Pieces Into Place escrita por éphémère


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Bom, por onde começar essas notas?? Quando comecei a postar Pieces Into Place, não esperava que receberia uma resposta tão positiva; esperava encontrar o nyah vazio, na verdade. Mas é tão bom ter vocês aqui comigo! Interagindo, acompanhando, favoritando... É mais do que eu poderia pedir, e só tenho a agradecer.

Obrigada LiliAlvo e Maria Malfoy pelos favoritos, obrigada pelo pessoal que comentou, obrigada aos 24 leitores... OBRIGADA POR TUDO

Obrigada também, Lola Cricket, por ter me ajudado a desempacar na forma que apresentaria as informações nesse capítulo, vc mora no meu core ♥

Para compensá-los pelo final repentino do capítulo passado, esse é única e completamente Scorose, repleto de revelações e romance
Espero que gostem ♥



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Scorpius piscou vagarosamente; aquelas palavras o atordoaram mais do que vê-la sentada no sofá de sua sala naquela noite. Tentando assimilar melhor, balançou um pouco a cabeça e, colando a testa contra a porta, olhou-a mais uma vez. Rose estava mesmo ali, parecendo tão pequena no meio do corredor; estava mesmo fazendo aquele pedido desesperado; estava mesmo com olhos cheios de expectativa e o rosto adoravelmente corado; estava mesmo com aquele sorrisinho puxando o canto direito de seus lábios, um sorrisinho que o transportava diretamente para a época de Hogwarts, e que denunciava quão impulsiva ela tinha sido.

— Claro — dando alguns passos para trás, Scorpius levou a porta consigo e abriu espaço para que ela entrasse. Seus dedos fecharam-se com ainda mais força sobre a maçaneta.

A tensão fazia seus ombros doerem. Também tinha acabado de sair do banho — estava em seus pijamas, que consistiam numa calça de moletom xadrez e uma camiseta de manga curta —, e o frescor de sua pele fazia com que a vergonha que sentia queimasse duas vezes mais que o normal. Se deu conta do tipo de exposição ao qual seria submetido apenas quando Rose já tinha entrado: ela analisava cada um dos quatro cantos do quarto, minuciosamente. Engolindo em seco, ele acompanhou seu olhar.

Tudo lhe parecia bastante normal. A colcha, os lençóis e os travesseiros brancos de sua cama larga eram a mesma bagunça difusa de tecidos que ele deixou naquela manhã. Ao lado, sua cômoda permanecia imóvel, sua pequena poltrona verde ainda escondia-se atrás de uma pilha de roupas limpas e a porta de seu banheiro estava fechada. Ao lado do armário, a escrivaninha escondia-se sob diversos papéis do Ministério, papéis que pareciam escalar e tomar conta da parede. Quase a vida inteira de Scorpius estava pendurada ali: uma bandeirinha da Sonserina, uma do Chudley Cannons, algumas das bandas que gostava, recortes de jornais, o cachecol de Hogwarts…

Merda, praguejou mentalmente, sentindo o calor esvair completamente de seu rosto, os recortes! Olhando naquela direção, viu claramente o rosto de uma Rose bem nova, que manteve mesmo depois de tanto tempo. Estava quase oculto por um dragão que começou a descolar, mas ainda era plenamente visível.

Sentia-se tão idiota! O nervosismo também não o ajudava. Ao fechar a porta, colocou mais força do que pretendia no braço e o eco do barulho preencheu o silêncio como um grito rouco. Apesar disso, tentou não se desesperar: a última coisa que queria era que Rose percebesse seu estado e acabasse vendo o próprio rosto naquela parede.

Pensou em interromper a minúcia dela e sugerir que se sentassem na cama, mas logo descartou a ideia; e se ela pensasse haver segundas intenções ou implicações em alguma de suas palavras? Tentou pensar em algo mais, mas ele continuava na estaca zero, uma vez que sua consciência estava inundada por Rose Weasley, que estava em pé bem ali, no meio de seu quarto. Era com o único intuito de conversar, é claro, mas não mudava o fato de que estavam sozinhos, sob uma atmosfera completamente diferente daquela que experimentaram na cozinha. Desorientado e cada vez mais inquieto, Scorpius decidiu jogar as roupas da poltrona ao chão e liberar o assento para ela.

