Amor Perfeito XIV escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
"Você sempre me surpreende no momento ruim."
Murilo Narrando
Não acreditava que estava acordando de novo naquele lugar. Mas dessa vez parecia ainda pior, era um quarto fechado e não havia ninguém... Ou quase ninguém. Olhei para o lado e vi Eliot dormindo na poltrona. Tentei chama-lo, mas a minha voz não saia. Gardan entrou no quarto um tempo depois e veio até a mim.
— Eu juro que dessa vez você me deu o maior susto de toda a minha vida! – tentei falar de novo e não consegui. Apontei para a minha garganta. – Você fez um exame muito invasivo, mas já vai voltar ao normal. – olhei Eliot. – Ele não saiu do seu lado um minuto. – nos olhamos. - Os seus pais estão vindo. Você sabe que o que você fez foi muito sério? Eles estão muito preocupados. – a minha garganta tinha que melhorar logo.
— Olá. – uma enfermeira entrou. – Sua medicação já acabou. – ela passou um aparelhinho que apitou. – É, não tem mais nada para tomar agora. Vou anotar os sinais vitais.
— Esse fio vai cair, não? – Gardan perguntou e ela foi ajeitar e para isso deixou a maquininha e a prancheta que estavam em sua mão na cama. Li o papel bem em frente ao meu nome “Tentativa de Autoextermínio”. Aquilo não era real. Não podia ser.
— Oi. – Eliot acordou e se levantou assim que ela fechou a porta ao sair. – Você não deve estar conseguindo falar né? – concordei. – O médico disse que isso iria acontecer. Tiveram que entrar com uma câmera no seu estômago... Que bom que você tá bem. – ele ficou fazendo carinho em mim.
— Dorme mais um pouco. – Gardan sugeriu me olhando. Fiz sinal negativo. Eu não conseguiria dormir enquanto minha voz não saísse e eu contasse tudo. – Então eu vou ligar para a sua irmã, ela está muito preocupada. Os seus pais pediram para que eu ligasse assim que você acordasse. Você acha que o fato de você não estar falando vai assusta-la? – eu sabia que sim, mas talvez não ter notícias reais a deixaria mais assustada ainda. Discordei e ele ligou.
— Ei Alice, é o Gardan sua mãe me passou o seu número, eles já devem estar a caminho né? Liguei para que você veja que Murilo está bem... Ele não está conseguindo falar por enquanto, mas daqui a pouco vai voltar ao normal. Vou mostra-lo a você. – ele apontou o celular para mim e eu sorri e fiz caretas, fazendo com que ela chorasse ainda mais invés de ficar tranquila. Coisas de Alice. Assim que ele desligou um médico apareceu.
— Oi garoto. – ele me olhou e sorriu apesar de toda sua seriedade. – Já já essa tensão muscular das cordas vocais vai passar. – ele olhou Gardan. – Não é como se ele estivesse voltando de uma sedação, só por ele estar desacordado precisamos ser mais agressivos e rápidos... Você tem alguma dúvida sobre a recuperação dele?
— Não. Ele parece muito bem. Acho que os pais quando chegaram é que vão ter muito que perguntar.
— Ele ficará internado. – ele me olhou e depois voltou a olhar Gardan. – Todos os medicamentos dele foram suspensos. Seria interessante que você entrasse em contato com o médico dele e informasse a situação. Ele é um excelente profissional, essas coisas podem acontecer... – ele voltou a me olhar. – Nem sempre o primeiro medicamento é o correto, tudo é um teste. Pode confiar que ele está em boas mãos. Quanto a minha parte eu só tenho que deixa-lo em observação por sete dias... E nesse período vamos aplicar uns tranquilizantes. É bom lembrar que ele é um paciente que não pode ficar sozinho.
— Vou ficar com ele. – Eliot falou rapidamente.
— Prefiro que seja assim para garantir que ele saia daqui bem. Darei mais detalhes aos pais quando chegarem. – seu olhar para mim era de aflição. – Descanse.
— Já é de manhã, pode ir Gardan. – ele olhou em seu relógio.
— Daqui duas horas tenho que ir buscar Vinicius e Raíssa no aeroporto. – fechei os olhos e tentei dormir. Não adiantaria eu ficar mais eufórico se eu não podia falar nada.
Acordei sentindo uma mão gelada em mim. Abri os olhos e vi minha mãe com os seus olhos bem vermelhos e o meu pai mais sisudo do que já me lembro de ter visto algum dia.
— Meu filho! – ela me encheu de beijos e começou a chorar.
— Raíssa se controla. – meu pai ordenou. Tentei falar e dessa minha voz saiu, um pouco rouca, mas saiu.
— Eu sei o que parece, mas não é nada disso. – eles ficaram me olhando. – Não tentei me matar.
— O que aconteceu então Murilo? – meu pai perguntou bem preocupado. – Foi excesso de medicamento controlado, não foi?
