Entre o Céu e o Inferno. escrita por Sami


Capítulo 18
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, mais um capítulo prontinho pra vocês, com um pouco de discussão e claro, vamos finalmente saber se o Kam vai ou não concordar com a ida da Alana ao inferno...

Boa leitura!



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CAPÍTULO XVII 

Kambriel encontrava-se tenso, tomado por um tipo de nervosismo que sentia correr por todo seu corpo e dominá-lo de uma forma estranha. O sentimento parecia não pertencer a ele, devido a sua intensidade, mas percebera que tinha um motivo e tanto para estar daquele jeito.  

Seus olhos estavam fixos em Alana enquanto ela almoçava, desde que ele enfim concordara com sua ida ao inferno, ela parecia tentar evitar ao máximo seu olhar e, estava dando certo. Era como se ela soubesse que se ao encará-lo de volta, como ele estava fazendo, recebia dele tentativas para que ela desistisse de fazer aquela loucura. Ainda que tivesse concordado com isso, existia dentro de si uma grande relutância e descontentamento de sua parte por estar mesmo permitindo que aquilo acontecesse.  

Sua comida estava pela metade e ele não parecia sentir mais tanta vontade assim de se alimentar e dar forças para seu corpo humano, sua indignação quanto ao assunto que discutiu com Alana horas atrás tirava-lhe a fome com muita facilidade. Eva o olhou e depois mudou a direção de seu olhar para a humana sentada do outro lado, a moça continuava a comer num ritmo mais lento e tenso — assim como ele estava — seu rosto levemente abaixado impedindo que houvesse qualquer menção de troca de olhares naquele meio tempo. Eva então voltou sua atenção para o arcanjo ao mesmo tempo em que Kambriel também a olhou, curioso sobre o que a mulher estaria a fazer. 

Houve então um tipo de discussão silenciosa entre os dois, sua feição se modificou e por um breve segundo, o arcanjo percebera que existia uma fúria incomum sendo estampada na face da mulher, algo que chamou muito a sua atenção porque, ele não estava entendendo o motivo para isso. Ele estreitou os olhos, seu rosto mostrava dúvida pelo que estava acontecendo ali entre eles, enquanto Alana, com seu rosto abaixado para seu prato, mantinha-se alheia ao ocorrido.  

A mulher então olhou para seu próprio prato já vazio e fez o mesmo para o prato dele, arqueando uma sobrancelha e fazendo um gesto com sua cabeça; indicando a direção da cozinha. Compreendendo isso, ele viu quando ela pegou seu prato e sem nada dizer, se retirou da mesa, logo sendo imitada por ele. Os dois seguiram para a cozinha, um ambiente separado da sala de jantar de sua casa, Eva como se não desse importância para o que fez, soltou o prato vazio dentro da pia com força extrema, o quebrando no segundo seguinte.  

O surpreendendo.  

— Que droga está fazendo, Kambriel? — Ela pergunta sem se virar, estava com as duas mãos apoiadas sobre a pia e nesse momento, ele não ousou se aproximar dela. A conhecia bem para saber que, se estivesse perto dela, poderia desencadear uma briga física e não verbal. Eva logo se virou, quando o rapaz não respondeu sua pergunta e fixou seus olhos raivosos nele, conseguindo deixá-lo desconfortável. — O que pensa que está fazendo? 

Questionou novamente, cruzando seus braços igualmente tensos como se estivesse controlando um tipo de impulso que lhe dominava.  

— O que?... 

A mulher praticamente avançou até ele, o encurralando contra o balcão de seu armário.  

— Entendo que não concorde com a ida dela ao inferno, mas realmente acha necessário agir como está agindo? Parece uma criança emburrada porque os pais não compraram o brinquedo que queria, por favor, Kambriel! — Exclama num tom entre o julgador e irritado, mantendo a raiva em seu tom e em sua expressão.  

O rapaz torceu os lábios para impedir sua fala, imediatamente seu rosto se virou para a direção na qual vieram e a imagem de Alana passou em sua mente e no que ela estaria pensando que estava acontecendo na cozinha depois de ouvir o som do prato ser quebrado. Sim, estava agindo como uma criança emburrada e irritada e era maduro o suficiente para admitir isso, mas ele tinha um motivo plausível para isso.  