Rose, por sua vez, estava paralisada. Ouviu a voz de Scorpius vagamente, convidando-a a se sentar, mas não conseguiu prestar muita atenção; seus olhos estavam fixos nas linhas finas que partiam do centro do teto e escorriam em direção ao chão, num efeito que lhe roubava o fôlego, de prata líquida derretendo sobre o verde que coloria as paredes.

Aquelas linhas a transportaram para o baile de formatura. Olhá-las lhe causava a mesma sensação que teve ao entrar no Salão Principal e ver aquela decoração, cujo foco eram os pequenos cristais brilhantes que pendiam do teto e cobriam as paredes, como se o céu estivesse derramando belas lágrimas brilhantes que podiam atravessar o telhado. É claro que, aquela noite, ela tinha tido muito tempo para analisar a decoração — seu par a deixara plantada em uma das mesas ao fundo depois de um ataque de nervosismo que mexeu com seu estômago.

— Seu quarto é bem… bem sonserino, não? — olhou para Scorpius a tempo de ver o sorriso tímido começar a formar em seus lábios. Precisava continuar mudando o foco da própria ansiedade ou não conseguiria ter a mesma conversa que planejara nos últimos vinte segundos.

Ah, bastante, não é? — a voz dele saiu fraca e rouca quando jogou a cabeça para trás e olhou para as fitas, quase como se esquecesse delas frequentemente.

E foi assim, com esse mesmo esplendor um pouco ingênuo no olhar ao admirar seus arredores, que Scorpius se encontrava quando Rose o viu pela primeira vez no baile. Ao contrário do que pensara, ele integrava o pequeno grupo de pessoas que, como ela, não estavam na pista de dança saltando e berrando com a música agitada que ressoava.

E como aquela noite, Rose agora experimentava a mesma sensação inexplicável de querer se aproximar dele. O tremor descontrolado nas mãos e o desejo desesperado para beijá-lo, no entanto, era novo, bem como aquele homem sentado diante dela, que era mais maduro, sem dúvida, mas que ainda tinha certo aspecto imaculado daquele menino de vestes de gala. Tentando conter-se, praguejou mentalmente quando suas pernas começaram a traí-la pela segunda vez na noite, seguindo na direção da cama com assertividade. Scorpius, que continuava completamente absorto na decoração do próprio quarto, saltou no lugar quando sentiu o colchão afundar ao lado.

Seus olhos pareceram preguiçosos quando desceram para o rosto de Rose, mas repousaram-se ali serenamente, com um brilho específico que levou o calor e a vermelhidão de volta às orelhas de Rose. Era um olhar assustadoramente parecido com o daquela noite, quando ela o atribiu ao whisky de fogo em excesso.

Mas agora podia dizer que não havia álcool envolvido; nem cinco anos atrás, e nem agora. Envergonhada, quebrou o contato visual e voltou a encarar as fitas.

— Foi presente dos meus avós, sabe — a voz de Scorpius voltou a preencher o silêncio, e dessa vez foi ela quem sorriu timidamente — Meus pais não quiseram aceitar, insistiram que era um exagero tremendo para um garoto de apenas quatro anos, mas a extravagância de vovô, que me encantou na época, acabou vencendo. Me traz memórias agradáveis, sabe? Por isso não as devolvi aos meus avós ainda.

— São lindas — Rose comentou, reclinando o corpo, descansando-o sobre os cotovelos — Parecem estrelas cadentes.

Parecem estrelas cadentes. Foi isso o que Rose disse assim que se aproximou da mesa onde Scorpius estava, divagando sozinho. Sentindo um arrepio percorrer seu corpo, olhou por sobre o ombro, para o rosto da Weasley mas ela não o olhava, sequer parecia ter dado conta do que dissera; estava completamente alheia. Inspirando fundo, murmurou duas ou três palavras de concordância enquanto reclinava o corpo ao lado do dela e ambos encaravam as fitas em silêncio.

