Dinastia 1: O Sonho Real escrita por Isabelle Soares


Capítulo 41
As mudanças da vida


Notas iniciais do capítulo

Olá Amores! Estou de volta com um capítulo novinho e com mais alguns mistérios para vocês saborearem ;)

Mais uma vez quero agradecer a lelinhacullen, Érica, Cupcakeimperfeito,
Aika e Talita Martins pelos comentários. Espero que gostem desse capítulo também.

Beijos e boa leitura!



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Os braços de Edward passeavam pelo meu corpo, deixando um rastro de fogo por onde passava. O seu corpo se encontrava com o meu e me deixava entorpecida. Longe de qualquer pensamento, de qualquer problema, de qualquer coisa que estivesse acontecendo ao meu redor. Eu só conseguia sentir uma plenitude única, uma felicidade que me permitia sonhar e imaginar que só existia eu e ele ali naquele universo além daquela cama. Os nossos movimentos ritmados levavam a um único só lugar, ao nosso prazer, que agora explodia em nosso ser.

No final, ficamos enroscados um no outro, debaixo dos lençóis para conter o frio que começava a imperar durante a noite. Estar ali aconchegada nele era tudo que eu poderia querer. Fazia tempo que eu não podia estar assim com Edward. Nossa agenda sempre lotada acabava nos afastando, então, quando havia um tempo livre, como esse, eu queria aproveitar até o fim.

Me virei e olhei para o rosto de Edward e ele olhava para o lado com uma expressão serena e tranquila. Eu podia até dizer que sonhadora. Ele parecia aproveitar esse momento de plenitude para fazer uma viagem mental para dentro de seu próprio interior. Submerso em seus pensamentos.

— No que está pensando? – perguntei curiosa.

— Em várias coisas. Mas no momento, eu estou refletindo sobre a minha vida. Como eu pude conquistar tantas coisas em tão pouco tempo? É algo que ainda me deixa impressionado!

— Eu sempre soube que você conseguiria e no fundo você também sabia, mas não via isso por que a sua insegurança não deixava. Eu tinha e tenho total certeza do potencial dentro de você.

— É... Você sempre soube mais sobre o que acontecia dentro de mim do que eu mesma. Isso foi uma das coisas que me fez ficar atraído por você. Porém, agora eu quero ter o controle da minha vida e fazer tudo diferente. Por que antes eu vivia por viver, agora eu tenho muitas motivações para fazer tudo correto. Cumprir todo o roteiro da melhor forma possível.

— Eu tenho certeza que vai conseguir.

— Com você ao meu lado sei que vou.

Abracei-o mais e também comecei a pensar sobre o futuro. Para mim também ainda era inesperado as diversas mudanças que aconteceram e continuam acontecendo a cada hora na minha vida. Na verdade, eu me sentia como se tivesse numa corrida contra o tempo. A cada minuto aparecia algo novo e eu sentia que iria entrar em combustão em algum momento.

— E você, minha Bella, o que pensa do futuro?

Respirei fundo e tentei organizar os meus pensamentos. Na verdade, desde que fiquei noiva dele, eu tinha perdido o fio da meada. Eu não sabia o que eu queria e nem o que esperar. Diferente de quando eu era mais nova e antes de conhecê-lo, quando eu tinha tudo muito bem planejado na minha cabeça. Agora tudo estava se transformando ao meu redor. Quando eu olhava para as paredes de Frogmore Cottage me lembrava do quanto a minha vida tinha mudado e o quanto o futuro poderia ser imprevisível.

— Na verdade, Edward, a única coisa que eu posso esperar com certeza é que eu irei me casar com você, me tornar uma duquesa e ter muitas obrigações com o povo de Belgonia. O que virá em seguida é bônus.

— Você realmente nunca pensou em ter uma família além do seu pai e da sua mãe?

— Não. Eu sempre me imaginei sozinha. Me formando, me tornando uma profissional da educação, sendo mais competente possível, e realizando todos os meus desejos profissionais.

