decisão de mudança de carreira e de rumo de vida. Não fora o que aconteceu. Cortando o assunto, a mãe apenas concluiu dizendo que contaria tudo para seu pai e voltou a seu caminho em direção ao jardim, vermelha e bufando, resmungando enquanto andava. Ron achou melhor não contrariar a mulher e, torcendo para que seu pai não tivesse reação pior, foi para o seu quarto e permaneceu por lá durante todo o dia.

(...)

Se Ronald tinha a esperança de que a conversa com seu pai seria, de alguma maneira, mais simples, ele estava completamente iludido. Claro que, sabia que seu pai era complicado com as questões que diziam respeito ao que seus filhos seriam, mas jamais imaginou que seu pai teria tido aquela atitude: o mandar ir embora.

O senhor acreditava que, por ter tido todo o esforço de criar sete filhos sendo o único a trabalhar, tinha o direito de decidir aquilo que seus filhos seriam. No fundo, Arthur Weasley apenas queria que seus filhos tivessem sucesso e ganhassem dinheiro na vida, além de, é claro, ter uma família bem estruturada, o que ficava difícil com as escolhas amorosas de cada um deles, excluindo Lilá, por quem nutria admiração. Fora difícil pra ele ter que viver em cargos baixos na área de relações internacionais, uma vez que não tinha conseguido se formar em qualquer faculdade. Não queria o mesmo destino de horas extras e pouco dinheiro, beirando a fome a todo instante para seus filhos.

O senhor sabia que talvez tivesse sido duro demais com o mais jovem de sua ninhada, como apelidara, mas não conseguia aceitar que o garoto abandonaria uma vida praticamente ganha, com o triplo do salário que ele próprio ganhou, para seguir um sonho infantil como aquele. Para o ruivo mais velho, ser cineasta era o mesmo que ser um vagabundo e, se era isso que ele queria, então estava feito.

As orelhas do mais jovem queimavam e seu peito ardia. Não mais sentia o conforto e a percepção de lar daquela casa onde passou a infância. Tudo que conseguia pensar era sair dali o mais rápido possível, atendendo o pedido de seu pai. Pegou duas mochilas de seu armário, enfiou tudo aquilo que conseguira e, ainda ouvindo seu pai lhe dizendo que ia se arrepender daquela escolha, saiu pelo portão, o trancando novamente, pegou seu celular do bolso, mandou uma mensagem para o seu melhor amigo e seguiu caminho para o metrô mais uma vez naquele dia em direção a sua nova casa, pelo menos por hora. 

 


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