Naquela noite, Scorpius ainda estava um pouco distraído com o barulho do Salão quando olhou para a menina que tomou o lugar ao seu lado sem perguntas prévias, e ela, por algum motivo, o encarava com as sobrancelhas arqueadas em interesse. Talvez estivesse entediada? Tinha visto quando o menino que não conhecia a abandonara a algumas mesas de distância, e não tinha intenções em mandá-la embora. Não quando…

Sempre gostei de você, sabia? — num sussurro quase inaudível, confidenciou aquelas palavras ao vento, sem esperar que ela ouvisse; pega de surpresa, Rose voltou a atenção rapidamente para Scorpius, mas ele não a retribuiu. Não seria capaz de olhar para o rosto dela naquele momento, e bem, já que tinha começado a falar, nada mais justo que compartilhar o resto — Desde a primeira vez que te vi em uma manchete do Profeta. Meus pais não me deixavam ler o jornal por causa de tudo que te explicaram hoje, mas quando estavam distraídos, eu pegava um exemplar e folheava. Só queria ver as imagens. Eu sempre fazia isso rápido, voltava para a parte que meu pai estava lendo e deixava do jeito que estava no lugar que encontrei, mas naquele dia, quando virei a folha e te vi, fiquei atônito. Sim, acho que é essa a palavra que mais encaixa. Não consegui parar de olhar para o seu rosto, Rose, e fiquei tanto tempo encarando que meus pais me pegaram com o jornal em mãos e me colocaram de castigo pelas duas semanas seguintes.

Rose não sabia como reagir. Seu coração batia de forma tão descompassada que não sabia se ele lhe escaparia pela boca ou rasgaria seu peito. O frio que tomava sua barriga mais cedo agora consumia seu corpo inteiro com exceção de seu rosto; ah, seu rosto queimava tanto que chegava a ficar dormente. Seus braços tremiam, e ela quase caiu de costas contra o colchão.

Sério? — questionou, também em um sussurro, como se aquilo fosse um segredo que ninguém pudesse ouvir.

— Sério. Alguma coisa nos seus olhos destemidos e nos seus cabelos sempre bagunçadinhos me fez ficar assim. Foi por isso que eu não tirei meus olhos de você na nossa primeira noite em Hogwarts, também. Era bom demais para ser verdade, entende? Cortei um pouco quando você começou a me encarar de volta porque fiquei envergonhado demais, mas mesmo me esforçando, meus olhos sempre voltavam pra você. Albus sempre me contou sobre você, que era corajosa, impertinente, extrovertida… E costumava terminar dizendo que éramos iguais só no orgulho e na esperteza, porque só pessoas muito diferentes inibiam um a presença do outro como sempre fizemos.

Um espasmo consumiu Rose, e os acontecimentos do baile de formatura a acometeram com força. 

Nos momentos que precederam o fim da noite, os dois decidiram ir dançar e a música mudou na mesma hora para uma lenta e romântica. Lembrou-se das mãos de Scorpius sobre a sua cintura, do toque de sua mão firme passando por vezes na pele que o decote deixava exposta às suas costas, da solidez na ponta dos próprios dedos enquanto se segurava nele por não saber dançar, do cheiro forte e inebriante do perfume dele, de sua voz tão baixa e tão rouca em seu ouvido. Seu orgulho, no entanto, não permitiu que ela perdesse a postura. Nem mesmo quando ele, com tanta delicadeza, perguntou se ela queria acompanhá-lo ao pátio ao lado do Salão, e encaixando a mão na dela, conduziu-a para o lado de fora. Ou mesmo quando ela tremeu de frio, involuntariamente, e ele, sem nem mesmo parecer pensar a respeito, tirou o paletó e colocou sobre os ombros dela. Ou mesmo quando percebeu que, sob o luar de um céu estrelado, ele era a pessoa mais bonita que ela já tinha visto na vida.

A música do Salão já havia cessado e alguns poucos casais continuavam ali por perto quando, pela primeira vez em tantos anos de vaga convivência, ambos riram. Naquela noite, perceberam que tinham mais em comum do que jamais pensaram, e seus ombros roçavam enquanto eles se debruçavam no peitoril do pátio de entrada, que dava para o penhasco em que Hogwarts se erguia e para a água abaixo. Nem mesmo o forte vento frio os espantava dali.

Em dado momento, algo na atmosfera mudou e eles se olharam, assustados e cautelosos, mas não se afastaram. Repentinamente muito sério, Scorpius se afastou do peitoril. A julgar pela respiração ofegante, Rose achou que ele estivesse com frio e ofereceu-lhe de volta o paletó, dizendo que já não estava mais com frio e que ele poderia pegá-lo de volta. Mas Scorpius, que não julgava estar pensando com muita clareza, deu um passo à frente e a beijou.

