Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 60
Distante e presente


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Estar no hotel naquela segunda sem o Kevin não estava sendo nada fácil. E faltava apenas uma semana para Caleb ir para Alela, o que o deixava ainda mais estressado e exigente.

— Já disse que o Kevin não está aqui Danilo. – falei ao ver o garoto ainda parado em minha frente. – A saída é por onde você entrou.

— Está parecendo que você precisa de ajuda. – parei tudo e o olhei. – Eu vim pedir um emprego. E você tá saturado. Podemos entrar em acordo.

— Eu conheço você. – cruzei os braços. – É igual ao Kevin. Sempre tem um motivo. – o encarei furioso. – O que tá planejando?

— Estou planejando ganhar dinheiro. O meu pai não quer me colocar em Alela.

— Será por que né? – voltei ao que estava fazendo.

— Você assumiu o mesmo ar de superioridade do seu pai. – seu comentário me fez novamente olha-lo.

— Sabendo que sou eu quem decide se fica ou não essa não é a melhor maneira de me convencer.

— Não é você que decide. É o Kevin. – me desafiou. – Já soube que ele toma as decisões aqui, você apenas... Faz o que tem que fazer. – ele me lembrava tanto o meu irmão, ainda mais antes, dava até vontade de soca-lo.

— Então colabore comigo e me deixe fazer o que tem que ser feito. – olhei pra porta.

— Já disse que eu posso ajudar.

— Ainda não entendeu que eu não quero a sua ajuda?

— Por que não gosta de mim Arthur?

— Por que eu gostaria? Você chegou à cidade perseguindo minha namorada, depois deu em cima da minha irmã e ainda por cima de alguma forma que eu não entendo como, consegue manipular meu irmão.

— Ah! – riu. – É ciúme. – se aproximou. – Relaxa. – bateu em meu ombro levemente. – Eu nunca serei como você pra ele. Seu lugar é único e especial.

— Vou precisar te pedir pra sair de novo? – o encarei dessa vez com mais fúria nos olhos.

— Muito bem. Eu tenho consideração por pessoas que tem princípios como você. Por isso vou te contar uma coisa... Encontrei a Alice na recepção e... – eu não cairia naquela encenação. Já era calejado por anos de convivência com Kevin. – Bom. Parece não te interessar muito.

— Vai dizer que ela estava com um cara? – sorri sarcasticamente.

— É. Quase isso. Se não acredita devia ver você mesmo.

Não, eu não devia. Mas eu fui. Aquele infeliz conseguiu me fazer sair da minha paz e minha concentração. Quando cheguei a recepção vi Orlando e ela conversando e sorrindo.

— Olha que romântico.  – comentei ao aborda-los. – Não precisam parar por minha causa. – levantei as mãos.

— Não precisa ironizar a aproximação da sua prima com alguém. 

— Ignora ele, é o que eu faço. – fiquei olhando pra ela sem acreditar naquelas palavras.

— Vem, vou com você até a saída. – conforme eles andavam um ao lado do outro eu ficava ainda mais chocado.

— Viu? Eu não estava mentindo. – Danilo me olhou. – O emprego é meu? Você pode confiar em mim. E tá precisando de ajuda. – sai andando o deixando sozinho. – Eu amo a sua irmã. – parei e o olhei.

— Ama mesmo? Então por que será que eu nunca te vi lá em casa? Por que o pai dela ainda não sabe da sua existência?

— Tenho medo. – admitiu envergonhado. – Não é tão fácil assim. Olha toda a minha história. A minha irmã não me deixaria viver em paz. – desviou o olhar. – Se não quer me dar uma chance tudo bem, depois eu converso com Kevin.

— Vou receber um inspetor daqui a pouco, passe em casa e se troque, coloque uma roupa social e um sapato, esteja aqui até as quinze horas. – ele deu um sorriso enorme. – E se o Kevin não concordar com isso você tá fora.

— Fui. – saiu correndo. Parecia mesmo precisar daquele dinheiro e ainda nem sabia quanto receberia. Cada um com os seus problemas. E os meus não eram poucos. Além de tudo agora eu teria que trabalhar com o cara que estava paquerando Alice.

“Para que inferno de lugar que não tem sinal você foi?”— mandei a décima mensagem para Kevin. – “Quando receber as mensagens, me ligue. Alice deixou de ser a Alice... Quer dizer... Pelo menos pra mim. Ela não é mais intocável. Está aceitando um flerte com Orlando e acho que logo eles estarão saindo. Não tenho nada a ver com isso, eu sei, nem precisa dizer. Mas... É a Alice Kevin.”

