A Princesa e o Guerreiro escrita por asthenia


Capítulo 3
Liberdade e insistência


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo desse que é meu novo amorzinho!
Sei que a história está a passos lentos, mas teremos coisas boas logo mais! Preciso desse background para a história se desenvolver.
Aviso que no começo do capítulo há uma cena de abuso.
Obrigada!



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A primavera era uma de suas estações favoritas. O clima ficava menos quente, os dias pareciam mais longos e os passeios externos duravam uma tarde inteira. Dias em que ela aproveitava para se enfurnar na estufa, especialmente para cuidar das sementes de girassol que Ayumi lhe trouxera. Colocou um vestido mais simples, com um avental de jardinagem, e – escondida de seu pai que abominava sua filha suja de terra – decidiu que sua tarde seria gasta sozinha na plantação de suas novas flores. A terra precisava ser preparada, deixada bem úmida.

Aquele seria seu novo segredo: girassóis. Amava as cores frias, em tons pastéis do jardim, mas constantemente sentia falta de cores mais quentes que iluminassem o local, tirando-lhe a aparência de ser sempre frio. Amarelo era uma cor iluminada, bonita, combinava com verde e lilás. Colocou as grossas luvas, pronta para usar o fertilizante na terra já separada.  Hinata se lembrou que havia esquecido de sua pequena pá de jardinagem e foi até o fundo, onde ficava o armário com os utensílios. Seu humor estava melhor, comparado aos outros dias. Sorriu ao achar a pá e se encaminhou de volta ao seu balcão de trabalho.

Parou no meio do corredor assim que o viu. Segurou com mais força a pá entre seus dedos. Seu sorriso morreu instantaneamente. Toneri estava ali, olhando para a terra que acabara de mexer. Ele sorriu a ela, assim que seus olhos se encontraram.

— Boa tarde, Hinata.

O susto era tanto que, por um momento, esqueceu-se de suas boas maneiras.

— Boa tarde, Toneri-sama.

— Estive a procurando desde o começo da tarde. Nunca imaginei que a encontraria aqui, tão simplória mexendo com terra.

— Eu estou cuidando de novas sementes, senhor.

A Hyuuga se aproximou de sua terra e sementes, impedindo que mexesse mais por ali.

— Ora, não sabia que o clã Hyuuga estava sem jardineiro e que você estava cumprindo esse serviço.

Hinata forçou um sorriso e deu-lhe as costas, alcançando seu material, levando-o para outro lugar. Não teve tempo em dar mais de três passos. Sentiu seu braço ser agarrado, forçando-a a virar na direção dele, derrubando a terra e as sementes ao chão. Toneri a encarava, pressionando o próprio corpo contra o dele. Seus olhos eram sérios e impassíveis.

— Me diga, Hinata, está fugindo de mim?

Ela tentou balbuciar alguma coisa, mas nada saía de seus lábios.

— Você sabe que não adianta. Nós seremos marido e mulher em alguns dias.

— Me solte Toneri, está me machucando.

Ele a prensou entre a bancada e seu corpo, impedindo que Hinata se movesse.

— Você foi guardada para mim e assim será, Hinata Hyuuga. Não pense que se esconder pelos empregados irá fazer com que sua obrigação não seja cumprida.

Com a mão livre ele tocou o rosto dela, que a olhava apavorada.

— Nós seremos um.

O pânico a deixou pálida, sem ação. Os dedos frios dele tocando a sua face, seu rosto se aproximando do dela. Queria correr, sumir. Ele encarava seus lábios e rapidamente seus olhos foram até os dela, que continuava estática. De repente, Toneri parou, segurando seu queixo.

— Nos vemos no jantar, Hinata.

Toneri sorria. O sorriso mais nojento que Hinata já vira. Ele deu um passo para trás, dando-lhe as costas e saindo da estufa, deixando a sozinha. Hinata queria dizer que com a saída daquele que lhe causava arrepios, pôde, enfim, respirar aliviada. Mas o choro a dominou e tudo o que sentia era sufoco.

—/-

Com os braços cruzados, Hizashi olhava o jovem de cima a baixo. Sua expressão não era a melhor. Por mais que Naruto forçasse uma posição ameaçadora, com o peito estufado e os pés juntos, para o Hyuuga ele não tinha qualquer sinal de um guerreiro. Seus pés eram tortos, parecia ansioso demais – piscando a todo momento – e mesmo com um corpo relativamente pronto para ser trabalhado, Hizashi estava descrente pela postura forçada do rapaz.

Virou-se ao seu amigo de longa data que parecia reprimir o riso.

— Não sei não, Jiraya. Ele tem pés tortos, é ansioso, e não sei nem se consegue segurar uma espada!

— Ei! – Naruto o interrompeu. – Uma espada não é tão pesada assim, eu aguento!