— Mas sem nenhuma vida pessoal... Isso me parece meio triste.

— Depende do ponto de vista. Você sabe que eu nunca acreditei muito em relacionamentos, antes de conhecer você, eu achava isso muito frágil e frívolo. A única coisa firme era eu mesma e eu nunca iria me decepcionar.

— Eu percebo que você ainda não está completamente feliz. Isso me abala um pouco por que eu queria que            estivesse sentindo o que eu estou sentindo.

Não era como se eu não tivesse feliz. Mas no fundo, eu sentia um certo ressentimento, não com Edward ou com a sua família, mas comigo mesma. De certa forma, a pessoinha dentro de mim estava chateada por eu ter traído os meus valores. Há anos eu plantei um tipo de concepção de vida que para mim que era lei e agora, de certa forma, eu estava quebrando. Na verdade, eu sempre achei esse negócio de família tradicional, casamento e filhos, algo que reprimia muito as mulheres. Não que fosse errado. Não era mesmo, mas parecia que não havia outro destino para as mulheres que não fosse voltado para o lar. Eu sempre defendi muito a independência feminina e que elas tivessem a chance de ter um outro futuro. Agora, ironicamente, eu estava entrando para a família mais conservadora do mundo e isso me abalava um pouco por ir contra os meus princípios.

Porém, eu não estava fazendo nada forçada. Eu sabia dos termos quando aceitei a me casar com Edward. Eu tinha que encontrar um meio termo no futuro. Eu só estava chocada, por que os meus valores eram super aceitáveis para o século XXI. Todas as mulheres tinha esse direito, não tinham? De querer construir um futuro diferente e viver fora dos padrões. Mas isso não era permitido na realeza que ainda vivia no século retrasado.

— Tudo está sendo muito novo para mim, Edward. É muita coisa para assimilar de uma vez. Mas depois, eu acredito que tudo vai se ajeitar. Eu estou nessa por que eu amo e quero você. Nem que para isso eu tenha que me casar, entrar para a realeza e ter filhos.

— A ideia de ter um filho ainda te apavora desse jeito?

— Não mais. Na verdade, desde daquela vez que eu imaginei que estava grávida, tudo começou a mudar na minha cabeça. Por que eu comecei a gostar da possibilidade de ter um bebê. Que independente do que acontecer, ele vai estar sempre ali. Nunca mais seremos sozinhos nesse mundo por que terá sempre alguém que nasceu de nós dois.

— Verdade. Mas eu quero que você saiba que eu vou fazer de tudo para que o seu processo de adaptação seja o mais fácil e cômodo para você.

— Eu só desejo, Edward, que independente de quando o nosso filho nascer, que possamos fazer tudo diferente dessa vez. Eu quero que ele seja seguro de seu futuro como rei, mas sabendo que existe um mundo lá fora diferente dos muros do palácio. Que ele seja confiante e não tenha medo do que lhe espera.

— Sim... Não vamos deixar que a história se repita.

O abracei forte e adormeci em seus braços. Eu tinha absolutamente certeza que eu queria ficar com Edward e estar ao lado dele era tão necessário para mim como respirar. Eu o amava e queria seguir em frente, queria fazer dar certo. É esse pensamento que eu queria carregar e tentar seguir o roteiro certinho. Pois, de alguma forma junto com ele eu encontraria a felicidade que eu estava procurando. Não queria que fosse tão complexo estar ao lado dele, por que tudo poderia ser tão simples se vivêssemos em outro mundo. Pensei o quanto seria confuso se alguém tentasse me entender, mas era exatamente isso, minha cabeça estava numa dualidade total. Nem eu me compreendia.

Na manhã seguinte, fui receber o meu novo funcionário que me ajudaria na minha estética. Pois, daqui para frente, eu deveria estar sempre apresentável por que no momento em que eu fosse pôr os pés na rua, eu serei uma mulher pública. Dei graças quando Alice me disse que o contrato com o consultor de moda tinha sido acertado e que ele estaria presente para me ajudar já no dia da formatura de Edward.