No fim da tarde após o trabalho tive que admitir que ter Danilo fez toda a diferença. O garoto era esperto, proativo e tinha todo um jeito com aquilo. Tentei ligar novamente para o meu irmão e nada.

— Estou começando a ficar preocupado. – soltei sem querer.

— Com o trabalho? – me virei para Danilo. – Se for com seu irmão pode se despreocupar, ele tá vindo com o namorado. – apontou com a cabeça para a porta de vidro, me virei vendo Kevin e Rafael entrando.

— Sentiu minha falta? – ele questionou sorridente.

— Muito pra falar a verdade. Recebeu minhas mensagens?

— Sim. – sorriu debochadamente. – E estou indo lá. Vim só pegar uma coisa e o Rafa aproveitou pra ver se você estava aqui e te arrastar pra cobertura. – olhou para Danilo. – O que ele faz aqui?

— Ah... – suspirei. – Quer um emprego.

— Quero não! Você já me deu. Não vai me dizer que não me sai bem hoje?!

— Isso não é decisão minha. Vai ter que passar por aprovação do Kevin. – meu irmão ficou olhando o garoto. – Não acho que vai ser tão fácil assim. – dei uma pequena risada.

— Se você tá querendo estar aqui algum motivo tem. Sua irmãzinha louca tá atacando novamente?

— Não Kevin, eu preciso de dinheiro. Ficar agradando o meu pai não deu certo e ele me dá apenas o necessário e eu preciso de muito mais. Podemos conversar em particular? Sabe que a gente se entende. – e mais uma vez o Kevin estava fodido.

— Preciso sair antes de ir a faculdade, não tenho tempo. Amanhã conversamos.

— Estarei aqui. – sorriu do seu jeito desaforado.

— Kevin. – o abordei antes que ele fosse até a casa da Alice e eu subisse com Fael. – Não demonstre que eu quis saber algo.

— Não quer que ela veja que se importa? Acho que é meio tarde pra isso.

— Não. Eu só não quero que ela sinta que tem mais alguém querendo controlar a vida dela.

— Você beira a perfeição. – sorriu. – Se não fosse meu irmão com certeza eu te conquistaria.

— CALA A BOCA KEVIN. – balancei a cabeça. – Nunca mais repita isso.

— Pensando bem... Esse seu peitoral é exagerado demais. Acho que eu não iria me interessar. – ele puxou minha camisa levemente pelo ombro.

— Sai, anda. – o empurrei quando elevador abriu. Ele voltou e beijou o namorado.

— Tchau irmãozinho. – piscou sorrindo com aquele jeito Kevin de ser. Olhei para Rafael.

— O fim de semana parece ter sido bem bom né? Ele tá bem humorado, prestativo...

— Foi. – me olhou. – Não vai dizer que não viu as fotos, elas deram o que falar.

— Do Kevin no meio do mato? Ou de vocês dois juntos?

— As duas. – entramos na cobertura.

— Por que deram o que falar?

— Murilo comentou com Ryan que comentou com Kevin. Cheguei perto dele e vi, porque claro que ele não me contaria nada. Pensei que fosse com você que ele desabafasse.

— Não. Até onde eu sei Murilo tá bem e... – respirei fundo. – Isso é tão complicado Rafael.

— Complicado é ele dizer que era pra ele estar com o meu namorado em meu lugar. Ele ficar imaginando quantas coisas eles viveriam juntos. Não vou ficar aceitando isso.

— É um direito dele ter imaginações. Até então ele não falou nada com Kevin.

— E nem vai. Ele não é louco.

— Seu namoro não resistiria a um ataque direto a ele. Não faça isso.

— Você sentiu ciúme hoje, sabe como é horrível.

— O Kevin te ama, coloca isso em sua cabeça. – me levantei. – Vou tomar um banho para comer alguma coisa antes de irmos a faculdade.

— Ok. Eu já estou de banho tomado. Vou ficar aqui te esperando e remoendo o meu ciúme.

— Imbecil. – resmunguei enquanto ia para o meu quarto.

Entendia o Rafael e pra ele era bem pior, já que ele era namorado de Kevin. Eu não tinha nem do que reclamar. Ele podia. E vivia seu relacionamento às sombras de um relacionamento passado. Não deve ser fácil. Mas uma coisa era fato, ele escolheu esse caminho.