— E como acha que eu devo agir? Só eu que consigo perceber o quão arriscado, perigoso e quase estúpido é permitir que Alana vá até o inferno? E a troco do quê? De ter uma conversa com um demônio? — É sua vez de questionar, sua voz se mostrando levemente alterada, apesar de ainda existir uma pequena fagulha de doçura na mesma. — O que mais me indigna é que vocês duas conseguiram me convencer disso, logo você, a pessoa que achei que jamais iria concordar com uma ideia tão insana como essa! 

Sua fala pareceu não causar nenhum tipo de reação em Eva e isso fez com que seu corpo humano reagisse de forma estanha, um sentimento estranho de impaciência em poucos segundos o dominou e, Kambriel se viu ali preso num ambiente aberto. Encurralado pela figura imóvel e agora inexpressiva de Eva a encará-lo como se ele fosse um tipo de criminoso.  

— Você é muito burro! — O xinga, nesse momento sua expressão se modificou novamente, Eva parecia... Indignada. O arcanjo abriu a boca para respondê-la, mas a mulher se adiantou em cortá-lo. — Será que você realmente não percebeu e nem entendeu o que está acontecendo? 

Ela enfim se afastou dele, dando-lhe as costas enquanto começava a caminhar pela cozinha, uma de suas mãos estavam sobre sua cabeça enquanto a outra repousada em sua cintura. Então ela parou, estava mais distante dele e mentalmente, Kambriel agradeceu pela distância.  

— Alana teve o pai morto e descobriu que ele falou com um demônio e que, ao que tudo indica, pediu algum tipo de favor a ele, foi atacada duas vezes em questão de dias, está aliada a um demônio e um arcanjo e você acha mesmo que ela está fazendo isso porque quer se arriscar e sair contando para todo mundo que foi até o inferno? — As palavras simplesmente começam a sair por entre os lábios de Eva numa velocidade incomum, ela não estava mais falando na língua humana e sim na linguagem que apenas eles iriam entender; como se estivesse garantindo que se Alana entrasse na cozinha, não entenderia absolutamente nada do que estava sendo conversado ali.  

Sua fala o faz pensar durante alguns segundos, apesar de entender exatamente o ponto em que a mulher quer chegar. Na verdade, Kambriel via aquela decisão tomada pela humana como uma ação suicida, aonde ela estaria se colocando em um grande perigo sem que houvesse uma necessidade disso. Ele não entendia os motivos de Alana e talvez nem quisesse, mas as palavras ditas por Eva fizeram com que sua percepção sobre o que estaria se passando na mente de Alana.  

— Eligus foi a última pessoa com quem o pai dela falou e você realmente acredita que ela quer ir até o inferno sabendo do risco que estará correndo só porque ela quer? — Eva parecia levemente mais calma naquele momento, apesar de ainda existir sinais de sua fúria em sua voz. — Ela quer respostas sobre o que pai queria e aquele imbecil é o único que pode dar a ela! 

Novamente a mente de Kambriel o faz pensar em Alana do outro lado da parede logo atrás, dessa vez, porém estava imaginando diversas situações que poderiam acontecer enquanto ela estivesse no inferno. Visto que, ele não poderia estar presente, os demônios poderiam ver isso como uma brecha para conseguir atacá-la e então, a machucar. Todas as possibilidades que imaginou mostravam a imagem de Alana ferida e isso causou um arrepio estranho em sua espinha, um desconforto que já havia sentido antes; na noite anterior quando a ouviu gritar por causa do pesadelo que ela teve. Pensar nisso não estava ajudando, deixar que ela fosse ao inferno sem um tipo de proteção parecia ir completamente contra o que ele estava tentando fazer com ela que era mantê-la segura enquanto estivesse por perto.  

Mas Eva estava de acordo com sua ida, surpreendentemente concordando com uma humana que, tivera de longe uma das ideias mais malucas que já ouviu desde o início de sua existência. Como ele poderia concordar totalmente com isso? Quando sabia que, durante todo o tempo em que ela estivesse no mundo dos demônios estaria sem qualquer tipo de proteção? Quando sabia que, se ela sofresse algum tipo de mal, ele nada poderia fazer a respeito? 

— Eu entendo, mas — Ele fez uma pausa. É claro que as motivações para aquela decisão era seu pai, Alana ainda parecia se importar com o homem mesmo que já falecido; ela queria respostas, precisava disso. Afinal, era sua filha. Mas o que ganharia em retorno? — Eu não consigo ver como ela ir até lá pode ser seguro, não quando tem demônios atrás dela, não quando eles a querem por algum motivo!  