Segundo ela, Pierre era muito competente e saberia me auxiliar em qualquer situação, pois antes de mim ele já havia trabalhado com a princesa Victória da Suécia e com a rainha Letízia da Espanha, ou seja, realeza estava no seu sangue.

Desci as escadas e dei de cara com um homem de estatura média e calvo. Vestia-se com roupas coloridas e parecia ser bastante simpático. Estava acompanhado de mais duas mulheres e eu pensei, como alguém com roupas como aquela poderia entender alguma coisa de moda. Mas resolvi arriscar e me apresentar.

— É prazer, minha rainha, poder trabalhar com você! – ele falou animado e eu o achei divertido. – Eu sou Pierre o consultor de moda mais badaladíssimo de toda a Europa. Eu e as minhas amigas aqui vamos deixar você um luxo!

— Assim eu espero. Acho que eu estou precisando mesmo de um trato.

— Ah só se for pra já!

Então começou a arrumação. Pierre era tão dinâmico quanto Alice. Não parecia ter tempo ruim para ele. Se eu quisesse o céu provavelmente ele poderia arranjar para mim. Ele começou cortando as pontas do meu cabelo e fazendo uma hidratação, enquanto Britany e Loraine trabalhavam em minhas mãos e pés. Confesso, que eu nunca gostei muito de salões de beleza e nem de nada relacionado à estética. Eu cortava o meu cabelo quando estava grande e só. Mas agora, sentada confortavelmente em uma cadeira ouvindo as histórias de Pierre até que eu estava me sentindo relaxada. Nos últimos dias, eu me sentia um pouco sozinha aqui em Frogmore. Distante da minha família, mesmo estando na mesma cidade, tentando entrar na caixinha real que acabava me afastando do mundo normal. Ter Pierre ali era um conforto e a energia dele me animava de alguma forma.

Quando já estava próximo das quatro e meia da tarde, meia hora antes da cerimônia de colação de Edward, Pierre me levou ao espelho para que eu visse o seu trabalho em mim. Me espantei quando eu vi aquela bela mulher de vermelho refletida. Nem parecia eu. Pierre era mesmo demais! Eu adoraria tê-lo aqui trabalhando para mim. Alice tinha mesmo acertado na escolha por que Pierre além de um ótimo consultor também era uma boa companhia.

— E aí? O que achou minha rainha?

— Está incrível Pierre! Obrigada!

Abracei-o feliz e ele me deu um beijo na bochecha. Em seguida, George me acompanhou até o carro onde seguiríamos para a universidade para a cerimônia de colação. No caminho, eu imaginava o quanto era mágico a formatura. Eu sempre tinha sonhado com esse momento. Quando eu terminei o ensino médio, eu ficava me imaginando estudando numa faculdade e depois recebendo o meu canudo, que significava tanto para mim, era o ponto de chegada na corrida que eu tinha estabelecido para mim desde muito cedo. Agora as coisas estavam saindo de outra forma, mas prometi a mim mesma, que mesmo a distância, eu nunca desistiria da minha faculdade e um dia estaria ali também realizando o meu sonho. Até por que essa era uma parte de mim que eu não queria que fosse perdida.

Edward já estava no campus vestido com sua beca preta e uma faixa azul na cintura, estava acompanhado de seus colegas e conversava com alguns deles, mas quando me viu veio logo até mim com um sorriso lindo.

— Ora se não é o administrador mais competente de toda a região.

— Você é suspeita.

O abracei e falei próximo de seu ouvido, fazendo ele se arrepiar ao meu contato.

— Estou tão orgulhosa de você!

