OneShot- Malec Reconciliação escrita por Marinela


Capítulo 1
Capítulo 1




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Depois de tantas reuniões, do novo desatino do Clave de condenar inocentes pela culpa dos outros, de ir a casa de Ragnor arrumar umas coisas, dei-me mais uma vez a pensar em Alexandre. Eu tinha visto Alexandre três vezes, depois que regressamos, quando saímos de quarentena, na reunião do Clave e eu ainda o vi perto da fonte mas ele foi chamado pelo Jace e eu ainda tinha mais uma reunião desisti da ideia de ir falar com ele, agora estou aqui na porta a ganhar coragem. Mas qual é o meu espanto vejo Alexandre sentado na beira do telhado, balançando os pés.

—Raios – esses meninos anjos gostam mesmo do perigo, faço um pouco de magia e agora eu também me encontro no telhado. Fico mais um pouco a observa-lo, Ai Meu Alexandre. Ouço a resmungar o nome de Helen, lá está ele a levar o mundo nas costas…

— Não havia nada que tu pudesse fazer. Não te condenes — digo eu a Alexandre que cerra os olhos, tentando regular a respiração antes de me responder.

— Como chegaste até aqui em cima? — Perguntou.

Eu me sento ao seu lado na beira do telhado.

Alec olha-me. Ele me olhava agora com uma ansiedade mal disfarçada. Eu me lembro de ter sido abraçado por ele no reino demoníaco, quando me encontrou acorrentado, foi mais fácil para ele quando achava que estava prestes a morrer.

— Eu deveria ter falado alguma coisa — comenta. — Votei contra o exílio.

— Eu sei — eu disse — Tu e mais ou menos outras dez pessoas. A votação foi imensamente favorável ao exílio de Helen. — Eu balancei a cabeça. — As pessoas se assustam e descontam em qualquer um que julgam ser diferente. É a mesma história que já vi mil vezes.

— Faz com que eu me sinta tão inútil.

— Tu és tudo, menos inútil — Eu inclinei a cabeça para trás, os meus olhos vasculham o céu enquanto as estrelas começavam a aparecer, uma a uma. — Salvaste a minha vida.

— Em Edom? — Perguntou Alec. — Ajudei, mas na verdade... Tu salvaste tua própria vida.

— Não só em Edom — falei. — Eu tinha... Eu tenho quase 400 anos de idade, Alexandre. Feiticeiros, à medida que envelhecem, começam a calcificar. Param de conseguir sentir coisas. De se importar, de se animar, de se surpreender. Eu sempre disse a mim que isso jamais aconteceria comigo. Que eu tentaria ser como Peter Pan, que não cresceria, sempre conservaria o senso de surpresa. Que sempre me apaixonaria, me surpreenderia, me disporia a me machucar tanto quanto me disporia a ser feliz. Mas ao longo dos últimos vinte anos mais ou menos, senti a idade me alcançar assim mesmo. Antes de ti, eu não tinha ninguém há muito tempo. Ninguém que eu tivesse amado. Ninguém que me tenha surpreendido ou me tirado o fôlego. Até você entrar naquela festa, eu achava que nunca mais voltaria a sentir com tanta intensidade.

Alec prendeu a respiração e olhou para as próprias mãos.

— O que está a dizer? — A voz saiu trêmula. — Que queres reatar?

— Se tu quiseres — falei com a esperança que ele me response SIM, e de facto soei inseguro, o suficiente para Alexandre encara-me, surpreso.

— Se tu... – Eu tentei continuar mas ou olhar nos olhos dele vi o seu olhar ficar vazio e frio, fez-me gelar o sangue e o medo que ele me disse que não.

— Não sei — respondeu.

Quase desmoronei mas tive forças e continuei.

— Bem, consigo entender que tu... Não, fui muito gentil.

— Não — respondeu Alec bruscamente. — Não foste, mas suponho que seja difícil terminar com alguém de modo gentil. A questão é que realmente lamento pelo que fiz. Errei. Errei feio. Mas o motivo pelo qual errei não vai mudar. Não posso passar a vida com a sensação de que não te conheço. Tu dizes que passado é passado, mas o passado faz quem és. Eu quero saber sobre a tua vida. E, se não estás disposto a me contar, então não devo ficar contigo. Porque eu me conheço, e nunca vou aceitar isso na boa. Então não devo submeter nós os dois a tudo outra vez.

