Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 74
Toda atenção, zelo e cuidado


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Antes mesmo de chegar a Torres eu já sabia que eu não teria boas notícias. Aquele pressentimento se fez real de uma forma tão vívida em mim que trazia aos poucos mais dor ao meu peito. Arthur não estava bem. E se ele sobrevivesse – o que com meu pessimismo eu acreditava não ser possível – tenho certeza que sequelas graves o acompanhariam pra sempre.

— Vamos conversar Kevin. – Rafael falou mais tarde daquele mesmo dia. Eu o olhei por breves segundos. – Sobre a gente. – eu não disse nada. – Você quer terminar?

— Quando entrei no carro pra vim pra casa eu juro que essa era a única solução em minha cabeça. Mas agora... – permaneci olhando pra baixo. – Não posso ficar sozinho. E eu entendo se quiser me deixar, temos motivos de sobra para não estarmos mais juntos.

— E quais motivos são esses? – balancei a cabeça desacreditando que ele ia por aquele caminho.

— Não use a negação. Você sabe muito bem que o nosso relacionamento não está legal.

— Só me responde Kevin. Eu quero ouvir de você.

— A distância nos separou Rafael. Agora você vive saindo com Nicolas, a gente briga o tempo todo. Sem dizer que você quer um relatório de cada segundo do meu dia, o que me leva a pensar que você desconfia tanto por estar escondendo algo.

— Está desconfiando de mim? – nos olhamos.

— Você não me deixa outra alternativa.

— Ok. – suspirou e ficou um tempo em silêncio. Sabia que perdê-lo seria muito difícil, só que eu não imaginava passar por isso sem o meu irmão. E muito menos com Alice novamente daquele jeito. Eu iria atravessar o inferno na terra e só conseguia pensar em uma pessoa responsável por isso. – O que eu posso fazer para você voltar a confiar em mim? – o olhei totalmente surpreso. – Achou mesmo que eu iria protagonizar mais uma briga? Ou pior, que iria desistir? Eu não estou fazendo nada de errado Kevin. Só saio com o seu irmão porque preciso relaxar, eu sinto muito a sua falta, eu tenho que me distrair para não enlouquecer, sabia? Contudo, não passa de sair, ver pessoas, beber um pouco e voltar pra casa. Pode pressiona-lo e questiona-lo. Ou o embriague e veja se ele diz algo. Eu não tenho nada a esconder. Isso só começou porque o Arthur ficou bem mais quieto por... – ele parou de falar quando viu que eu iria chorar. De um jeito muito carinhoso ele me protegeu em seus braços e deu um suspiro doloroso. – Ele vai aparecer. Eu não tenho dúvida disso. Ele é a pessoa que menos merece um destino trágico. Isso não vai acontecer.

— Os bons morrem cedo. – afirmei após um tempo.

— Nunca mais use a palavra morte se referindo ao seu irmão. – ordenou seriamente com a a testa enrugada. – Ou vamos brigar.

Preferia ter a esperança de Rafael e de todos... Mas eu não tinha. E isso era claro com o passar dos dias. Natal... Ano novo... Nada daquilo fazia sentido nenhum pra mim.

— Meu filho você mal tá se alimentando. Daqui a pouco vai ter que ir para o hospital ficar no soro, é isso que você quer? – minha mãe perguntou ao entrar em meu quarto.

— Quero consultar. Não vou conseguir superar isso sozinho.

— Não. Você não vai tomar remédios por causa de uma fase que vai passar.

— Você não entende a ligação que a gente tinha. Ninguém entende.

— Vocês se odiavam Kevin.

— Eu nunca o odiei. Eu tinha inveja dele, do jeito dele, da forma como ele sempre teve a atenção e a admiração de todo mundo e de como tudo era mais fácil pra ele. E então Murilo me mostrou que não era bem assim... E além disso, eu vi que eu podia ser igual a ele invés de ser inimigo dele.

— Você não é igual a ele. – fez carinho em meu rosto e meu cabelo. – Você é você. São totalmente diferentes. Arthur é piedoso, benevolente, às vezes explosivo e agressivo, mas é aquele que sempre sabemos o que esperar. Você não Kevin... A gente nunca sabe o que pode esperar de você. Você é muito mais fechado que o seu irmão e bem mais autêntico. Mais corajoso.

— Eu não acho. – nos olhamos. – Ainda não acharam nada né?

— Já tem duas semanas. O delegado disse que o desfecho sem encontrar nada após dias ou semanas é de homicídio e a chance de resolver é muito difícil. – soltou o ar. – Mas Luna mandou uma mensagem dizendo que acharam um carro que parecia ser o dele. Eles estavam indo fazer o reconhecimento.