Então, sem se preocupar com protocolos ou com os olhares alheios, ele tomou a minha boca e nos beijamos numa sincronia única que só nós sabíamos fazer. Nossas bocas se envolveram em uma dança estranha, porém familiar. Sua língua brincava junto com a minha, enquanto suas mãos envolviam as minhas costas. Meu desejo por ele já estava chegando a lugares perigosos quando formos abençoadamente interrompidos.

— Hum hum! – ouvimos atrás de nós.

Nos viramos e vimos Emmett. É claro que só poderia ser ele para interromper o nosso momento com gracinhas. Atrás dele estava toda a família Cullen presente para prestigiar o grande momento de Edward. Fiz uma reverência a eles e em seguida, Edward me deu o braço e eu o acompanhei para irmos até o auditório onde tudo aconteceria.

Mesmo mais de um ano estudando ali, eu nunca tinha tido a oportunidade de entrar naquele auditório e fiquei admirada com a sua grandiosidade e beleza. Assim como todo o restante do prédio da universidade, o auditório tinha ares da Belle Époque, com suas paredes brancas e com desenhos neoclássicos. Os lustres antigos iluminavam todo o ambiente e o transformava em um lugar luxuoso. Eu e a família real seguimos para o camarote em cima do auditório para acompanhar a cerimônia. Lá embaixo, Edward se sentou nas primeiras fileiras com outros formandos de outros cursos. O lugar estava lotado.

Ao meu lado direito sentou-se Rosalie e no meu direito a Alice, que separava Emmett de sua esposa. Pelo jeito a situação não tinha se resolvido ainda.

— Alice, estou te achando tão quieta. – iniciei o assunto para abrandar o clima.

— É umas coisas que estão me incomodando.

— Como o que?

— Saudades de alguém que está distante.

— Hum... Jasper?

— Sim. – ela deu um sorriso triste. – Falei com ele hoje ao telefone e me bateu uma saudade...

— Vocês não terminaram, não é?

— A gente deu tempo. Por que eu já conclui o meu curso de moda lá nos Estados Unidos e então eu tinha que voltar para casa.

— Deve ter sido difícil ter de escolher entre o seu país e um grande amor.

— Dificílimo! Mas meu visto estava acabando, não podia arriscar. Além do que, eu sou uma princesa de Belgonia e eu tenho compromisso com o meu povo.

— O que Jasper achou disso?

— Ele me pediu para ficar, que daríamos um jeito, mas como eu poderia aceitar algo assim Bella? Eu não posso abdicar do meu cargo, da minha vida, da minha família... Eu acabei propondo a ele um namoro a distancia.

— Eu já disse a essa boba que vá vê-lo. – sussurrou Rosalie.

— Vocês não entendem... Não é fácil deixar de lado a minha posição. Eu ainda sou a segunda na linha sucessória, tenho obrigações a cumprir. Se eu fosse vê-lo, eu não teria mais coragem de voltar.

— Ela tem uma certa razão,  Rosalie.

— Por que não propõe ele que venha passar um tempo com você? Pode ser que ele goste dos ares de Belgonia, assim como aconteceu comigo. – Rosalie bateu de olho.

— Shiu vocês três! – pediu Esme. – A cerimônia já começou.

Obedecemos, é claro, mas coloquei a minha mão na de Alice e disse a ela baixinho:

— O que haverá de ser, será.

Ela sorriu em agradecimento e começamos a prestar atenção no fim do discurso do reitor. Depois dele, o orador, representante de todos os formandos, começou um emocionante discurso. Falando de toda a sua trajetória para chegar até a sua formatura. Isso incluía todas as dificuldades, provas, muito estudo que no final se transformou em seu sucesso. Eu sabia bem o que ele estava falando, afinal de contas, eu nunca fui rica e jamais poderia bancar uma vaga numa universidade como aquela. Mas mesmo assim resolvi tentar. Passava horas estudando, dia após dia com a cara enfiada nos livros para poder ser aprovada na bolsa integral e ter uma vaga aqui na universidade. Quando passei foi muita alegria, mas ainda tinha os custos com a minha manutenção dentro do campus, como a minha moradia e a minha alimentação. Se não fosse as economias que papai tinha, eu não estaria aqui. O orador terminou o seu discurso e eu aplaudi com fervor, chegando a derramar algumas lágrimas.

