Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 2
Reaproximação


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Maísa nos chamou no pátio e disse que tinha uma declaração a fazer. Esperávamos todos se reunir. Kevin estava ao meu lado.

— Chamei vocês aqui por um motivo maravilhoso! Depois de tantos avanços estamos bem próximos do fim desse pesadelo. Tudo indica que em poucos dias ou no máximo uma ou duas semanas deixaremos o abrigo. – a alegria foi geral. Ela pediu calma e voltou a falar. – Vamos ficar aqui até que seja totalmente seguro lá fora.

— O que foi? – perguntei para Kevin.

— O que? – ele se fez de desentendido.

— Os seus olhos brilharam. Com a notícia? - estranhei. 

— Você não quer sair daqui? – estreitei os olhos.

— Não me engana, Kevin. O que tem a ver?

— Tem a ver que eu enfim vou estar em casa. Se você não gosta de onde mora o problema é seu. – fiquei o encarando pensando no motivo da reação dele.

— Para com isso. Você só chorou nas últimas quase quarenta e oito horas e agora vem com os olhinhos brilhando e dando sorrisinho porque vai voltar pra casa? – seu olhar permaneceu em mim.

— Quanto você tem de altura? – não acreditei em sua pergunta.

— Não começa com essa merda.

— Que merda?

— Essas coisas que você aprendeu com Caleb. Tática de distração.

— Só perguntei sua altura. Se quisesse mesmo te distrair eu falava da Alice. – ele deu aquele sorriso presunçoso.

— Se não estivesse sofrendo eu juro que te batia.

— Ainda não respondeu minha pergunta. Um e noventa? – minha expressão era de tédio. – Um e noventa e dois? Sério? Isso tudo?

— Não vou responder. Você é meu irmão e devia saber minha altura.

— Devo lembrar que nem sempre tivemos uma relação muito próxima?

— Mesmo assim. Eu sei a sua altura. – dei um sorrisinho de canto.

— E qual é o meu peso? – seu tom era desafiador.

— Setenta? Setenta e dois? – ele não respondeu. – Sabia que acertaria.

— Não disse nada.

— Se eu estivesse errado você não perderia a chance de dizer. Eu te conheço bem Kevin Montez.

— Isso é um fato relevante e bem engraçado porque não tivemos convivência e oportunidade para isso.

— O que aconteceu? – me virei de frente para ele. – Você estava igual um zumbi e agora está cheio de gracinhas.

— Meu conceito de gracinhas é bem diferente do seu. – fiquei indignado com a falta de respostas. E sabia que ele não responderia. – Quanto é sua altura Arthur?

— Vou te dar um soco e desfigurar seu rosto.

— Nossa que agressivo. Desse jeito eu não vou acreditar que é esporádico aquele tipo de prática com a ruiva.

— Dá seu celular. – tentei pegar no bolso dele. – O Murilo te ligou ou mandou mensagem. – o olhei. – Desbloqueou? Você ficou feliz assim com tão pouco?

— Um e noventa e três? – ele riu vendo que estava conseguindo me irritar. – Sei que você está fingindo estar irritado para poder dar corda a minha brincadeira.

— E no fundo estou soltando fogos por estar um pouco menos depressivo? – ele concordou.

— O seu cú! Odeio esse seu jeito e estou irritado de verdade.

— Olha só, o correto e adequado Arthur fala a palavra... – o interrompi.

— É melhor parar se não a gente vai brigar e você vai ficar sem ninguém para te consolar.

— Ainda tenho a Alice. – ele usou o tom que usava para me provocar quando ainda brigávamos. E o mesmo olhar. E a risadinha veio ao final como uma cereja no topo do bolo.

— Agora você foi longe de mais. – dei um golpe de estrangulamento nele com rapidez, não o deixando reagir.

— Vocês deveriam estar na luta. – Vinicius afirmou ao seu aproximar e ficou nos olhando de braços cruzados. – Por que os irmãos estão brigando? – soltei Kevin.

— Quando ele quer ele tira o pior das pessoas. – justifiquei e respirei fundo.

— Você pega pilha fácil demais. – Kevin massageou o pescoço. – Ainda dá tempo de aprender a ter controle emocional.

— Ue Kevin, por que não controlou suas emoções ontem e hoje?