Eu puxei os joelhos para o peito. No crepúsculo, eu acho que devo ter parecido desengonçado contra as sombras, com pernas e braços longos e dedos esguios brilhando por causa dos anéis.

— Eu te amo — disse eu baixinho.

— Não... — Retrucou Alec. — Não faça isso. Não é justo. Além disso... — Ele desviou o olhar. — Duvido que eu seja o primeiro a partir seu coração.

— Meu coração já foi partido mais vezes que a Lei da Clave sobre Caçadores de Sombras não poderem se envolver romanticamente com integrantes do Submundo foi violada — falei, eu não queria parece frágil mas a minha voz soou frágil. — Alec... Tu tens razão.

Alec olhou-me de esguelha. Ele nunca me tinha visto tão vulnerável.

— Não é justo com tu… — disse — Eu sempre disse a mim mesmo que ia-me abrir a novas experiências, então quando comecei a... A endurecer... Fiquei surpreso. Achei que tivesse feito tudo certo, que não tivesse fechado o coração. E aí pensei no que falaste, e percebi que estava começando a morrer por dentro. Se jamais conta a ninguém a verdade sobre si, em algum momento começa a esquecê-la. O amor, a dor, a alegria, o desespero, as coisas boas que fiz, as vergonhosas... Se eu guardasse todas para mim, minhas lembranças começariam a desaparecer. E eu desapareceria.

— Eu... — Alec

— Tive muito tempo para pensar desde que terminamos — continuei. — E escrevi isto.

Tirei um caderno do bolso interno do casaco: um caderno normal, em espiral e com folhas pautadas, mas quando o vento bateu, via-se as páginas estavam preenchidas.

— Escrevi a minha vida.

Alec arregalou os olhos.

— A vida toda?

— Não toda — respondi cautelosamente. — Mas alguns dos incidentes que me moldaram. Como conheci Raphael, quando ele era bem jovem, como me apaixonei por Camille. A história do Hotel Dumort, embora Catarina tenha precisando ajudar nessa parte. Alguns dos meus primeiros amores, e alguns dos últimos. Nomes que tu talvez conheças: Herondale...

— Will Herodale — disse Alec. — Camille o mencionou.

Ele pegou o caderno

— Tu estiveste... com ele?- perguntou

Eu ri e balancei a cabeça.

— Não... mas há muitos Herondale nessas páginas. O filho de Will, James Herondale, era incrível, assim como a irmã de James, Lucie. Mas devo dizer que Stephen Herondale me fez perder o encanto pela família, até Jace aparecer. Aquele sujeito era um traste — Alec olhava-me e acrescentei rapidamente: — Nenhum Herondale. Nenhum Caçador de Sombras, aliás.

— Nenhum Caçador de Sombras?

— Nenhum está em meu coração como tu estás — disse— Considere esta uma primeira edição de tudo que eu quero-te contar. Eu não tinha muita certeza, mas torci para que... se tu quisesse ficar comigo, do mesmo jeito que quero ficar contigo, tu encarasse isto como uma prova. Prova de que quero te dar algo que nunca dei a ninguém: meu passado, a verdade a meu respeito. Quero compartilhar minha vida contigo, e isso significa hoje, o futuro e todo meu passado, se tu quiseres. Se me quiseres.

Alec desfolhava o caderno e prestou atenção em algo que tinha escrito na primeira página uma dedicatória: Querido Alec...

Alexandre ficou para do a olhar o infinito eu via que ele estava tentar decidir se deixava tudo o que tinha-mos vivido para trás ou nos dava mais uma chance.

Alec respirou fundo e mudou de atitude repentinamente.

— Tudo bem — respondeu.

Eu corri para ele no escuro, todo enérgico sabia que os meus olhos brilhavam.

— Sério?

— Sério — respondeu Alec, que esticou a mão e entrelaçou os dedos nos de meus.

Eu vi que os seus olhos também brilhavam que ele ficava mais leve

Eu segurei no seu rosto e beijei-o, um beijo lento e suave, um beijo que prometi que havia mais por vir, quando não estivéssemos mais em um telhado e pudéssemos ser vistos por qualquer um que passasse.

— Então sou seu primeiro Caçador de Sombras, hein? — Perguntou Alec quando finalmente nos afastamos.

— Tu és meu primeiro muita coisa, Alec Lightwood — respondi.

Eu sei que ainda vamos ter muitos contratempos pela frente o nosso amor ainda é jovem como o meu Alexandre mas, com o tempo, cuidaremos que esse amor se torne cada vez mais forte…


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, agradeço desde já a todos.



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