Já mais perto do fim, os alunos começaram a ser chamados para subir ao palco para receberem seus diplomas. Quando o nome de Edward foi chamado, ele foi de encontro ao reitor com muito orgulho, pegou o seu diploma e apertou a mão de todos os representantes da universidade. Todos nós levantamos e o aplaudimos de pé, Esme e Carlisle sorriam emocionados. Edward olhou para mim ainda em cima do palco e me mostrou o diploma em sua mão e bateu de olho para mim, retribui o olhar me sentindo muito feliz por ele.

Depois que a cerimônia chegou ao fim, todos nós nos encontramos no lado de fora do auditório. Puxei Edward para um abraço apertado e quase o derrubei.

— Estou tão feliz por você, meu amor!

— Obrigado. Isso significa muito.

Ele me deu um selinho e eu abri espaço para que Carlisle e Esme felicitassem o seu filho. Carlisle não escondia o seu orgulho e estampava um sorriso enorme.

— Parabéns filho! Você me deixou muito orgulhoso! Me lembrei de mim mesmo há 30 anos quando me formei aqui mesmo nessa universidade.

— Obrigado pai.

Carlisle abraçou o filho e Esme os olhava com admiração. Era bastante perceptível o amor que unia aquela família, mesmo com todos os percalços que houveram no meio do caminho. Edward olhou para a mãe com uma expressão de ternura e ela foi até ele e o abraçou também, sem controlar as lágrimas de emoção.

— Oh filho! Esse é o melhor presente que você poderia dar a mim e ao seu pai. Estou muito feliz por você!

— Mãe, eu é que tenho que agradecer. Se não fosse por você dois, eu não seria quem sou.

— Tenho certeza que será um rei tão bom quanto o seu pai é agora.

— Obrigado. – Edward beijou a testa da mãe. – Só não posso perdoar o fato de vocês transformarem o jantar em comemoração a minha formatura em uma recepção política.

— Desculpa querido, mas o embaixador da França está aqui e achamos que seria um bom momento para recebê-lo...

— Em um ambiente familiar, sei... Fazer o que?

— Prometo que depois que ele for embora comemoraremos do nosso jeito. – Carlisle bateu de olho para o filho.

Já podia esperar muita cantoria por que os Cullens eram talentosos demais na música, mas antes teríamos algumas horas de muita formalidade. Eu nem ficava mais surpresa. Há uns dias, eu já vinha tendo compromissos oficiais o tempo inteiro, então eu teria que estar sempre preparada para entrar no modo “público”. Eu sabia que isso era algo que todo membro da realeza tinha que ter em mente que a todo instante poderiam receber visitas inesperadas de alguém importante e eles tinham que ser recebidos com toda a pompa, ou seja, não havia descanso na família real. Eu até já estava me preparando psicologicamente para o jantar anual de estado oferecido por Carlisle e Esme para os nobres e parlamentares.

Quando chegamos ao palácio, já estavam a nossa espera a princesa Carmem e toda a sua família. Isso incluía a sua primogênita, a princesa Tanya, que estava luxuosa feito um diamante e sem se importar com a minha presença, ela foi até Edward e o abraçou. Ele nem se mexeu, o que me deixou bastante satisfeita.

— Eddy parabéns! Eu sempre soube o quanto você é especial! – piscou para ele e Edward fez pouco caso.

— Obrigado Tanya. Já lhe apresentei a minha noiva?

Dei o meu melhor sorriso a Tanya e ela me olhou com certo desprezo, me avaliando de cima a baixo.

— Isso não é nenhuma novidade. Eu vejo o noticiário. – respondeu ela.