— Lógico que a pessoa iria deixar o carro em algum lugar. A placa tá em todo canto.

— Ou não. Se fosse um ladrão de verdade... O que está quase descartado. Porém a notícia de terem achado o carro é boa, talvez eles consigam achar alguma digital, sei lá.

— Quem fez isso não é um amador.

— Você acha mesmo que... – nos olhamos. Fiquei calado. Era doloroso demais ter que admitir aquilo.

— Oi. – Alice entrou segurando os braços em frente ao seu corpo. Ela e minha mãe deram um sorriso cordial uma para a outra e depois conversaram sobre me convencer a comer. Ficamos sozinhos e eu a olhava intensamente. – O que foi?

— Você não sente nada, não se preocupa. Sai daqui Alice.

— A culpa não é minha Kevin. Eu não pedi pra ser assim.

— Eu não consigo lidar com a sua falta de emoções agora, estou falando sério, sai.

— Ei, já tá surtando de novo? – Rafael chegou a salvando de palavras duras. – O que a gente conversou? Você prometeu que não iria mais ataca-la.

— Odeio vocês dois o tempo todo em cima de mim!

— Odeia não, você ama. Mas está revoltado com o mundo e desconta nas pessoas mais próximas. Isso é errado Kevin. Arthur não iria gostar disso.

Era difícil para eles entenderem que quanto mais eles falassem o tempo todo do meu irmão mais grosso e insuportável eu seria. Eu não conseguia lidar com essa perda. Era algo bem maior que eu e que toda a minha capacidade.

Rafael Narrando

Em meio a tudo de ruim que estava acontecendo o meu pai apareceu do nada. Aquilo também não podia ser algo bom.

Eu ainda estava ficando normalmente na cobertura, tinha esperança que Arthur iria aparecer. Afinal poucos dias haviam se passado. Apenas duas semanas e meia, o que era isso? Quase nada. Ele podia estar perdido ou ferido se recuperando em algum lugar, alguma casa, algum abrigo... Devia estar confuso, não sei. Talvez até em algum hospital entre Torres e Alela e pela incompetência de vários funcionários não havia sido identificado ainda. Tudo era possível. Mas eu sabia que ele iria voltar. Porém, se eu estivesse errado, eu teria que sair dali. Só que não queria pensar nisso agora.

— Rafael. – ouvi a voz do meu pai e o olhei. – Estou falando com você.

— Desculpa. – soltei o ar e abaixei a cabeça passando a mão em meu cabelo. – Pode repetir? – direcionei o olhar a ele.

— Eu vim até aqui te dar apoio. Sei que tá passando por um momento bem difícil. O sumiço de Arthur... Ele é uma pessoa muito importante pra você.

— Não é só por isso que tá aqui. Tá acontecendo alguma coisa, não tá? Você tá preocupado.

— Claro que estou. Ele é como um irmão pra você. – não sei se era mesmo só aquilo. – Mas tem outra coisa. – sabia. – Estou com problemas Rafael. – esperei que ele continuasse. – Arthur pagou pelos seus estudos quando você decidiu vim pra cá, ele conversou comigo e deixou tudo pago até você se formar. Na verdade foi um acordo que ele fez com o vô dele. Mas... Antes disso eu tive gastos para você ir estudar na universidade. E eu tive até que hipotecar nossa casa. Agora eu vou perde-la se eu não pagar. – fiquei o olhando assustado. – Eu não consigo mais empréstimos e não quero me envolver com agiotas e coisas ilícitas. Então pensei... – respirou fundo, eu tinha certeza que ele iria dizer algo péssimo. – Que você poderia pedir ao Kevin dinheiro. – balancei a cabeça negativamente desacreditando no que estava ouvindo.

— Kevin está com o irmão desaparecido. O irmão que ele mais ama. Ele não quer nem conversar comigo direito. Você acha mesmo que eu seria capaz disso? Jamais pediria a ele dinheiro em um momento desses. E ainda se não fosse. Ele não é um banco, é o meu namorado.

— Eu não te diria isso se não estivesse desesperado. Rafael nós vamos ficar sem casa. Se Arthur estivesse aqui... Tenho certeza que ele resolveria isso rapidamente.

— Mas ele não está. E agora a atenção é toda voltada para acha-lo. Então esquece isso pai. Qualquer coisa você fica aqui comigo. Qualquer coisa eu alugo um lugar aqui pra gente, o que seja. Só deixa fazermos de tudo para o Arthur aparecer, tá? O importante agora é só ele.