Rose, exasperada por aquele movimento nada sutil, se desequilibrou e sentiu uma pressão puxar seu corpo para baixo quando quase caiu penhasco abaixo. Quando percebeu, suas mãos já agarravam Scorpius pelo pescoço, e ainda que aquilo lhe desse equilíbrio, ela não tinha tanta certeza se aquela era a motivação. Os lábios de Scorpius contra os dela eram macios e gentis, carregados de uma emoção que ela, sedenta por descobrir qual era, puxou-o contra si e aprofundou o beijo. Os braços dele foram firmes quando a envolveram, uma mão indo para a base de sua coluna e a outra, para os seus cabelos. Sua boca quente contrastava com o vento frio e cortante às suas costas, e ela simplesmente não conseguia, não queria fazer com que aquele momento parasse. Já tinha beijado várias outras bocas, mas aquela tinha algo que a fazia querer mais, mais, mais...

Scorpius foi o primeiro a afastar o rosto do dela, ofegante, e ao ver o olhar bêbado de Rose, confusa com o fim do beijo, ele sorriu de canto e descansou a testa na dela, compartilhando da mesma respiração por um tempo.

Assim que a sobriedade voltou a consumir o rosto de Rose, ela foi a primeira a falar. As palavras que saíram da sua boca, no entanto, atingiram Scorpius de uma forma tão dolorosa que ele imediatamente se afastou dela, parecendo incrédulo e ressentido. “Isso foi um erro”, ela se lembrava de ter dito.

Engolindo em seco, o Malfoy concordou com as palavras dela com o rosto mais pálido e inexpressivo que ela já tinha visto. Devolvendo-lhe o paletó, Rose rapidamente deu-lhe as costas e seguiu para dentro do castelo, ainda sentindo-se profundamente atordoada com o que acontecera. Tinha acabado de beijar o garoto mais bonito, gentil e inteligente que conhecera, seus lábios latejantes ainda carregavam o gosto dele, mas temia que aquilo tivesse acontecido cedo demais; até a tarde daquele mesmo dia eles mal se encaravam. Não conseguiria aguentar caso o esplendor daquela noite passasse e Scorpius voltasse a não suportar olhá-la nos olhos. As palavras de seu pai quando pegou o Expresso de Hogwarts pela primeira vez ecoavam agora na sua cabeça; embora fizesse tanto tempo que ela não se lembrasse em que tom aquilo tinha sido dito, se sentia tão aflita. Não, era melhor que fosse daquela forma; Scorpius certamente merecia alguém melhor. Alguém que o desse a paz que merecia. Alguém que ele conseguisse encarar nos olhos.

— E agora? — algumas lágrimas começavam a brotar dos olhos de Rose, mas não porque estava triste; não, na realidade, estava furiosa. Entendeu tudo tão errado desde o começo! 

— Até antes de chegar em casa hoje, eu não tinha mais tanta certeza — ele respondeu após alguns minutos submerso no silêncio — Depois que aquilo aconteceu e você disse que tinha sido um erro, quando olhei para o seu rosto uma última vez, as palavras ainda ecoavam nos meus ouvidos. Foi um balde de água gelada que me fez perceber; eu poderia estar o quão apaixonado quisesse, continuaria sendo apenas um Malfoy, continuaria sendo o descendente de uma família de ex-comensais, das classes mais baixas do mundo bruxo. E você, você seria sempre a filha linda e brilhante de dois dos maiores heróis de guerra da Grã-Bretanha. Você tinha todo o direito de não estar apaixonada por mim. Podia querer algo melhor.

Ela nunca quis tanto beijar ele quanto ali, agora, mas sentia seu nariz começar a entupir e sua visão, cada vez mais turva, impedi-la de mover um centímetro que fosse; não queria que as lágrimas escorressem pelo seu rosto agora, não quando as segurara tanto até aquele momento.

— Mas acho que não podemos fugir desse tipo de coisa no fim das contas — Scorpius concluiu com um suspiro — Sempre soube da atração que sentia por você, mas na noite do baile, percebi que o motivo pelo qual eu procurava sua foto em todo jornal que tivesse ao alcance desde criança, pelo qual me pegava olhando para você no decorrer de um dia aleatório, pelo qual sempre me retirava quando você chegava perto, pelo qual me irritava tanto quando a sua impertinência trilhava o caminho. Eu te amava, Rose. Albus nunca esteve tão certo e eu, tão cego.