Kevin Narrando

Enquanto voltava a pegar a estrada olhei Rafael. Ele desviou o olhar anda nitidamente se sentindo culpado pelo ataque de fúria com a minha atitude.

— Pega um moletom na sua mochila. – olhei pra trás. – Você vai sentir frio, aonde vamos é muito alto. – ficou me olhando.

— Para o carro. – respirei com calma.

— O que foi dessa vez Rafael? Você não tem medo de altura que eu sei.

— Não, mas eu tenho medo de morrer. Eu vou dirigindo até lá.

— Como você é um arrogante escroto.

— Aprendi com o melhor. – sua risada me fez sorrir. Ele colocou o moletom e começou a se olhar no retrovisor. – Isso não é justo. Já tentou reparar como o meu cabelo é? – reclamou, passando as mãos entre os fios.

— Impossível não reparar. – comentei com os meus olhos passando para todos os cantos de seu rosto. Reparei como não existiam falhas em suas feições. Ele sorria, sem exibir os dentes, duas covinhas se formavam ao lado de seus lábios quando ele estava sorrindo daquela forma, tentando reprimir o riso. Ele parecia descontraído, relaxado. À vontade. – Você é lindo. – suas sobrancelhas se abaixaram e ele fez uma careta, esboçando um sorriso mais largo, agora exibindo parte de seus dentes.

— Oi? – afinou a voz. Eu revirei os olhos. – Na verdade eu sei que eu sou, estou fazendo charme.

— Você é um idiota. – o repreendi. Ele deu um toque em minha bochecha com o dedo indicador, exibindo um sorriso travesso.

— Desde que você esteja sorrindo, está tudo bem em ser um idiota.

Sorri pra ele enquanto girava o volante para fazer uma curva. A última curva antes de começar a maior subida. Era bem íngreme, mais que imaginei ao ver as fotos, mas valeria a pena. Chequei o GPS e continuei, parando rapidamente na recepção da pousada. Rafael olhava pela janela.

— É lindo aqui. – sua voz saiu suave enquanto seus olhos ainda estavam em todo o verde ao nosso redor. Tirei o cinto e abri a porta.

— Ainda vamos subir mais um pouco. Nosso chalé é o mais alto. – virei para o lado. – Vou ir pegar a chave, você me espera aqui?

— Por que você é tão exagerado? – ergui as sobrancelhas. – É sério. A gente andou quase quatro horas e você me trouxe para um lugar incrível. Por quê?

— Porque eu te amo e queria passar um tempo com você bem longe daquela cidade. – selei nossos lábios. – Desculpe por ser assim... Mas tente reparar meus pais, pode ser daí que eu puxei todo esse exagero.

— Você quase nunca diz que me ama. – se afastou.

— Você já reclamou disso antes. – suspirei. – Sabe que eu te amo Rafael.

— É bom ouvir, só pra ter sempre certeza. – nos olhamos. – Vou com você. – saiu do carro. Pelo menos desistiu daquele assunto. – Sabe o motivo de eu querer te acompanhar né? – dei uma risada baixa.

— Como eu sou inocente. Nem pensei nisso.

— Me dá sua mão.  – era apenas o efeito de ter alguns caras sentados no sofá da sala de estar da recepção.

— Você é doente Rafael, é sério. – balancei a cabeça negativamente. – Eu não vou te dar a mão. – apontei com os olhos para o atendimento. – É uma senhora. – diminui bastante o tom de voz. – Ela já deve estar chocada demais por eu ter adquirido o pacote “escapada romântica”. – ouvi sua risada enquanto eu me aproximava dela.

— Olá, bom dia quase boa tarde. – ela sorriu cordialmente. Depois que confirmei os dados e peguei a chave ela me olhou sem graça. – Na reserva não traz muitas informações, eu sabia apenas que eram dois adultos e casal, não sabia que era... – ela ficou vermelha. – Vou ter que trocar um dos roupões e a pantufa, não vai servir. - sorriu mais ainda. - Vou mandar um funcionário agora é só aguardar quando chegarem, tudo bem? Desculpa por isso.

— Tudo bem, eu devia ter colocado alguma observação. – tentei não deixa-la tão desconfortável.

— O café da manhã é servido a la carte das oito às dez e meia. Os itens de consumo repostos diariamente e são águas, cápsulas de café e um cesto de lenha. O estacionamento ao lado do chalé e internet sem fio em toda a área. Alguma dúvida?