Cheguei até a casa dos Montez e eu só queria esquecer aquela conversa sórdida com o meu pai. Ryan convocou que estivéssemos juntos e mesmo que não tivesse convocado, era o que fazíamos na maior parte do tempo. Precisávamos uns dos outros nesse momento.

— Cadê o Kevin, não vai vim mais uma vez? – ele me questionou e eu neguei gestualmente. Não era nenhuma novidade. – Tá bom, então vamos começar. Fecha a porta de biblioteca Larissa. – ela fez o que ele ordenou e ele voltou a falar. – Sabemos que possivelmente Caleb tá envolvido no desaparecimento de Arthur. Esperei um tempo porque achei que ele fosse voltar, se tratando das tramoias do covarde do pai dele. Mas pelo visto a coisa é bem mais séria. O que devemos fazer é espreme-lo até saber do que se trata. Mas é bem óbvio que ele não dirá a nenhum de nós. E já tivemos experiências suficientes para sabermos que espioná-lo não é o melhor caminho. Então, eu tenho uma sugestão. Só que queria ouvir vocês primeiro.

— Acho que devemos ir direto a sua ideia, porque ninguém além de Kevin conseguiria achar uma solução e se você tá no lugar dele...

— Eu discordo. Acho melhor não fazermos nada. – Otávia disse em um tom bem sério. – É o meu irmão e o pai dele e se tiver algo por trás nisso tudo é muito sujo e não vamos ter capacidade alguma de lutar contra isso. Ninguém vai acreditar na gente. E não vamos ter como provar nada. E muito menos acha-lo. Sinto muito ser a pessimista, mas eu penso igual a Kevin... – deu um suspiro doloroso. – Pra mim o meu irmão já está morto. E não adianta fazermos nada.

— Tá. Mas você não quer então que pelo menos achem o corpo?

— Não. Eu prefiro lembrar dele vivo. Não quero vê-lo desse jeito.

— Gente para. Vocês estão tratando o caso como encerrado. A polícia mesmo disse que tem mais lugares pra procurar.

— Encontraram o carro dele Yuri! Aonde ele iria andando sozinho sem avisar nada a ninguém? Ele não tem problemas.

— Não tinha sangue no carro Otávia e nem sinal de arrombamento ou destruição. Se alguém pegou Arthur, ele não iria se render, com toda certeza ele ia lutar e ele não é pequeno e nem fraco... Ia ser uma luta intensa.

— Ele não lutaria com uma arma na cabeça. Ele não é louco.

— Então quer dizer que o tiraram do carro rendido com uma arma e o mataram depois?

— Eu não aguento mais ouvir vocês. – sai de lá. Entrei na casa do Kevin e vi a mãe dele na sala conversando com o marido. Instantaneamente me deu um ódio mortal, uma vontade de socar aquele cara até que ele morresse.

— Que bom que você chegou. Por favor, o convença a comer alguma coisa. Ele não comeu nada hoje ainda. Ontem foi só metade daquele lanche que você fez. Desse jeito ele vai parar no hospital. – ela disse e pegou em minhas mãos. O engraçado é que até outro dia ela queria que nós dois terminássemos. Conveniência era o nome dessa família.

— Tenho que ir. Luna quer que eu a acompanhe nas buscas de hoje. – o cretino se levantou e beijou a esposa. Olhei seu corpo e vi a camisa com a foto de Arthur e a palavra DESAPARECIDO, se existia pessoa mais cínica nesse mundo eu ainda não havia conhecido. – Cuide do meu filho garoto. Sabemos que ele não tá aguentando passar por isso tudo. – aquilo dizia alguma coisa. Talvez Arthur não estar ali não fosse para atingi-lo necessariamente e sim a Kevin. Não sei. Eu não entendia a cabeça doentia de Caleb.

— Ei. – entrei no quarto e vi Kevin jogando vídeo game. Ele parou e me olhou.

— O seu pai me ligou. – fechei os olhos e respirei fundo. Não acreditava que o desespero fizesse meu pai perder o bom senso.

— O que ele disse?

— Que sente muito pelo meu irmão e que veio para a cidade prestar apoio a você e a mim. Achei bonito da parte dele. – me sentei ao seu lado aliviado. Fiz carinho em seu cabelo notando que estava molhado.

— Tomou banho agora? – ele concordou gestualmente. – Kevin você tem que sair de casa. Você não é assim. É a pessoa mais forte que eu conheço.