Eva respirou profundamente e aos poucos soltou o ar preso, fechou os olhos contendo uma grande irritação em seu rosto e o olhou, já tomada pela impaciência.  

— Acha que eu iria mesmo concordar que ela vá ao inferno sem que eu saiba como protegê-la enquanto ela estiver lá embaixo?! — Pergunta incrédula. — Enquanto assistia vocês dois discutirem como se fossem dois adolescentes de filmes eu já estava planejando algo. Por isso concordei com ela e com essa ideia absurda de deixá-la descer!  

Isso o surpreende, mas não de uma forma boa. Ele conhecia todo os tipos de métodos de Eva e geralmente não aprovava nenhum que passou em sua mente, apesar de ter um tipo de confiança na mulher, temia que sua intolerância e ódio pela raça humana pudesse influenciar para que ela tentasse ferir Alana de alguma maneira, mesmo sabendo que ela não seria capaz disso.  

Kambriel também se sentiu um pouco traído, pois ter conhecimento disso antes obviamente teria evitado que aquela conversa acontecesse, mas pôde tirar algo de sua estranha conversa com Eva. 

— Tudo bem, — Cedeu. E dessa vez poderia dizer que estava concordando totalmente. — Mas você precisa me prometer que qualquer que seja esse seu meio de mantê-la segura enquanto ela estiver no inferno vai fazer com que ela volte inteira e sem nenhum arranhão.  

A mulher revirou os olhos.  

— Se esqueceu que eu sou um demônio? Ela vai descer e voltar inteira, eles vão perceber é claro que ela é uma humana, mas não vão poder tocar nela. — Garante com orgulho e até um pouco de pressa também, dessa vez estava falando a língua dos homens. — Mas você precisa se acalmar, percebo que se importa com ela e que está querendo protegê-la, mas precisa confiar não só em mim, mas nela também. Consegue fazer isso?  

— É claro. — Ele responde com um aceno rápido com sua cabeça. Sentindo-se estranho porque estava mesmo prestes a vê-la descer ao inferno. Alana estaria exposta ao mundo dos demônios, e estar constantemente a pensar nisso o deixava tenso. Internamente irritado consigo mesmo. 

 ●●●

Estavam o três no banheiro e mesmo depois de Eva lhe passar confiança de que iria fazer com que Alana descesse ao inferno de uma forma segura, Kambriel sentia que poderia tentar convencer a moça a desistir de tal ideia; mesmo sabendo que ela iria recusar. A mulher fechou a janela do cômodo e jogou um pano escuro na mesma, impedindo que qualquer luminosidade natural do dia entrasse e fez o mesmo com os outros cômodos, deixando toda a sua casa tomada por uma escuridão leve, mas ao mesmo tempo pesada. A única luz existente no lugar vinha do banheiro, onde três luminárias faziam o trabalho de manter o lugar com luz.  

Sentada num banco baixo, Alana parecia tensa pelo que estava prestes a fazer e não era pra menos e, percebendo isso, se aproximou dela. Enquanto Eva enchia a banheira larga com água morna.  

— Nervosa? — A pergunta era quase tosca, mas foi a única coisa que ele conseguiu pensar para puxar assunto com ela.  

— Um pouco. — Ela admite, virando o rosto tenso em sua direção. — Parece até que estou me preparando para o evento do ano ou algo parecido.  

— Sabe que ainda tem tempo de mudar de ideia. — Ele tenta, apesar de saber que isso não funcionaria, pois notara a determinação da humana em fazer aquilo e suas palavras não seriam o suficiente para fazê-la desistir ou voltar atrás. 

— É eu sei e sei que quer que desista, mas não vou fazer nada disso, Kambriel. — Rebateu, exibindo um sorriso leve, apesar de seu nervosismo, demonstrava um pouco de humor. 

Kambriel conseguiu esboçar um sorriso leve nos lábios tensos também. Um que foi sincero, mesmo diante de tanta incerteza que vinha dele. Ele ficou em silêncio e continuou a observá-la, a mão estremeceu levemente quando sua mente o fez cogitar na ideia de tocá-la rapidamente, mas ele conseguiu forças para conter tal impulso porque não achou certo fazer isso. Até porque, se o fizesse com toda certeza seria para puxá-la dali e levá-la embora.  