— Por enquanto não. Eu havia reservado um voo de balão pra amanhã de manhã, mas não tenho certeza se vamos, posso confirmar depois? – ela concordou e eu me despedi.

— Só pra lembrar vocês vão ter espuma e sais de banho em dobro e amenities especiais. Aproveitem a estadia. – sorri.

— O que são amenities? – Rafael perguntou quando voltamos para o carro.

— A tradução literal seria facilidades, mas a gente conhece como amenidades. São essas coisinhas como mini sabonetes, shampoos, etc.

— O hotel tem até bloco de notas, eu adoro roubo tudo quando a camareira passa.

— Você sabe que tá me roubando né? – ergui o queixo o olhando.

— Sim. Mas eu te roubo todos os dias. Quem é que tá sempre comprando coisa pra eu comer?

— Isso não é roubo, é cuidado. – peguei sua mão enquanto parava ao lado do chalé.

— É deslumbrante! – ele saiu andando pela grama e vendo a vista.

— Vem. – cheguei por trás dele o assustando. – Vamos entrar no chalé, já trocaram a roupa de banho. – ele se virou de uma vez e agarrou minha perna e me carregou, me fazendo gritar o nome dele. Segurei o seu pescoço enquanto ele ria. – Me coloca no chão.

— Não antes de te rodar. – não adiantou reclamar que eu ficaria tonto e nem apelar para o seu lado emocional. – Obrigado por me trazer aqui. – finalmente ele me soltou, mas não largou meu corpo. – É sem dúvida o lugar mais lindo que eu já vi na vida.

— É só o primeiro lugar lindo, ainda vamos ver muitos juntos. – o beijei antes de entrarmos.

O chalé era ainda mais perfeito que nas fotos que eu havia visto. Tudo era um charme, o material era de madeira e tudo ali, absolutamente tudo era lindo.

— Enfim uma cama do tamanho da sua. – Rafa disse se deitando em um pulo. – É mais macia que a sua. Amei.

— Eu gosto de cama mais firme, é melhor pra coluna, pra minha pelo menos.

— É? – ele sorriu maliciosamente. – Também gosto de muita coisa firme, menos o colchão. – pegou a pequena bandeja de madeira com um vasinho com rosas na cama. – Olha, deixam uma cartinha à mão. Que coisa mais fofa.

— Você ainda não olhou para o lado. – ele olhou para a lateral e abriu a boca em espanto. Havia ao lado da cama um sofá de couro e em frente a lareira com a tv em cima, mais ao lado tinha a hidromassagem e a parede de frente era toda de vidro, dando total visão das montanhas e área verde.

— Quantas vezes é possível fazer sexo em dois dias? – questionou em tom de brincadeira. – Cancela o voo de balão. Eu não vou passear em lugar nenhum quando posso estar aqui transando com você.

— Vai sair sim.

— Não vou não. – ele olhou pra trás. – Tira essas luzinhas penduradas na cabeceira da cama, nós vamos quebrar isso.

— Aonde eu te encontrei? – franzi a testa.

— Hum... Em um abrigo. Maldito Arthur que foi pra longe estudar pra esquecer a prima e então achou um amigo... E esse amigo tempo depois se transformou no cunhado dele. A vida é louca. Não é? – deu o sorriso dele que eu mais amava.

— Maldita hora que eu quis perder a lucidez.

— Ah... Mas aquele dia quem se deu mal fui eu. Tudo realmente mudou foi a partir do motel.

— Se a gente se casar um dia não vai ser legal dizer isso. – segurei o riso.

— O que as pessoas acham, que todo amor começa esbarrando e se apaixonando completamente? Alguns transam antes.

— Não. Mas se espera que tenha no mínimo uma identificação maior antes de tudo acontecer. Uma amizade é o ideal.

— Como você e o... – não o deixei terminar de falar e deitei ao seu lado.

— Olha o lugar perfeito que nós estamos. Por favor, não fala disso hoje e amanhã pelo menos.

— Se ainda não percebeu eu estou tentando.

— Você tenta muito mal. – mordi o lóbulo da sua orelha. – Se eu soubesse que a decoração romântica deles eram essas pétalas espalhadas na beirada da banheira... – reclamei.

— Você é muito exigente! – pulou da cama. – Vou abrir o champanhe. – tirou a garrafa do balde dourado e pegou as duas taças. – É melhor voltar pra cama se eu abrir aqui e estourar e bater no vidro e quebrar?