— Não foi o meu pai. – o olhei assustado.

— Que?

— Não foi ele. Ele não tem nada a ver com o sumiço do meu irmão.

— Como você sabe?

— Tem uma coisa que só nós dois sabemos. E eu o chantageei. Eu reuniria todos na casa da vó Isa e mesmo nesse momento frágil contaria tudo... Ele sabe que eu seria capaz. Se ele pudesse trazer meu irmão de volta ele traria. E ele não o mataria. Então ele não está ligado a isso. – dei um sorriso. – O que foi?

— Você não se cansa. Até triste e depressivo você continua com as suas espertezas e armações. - sorri. - Bom... – suspirei. – É bom saber disso. Não é? – o olhei de perto.

— Talvez. – deu de ombros. – Quem fez isso talvez seja impiedoso. Eu não acho que Arthur escape com vida. Já disse isso.

— O pessoal está com a mesma opinião. Mas todos estão fazendo de tudo. As buscas, os cartazes, os noticiários... O seu pai e Luna vão dar uma entrevista de imprensa semana que vem com o delegado. Torres e o País estão envolvidos nisso. Não vai dar pra esconder Arthur por muito tempo.

— Esses cachorros dos policiais são bem ruins porque eles ainda não conseguiram sequer achar um corpo.

— KEVIN! – passei a mão no rosto e soltei o ar lentamente. – Entendo que você não consegue ter esperança, mas não exterioriza isso. Eu preciso acreditar que o meu amigo está vivo.

— Pra que? Quando ele aparecer morto vai ser pior pra você.

— Quando chegar a hora eu vejo como eu lido com isso. Agora eu só quero esperar ele aparecer com vida. E chega de falar disso. Minha prioridade é cuidar de você. Fala o que você quer comer, sua mãe disse que já te ofereceu de tudo.

— Eu não estou com fome. – e mais uma vez tive que lutar para que ele comesse alguma coisa. Como estava sendo todos os dias.

No outro dia foi diferente. Era janeiro e férias para todos nossos amigos, só que eu trabalhava. Mas assim que saia do trabalho ia direto para a casa do Kevin. E mesmo com meu pai na cidade eu fiz isso. Quando cheguei eu não gostei nada do que vi. Ele estava na sala com aquele amigo dele, Luiz. Após nos cumprimentarmos ele disse que veio por causa do irmão dele e que sentia muito mesmo. O mais engraçado é que o meu namorado mudou ao lado do amigo. Ele não era aquele Kevin derrotado e abatido com ele, até surgiu um sorriso e assuntos aleatórios.

— Vou pra casa tomar um banho. Depois eu volto. – avisei e sai sem que ele dissesse nada. Eu ainda continuava na terapia. E em todo esse tempo eu aprendi muita coisa. Aprendi que o mais importante era que eu podia me contar sobre mim mesmo no silêncio. E o que precisava agora era isso. Ficar comigo mesmo. Eu me senti de certa forma humilhado e até mesmo inútil. Porque por mais que eu me esforçasse e fizesse de tudo, apenas com uma visita aquele idiota fez muito mais.

— O que tá fazendo aqui? – perguntei ao ver Yuri assim que entrei na cobertura.

— Desculpa. Não quero invadir sua privacidade. Só queria estar no lugar que o meu irmão mais esteve nos últimos dias. – dei um sorriso triste e me sentei ao seu lado.

— Eu que tenho que me desculpar. Foi mal pelo tom grosseiro. Não é nada com você. Pode vim quando quiser. Isso aqui é dele. – dei de ombros. – Se ele não aparecer... – suspirei de forma pesada. – Sairei daqui.

— Claro que não. Não tem motivo pra isso. E ele iria querer que ficasse.

— Eu não consigo. – comecei um choro entalado há dias. Todo o tempo eu tinha que ser forte porque o Kevin precisava. Esse era o meu papel. Mas e eu? Quem me ajudaria? – Toda vez que eu olho para aquela porta daquele quarto eu imagino ele saindo e isso tudo não passando de um pesadelo. – ele apertou carinhosamente meu ombro e mostrou seus olhos inundados também. – Preferia mil vezes ter que brigar com ele pelo som alto, pelas orgias, pelas festas, pelo exagero e por todo o perigo que ele corria... Pelo menos ele ainda estaria aqui.

— Ele nos últimos tempos não se parecia nada com ele. – deu uma risada anasalada. – Tão responsável, certinho e correto. Resolveu ligar o foda-se após a terceira vez que a Alice o largou. Eu acho até que demorou muito.