— Sim, mas aí foi burrice minha porque eu achei que se eu tomasse alguns remédios a mais eu não iria passar tão mal.
— Você tem que apanhar. – minha mãe me apertou com força. – Por que fez isso?
— Eu estava inquieto. O Gardan tirou o Eliot do meu quarto. Não tinha muito o que fazer... E as coisas que tinha para fazer eu não queria. E também são os problemas de sempre. A minha cabeça fica girando e girando... Mas em momento algum eu pensei em me matar EU JURO!
— Murilo o Gardan te encontrou desmaiado no banheiro. Não é hora para mentiras.
— Pai eu não estou mentindo. Eu tomei o remédio e fiquei vendo um pouco de televisão, daí fui escovar os dentes para ir tentar dormir... Cai e nem vi. Sorte a minha então que não me machuquei feio.
— Não se machucou feio? Você está internado em um hospital Murilo! Fizeram vários exames em você. Quase que você passa por uma... – minha mãe parou de falar. – Por que você não procurou Gardan e disse que precisava do Eliot ou que queria alguma outra coisa? Por que não ligou para alguém? Talvez Arthur, seus amigos?
— Eliot e eu estamos namorando. Gardan não aceita isso por ele ser funcionário do hotel. O Eli também acha muito errado, mas ele está apaixonado...
— Você está Murilo? – olhei para o meu pai.
— Sim. – sorri. – Ele me faz muito bem.
— Quando chegamos ele estava aqui, foi em casa tomar banho e disse que voltaria. – minha mãe contou e fez uma pausa. – É um susto saber disso, ele tem quase o dobro da sua idade né? Mas talvez um pouco de maturidade te faça bem mesmo.
— Mas você não vai precisar do Eliot. Pelo menos não nesse sentido. Sua mãe ficará com você.
— E o trabalho dela?
— Havia pouco porque cancelei minha agenda desde o abrigo. – ela disse e sorriu.
— Não quero atrapalhar vocês. – fiz um semblante triste. – Por que não esperaram antes de vim? Foi um mal entendido. Eu não tentei um suicídio. Parece que vocês nem me conhecem.
— Murilo isso não foi normal. Você devia ter tomado UM remédio. Seu caso é delicado e sabe disso.
— Tá bom, eu sei. Mas não é o caso de vocês saírem correndo.
— Você é o nosso filho e sempre vamos sair correndo seja onde for que você estiver. – olhei para a minha mãe enquanto a porta se abria.
— Ele já está falando? – era Eliot.
— Você poderia lembrar que tem uma vida? – perguntei quando ele se aproximou.
— Ela tá deitada nessa cama. – ele beijou minha testa sem nenhum medo da reação dos meus pais. – Como você está se sentindo?
— Péssimo. Você tá deixando sua mãe sozinha.
— Ela sabe se virar. E acredite se quiser ela tá bem feliz por se livrar da minha super proteção.
— Que veio toda pra mim. – estreitei os olhos. – Você não acredita que eu tentei me matar né? – ficamos nos olhando. – Você acredita.
— Não muito. É que a dosagem não foi tão alta, não acho que você cometeria esse erro. Mas... Eu não sei.
— Você sabe. Eu só queria parar de pensar, mas não pra sempre. Naquele instante.
— Se estava tendo uma crise por que não me chamou? Por que não me ligou Murilo? Sabe que eu iria correndo.
— Sei também o quanto o seu trabalho é importante pra você.
— Ele eu arrumo outro, você não. – minha mãe arregalou os olhos e meu pai parecia incomodado.
— Você não pode ser romântico assim comigo em frente aos meus pais, eles vão sentir inveja. – falei e pisquei pra ele.
— Nossa! – ele os olhou. – Desculpa. Até esqueci que vocês estavam aqui. Desculpa mesmo. Estava tão preocupado e... – meu pai o interrompeu.
— Tudo bem. – ele coçou a cabeça, sabia que estava nervoso. – Eliot né? Então... Acho que você já pode voltar a sua casa e ao seu trabalho.
— Vinicius. – minha mãe chamou sua atenção.
— Não é você que disse que não devemos fazer tudo que Murilo quer?
— Mas ele não quer, ele PRECISA. Não desconta no rapaz toda a tensão com o problema do nosso filho.
— Vou pegar um café. – ele saiu do quarto.
— Vocês estão bem? – olhei pra ela.
— A preocupação aqui é você Murilo. Tive tanto medo de te perder. – ela começou a chorar e Eliot passou a mão no braço dela com carinho.
— Não fica assim senhora Raíssa, não vai acontecer nada com Murilo.
— Gostei dele. – ela disse me olhando. – O pai dele é legal? – seu olhar me indicava exatamente o que ela estava perguntando.
— Sim, é. – sorri. – Muito.
— Podíamos fazer um jantar lá em casa né Muh? Não sei quantos dias os seus pais vão ficar.
