Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
Ryan Narrando
Combinar com Kevin de invadir a casa de Danilo e Diana talvez tenha sido a ideia mais idiota que eu já tive na vida.
— Não vamos fazer barulho, mesmo que não tenha ninguém. – o avisei assim que conseguimos entrar. Nós dois fomos direto para o quarto deles, cada um para um quarto e antes de nos encontrarmos eu deixei um vaso de flor cair, ainda bem que não quebrou.
— Não vamos fazer barulho, são suas palavras, só estou te lembrando. – aquele idiota apareceu na porta e deu um sorrisinho.
— Achou alguma coisa? - perguntei impaciente.
— Não. Procurei em toda parte. Parecem dois irmãos normais.
— O que sabemos que eles não são. Isso foi inútil.
— Quer parar de reclamar? O que achou que encontraria? Planos pregados em uma parede?
— Vamos beber? – o chamei querendo me livrar daquela tensão toda.
— Não tenho nada melhor pra fazer. - ele deu de ombros aceitando.
— Sabe... Eu tenho que parar com isso. – suspirei e guardei o celular após ver a rede social de Otávia.
— Isso seria saudável pra você. Gosta dela há quanto tempo? Um ano? Quase isso?
— Por aí. – o olhei. – E você com Murilo?
— Doze anos? – ele perguntou e me olhou. – Acho que quando completar vinte eu deixarei de pensar nele como o cara com a boca mais linda que eu já vi na vida. – dei uma risada.
— Nenhuma outra me satisfaz. E eu queria saber por que... Porque a Otávia. E porque eu não sou bom o suficiente.
— Ela é inteligente. – ele me olhou e deu aquele sorriso provocativo. – Logo, se envolver com você está fora de cogitação.
— Seguindo esse raciocínio vou apostar na Giovana. – rimos juntos. Levantei o copo. – É bom ter um tempo com você sem brigarmos.
— Não posso dizer o mesmo, mas entendo que sou uma ótima companhia. – ele pegou seu celular. – Ontem a Alice estava chata, hoje parece que é ontem. – dei uma risada. – Tenho que ir. – depois que ele saiu eu resolvi ficar um tempo mais, o que foi um erro já que quanto mais eu bebia mais eu sentia vontade de estar com Otávia.
Kevin Narrando
Cheguei até a casa de Arthur da mesma forma que Alice estava enchendo o saco para que eu fizesse todos os sete dias que ela passaria afastada dele. Ela queria ter certeza que ele estava bem e longe de qualquer coisa ruim. Ele estava tomando banho e o seu celular tocou. Era ela, claro.
— Oi lindinha. – atendi a irritando.
— Como ele está? – ela perguntou toda preocupada.
— Ah, ele está péssimo. – falei com a voz chorosa.
— Qual o problema Kevin? – sua preocupação ficou ainda maior.
— Ele voltou a ser chato, certinho, moralista... Você acabou com qualquer chance que eu tinha de ver ele louco e acelerado.
— Quem me ajudou hein?
— Eu me odeio por isso.
— Te vejo amanhã na escola.
— Tchau amor. – desliguei enquanto ele aparecia e me olhava intrigado.
— Quem é seu amor em meu celular?
— Alice. – sorri e me levantei. – Agora que o neném já está de banho tomado e vai pra cama eu vou embora.
— Kevin obrigado. – o olhei.
— Eu que agradeço, voltou a ser o certinho e eu sou o irmão malvado de novo. Tudo tá em seu devido lugar.
— Falo sério, obrigado por ajuda-la a enfrentar isso.
— Você se culpa demais, como sempre. Nem tudo tem a ver com você.
— É o meu jeito. Assim como é o seu ter a necessidade de ajudar as pessoas e fingir que não. Ele estaria orgulhoso se soubesse tudo o que você já fez e faz.
— Em um passado não muito distante eu provei que não sou assim.
— Você sempre está lutando contra a sua natureza.
— É por isso que eu sou tão divertido.
Por sorte consegui ir embora sem Arthur me dizer mais nada. No outro dia estava em uma discussão com Larissa sobre alguma coisa e aquilo começou a me estressar.
— Se você deixasse o buço crescer eu te pegava porque cara de homem você já tem. – falei a olhando. Alexandre iria dizer alguma coisa, mas foi impedido por Ryan que estava em outra conversa e nos interrompeu.
— Kevin eu preciso da sua ajuda, o Danilo está sendo desagradável comigo e se eu conheço alguém para ser equivalente a ele... – o olhei indignado.
— Está me convocando para ser grosso com ele? – ele fez sinal positivo. Olhei o palhaço do Danilo que ria. – Vi que sobrou mesmo pra mim. – suspirei. – Ow alucinado obcecado doido da cabeça fica caladinho antes que a chaminé humana do Ryan se enfureça e te mate sufocado.
— Isso é você sendo grosso?
— Não. Isso sou eu sendo sincero.
— O que quase sempre é a mesma coisa. – Sophia concluiu antes de voltarmos a sala.