— Vai significar muito que você não sabe abrir um champanhe.

— Até nisso você é melhor que eu. – me desafiou ao se sentar ao meu lado.

— Nunca. Eu não sou melhor que você em nada. – fiquei olhando em seus olhos e depois olhei pra sua boca.

— Em quase tudo principalmente nisso aí que você faz.

— Isso aí o que? – dei um sorriso bobo. – Ficar todo perdido em você?

— Para Kevin. Você me deixa sem graça.

— Dá. – apontei para a garrafa. Ele ficou olhando eu fazer aquilo. – O segredo é segurar firmemente com o dedo polegar sobre a parte superior da rolha, isso evita que ela saia descontroladamente. – falei antes de acabar.

— Se pesquisar como abrir um espumante com elegância aparece a sua foto né? – dei uma risada alta.

— E se pesquisar como fazer sexo sem parar aparece a sua né? – ele passou a língua nos lábios e sorriu. – Olha como a pressão interna começa a fazer força contra meu polegar. – mostrei sem tirar as mãos. – Tem que continuar o movimento com firmeza e devagar, deixando que a rolha se arrebate lentamente. “Shhhh” - o som indicava que havia acabado. – Pronto.

— Não vou aguentar mais. – ele tirou a garrafa da minha mão e veio pra cima de mim. Não resisti a ele e tinha que admitir que eu ficaria todo o tempo naquele quarto se ele assim quisesse.

— Você é o melhor cara que eu já transei em toda a minha vida. – gargalhei ao ouvir aquilo.

— Você nunca transou com outro cara Rafael. Ou eu não estou sabendo de algo? – o olhei.

— Só quis te elogiar.

— Você ainda não me convenceu. – fez uma careta, me olhando de relance. Revirei os olhos.

— É claro, porque se eu te convencer você sabe que eu vou ter razão. – continuou de forma com que o sorriso de seu rosto aumentasse.

— Você me engana. –molhei os lábios. Franziu a testa com a minha frase. – Gostaria de entender o porquê de eu gostar disso e não ficar com raiva.

— Com o Murilo não era assim? – meus olhos subiram até o teto. Minha cabeça se moveu de um lado para o outro, como se estivesse negando. Ele encheu o peito de ar. – Me diz como ele era. – Pediu por mais que fosse aumentar o meu nervosismo.

— É assim que você está tentando não falar dele?

— Eu só quero saber se tudo isso é só com a gente. Talvez se me contasse mais sobre como era o seu último relacionamento, eu pudesse entender esse descontrole entre nós dois.

— Não é só com a gente. Eu e ele transávamos em qualquer lugar. – ele não gostou de ouvir aquilo, mas foi ele que pediu.

— É, foi idiotice minha. – assumiu. – Esquece isso. Eu não deveria fazer perguntas sobre alguém que ainda provavelmente te machuca. Estou sendo estúpido ao extremo.

— Eu não me importo. É só estranho me lembrar, aqui, com você. – falei após respirar fundo. – Não quero que você fique se comparando a ele.

— Eu sei que nunca vou ser tão perfeito quanto ele. Não precisa nem dizer que não é assim. No fundo eu sei. Eu fui amigo dele. O Murilo é... Ele é encantador. Ele é uma espécie de luz que brilha tanto que quase cega as pessoas. Ele irradia uma coisa tão boa e doce que é impossível não gostar dele. Eu não consigo odiá-lo mesmo morrendo de ciúme dele. – me olhou após desabafar. – Eu te ajudo a não esquecê-lo né? – sorriu parecendo não estar mais tão incomodado.

— Você me faz viver um relacionamento de verdade Rafael. Eu e Murilo não passamos de... Não vou dizer um sonho porque você vai entender como algo bom, mas... Foi uma ilusão. Eu e você é real. E é tudo o que quero. – o abracei e beijei sua testa. – Não vale a pena... Saber sobre ele. – falei decidido. – Não consigo mais vê-lo no meu futuro.

— Por causa do seu pai? – perguntou baixinho.

— Por sua causa. – suspirei. – Um dia eu te convenço disso.

Ele deu uma risada anasalada, como se eu tivesse contado alguma piada, mas não retrucou, o que era um bom sinal. O resto daquele dia foi maravilhoso e parte do motivo foi eu não ouvir mais Rafael me fazer perguntas como aquelas.

