Adstrito escrita por Bibelo


Capítulo 1
O tempo não lança sombras e a memória não joga cinzas


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meu amores ♥

Estou aqui por conta da #tagdaescrita onde preciso escrever uma história de 100 à 1000 palavras sobre um tema que me doi dado, onde fui taggeada pela @unkn0w para uma história mais dark, e a única coisa que me veio à mente foi esse jogo que eu ainda não superei urehurehu Ain, sofrimento demais (ignorando o final, claro)

Então, avisando para quem não conhece da história ou não viu/jogou todos os episódios:

* ela é bem gore então mesmo que não seja explícito, está aqui insinuado e por isso preciso alertar;
* tem spoiler do final do episódio 4;
* sem casal.

É isso, espero que gostem ;)

O tema que me foi dado é o título do capítulo "O tempo não lança sombras e a memória não joga cinzas"

Boa leitura!



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― Capítulo Único ―

:: O tempo não lança sombras e a memória não joga cinzas ::

 

As correntes resvalavam pelo chão, ecoando no corredor longo e escuro, pútrido em sua mais profunda intimidade. Carregava consigo o caminho dos mortos, a porta branca no final do corredor se tornando a luz no fim de um túnel sem saída; engolindo o que seriam faíscas de um final diferente. A ilusão sendo um reflexo em suas paredes de concreto queimado.

Ninguém que andou naquele corredor enfrentou finais felizes.

Sal cambaleava, de um lado para o outro, num pêndulo lânguido em sua própria mente turbulenta. O gosto ferroso por detrás de sua máscara, o peso do tempo o puxando para baixo, ouvindo os restos de um passado tão rápido e corrido; não longe no tempo.

Dos latidos aos gritos de agonia, do correr de suas pernas em pânico ao rastejar de seus pés nos corredores ensanguentados. As mãos erguidas para se proteger do ataque à faca de cozinha perfurando e rasgando; ferindo e limpando a sujeira em seus corpos já tomados e possuídos ― em uma maldição que mais ninguém acreditou além dos mortos que sussurravam em seus ouvidos cansados; tão cansados.

Seguiu seu rumo, as correntes apertando, mãos translúcidas tentando pará-las no lugar; agarrá-las sobre as cinzas nefastas de uma atitude tão desesperadora e atroz que os salvou anos atrás. O tempo corria, não manchado, não ferido, tão físico quanto a prostética em seu rosto, paralisada em uma expressão fictícia e irreal. Sal parou no lugar, engolindo o sangue que escorria de seus lábios, o amargor de suas memórias corroendo e aniquilando, transformando os corpos em pó.

Foi empurrado, continuou seu caminho, a porta branca cada vez mais próxima e aterrorizante. Seu olho esquerdo estremeceu, as mãos tremiam em antecipação fática. “Não vá, não se perca”, mais uma vez sussurros em seus ouvidos há muito surdos, deficientes.

Não há voz para os mortos; não há salvação para os vivos. Atravessou a porta, sentou-se na cadeira fria e desconfortável. Há sua frente a porta e uma janela de vidro para espetáculos; Sal não se sentia em uma apresentação. Pulsos presos a cadeira, tornozelos atados; o corpo rijo.

A máscara lhe foi tomada, sua proteção dos terrores do mundo arrancada de sua pele dilacerada, saboreada por dentes e degustada em sua íntegra. Sal Fisher ergueu a cabeça, a esponja molhada em seus cabelos longos, escorrendo por seu pescoço em uma corrida letárgica e tola; o capacete de metal colocado logo depois, firme e pesado.

Sal esperou, remoeu e repintou o tempo e sua falta de marcas, límpido e corrido, sem medo da escuridão que existia em seu caminho ― vazio de sombras. Relembrou o ápice, o momento onde tudo se desfez, onde um corpo caiu e uma garrafa permaneceu intacta; um sacrifício cultuado e famílias atormentadas.

Não se arrependia, não temia as memórias, não as deixaria queimar como sua carne ali faria; transformando-se nas cinzas de mais uma derrota moribunda. Ali permaneceriam, erguidas das lápides profundas daqueles os quais assassinou; sem perdão, sem misericórdia.

Sem arrependimentos.

A alavanca desceu, a corrente elétrica ardeu em seu corpo, evaporou seu sangue, implodiu seu peito. Rasgou os restos mortais daquele que salvou ao matar; queimou a carne de um menino-homem culpado por sua inocência. Destruiu as evidências físicas de uma história longe de seu fim.

Mas elas ainda permaneceriam, nos gritos dos espíritos na sala e nas lágrimas de quem assistia, as memórias que resistiram às cinzas de um corpo em decline. Vivas dentro de sua própria urna ensopada.

Sacrificado pelo sangue ao viver pelos mortos. 


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Notas finais do capítulo

Foi isso ruehurerhue meio dark, mas é o que eu senti com esse tema (culpa sua Deb) ruehrurhue escrevi na madrugada, mas eu gostei do resultado ♥

Tava louca pra entrar na categoria, e finalmente criei coragem para uma história nela (e se não começar com angst não sou eu). Estou aberta para críticas, qualquer uma ♥

Até uma próxima!

Beijinhos~



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