— Pronto. — Eva levantou-se e sacudiu a mão molhada para secá-la. Olhou na direção de Alana. — Tire a blusa de frio e o colar do pescoço, não vai querer irritar os demônios carregando isso.  

Alana levou a mão instintivamente ao pescoço e tocou a gargantilha de cruz que carregava, Eva estava certa em pedir que ela o tirasse, ele bem sabia como eles poderiam ficar agitados se o percebessem. A moça assentiu e retirou primeiro a blusa de frio de seu corpo, a dobrando e a colocando sobre o banco assim que levantou do mesmo, em seguida retirou o colar de ouro de seu pescoço e pareceu não saber aonde guardá-lo, Kambriel então esticou a mão até ela, indicando que ficaria com o objeto enquanto ela estivesse no inferno.  

— Bem, vamos ao básico. Eligus é um fofoqueiro, sabe tudo o que está acontecendo entre os dois mundo, um grande tagarela e muito, muito espertinho, é você quem precisa manter a direção da conversa se não, quando se der conta vai estar pedindo algum favor a ele. Não se esqueça de que você quer apenas respostas e não favores. Faça as perguntas certas e não dê brecha para que ele fale além do que realmente quer que ele fale. — Alertou a mulher, dando para West uma breve explicação de como Eligus costuma agir. — E também não aceite nada do que ele lhe oferecer, seja de comer, beber ou para usar. Seja direta e não deixe, em hipótese alguma que alguém toque em você.  

Alana franziu o cenho.  

— Por que?  

Kambriel olhou na direção de Eva imediatamente e balançou a cabeça de um lado para o outro fazendo um não muito discreto, impedindo que a mulher respondesse àquela pergunta em especial. Sua feição estava séria demais, completamente diferente da mesma gentileza e mansidão de sempre e ele soube que, a demônio não pensaria que aquilo era uma brincadeira. Alana estava se arriscando demais em fazer isso, estava ganhando um tipo de conhecimento que não era nada saudável e muito menos seguro, ela não precisava saber o motivo daquilo também. Para o seu bem.  

— Precaução. demônios são loucos e ansiosos demais, visitas humanas são sempre uma novidade estranha. — Responde dando com os ombros, mostrando a mesma repulsa de sempre ao mencionar os humanos. Eva deu as costas para Alana que, parecia curiosa e confusa ao mesmo tempo sobre saber o motivo para não deixar que os demônios do inferno a tocassem. Aquela seria uma pergunta que seria feita e ele muito em breve.  

Ao voltar a olhá-la novamente, a mulher tinha em mãos um tipo de medalhão prata, seu pingente era feito de ouro puro e existia uma pedra vermelha bem no centro do mesmo, não demorou muito para que Kambriel reconhecesse o objeto.  

— Eva? — O rapaz a chama.  

— Eu disse a você que ela iria e voltaria segura, não é? E é exatamente isso o que vai acontecer enquanto ela usar o medalhão. — Ela o respondeu, mas não o olhava, estava se aproximando da moça e passou a corrente do medalhão por sua cabeça até que o mesmo descesse para seu pescoço. — Eles vão saber que é humana é claro, mas isso vai te manter segura enquanto estiver lá em baixo. Bem mais segura do que os outros meios que pensei.  

Alana abaixou o rosto para olhar o medalhão que tinha em seu pescoço e depois olhou para o arcanjo, sem entender o motivo de ele parecer não ter concordado em vê-la usando aquele objeto.  

— O medalhão era dela, demônios que pertencem à hierarquia dele o usam como um meio de se protegerem dos outros demônios e almas condenadas, pense nisso como um guarda costas. — Kambriel revela, ao menos conseguiu suprir uma das tantas curiosidades de Alana sem que precisasse mentir, ou colocá-la em perigo; como tem feito. Ele sabia que a humana entenderia a quem estava se referindo ao mencioná-lo e nenhuma outra palavra foi dita; não foi necessário.  

— Agora vamos ao que realmente interessa nisso tudo — Eva bateu as duas mãos uma na outra fazendo um som de uma palma. Atraindo a atenção dos dois para si. — Você vai entrar na banheira e vai deitar até que todo seu corpo esteja imerso na água, não precisa prender a respiração porque isso só vai dificultar e demorar mais para que desça... 