Eleazar se aproximou de nós e abraçou a cintura da filha.

— Edward não fez uma boa escolha, Tanya querida? Eu sempre disse as minhas filhas que elas fossem em busca do melhor partido, mas acho que nenhuma delas me ouviu.

— Não começa pai. – reclamou Kate, a segunda filha da Princesa Carmen e de Eleazar.

— Vamos todos para a sala de visitas. – sugeriu Carlisle. – Acredito que em breve Oliver estará chegando e não fica bem recebê-lo aqui no saguão.

Todos obedecemos a Carlisle e Edward pegou a minha mão, me conduzindo até a tão conhecida sala de visitas. A noite seria longa! No fundo, eu sentia que o meu santo não tinha batido com esse Eleazar. Tanya, eu já conhecia, mas o pai dela... Algo dele não me cheirava bem.

Ficamos conversando por alguns minutos, antes da chegada de Oliver Bernard, o embaixador francês, chegasse para o jantar. Carmen veio até mim e Edward e tivemos uma conversa agradável. Claramente, ela era muito diferente da filha e do marido. Parecia ter uma longa amizade com Esme e isso já me desarmava. Eu sabia o quanto a rainha era perspicaz o suficiente para confiar apenas nas pessoas certas.

Carmen era doce, simpática e até fútil. Diferente de Carlisle, que desde de cedo foi conduzido a ter uma maturidade precoce devido ao fato dele ser, na época, o príncipe herdeiro, sua irmã parecia ter sido bastante mimada pelos pais e isso deu a ela uma visão bastante superficial do mundo e bem sonhadora também, porém isso não a fazia uma pessoa ruim. Pelos menos era o que eu estava percebendo.

Quando o embaixador chegou, percebi algo ainda pior. Eleazar se sentia o próprio rei. Queria de qualquer forma participar da conversa de Carlisle com Oliver, como se ele fosse o centro das atenções. Eclipsando completamente a sua esposa, que teoricamente deveria ter “mais importância” do que ele pelo fato de ela ter o sangue real. O relacionamento deles era bem abusivo também. Ele a reprimia de todas as formas e a deixava desconfortável. Definitivamente esse cara não era uma boa pessoa.

Minutos depois, formos para a sala de jantar principal e fiquei abismada com o tamanho daquela mesa. Eu nem sabia ao certo quantos convidados poderiam se sentar ali. Eu não tinha tido a oportunidade de jantar ali ainda e eu estava encantada. Porém, quando vi todos aqueles talheres pratos e marcadores de lugares, meu sangue gelou dentro de mim. Eu ainda não tinha tido aulas de etiqueta o suficiente para me sair bem naquele tipo de evento. Tanya sorriu para mim, percebendo a minha cara de espanto, e deu um sorriso desafiador. Encarei-a e aceitei o desáfio. Farei de tudo para parecer uma lady, mesmo que no momento eu parecesse uma cachorrinha vira lata perdida.

O meu lugar era ao lado de Edward, que se sentou ao lado de sua mãe, enquanto Carlisle permanecia no canto principal da mesa. Esperamos que eles se sentassem para sentarmos também. Edward olhou para mim e percebeu o meu desconforto. Tocou a minha mão por debaixo da mesa em sinal de apoio.

— Não se preocupe. – falou baixinho. – Eu lhe ajudarei.

Ele colocou o guardanapo nas pernas e eu fiz o mesmo. O jantar começou a ser servido e tentei prestar atenção em tudo que Edward fazia para não pecar á mesa. Servi em meu prato o mínimo possível, já sentindo um embrulho no estomago, mas tentei fazer a expressão mais tranquila possível, sabia que Tanya queria a minha desgraça total. Edward discretamente me dizia qual o talher para cada tipo de alimento e eu o observava atentamente. Nossa quanta frescuragem por tão pouco! Mas sem reclamar, segui tudo direitinho.