— Por que você o chamou de alucinado e obcecado? – olhei para Larissa bem irritado. Hoje ela estava afim de me tirar do sério.
— Tu é muito burra, ganhou da Giovana. – sai andando antes que eu me estressasse mais ainda.
— Amanhã acabam os sete dias de recolhimento de Arthur. – Alice falou na saída da escola.
— Eu acho que eu não fiz essa pergunta.
— Vamos poder voltar às pautas normais.
— Quais são as pautas normais Alice? – a olhei com raiva.
— Você tem que parar de rejeitar a ideia de que... Ele está vindo.
— Quando ele chega? Devo mudar a data da minha viagem? Já disse que eu não quero e não vou vê-lo.
— Kevin... – a interrompi.
— Hoje a noite eu vou até a sua casa. Vai ter tempo para elaborar mais argumentos e me encher o saco.
— Cerveja com o meu pai de novo?
— Sim. Ele ama a minha companhia, você não sabe disso? Que culpa eu tenho de ser tão legal, divertido, inteligente, interessante...
— Cala a boca. – ela me cortou. – Não faz isso. Você tá conquistando a confiança dele, a amizade dele, estão ficando próximos... Meu pai é altruísta, benevolente, amoroso... Ele ficaria muito mal se você o tratasse da forma como trata todo mundo.
— Seu pai é um adulto Alice. Ele só está me ajudando a superar de verdade tudo que eu vivi com o seu irmão. Não estou tentando me vingar ou algo do tipo.
— Espero que possa aprender muito com ele. – era o que eu também esperava.
...
Já era noite. Estava na casa de Alice com Vinicius, depois de rir de algo engraçado que eu disse ele parou e ficou me olhando.
— O que foi?
— Como você consegue ser legal e idiota ao mesmo tempo?
— Você desliga a consideração que tem pelas pessoas, os sentimentos... É um exercício.
— Seu irmão sofre muito com isso sabia?
— Eu te disse que tentar me fazer ser melhor não iria dar certo.
— Vamos voltar ao assunto anterior então... Você não tem que fugir Kevin e assim escolher o caminho mais fácil. Precisa encara-lo. Sabe disso.
— Se tivesse em meu lugar faria isso? – ele deu uma risadinha contida. – Eu sei que não. Você iria fugir correndo.
— Depende. Acho que é normal querer fugir. Você vai vê-lo com outro. Não está preparado pra isso.
— Nunca se está preparado para ver a pessoa que você ama com outra pessoa. Sabe... A vida era muito mais fácil quando eu sentia ódio. Agora eu sinto apenas... Dor.
— Está focando nos sentimentos errados.
— Na verdade eu não tenho muitos sentimentos. Principalmente os bons. Não faço o bem, não sou um herói... Isso é coisa para o Arthur, para a Alice e o resto desses... Bonzinhos. – dei um sorriso malicioso. – Sou o oposto de tudo isso.
— Mesmo sendo esse oposto você é o que eu te disse... Incrível. Não precisa ser o bonzinho.
— Arthur me ligando... – olhei para o meu celular. – Oi irmãozinho em que posso ajuda-lo?
“Preciso de você. Estou com problema com uma fórmula e não consigo sair do lugar.”
— A dro... É... O que aconteceu com a sua inteligência?
“Kevin é para um trabalho do Rafael. Vou conseguir tirar a nota desse trabalho que eu não fiz na prova, mas ele não.”
— Ele provavelmente não sabe que você está me pedindo ajuda.
“Não ele não sabe. Eu estou pouco ligando para o problema de vocês dois. Só quero resolver essa merda.”
— Calma irmãozinho. Não precisa ficar nervoso, estou indo. – desliguei e olhei para Vinicius.
— Tenho que ir, não sou o herói, mas sou o gênio dos números. Arthur está com dificuldade em um trabalho.
— Vai lá, salve o dia.
— Eu te vejo e na próxima quero algo concreto. Você divaga demais, parece a minha mãe quando bebe.
— Kevin você é demais. – ele disse rindo e abriu a porta.
Cheguei e encontrei Arthur na biblioteca e parecia muito estressado. Eu até apreciaria vê-lo assim, mas resolvi não piorar as coisas.
— Se não é o local dos nossos encontros para a união do “temos um problema”.
— Toma. – ele me entregou o papel. Fiquei um tempo analisando e depois me sentei e comecei a tentar resolver.
— Não tem como. Tá errado. O seu professor usa drogas também? – ele me olhou agressivamente. – Isso devia ser assim e isso assim. Dessa forma não se resolve. – acabei de explica-lo o motivo de estar incorreto e não precisei ir muito longe pra ele entender.
— Rafael vai adorar afrontar esse professor.
— Aposto que sim. Já posso ir?
— Não. Escreve a forma como devia ser e a resolva. Ele tem que ter todos os argumentos. – respirei fundo para não me estressar. Antes que eu acabasse Rafael entrou, continuei o que eu estava fazendo.