— Simplesmente por que eu não quis. Mas já estou controlando, ainda não percebeu?

— Vou usar sua fala agora. O seu conceito de controlar é totalmente diferente do meu. Você tá fugindo das suas emoções e pra isso tá procurando briga comigo.

— Meninos parem! – Vinicius tentava apaziguar.

— Qual é Arthur, você é tenso pra caralho. Só brinquei.

— Já brinquei a respeito do Murilo?

— Ela não é sua namorada. Aliás, nunca foi.

— Mas nem quando vocês não namoravam e nem agora que parece que ele não quer saber muito de você eu também não brinquei.

— Você é insuportável! – ele saiu andando.

— O que ele falou de Alice?

— Nada. Eu disse que brigaríamos e ele ficaria sem ninguém para consola-lo e ele disse que ainda a teria.

— E por isso você ficou assim?

— Vinicius, não foi a fala dele. Foi o jeito que ele falou. Ele fez como fazia quando dava em cima dela.

— Ah... – seu olhar mudou. – Compreensível então. – nos olhamos. – É isso que eu tenho medo. Ele tem dupla personalidade. E usa uma e outra quando quer. Por que o Murilo tinha que se apaixonar logo por alguém tão complicado?!

— Achava melhor quando ele não sentia nada por ninguém e estava com todas as garotas? – dei uma risada.

— Não. – ele riu. – O problema deve ser o Murilo. – rimos juntos. – E falando nele... – ele coçou a testa do jeito que eu sabia que fazia quando algo muito grave o preocupava. – Ele deu outro ataque de pânico ou crise de ansiedade, não sei bem. Meu primo me ligou a pouco e estava indo para o hospital.

— Ele foi parar no hospital? – com certeza meus olhos estavam arregalados.

— Claro. Aqui no abrigo praticamente ele também foi porque Maísa precisou medica-lo. Ele ficou eufórico e sem ar e queria sair daqui de qualquer jeito. Foi horrível.

— E logo após isso vocês o deixam viajar? É isso que não consigo entender Vinicius!

— Vocês estão sempre questionando nossas atitudes né?

— Não fale comigo com se eu fosse um pirralho. Não sou igual a eles. Além de ser mais velho sou muito mais maduro e responsável.

— E é por isso que vim te procurar. E só um parênteses... É maduro e responsável enforcar o irmão por ciúme? – ele segurou o riso.

— Se eu tiver que te enforcar também vai ficar difícil pra mim, então colabore. – falei em tom de ironia. – O que você precisa?

— Um conselho. – ele respirou fundo. – Estou pensando em ir ficar com Murilo. – fiquei pensando naquilo por um tempo.

— Realmente não sei o que dizer.

— Você sabe sim, só não quer.

— Vinicius... A verdade às vezes não é algo tão bom de ser dito.

— Só seja sincero comigo Arthur, por favor.

— Vamos para a sua sala? – pedi e ele concordou. Assim que entramos nos sentamos. Peguei um uísque no canto da sala. Seria difícil aquela conversa a seco.

— Diga o que pensa. – ele pediu parecendo bem relaxado.

— Pra começar eu não sou perfeito tá? Não sou ninguém para julgar ninguém. E, além disso, o que eu disser não significa que seja verdade é só o que eu acho.

— Necessito concordar com Kevin, você é insuportável. – rimos juntos. – Já pensou no ramo da politica?

— Não tenho estômago. – suspirei. – Ele não devia ter ido. E você sabe muito bem disso.

— Esse é um assunto que eu não posso discutir com você.

— Sei disso. Porque o meu pai fez alguma chantagem muito horrível e você não quer destruir ainda mais a imagem dele. Acho louvável da sua parte.

— Eu costumava ser esperto igual a você quando novo, depois virei esse idiota.

— Você não é idiota. Sempre faz o melhor que pode. E o melhor agora não é ir atrás do Murilo, por mais preocupado que esteja.

— Por quê? – nos olhamos por um instante. Voltei a encarar meu copo.

— Raíssa e Alice precisam de você.

— Elas estão em um abrigo. Tá todo mundo aqui. Você está aqui.

— Fico muito feliz com a confiança e agradeço. – sorri. – Mas sua esposa não vai acreditar em nenhuma desculpa que você der e ela vai ficar mal.

