Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 56
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Notas iniciais do capítulo

* perdão se houver erros ((:
Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Estacionei em frente a mansão e esperei Rafael levar Alice em casa. Quando ele voltou guardou o carro na garagem e apareceu me olhando.

— Não vai entrar? – perguntou como se fosse o óbvio a ser feito. Neguei com a cabeça. Ele acionou o portão o fechando e veio até a mim. – Sei que você só quer ficar sozinho e esquecer o que está sentindo em relação ao seu irmão, mas precisamos conversar.

— Só vamos dizer coisas repetidas, sabe disso.

— Você acha mesmo que o que fez hoje foi certo Kevin?

— O que eu fiz? Conversei com o meu primo?

— Vocês estavam... – ele parou de falar e tomou fôlego. – Estavam flertando. Na maior cara de pau. Os dois.

— Fazer referência ao passado é flertar?

— Esqueçam o passado! Esqueçam a porra do namoro que vocês dois tiveram. Ou então voltem a estar juntos! – fiquei o olhando segurando o riso. – O que foi?

— Ainda gosto quando demonstra ciúme, apesar de só ter feito isso nos últimos dias.

— Não posso colocar uma cela em você. – ele comentou ironicamente me fazendo rir. – Tá rindo? É engraçado? Acontece que você é um cara muito selvagem e caras selvagens são livres.

— Essa conversa está indo para outro caminho...

— Não está se sentindo confortável? – sua pergunta havia mais deboche que dúvida.

— Por mim... – dei de ombros. – Pode usar analogias sobre o quanto sou selvagem, isso apenas me estimula a ser mais.

— Por que, por que eu tinha que me apaixonar por você?!

— Tinha que pagar os seus pecados alguma hora. – sorri. – Vou embora, estou com fome, com sono, cansado e esse soco do Arthur ainda dói... – levantei a blusa e vi que minha barriga ainda estava com o hematoma muito forte.

— Fica aqui comigo. Deixa eu cuidar de você.

— É melhor não. Você tá chateado e a gente vai acabar brigando.

— Chega de brigas. – ele chegou bem perto de mim e encostou o queixo em meu ombro. – A gente vai ficar bem.

— Como tem tanta certeza? – o olhei de lado.

— Nos encontramos um no outro. – entrelaçou nossas mãos. – Respeito o que viveu com Murilo, mas o que temos é muito especial.

— É bem mais que especial. – dei um sorriso contido. – Vou deixar você cuidar de mim. Mas só se entrarmos agora. – ele deu uma risadinha e me conduziu até seu quarto.

No dia seguinte eu o surpreendi com café na cama. Ele ficou me olhando um tempão sem entender ou até mesmo acreditar.

— Vai se atrasar para o trabalho se não comer e se arrumar. – avisei sorrindo. Eu estava sentado na poltrona a lateral de sua cama e o observava.

— Por que está sendo romântico? – dei uma risada.

— Quer dizer que eu nunca sou? – ele sorriu enquanto se sentava e posicionava a bandeja em seu colo.

— Não disse isso. Mas estou achando estranho.

— Bom... – suspirei. – Acho que te devo um pedido de desculpas. Não foi legal ontem. Aliás, não foi nada legal. Relembrar o passado é quase um insulto a você. Isso não vai se repetir. Você tem a minha palavra.

— Ontem o discurso era outro. – sua testa franziu mostrando a confusão em sua mente.

— Estava cansado. Depois de uma noite de sono as ideias puderam se estabelecer corretamente. – me sentei na cama em sua frente. – Decidi algo que você pode não concordar, mas eu não vou voltar atrás. – seu olhar era atento. – Isso. – apaguei o número de Murilo e o mostrei. – Não vou mais ligar pra ele. Se precisar você ou Alice é quem vai ligar. – Rafael ficou uns minutos processando aquilo.

— Precisa mesmo disso?