Enquanto isso, observei que a conversa fluía muitíssimo bem entre Carlisle, Esme e o embaixador. Me espantei com o fato de que eles não falavam uma palavra em inglês. Olhei para Esme, próximo a mim, e vi o quanto ela falava fluentemente o francês. Aposto que ela teve que aprender, assim como eu teria quando me tornasse uma duquesa. Ela era tão delicada e fazia tudo tão bem que dava até inveja! Quem a visse jamais poderia dizer que ela não tinha nascido ali naquele meio.

— Edward, por que eles não estão falando em inglês?

— É uma questão de comodidade. Franceses detestam o inglês e super valorizam a sua língua. Papai prefere falar na língua dos seus convidados para agradá-los, mas isso não é uma regra.

Assenti e continuei comendo. Tentei acompanhar a conversa, mas obviamente eu não conseguiria. Olhei para os lados e vi que Alice, Emmett e Rosalie também pareciam pouco empolgados com o papo também. Eles mantinham uma conversavam em voz baixa e fiquei feliz por Emmett e Rosalie estarem se falando pelo menos nesse momento, eu esperava que fosse algo bom. Minha garganta ficou seca e eu já ia por as minhas mãos na jarra para encher o meu copo quando Edward me impediu.

— Bella, não pode encher o seu copo. Em jantares formais, como esse, você tem que esperar alguém enchê-lo.

Fiquei abismada! De onde eles tiravam essas ideias? Por que de onde eu vinha sempre que se tinha sede você mesmo se servia. Era muito comodismo esperar te servirem! Mas acabei cedendo e esperando que alguém fosse até mim e me servisse. Quando pensei que nada mais aconteceria, para o meu total azar, o tal embaixador pareceu se interessar por mim e me dirigiu a palavra:

— Comment se déroulent les préparatifs de mariage?

É claro que eu não entendi nada do que ele me perguntou. Eu nunca tinha falado francês antes. Edward ia responder, mas Tanya passou na frente e começou a conversar amigavelmente com o embaixador falando habilmente o francês. A minha falta de jeito e a raiva por Tanya não me impediram de reconhecer o quanto ela tinha uma habilidade incomum para se comunicar com as pessoas. Ela tinha um jeito de falar único e conquistaria quem quer que fosse. Ela parecia ser treinada para ser uma dama, como eu já tinha percebido antes, uma verdadeira esposa de um político, rei ou príncipe herdeiro. Antes, eu até me ofendia por eu não ter as mesmas habilidades que ela. Por não ser tão boa quanto ela, mas no momento em que o meu senso de competitividade foi acionado pela mesma, ganhei um impulso novo e prometi a mim mesma que eu seria tão boa quanto ela ou quanto Esme. Não decepcionaria nem a mim e nem a Edward.

O jantar transcorreu normalmente e o embaixador pareceu gostar muito do tal “ambiente familiar” e saiu satisfeito. Por fim, nos reunimos na sala de música para comemorarmos, enfim, a grande noite de Edward. Todos pareciam aliviados por tudo ocorrer bem.

— Ainda bem que aquele chato foi embora. Já não aguentava mais! – falou Alice se sentando relaxadamente no sofá.

Carlisle pegou o violão e Edward foi para o piano. A cantoria já ia começar quando um funcionário do palácio se aproximou de Carlisle e o interrompeu.

— Desculpe Majestade, mas mandaram deixar isso para você.

Carlisle recebeu o pequeno papel com uma expressão surpresa. Esme olhava para ele assustada, provavelmente lembrando do episódio parecido que aconteceu com ela há alguns dias atrás. Carlisle leu o que estava escrito e olhou para Esme assustado. Ficamos todos sem entender, mas pelo visto assim ficaríamos. Na minha cabeça só vinha o pensamento que um novo mistério surgia, ou talvez, o velho ainda estava perdurando e batendo na porta mais ativamente.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam dessa história toda? Quero ver suposições e muitos comentários!

Aguardarei! Até mais!