Rafael Narrando

Havíamos ido ao mirante e depois sentamos perto de um lago para aproveitarmos a paisagem. Tirei uma foto de Kevin quando ele se virou para me chamar e jamais imaginei que eu postar essa foto em minha rede social iria render tanto.

— Você nem pegou em seu celular ontem. – me sentei ao seu lado ao ver que ele estava mexendo no aparelho. – Seu pai? – olhei a tela.

— Ryan. – li a conversa. Ele respirou fundo já sabendo que eu iria surtar.

— Por que você não age como um namorado normal e sai da conversa ao me ver chegar?

— Não sou assim. E eu não disse nada de mais.

— É você não disse. Mas ele disse. – me sentei. – Você tinha alguma dúvida que o Murilo ainda te amava? Tá aí a confirmação. – passei a mão no rosto inquieto. – “Em pensar que era pra eu estar lá no lugar dele”. Quem ele acha que é?

— Tá começando a perder a razão. E é melhor você parar. – sua voz extremamente grave e séria me fez encara-lo.

— Por que o Ryan te contou isso?

— Porque somos amigos e se alguém falasse dele eu o contaria também. Não tem nada de mais Rafael, para com isso.

— Tá bom. – suspirei me acalmando. – Você é meu mesmo. Ele que queira remoer o passado pra lá. – dei de ombros.

— Quem tomou conta do seu corpo? – dei um soco nele.

— Só te dou carinho e você me bate. – resmungou me fazendo ir pra mais perto dele e beija-lo. Felizmente eu consegui superar rápido o fato do Murilo não superar nunca o meu namorado.

Após voltarmos, fomos pra aula e a mesma estava acabando. Arthur me abordou antes de sairmos da sala e disse que iria ao bar com o pessoal.

— Você vai pegar a Letícia hoje né? – perguntei tentando não rir.

— Cala a boca, eu só quero relaxar.

— Em plena segunda feira? Se não tem segundas intenções então você tá bem tenso mesmo. – Kevin nos encontrou e continuamos andando.

Assim que chegamos ao estacionamento ele contou ao irmão que não iria embora e se despediu.

— Arthur. – o chamei. – Você realmente não vai sair com ela? – ele revirou os olhos.

— Não Rafael, não vou.

— Espera lá que já to indo. – ele pareceu se espantar e continuou andando. Kevin ficou me olhando. – Tem... Problema se eu for?

— Você está me perguntando depois de decidir. Então tanto faz.

— Queria que viesse comigo. Mas sei que não vai querer.

— Preciso chegar cedo, tenho que pegar Pedro na casa do Danilo.

— Ele vai dormir com você hoje? – torci o nariz.

— Ele não vai dormir comigo, vai dormir na minha casa. – soltou o ar. – Vai lá beber. Tentem não se matar no caminho de volta. – não o deixei entrar.

— Não vai nem me beijar? – me beijou normalmente.

Assim que cheguei até Arthur e o pessoal, ele me olhou com insatisfação. Depois de encher o meu copo eu me preparei para escuta-lo.

— Você devia ter ido com ele. – avisou sério.

— Não me condene. Invés de estar com ele sai com amigos, que crime. Temos nossa individualidade Arthur.

— Vocês acabaram de voltar de uma viagem romântica e você corre para o bar. Tem ideia do quanto sem noção você é?

— A culpa é sua. – dei de ombros. – Deu ideia e eu não resisti.

— Eu não te chamei!

— Mas eu sou seu grudinho. – sorri. – Será que ele vai ficar mesmo chateado? – ele riu.

— Chateado? Você conhece bem o Kevin né? Ele tá puto.

Comecei a pensar que realmente talvez não tenha sido uma boa ideia. Tentei ligar pra ele e ele rejeitou. Olhei Arthur que conversava com algum dos meninos.

— Ele não quer me atender.

— Ele tá dirigindo. – tentei não agredi-lo.

— Ele não QUER me atender. Agora ele vai me dar um gelo num vai?

— Quem o namora sou eu? Quem sabe essas coisas é você.

— Por que você tá tão chato hoje hein? – olhei em seus olhos.

— Pela primeira vez na vida, tirando o que rolou com Kevin, eu estou vendo a possibilidade de Alice se interessar por alguém. E tinha que ser o Orlando.

— Você não curte esse cara né? – ele concordou. – Então vamos beber para esquecer ele, Alice e o Kevin. – levantei o copo. Eu já estava ali, já havia feito a burrada, então o que me restava era aproveitar.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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