— Sim. Precisa. Ninguém mantem contato com ex. Pelo menos não deveria. Sei que ele faz parte da minha vida e não vai deixar de fazer, mas o quanto puder eu vou evita-lo.

— Tem ciência que ele vai saber que apagou o numero dele né? – concordei. – Isso pode magoa-lo. Você se preocupa tanto.

— Eu me preocupo mais com você. E eu quero que entenda isso de uma vez por todas. – me levantei e selei nossos lábios. – Vou ir para o hotel. Tenho que passar na cobertura antes do trabalho. Acho que devo ir pra casa hoje. Eu te ligo.

— Kevin... – ele me chamou antes que eu fosse. – Como você está em relação ao Arthur? – pensei um pouco.

— Ele fez a escolha dele. – dei de ombros. – Tanto faz.

— Vai entrar em negação? – fiquei sério. – Não planeje nada pelas minhas costas.

— Pode deixar. – me comprometi com aquilo e fui para o tormento do dia de trabalho. E em plena segunda.

Naquele dia Rafael saiu do trabalho e foi fazer companhia a Alice, segundo ele ela precisava de distração. E eu concordava com ele e agradecia por ter um namorado tão afetuoso e compreensível.  

— Eu pensei que você estaria aqui assim que mandei mensagem. – ele disse a noite assim que cheguei a sua casa.

— A volta pra casa foi hoje após o expediente. Tentei te ligar várias vezes e você não atendeu. – ele fez um semblante de que ainda estava chateado. – Não sou um cachorro que corre para o dono Rafael, se está esperando exercer esse controle em mim vai ficar apenas na vontade.

— Ei ei, calma. O que aconteceu? – ele veio até a mim e fez carinho em meu rosto.

— Eu só... Eu esperava pelo impossível. – desabafei. – Achava que ele poderia ligar e dizer que se arrependeu ou aparecer dando alguma explicação coerente. – seu abraço me deixou prontamente melhor.

— Sei o quanto você o ama e tá sofrendo com tudo isso. Também estou. Só posso dizer que estarei aqui por você e pela Alice.

— Mas e por você? É o melhor amigo dele e também está sofrendo.

— Eu fico bem te fazendo bem. – o olhei. – E não quero que pense que estou fazendo isso por obrigação. Faço porque você é meu namorado.

— Obrigado por existir. – o beijei e tentei esquecer aquilo. Deixei que apenas nós dois fosse o foco do meu pensamento. Sem Arthur, meu pai e nem nada mais que pudesse me trazer qualquer desconforto ou dor.

Acabei dormindo por lá. Não sabia se Mark e Isadora achavam aquilo errado, mas enquanto eles não reclamassem eu continuaria... Segundo Rafa ela já havia dito que não se incomodava e a reclamação anterior era sobre parecer ser uma putaria, o que obviamente não era o caso.

Na terça eu me encontrei com Danilo para ter notícias sobre Diana. Ele já havia provado a lealdade dele a mim por mais de uma vez e por mais que eu soubesse que não devia confiar plenamente nele, era a única ponte entre mim e a loucura dela. E agora estávamos no escuro. Sem planos ou atitudes suspeitas de prática de algo contra mim ou o meu namoro.

— O que te fez me trazer a um restaurante em plena quarta feira? – Rafael perguntou logo após nos sentarmos a mesa e fazer o pedido.

— Nenhum motivo especial. – o olhei sorrindo. – Sabe... Sua paciência, seu amor, sua atenção... Você me mostrou nesses últimos dias o quanto sou sortudo por ter você.

— Isso é pelas ligações até tarde? Ou por cada mensagem lembrando o meu sentimento?

— Por tudo um pouco. – peguei em sua mão, mas logo tirei. Ele não gostou e pegou em minha mão de novo. Olhei nossas mãos na mesa e o olhei mostrando minha insatisfação. Ele respirou fundo antes de separa-las. – Importa para você que outras pessoas saibam do nosso relacionamento ou não? Outras pessoas que a gente nem conhece.