— Não iria dar desculpas, iria dizer a verdade. Não escondo nada dela.

— Pior ainda. Acha mesmo que ela vai ficar bem sabendo que você foi atrás dele por uma crise? Aliás, como acha que ela vai ficar ao saber dessa crise, por que eu aposto que ela ainda não sabe. – ele baixou os olhos confirmando minha suspeita. – Não é a primeira e não vai ser a última. Murilo tem que aprender a lidar com isso, ele tem que se tratar se for o caso e não ter os pais atrás dele o tempo todo. Vocês o fazem ser um garoto mimado que não aceita não ter o que quer e não sabe perder... Sabe o que ele está fazendo? Pagando de feliz em Paris e bloqueando o Kevin. É assim que o Murilo lida com a dor. Fugindo dela. Isso se transforma nesses problemas psicológicos. É muito sério Vinicius.

— Faz muito sentido. – ele respondeu bastante pensativo.

— Ele é o meu primo. Eu o conheço desde que nasceu. E conheço vocês desde que nasci. Sei do que estou falando.

— Criar um filho é tão difícil Arthur.

— Imagino que seja. E não estou culpando vocês dos problemas dele. Só estou te mostrando com argumentos sólidos o motivo de ser melhor você não ir.

— Mas você não acha que seria uma boa oportunidade de eu e ele reconstruirmos nossa relação?

— Por que a relação de vocês teria que ser reconstruída?

— Eu sei que você sabe. Ele confia tanto em você quanto eu.

— Você mandou que o avô materno o espancasse. – ele baixou os olhos.

— Não. Pedi que desse uma lição a ele porque eu sozinho já não estava sabendo lidar com a situação.

— E não imaginava que com a história dele ele iria fazer isso?

— Pra mim seria só um castigo. Uns dias intoleráveis com o avô que ele era menos apegado.

— Por que não pediu ajuda a seu pai?

— Não queria demonstrar insegurança, que estava fracassando como pai.

— Você não estava fracassando como pai Vinicius. Por que eu tantos anos mais novo que você preciso te dizer isso?

— Hoje eu sei. Naquela época não sabia.

— Você errou muito. Murilo é extremamente traumatizado por isso tudo. Kevin me disse uma coisa que faz muito sentido... Ele tem isso de não aguentar se sentir preso porque ele ficou preso. Ele pode não conseguir se relacionar com ninguém por isso. Você tem noção disso?

— Tenho. E eu me culpo todo maldito dia por isso. Hoje já nem importa mais se ele não protegia a irmã.

— Você não devia ter se preocupado tanto, eu sempre estive com ela.

— Você estava na idade de começar a se interessar por garotas, uma hora iria se cansar e... – o interrompi.

— Vamos acabar com esse assunto? Ele te traz culpa demais e acho que isso não é bom. – ele concordou. – Olha, se você está com vontade de ir, vá. Faça o que o seu coração diz que tem que fazer.

— Que conselho merda Arthur. – ele falou e riu. – Estou brincando. Vou pensar em tudo que disse.

— Fica calmo. Apesar dos problemas psicológicos e emocionais que Murilo tem, ele é muito esperto e sabe se virar sozinho. E talvez essa seja uma oportunidade de ouro para ele amadurecer.

— Tomara. Vamos falar de você agora. Cadê a namorada que você apresentou para a sua família? E depois a história de você dizer que é gay? Só sua mãe acreditou nisso né? Minha irmã é hilária. – dei uma risada. Ficamos batendo papo como há muito tempo não fazíamos e eu percebi que sentia muita falta disso. Vinicius e eu conversávamos como amigos e não tio e sobrinho e isso era o que eu mais gostava na nossa relação. Ele não era o meu tio chato. Era o meu maior amigo.


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Notas finais do capítulo

Não vou mentir, eu amo o Kevin do jeitinho dele kkkkkk, mas sem as maldades, claro. Vinicius tão lindo exaltando Arthur, só falta aceita-lo como genro, brigada! (;
Arthur está certo ou errado no posicionamento dele?
Amanhãaa tem post (coincidentemente estou postando no mesmo horário, como amanhã é sábado não sei a hora certa, mas eu venho)



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