— Eu falo de postura, moleque, não de peso! – Hizashi se aproximou do loiro. Ele também falava alto demais. – Para ser um guerreiro não é preciso apenas força, mas principalmente postura e disciplina!

Jiraya soltou o ar, forçadamente.

— Você acha que isso é uma perda de tempo, Hizashi?

Antes que o moreno respondesse, Naruto gritou:

— Eu posso ser o melhor guerreiro de toda Konoha, eu juro! Estou disposto a aprender tudo e qualquer coisa que você quiser que eu aprenda!

Hizashi o olhou, surpreso. Jiraya o olhou.

— Eu te disse, ele é cabeça-dura.

Hizashi o olhou com cuidado mais uma vez, voltando a cruzar os braços. Ele precisava de um treinamento cauteloso – com sessões de meditação, equilíbrio e bastante disciplina. Naruto provavelmente era forte e sua obstinação seria necessária em todo esse processo. Hizashi sorriu levemente ao se lembrar de Kushina, que por mais que não fosse tão inadequada quanto o loiro, também era obstinada daquela forma.

O Hyuuga soltou o ar, derrotado.

— Esteja aqui amanhã pela manhã, nas primeiras horas, mas só se estiver disposto a ser disciplinado e totalmente dedicado a essas aulas. Está bem?

O sorriso do loiro era gigantesco. Ele mal se aguentou e apenas acenou com a cabeça concordando.

— Terá que ter boa noite de sono e uma boa alimentação. Nada de passar noites acordado, ou seja lá o que vocês jovem façam.

— Pode contar comigo, Hyuuga-sama! Eu serei seu melhor aluno!

Hizashi encurtou a distância entre os dois mais uma vez, encarando-o ameaçadoramente. O Uzumaki sentiu calafrios daquele olhar.

— E principalmente, não contar a ninguém desses treinamentos e sobre quem sou. Caso alguém descubra que você está sendo treinado, tudo se acaba e você nunca mais me verá. Entendido?

Naruto apenas acenou com a cabeça. Jiraya riu da cena. Em seu âmago tinha certeza que aquela parceria daria certo.

—/-

Hinata decidira que, pelo resto do dia não sairia de seu quarto. Mesmo quando sua amada criada bateu, ela apenas gritou uma desculpa. Seus olhos estavam inchados e vermelhos devido ao choro que não hesitou em derramar depois de seu encontro com Toneri. Entretanto, foi no meio das lágrimas que as palavras de Hanabi reverberavam em sua cabeça. Sua vida sempre fora aquela, dedicada à sua família. A Hyuuga era simples de ser agradada, não era necessário nada fora do comum. Apreciava as simplicidades. Sempre trancafiada naquele palácio lhe era sufocante, porém, os romances, as escapadas para a cozinha e para a estufa e o jardim lhe enchiam as horas.

Seu pai aproveitara essa simplicidade para impor a jovem um dever pesado demais – o de agradar. Agradar ao clã, aos olhos que a vigiavam, agradar aos interesses de sua família. Para isso, enfiavam em seu armário os vestidos mais luxuosos, de tecidos requintados e bordados difíceis demais. Sua feminilidade era evidenciada para provar ao seu noivo – de pose altiva e voz encorpada – que ela era frágil, quase como uma porcelana intocada. E o jovem, ao acreditar, pensava em tomá-la como prêmio.

Ela era mais do que isso, mais do que ela mesma podia enxergar. O que Hinata era ia além dos livros, das mãos sujas de terras, dos vestidos pesados. Seus olhos passeavam pelo jardim até o anoitecer, pela janela. Sabia quando sua irmã iria para seus aposentos, dar-lhe boa noite. Lavou seu rosto, resoluta de sua decisão. Quando as batidas a sua porta e voz de Hanabi chegou aos seus ouvidos, correu até a porta, puxando a mais nova para dentro.

Hinata não deixou sua irmã falar nada, além de uma exclamação.

— Eu aceito.

Os olhos de Hanabi, idênticos aos de Hinata, abriram-se surpresos.

— Eu não vou me casar com Toneri. – Ela finalmente disse. – Eu quero que me ajude a fugir.

Hanabi voltou até a porta, garantindo que estava trancada. Duvidava que alguém fosse estranhar as duas irmãs juntas no quarto, mas precisava se cuidar. Voltando a Hinata, pegou a irmã pelas mãos com carinhos, encarando-a.

— Você tem certeza?

— Não. – Ela riu, sem humor algum. – Mas tenho certeza que não vou me casar com Toneri.

Hanabi viu quando, no canto dos olhos de sua irmã, algumas lágrimas se formaram.

— Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu sim. – Hinata respirou fundo. – Eu percebi que eu não serei feliz com ele, nii-chan.

A mais nova sabia que algo além da constatação havia acontecido, no entanto, duvidava que sua irmã se pronunciaria mais sobre o que levara a tomar aquela decisão. Hanabi apertou as mãos dela, assegurando a sua decisão.