— Pronto. Quer mais algum argumento? – questionei a Arthur.
— Nossa, valeu Kevin. Fiquei horas quebrando a cabeça com isso. Devia ter imaginado que alguma coisa estava errada.
— Agora vou ir dormir, porque meu cérebro precisa de descanso para ser tão eficaz.
— Kevin. – Rafael me chamou assim que passei pela porta da biblioteca. Eu o olhei e vi que ele estava diferente do que andava sendo, o seu olhar parecia menos duro e sua expressão um pouco mais leve. – Obrigado.
— Disponha. – respondi em um tom sério e fui embora. Sabia que pra ele deve ter sido um passo grande me agradecer, mas depois de tudo que aconteceu eu imagino que nada que eu fizesse iria trazer a admiração dele de volta.
Arthur Narrando
Acabei de explicar ao Rafael sobre o trabalho dele e subimos para o nosso quarto. Antes que eu fosse dormir ele apareceu e estava com o olhar confuso.
— Por que você se arriscou a pedir a Kevin pra ajudar com o meu trabalho?
— Porque eu sabia que ele não negaria.
— Lógico que negaria. E com certeza negou. Você teve que insistir eu aposto. Por que fez isso Arthur?
— Não teve nada disso Rafael. – dei uma risada. – Ele aceitou de primeira.
— Por quê? – ele franziu a testa totalmente perdido.
— Porque ele está apaixonado por você. – eu queria discutir sobre a expressão de discordância dele. Ele se sentou em minha cama e ficou um tempo em silêncio.
— Por que está me dizendo isso? – sua voz era tão trêmula que eu queria abraça-lo.
— Sabe o motivo. Você é o meu melhor amigo e eu não minto pra você Rafael.
— Ele não pode ser apaixonado por mim. Ele foi até... – o interrompi.
— Alice me contou. Ele ter ido ver de perto como Murilo estava mexeu com você?
— Foi um choque. Sei que parece que ele não vai esquecê-lo, mas todo mundo esquece alguém que ama e não deu certo. Vai passar. Só que ele faz não passar.
— Você esqueceu Alícia? – ele desviou o olhar.
— Eu nunca quis amar Alícia.
— Mas sempre quis esquecê-la.
— Não sei se a amo ainda Arthur. Sei que assim como Kevin quer fazer com Murilo, eu e ela também não vamos nos ver.
— Maduro da parte de vocês dois.
Ele acabou indo dormir e eu fiz o mesmo. No novo dia que começava eu tinha uma missão, encarar o meu sogro e dizer a ele tudo o que eu precisava dizer.
— Sei que você não é daquele jeito. – ele afirmou após minhas desculpas. – Não grite mais com Alice, posso perder a cabeça... Isso não é uma ameaça, é um pedido. Odiaria brigar com você, quanto mais te machucar.
— Não se preocupe, isso nunca mais vai acontecer. – respirei bem fundo. – Vinicius... Preciso te falar uma coisa e se for, por favor, te der vontade de me bater, avise pra eu sair correndo. – ele deu um sorriso.
— Finalmente tomou coragem. – o olhei assustado. – Vocês realmente acham que eu não sei? Não preciso ser muito esperto, vocês não disfarçam bem. – ele suspirou e baixou os olhos. – Temi tanto que esse dia acontecesse. Tornaria as coisas reais.
— Nunca imaginei que você iria reagir dessa forma. – falei vagarosamente. – O que te fez passar a aceitar Alice com alguém? Sempre disse que ela jamais namoraria.
— Minha menininha... Precisei de muita pratica mental para entender que não posso priva-la das coisas. Na verdade eu estou muito feliz que seja você. Mas... O motivo mesmo... – ele parecia perdido em seus pensamentos. Depois voltou a si e me olhou. – Não quero outro filho infeliz.
— Devo agradecer ao Murilo e Kevin então. – falei e suspirei colocando a mão no peito.
— Ver o que aconteceu aos dois, serem separados porque Caleb ameaçou espancar o filho caso essa relação continuasse... Mesmo discordando do relacionamento eu jamais iria interferir dessa forma brusca. E quando os vi sofrendo e notei o tamanho do sentimento percebi que se quero a felicidade de Murilo ou Alice tenho que confiar neles.
— Você é mesmo um grande homem Vinicius! – exclamei admirado. – Quem dera meu pai fosse metade do que você é.
— E você tem tudo pra ser como eu sou. Sabe disso né?
— Sei. Mas... É tão difícil quando se é novo, você sabe... Os impulsos, as vontades, tudo o que acontece. Não dá pra ser tão prudente quanto se deseja.
— Entendo. Mas agora você namora oficialmente a minha filha. Faça disso a maior motivação para você ser melhor.
— Claro. – sorri. – Você não imagina o quanto estou feliz. Vou contar isso a Alice, ela não vai acreditar.
— Vai lá. Corre. – me despedi dele e sai mesmo correndo. Tudo o que eu queria agora era ver a expressão de alegria no rosto da minha namorada.
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Até amanhã ♥