Uma pausa precedeu a conclusão daquela frase porque Scorpius precisava ver o rosto de Rose quando dissesse o que estava prestes a dizer. Quando voltou o rosto na direção dela, porém, sentiu o peito afundar dolorosamente ao se deparar com as lágrimas que vazavam de seus olhos e que manchavam seu rosto delicado. Esticando a mão naquela direção, inclinando o corpo sobre o dela, ele limpou o rastro de lágrimas com o polegar e, ainda segurando-a pela nuca, disse com firmeza:

E ainda te amo.

Seu rosto pairava sobre o dela, seus lábios estavam tão próximos que ele quase conseguia sentir sua textura macia, mas no último instante, se afastou. Rose sabia que precisaria dizer algo para retribuir tudo o que ele tinha acabado de falar, para compensar todo o sofrimento que causou a ele, mas quando entreabria os lábios e tentava dizer algo, só conseguia puxar o ar e fazer com que mais lágrimas saíssem.

O sentimento sempre foi recíproco, e ainda assim ela precisou que cinco anos e um acaso irônico do destino passassem para saber da verdade. Ainda com a visão embaçada, ao ver Scorpius levantar da cama, viu também o garoto que deixou para trás naquela noite. Daquela vez, quando suas pernas começaram a se mover sozinhas, ela só conseguia agradecer.

Parando diante de Scorpius, Rose repousou as mãos trêmulas sobre o peito dele para impedi-lo de dar mais um passo sequer. Levantou então o olhar e, quando encontrou aqueles azuis-acinzentados mais uma vez, que gritavam tão alto que ela conseguia sentir, ficou nas pontas dos pés para compensar a ligeira diferença de altura e selou seus lábios.

Em todas as vezes que imaginou ter aquele beijo de volta, Scorpius o idealizou da forma mais perfeita possível. E pensou que mais cedo, sob a chuva, seria um ótimo momento. Mas agora, ainda que seus lábios estivessem desajeitados e desesperados, ainda que o gosto salgado das lágrimas dela entrassem no meio, não teria momento melhor que aquele, com uma carga emocional que se equiparasse à daquela conversa. Seu coração palpitava, mas não estava mais nervoso; estava extasiado, radiante, sentia cada mínima parte de si vibrar. Com um dos braços, a abraçou com força, acabando com os poucos centímetros que antes os separavam. Com a mão livre, segurou-a pela nuca e aprofundou o beijo.

Ofegante, Rose afastou os lábios, mas retribuiu o aperto do abraço e escondeu o rosto na curva do pescoço dele. De fato, nada se comparava àquele momento; era como se a vitalidade de seu coração tivesse sido roubada no beijo de cinco anos atrás e devolvida naquele último minuto.

— Me desculpe — com a voz abafada e embargada, ela deixou um beijo no pescoço dele — Quem esteve cega desde o começo fui eu. Entendi as coisas de forma tão errada! Nunca me ocorreu que você ficou me olhando na Cerimônia de Seleção porque gostasse de mim, pensei que fosse pela realidade diferente que eu representava. Na noite de formatura, não entendi o que senti, pensei que você tivesse me beijado simplesmente por estar sozinho, pensei que você merecia algo melhor… Mas vejo agora que disse aquilo e fugi nos cinco anos que se seguiram porque eu tive medo de admitir que também amo você, Scorpius. No presente, porque não deixei de pensar em você desde aquele beijo, e também porque quase desmaiei quando te vi hoje.

Ele soltou uma risada calorosa, que reverberou pelo seu peito e enviou vibrações quentes para o de Rose. Puxando o pescoço para olhar de volta para o rosto dela, Scorpius voltou a beijá-la, um beijo tão doce, tão saudosista, tão intenso.

Rose se sentia tão bêbada quanto naquela noite memorável. Mas, diferentemente daquela vez, ela não deixaria Scorpius escapar pelos seus dedos mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

E entãooo, gostaram?? Quis dedicar esse capítulo inteiramente aos dois porque cara, eles merecem. Depois de tanto tempo!! Tava mais que na hora, ALGUÉM TINHA QUE DAR UM JEITO NA TENSÃO ENTRE ESSES DOIS.

Mas enfim, espero que tenham gostado, e espero ver vocês nos comentários também aaaa ♥ ♥ Beijinhos beijinhos



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