— Hina, eu preciso lhe contar algumas coisas e elas serão essenciais para que você saia daqui. – Hanabi respirou fundo e Hinata apenas concordou. – Há alguns meses, quando eu estava chegando a área de treinamento, eu vi Neji em uma discussão calorosa com Ko. Eu não consegui ouvir muita coisa, apenas ouvi quando Ko disse à Neji que ele não podia se esquecer de onde ele tinha vindo. Eu também vi quando Ko saiu, resignado, enquanto Neji segurava um envelope. Neji abriu o envelope, com raiva, tirando uma carta de dentro. Ele leu rapidamente e assim que acabou, aproximou-se de uma vela e botou fogo no papel. Depois disso ele ficou estranho o dia todo e naquele dia o treinamento foi bem mais pesado que o usual. Nos dias que se seguiram eu passei a observar Neji e Ko, e principalmente Ko. Nada me tirava aquela carta da cabeça. O que estaria escrito? O que havia deixado Neji tão bravo? Três semanas se seguiram e eu não desisti dessa história. Até que um dia eu resolvi seguir Ko, quando ele foi em direção ao vilarejo aqui ao lado.

— Você já saiu do palácio?

— Apenas algumas poucas vezes. – Hanabi sorriu a sua irmã sarcasticamente. – Ko não percebeu que eu o seguia. Ele entrou em um bosque distante do vilarejo, em uma floresta. Era um caminho difícil, mas eu estava obstinada e o segui até o fim. Foi quando eu o vi indo a um casebre, uma cabana velha. E eu descobri quem morava na cabana. Era tio Hizashi.

A surpresa de Hinata não era possível pôr em palavras.

— Era ele! Por mais velho que estivesse, era possível ver a semelhança com o papai! – Hanabi sorriu. – Ko ficou por pouco tempo dentro da cabana. Mas eu percebi que, ao sair, ele enfiou outro envelope por debaixo da capa. Foi aí que eu liguei os pontos: nosso tio estava mandando cartas a Neji pelo Ko! E eu comecei a pensar... Sempre foi Ko quem nos fazia lembrar do nosso tio. Ao contrário de papai, ele nunca o chamou de traidor, nunca disse nada de ruim dele.

Hinata entendia o que sua irmã queria dizer. As duas cresceram sabendo que o seu tio, irmão gêmeo de seu pai, abandonou o clã, sem qualquer motivo aparente. Nem Hinata nem Hanabi sabiam a real razão da decisão de seu tio. Hiashi mal falava do irmão – e quando falava sempre se dirigia a ele como alguém desleal.

— Mas por que ele abandonaria o clã? Por que ele abandonaria Neji e depois estivesse tentando algum contato?

— Eu ainda não sei. – A mais nova suspirou. – Porém desconfio que há muito mais que nós não sabemos. Ko nunca escondeu admirar nosso tio, ao contrário de papai. E o mais estranho de tudo: papai nunca censurou Ko pela sua admiração. Eu desconfio que Ko saiba de algo que possa sujar a imagem de papai e do clã. Talvez fosse esse o porquê de nosso tio abandonado ao clã.

Aos poucos Hinata tentava ligar as peças. Por mais estranho que a história de Hanabi fosse, ela fazia sentido. Seus olhos se voltaram a sua irmã mais nova.

— Hana, isso.... Eu nem sei o que diz.

— Nosso tio foi em busca de sua própria liberdade. Mas mesmo assim ele se importa com Neji, com quem deixou para trás. – Hanabi forçou Hinata a olhá-la, apertando suas mãos. – E você pode ir até ele para tentar essa liberdade! Nosso tio conseguiu algo que você também está em busca!

Por alguns segundos, Hinata ficou estática.

— Hanabi, eu não posso fazer isso.

— Quem mais a ajudaria? Quem mais a protegeria? Ninguém mais além do nosso tio sabe como você realmente se sente! Eu tenho certeza que ele não te negaria abrigo, tampouco te deixaria desamparada!

— Nós não sabemos como ele realmente é, Hanabi! Nós éramos muito novas quando ele foi embora e não sabemos o porquê de ele ter ido, de ter abandonado a todos!

Hanabi respirou fundo.

— Você acha que se ele realmente tivesse traindo ao clã, ou abandonado a todos nós, ele estaria tentando contato com Neji? – O tom de voz da mais nova baixou. – Você acha que Ko ainda teria algum contato com ele?

Hinata apertou os lábios, pensando nas palavras de sua irmã. Receosa, seus olhos focaram na figura a seu lado.

— O que têm em mente?

— Que você vá até ele pedir refúgio. Não se preocupe, minha irmã. – Hanabi a olhou, obstinada. – Eu tenho um plano.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando!
Próximo capítulo mais supresas! ♥



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