— Vamos voltar amanhã, viemos sem bagagem alguma. Como ele vai ficar sete dias aqui e assim posso ficar mais tranquila, eu volto quando ele receber alta, porque assim posso deixar as coisas por lá prontas para que eu fique até ele ir embora.
— Então nem vai dar, que pena. Mas a senhora vai conhecer meu pai, com certeza. Vai ver que ele é legal.
— Fico tranquila. – eles se olharam e sorriram.
— É um namoro normal mãe. Não existe todo esse enredo de filme com um vilão psicopata.
— E você tá gostando de ter um namoro normal?
— Tem pouquinho tempo ainda. Nem deu pra sentir o gostinho. Mas pelo que estamos vendo aqui parece bom né?
— Você merece ser feliz. Seja com quem for. – ela beijou meu rosto.
— O que quase perder um filho não faz. – comentei e a olhei.
— É difícil Murilo. Não me julgue por ter sido necessário um tempo para aceitar.
— Olá mãe do rapazinho. – o médico disse entrando. Ele lavou as mãos na pia do canto e a enxugou antes de cumprimenta-la, depois ele ficou sério de novo. – Podemos conversar lá fora?
— Eu não tentei suicídio e ela sabe disso. E isso não é uma negação. Eu teria que tomar muito mais remédio pra ter a mínima chance de acontecer.
— Ok. – ele cruzou os braços e me olhou. – Não é o momento de te confrontar. Mas já que você quer... Por que tomou quantidade a mais que devia?
— Porque eu queria que fizesse efeito mais rápido.
— O seu médico veio te ver. Ele está esperando lá fora, por isso eu chamei a sua mãe. Ele vai conversar com ela e com o seu pai. – ele a olhou. – Pode ir. – assim que ela saiu ele voltou a me olhar. – Murilo você tem um problema crônico, uma ansiedade construída em toda uma vida, com um padrão de insegurança, medo, preocupação com o futuro e talvez até apegado ao passado. É normal você querer que isso passe rápido. Estamos aqui para te ajudar com isso, não se sinta ameaçado.
Não respondi e ele sorriu saindo em seguida. Eliot fez carinho em meu rosto e lançou sorriso junto de um olhar que dizia que ele não sairia do meu lado.
Sophia Narrando
O almoço de domingo na casa da vó Isa foi diferente hoje. O clima não estava muito bom apesar de sabermos que Murilo estava melhor. Depois do almoço a maioria dos nossos amigos apareceram e entre eles o Ryan. Eles queriam saber o que aconteceu e como meu primo estava.
— Não sei muita coisa gente. Talvez fosse uma crise mais séria ou... Não sei. – Alice disse um pouco impaciente.
— O que importa é que ele está bem. – Otávia falou encerrando o assunto. Fiquei reparando se Ryan olhava para ela... E então ele olhou pra mim. Virei o rosto na hora.
— O que foi? – ele perguntou vindo até a mim.
— Eu que te pergunto.
— Por quê? - vi que ninguém nos ouvia.
— Eu te cumprimentei e você foi todo grosso comigo... – ele deu uma risada.
— Sou assim desde que somos crianças Sophia.
— Sei lá, você foi tão legal na noite retrasada. E até sobre isso eu queria dizer que fiquei bem chateada por você nem ter esperado eu acordar e saído de fininho daquele jeito, foi bem estranho.
— Acordei antes de você e sai por medo do Gustavo. Você já viu a altura e o tamanho do seu pai? Ele só não acabou com o Murilo quando descobriu sobre vocês por ele ser filho do irmão dele, comigo ele não deixaria passar e eu não estou afim de apanhar.
— Por que o meu pai te bateria?
— Porque eu estava na cama da filha dele?
— Mas não estava rolando nada.
— Ah tá, vai explicar isso a ele.
— Você é muito estúpido! – exclamei nervosa. - Esse seu jeito de falar é irritante.
— É só não conversar comigo. – fiquei o olhando estarrecida e sai de perto daquele ser.
Luna chegou contando que havia uma família que tinha acabado de se mudar para o lado da casa dos avós de Alice. Era uma casa bem grande como a deles. Parecia que era um casal e dois filhos. Como Torres era uma cidade razoavelmente pequena, qualquer mudança gerava bastante comentário. Nem preciso dizer que todos, inclusive eu, já estávamos curiosos.
"Eu acho que estou começando a gostar do tempo que ficamos juntos."
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Notícia ruim :( to gripando, ficando bem ruinzinha mesmo! Não sei se é porque mexi com mofo ontem ou se é o vírus maldito já q tenho saído (necessidade), mas enfim... Se eu sumir é porque eu to péssima, mas enquanto eu estiver sem dor e com a respiração normal to aqui (: (mas espero que nem vá adiante e eu melhore logo) ahhh e já por isso peço perdão por erros e qualquer coisa, é difícil espirrando e a garganta doendo.
Por eu não ter vindo há dois dias eu vou fazer dois posts, mas vou fazer o outro bem mais tarde para poder não haver confusão, apesar de já estar escrito.
♥