— Mas ele nunca vai esquecê-la. – enxuguei os olhos. – Eu não consigo falar dele como alguém que se foi, alguém que não vai voltar. As pessoas estão erradas em não terem esperança. Conheço Arthur. Ele vai lutar até o fim. E vai sobreviver, seja pelo que for que ele esteja passando.

— O que você acha que aconteceu? – o olhei.

— Eu não faço ideia. Isso tudo tá muito estranho. Como assim ele foi correndo salvar Alice em perigo e some... Quem ligou pra ele? Acham o carro e nada do celular. Não tem nenhuma pista no carro. Não existe nada nos arredores. Yuri é muita insanidade.

— Pelo menos você tem o Kevin em meio a isso tudo. – balancei a cabeça negativamente com aquela afirmação. – Quer conversar?

— Nada. Eu só acho que eu preciso me afastar um pouco. Deixar o tempo passar. Parar de me preocupar tanto. Ele sabe se virar muito bem, ele vai passar por isso ileso. E quando Arthur voltar vai ficar tudo bem.

— Olha eu não sei o que aconteceu, mas se ele te disse palavras difíceis de ouvir, releve, Kevin sentindo mágoa, dor ou algo do tipo vira uma arma.

— É. Ele realmente vira uma arma. – fiquei olhando um ponto fixo e depois o encarei. – E você, como estão as coisas com Soph? – ele iria começar a falar e o interrompi para avisar que tomaria banho e pedi para esperar rapidinho. Quando voltei ele continuou falando.

— Ah... Desde que ela saiu com o meu novo irmão a gente meio que... Se afastou.                                                                                                 

— Eles não vão ficar juntos Yuri. – opinei ao sair do meu quarto, eu trazia a toalha pendurada no ombro. Comecei a secar o cabelo e molha-lo.

— Sai. – mandou rindo.

— Estão se divertindo? – Kevin perguntou ao entrar. Ele mantinha as mãos no bolso de sua calça jeans escura e a posição ereta e tensa. Eu tentava entender o seu semblante insatisfeito e desconfiado. Dei uma risada interna e depois um sorrisinho ao ver que ele estava claramente incomodado com a interação entre o irmão dele e eu. Era fácil entender, já que ele estava passando por um momento vulnerável, estava fragilizado e partindo pelo pressuposto que ele consegue fazer todo cara hétero quere-lo ele deve achar que eu tenho a mesma capacidade. O que me impressiona é ele achar que eu seria sujo o bastante para dar em cima do irmão dele.

— O que está fazendo aqui? – fechei a cara.

— Você saiu com raiva. O que queria que eu fizesse? Esperasse sua raiva passar?

— Arthur tá desaparecido e vocês estão brigando no meio disso? – Yuri perguntou se levantando. – Não acredito. – bufou e foi embora.

— Sabe que ele está certo né? – Kevin questionou e eu dei uma risada irônica.

— É? Então conta pra ele que estava com ciúme dele há minutos atrás.

— Não estava com ciúme dele e nem de vocês dois juntos, só achei estranho vocês se divertindo daquele jeito.

— Da mesma forma que eu achei bem estranho você sorrindo para o seu amigo sendo que nos últimos dias tudo que eu tenho tentado fazer é tirar um sorriso de você. – ele ficou me olhando e eu dei um suspiro triste. – Vai embora Kevin. Daqui a pouco meu pai volta da casa da vó Isa e eu não quero que ele veja a gente brigando.

— Não. Eu vou ficar. Quero ver o meu sogro.

— Não precisa. Eu já disse a ele que você não está bem.

— Sabe por qual motivo eu sorri para o Luiz?

— Porque você se sente bem na presença dele. Porque ele te faz bem. Porque ele é melhor que eu e por mais motivos que eu não quero saber.

— Porque ele era uma visita Rafael. Só você sabe como eu realmente estou, só você me conhece de verdade.... Eu não preciso fingir uma falsa calma com você e você não imagina o conforto que é ter alguém assim. Sei que perdi metade de mim quando perdi meu irmão, mas se eu ainda estou de pé é porque eu tenho você ao meu lado. – olhei pra baixo e olhei pra ele. – Tive forças pra sair de casa e vim atrás de você, só isso diz tudo. – ouvindo aquilo eu sabia que eu não conseguiria me afastar. E tinha que agradecê-lo por isso, porque eu também não queria me manter afastado dele.


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Notas finais do capítulo

Posso falar de novo que eu amo esses dois?! ♥
Provavelmente venho no meio da semana ♥



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