— Quem interessa já sabe. Eu sei disso. Mas... Pode não ser importante pra você, mas pra mim é. Eu só quero que as pessoas saibam que você é meu. Só isso.

— Rafael... Eu estou nessa há bem mais tempo que você. E acredite... Foi passando por situações ruins que minha intuição foi de ser tão discreto. Não é apenas o meu jeito e a minha personalidade, é que... Evito conflitos. Não sou o tipo de pessoa que engole muita coisa calado. Você sabe. Já está evidente que somos um casal. Não precisa mais que isso.

— Tudo bem. – ele pareceu realmente se satisfazer com tudo o que eu disse. – Vamos falar de algo bom então... Suas fotos da campanha já estão prontas?

— Sim. Vão começar a circular semana que vem. A marca de roupas é internacional e... Eu nem sei quantos lugares essa campanha irá alcançar. Só espero que não me reconheçam. Já basta ser o filho da minha mãe.

— Ah, mas o assédio aqui é pouco. Se morasse na capital seria diferente... – ele sorriu. – Acho que quer ir tanto pra lá por isso. – rimos juntos.

— Faz mesmo parte da minha personalidade querer ser assediado. – nossa comida chegou e ele me olhou assustado.

— Acho que eu exagerei um pouco no pedido.

— Eu achei isso no instante em que pediu, mas não quis falar nada...

— Não sou uma garota que se ofende por achar que estou comendo muito Kevin. – ele afirmou e riu alto.

— As garotas não deviam se ofender por isso. Eu só não quis ser chato.

— Você nunca é chato. – agora foi a minha vez de rir.

— Está levando nossa relação a outro nível. Já temos algum tempo de namoro pra você continuar cego assim.

— Acho que é uma ótima observação.

— Tenho outra observação igualmente importante... – ficamos nos olhando. – Você me deixa louco com essa camisa.

— Se continuar com essas observações o jantar não vai chegar ao fim. – dei um sorriso altamente malicioso.

— Só quis te mostrar o caminho que ele vai nos levar.

— Em momento algum eu tive alguma dúvida disso. – sorrimos juntos. Queria que aquela noite durasse para sempre, mas a quinta feira chegou e com ela o meu pai extremamente estressado e preocupado com a festa que ele daria na sexta. Tudo no hotel estava voltado para isso.

E depois daquele dia cheio e estressante eu fui direto do trabalho para ver Rafael. Assim que cheguei o encontrei tomando café. Alice estava por lá, como eu pedi que estivesse. A gente se via em qualquer brecha que dava. Quem também estava presente à mesa era Otávia e Yuri, como sempre.

— Kevin, Kevin. Corre aqui. – a sardenta me chamou assim que cheguei no ambiente. – Olha isso – ela apontou seu celular, vi uma foto de Danilo com a família e mais algumas pessoas. – Quem é essa garota?

— Por que eu saberia? – a olhei com os olhos bem estreitos.

— Você é amigos dele ue. – seu semblante era de que eu realmente deveria saber.

— Vi que Diana o marcou nessa foto. Ele não tem só uma irmã? Quem é essa garota gostosa?

— Otávia eu não sei. – ela ficou possessa com a minha resposta.

— Você TEM que saber! – peguei o celular e olhei a foto direito.

— E esse cara? – perguntei a olhando. – Ele também não parece morar na casa deles. Não que eu tenha visto.

— Foda-se o cara. Ele não é gay. – sua voz saiu alta. – Quero saber da garota.

— Está fazendo algum jogo mental comigo Kevin? – Rafael perguntou e eu o olhei sem entender. – Por que citou o cara? – fiquei olhando pra ele quase de boca aberta. Depois olhei para Otávia e a entreguei o celular.

— Aí você me arrumando problema. – ameacei dar um tapa nela.

— Se eu fosse você eu lubrificava a camisinha com óleo diesel depois dessa. – Yuri aconselhou a Rafael. Eles ficaram se olhando e vi que Rafa ficou vermelho.