— Mas se eu não prender a respiração eu vou... — Alana começa a falar e logo para quando Eva concorda antes mesmo de sua frase ser completada, ela então se mostra surpresa, seus olhos se arregalam, sua boca se abre. — Eu vou morrer? 

No momento em que ela diz a palavra, Kambriel precisou prender sua respiração durante segundos rápidos porque pensar nisso era algo que ele não queria fazer no momento. 

— Morrer não é bem a palavra correta, você ficará... Inconsciente. — Eva a responde com tanta naturalidade que isso o faz estremecer, por um segundo, ele esqueceu-se que a mulher era um demônio e que, tais palavras eram algo muito natural; como comentários a respeito do clima ou sobre o dia a dia de alguém. 

West então olha na direção da banheira, parecendo ligar os pontos mentalmente.  

— Por isso está usando água?  

— A água é um condutor universal, ela lubrifica a passagem de um plano para o outro, tornando-a bem mais fácil. E também o meio mais rápido para descer. — Explicou Eva, muito rapidamente, gesticulando para que ela entrasse na banheira. A moça suspira e então o faz, seus pés e calcanhares rapidamente ficam encharcados por causa da água e então ela se senta, agora molhando boa parte de seu corpo. — Alana, você terá cinco minutos lá em baixo, tempo o suficiente para fazer o que tem que fazer e voltar em total segurança. 

— Cinco minutos? Eu vou?... Mas como?... — A jovem sequer conseguia completar a frase sem que começasse a gaguejar. 

— O tempo é diferente no inferno, pense que aqui o tempo irá parar enquanto lá embaixo, ele continuará correndo e correndo — É Kambriel quem a responde, quebrando seu próprio silêncio, explicando brevemente sobre a diferença de tempo. Internamente completamente incerto quanto a permitir assistir aquela loucura acontecer. Sua real preocupação não era a ida da moça até lá, mas sim o tempo em que ela ficaria no inferno.  

O tempo. Pensou irritado. Cinco minutos no mundo dos homens não era nada, tão pouco chegada a ser algo longo, mas no inferno... O que poderia acontecer nesse meio tempo enquanto ela estivesse lá? Mentalmente ele estava se punindo, ofendendo a si mesmo por estar deixando que tudo aquilo aconteça quando ele tinha força o suficiente para parar tudo aquilo e pensar em uma nova solução de falar com Eligus. 

— Se eu vou... Ficar inconsciente, durante cinco minutos, o que garante que eu não vá morrer mesmo? O que acontece se eu não conseguir voltar depois desses cinco minutos? — A filha de Jacob questiona, estava bem mais nervosa agora. 

— Kambriel. — Eva responde, apontando na direção do arcanjo. — Se perceber que tem algo de errado ou que não está conseguindo voltar, digamos que ele vai — A mulher fez um gesto como se estivesse puxando algo do chão, esse gesto também o fez estremecer, pois ele saberia que teria de ficar pronto para interferir, se fosse necessário.  

— Me puxar de volta? 

— Puxar sua alma.  

Alana se mostra bem mais confusa e esse sentimento tinha um motivo, Kambriel bem sabia que isso geraria diversas perguntas e que, ela as faria depois e, ele já se preparava para respondê-las e, dessa vez ele faria isso. A moça olha em sua direção e, como se soubesse o que se passava em sua mente — porque ele faria uma noção do pensamento que parecia lhe atormentar nesse momento —, ele balançou sua cabeça em um gesto positivo dando a ela sua garantia de proteção. O que era uma verdade.  

— Vamos? — Alana retorna seu olhar para Eva e acena para que a jovem se deite, por um segundo ela pareceu não entender exatamente como fazer isso dentro de uma banheira daquele tamanho, mas o faz mesmo assim. Respirando profundamente antes de ter sua cabeça mergulhada também.  

Seu corpo desce e logo está todo submergido, o arcanjo sente sua respiração pesar à medida que os segundos se passam, desviando seu olhar da cena e dando as costas por não conseguir presenciar o ocorrido sem que sentisse uma vontade incontrolável de interferir, tirando-a de dentro da banheira e levando para longe daquela casa. Sua mente faz uma contagem do tempo, levou quase três minutos até que ele sentisse um tipo de brisa soprar dentro daquele banheiro, os pelos de seu braço se arrepiaram e ele soube nesse momento, Alana enfim desceu até o inferno.  

Ao menos sua alma.  


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Notas finais do capítulo

~Alana finalmente foi para o inferno... E agora hein?????



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