— Tá indo longe demais não tá não pequeno Yurizinho? – questionei o olhando.

— Eu? Ele não deve ter te contado que a moça que faz a limpeza ficou impressionada com o tanto de pacote que ela achou no lixo. – riu. – Por falar nisso, por que você compra uma camisinha tão cara? – meu celular vibrou e eu o peguei enquanto respondia. Aquela esperança de ser Arthur nunca acabava.

— Você quer mesmo que eu te responda isso? – meus olhos estreitaram-se e fingi um sorriso. A expressão dele dizia que sim. – Ela é de poliuretano e é a mais fina do País. – comecei a ler a mensagem que era do Danilo.

— Kevin senta aqui. – Otávia me puxou me fazendo bater o braço e gemer de dor. – De onde você veio?

— É uma pergunta retórica? – minha testa com certeza estava enrugada.

— O que aconteceu com o látex? Por que ele não é legal?

— Eu poderia responder essa pergunta com um bom embasamento, mas o seu namoradinho quer me encontrar agora. Pode ficar pra depois?

— Posso saber pra que? - uma veia saltou para fora do pescoço de Rafael.

— Pode, é só vim comigo. – cheguei atrás dele e passei a mão em sua nuca e corri com os meus dedos pelo seu cabelo.

— Onde? – sua pergunta saiu tão rápido que seus ombros se elevaram e o peito estufou.

— Você está fazendo uma respiração curta sem o auxílio do diafragma. – observei segurando o riso. – Só vem comigo, anda.

— Até que enfim, você demorou. – Danilo me abordou de forma energética. – Tenho que ser rápido, eu estou atrasado para uma partida de golfe no clube. – percebeu meu olhar de espanto. – Coisa do meu pai. E inclusive é sobre isso que quero te falar. Uma família amiga da minha família está na cidade e eles vieram para a festa que o SEU pai vai dar. Eu não quero nem imaginar o que tem por trás disso tudo porque onde tem aquele pessoal não tem coisa boa. E eu não estou conseguindo pensar com tudo que está acontecendo... – segurei seu braço com força.

— Para. Você tá falando sem parar. Quem são eles?

— Não tenho tempo Kevin! Eu estou fazendo tudo o que o meu pai quer, porque aparentemente ele voltou a me tratar como um filho. E eu não sei se é a Diana que pediu a ele ou se ele tá fazendo isso pra causar boa impressão aos hóspedes. O fato é que eu tenho que agrada-lo. É a minha oportunidade. E quanto a festa eu não sei de nada e é por isso que vim falar com você. Fica de olho. – pegou o celular e olhou as horas. – Tenho que ir. – nos despedimos e ele se foi.

— Será que ele não sabe mesmo de nada? – encarei Rafael após sua pergunta.

— Não deixa seu ciúme influenciar no seu julgamento. – andamos de volta pra casa e eu fui até seu quarto.

— Você tá querendo me dizer alguma coisa.

— É que eu não vou a aula hoje. Prometi que buscaria Kemeron no aeroporto. – ele ficou me olhando sem dizer nada. Comecei a rir. – Estou brincando. Não vou fazer isso. Mas ele pediu. – ri mais ainda.

— E você disse que não podia porque tinha um namorado muito ciumento?

— Não. Eu disse que não devia porque tinha um namorado.

—Nem pense que vai se livrar assim. Ainda não esqueci sua brincadeirinha. Você vai a aula então? – concordei.

— Quando estivermos voltando vou comprar comida pra você.

— Um dia me leva pra jantar, no outro compra comida pra mim... Não estou te entendendo.

— Você nunca namorou ninguém mesmo. – me levantei. – Tchau, vou ir me arrumar para irmos. – o beijei antes de sair e quando cheguei em casa não encontrei meu pai como eu sabia que não encontraria, já que ele estava respirando essa festa. Não sei se eu ficava contente por me livrar um pouco dele ou preocupado com o que virá por aí.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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