[Referência a sequência dos episódios 11, 12 e 13, Temp. 4]

Mais um dia de aulas acabava e Natsume estava cansado por já ter devolvido um nome logo cedo. O dia seguinte era folga para eles e Natsume sabia que Shigeru estaria em casa sem suas usuais tarefas de trabalho para terminar e, escutando seus amigos conversarem sobre programas que tinham marcados com seus familiares, os mais diversos pensamentos lhe ocorreriam em turbilhão.

— Natsume, você, a Touko-san e o Shigeru-san tem planos para amanhã? – Kitamoto viu que ele não estava conseguindo se concentrar adequadamente na conversa; o que também não era surpresa alguma. Sabiam que Natsume não tinha as melhores histórias com parentes para compartilhar ou recordar.

— Eu não sei ainda se faremos algo. – ele sorriu imaginando o que poderiam fazer – Mas seria divertido se fossemos fazer algo. – ele simplesmente parou imaginando como seria a sensação. Saiam juntos sim, mas recentemente, refletia sobre qual o significado daquele sentimento.

— Você poderia dar alguma sugestão a eles para saírem! – Sasada se animou – Existem vários programas legais para se fazer.

— Verdade! – Nishimura lhe deu uma leve chave de braço – Você já tem algo em mente? – sua curiosidade e animação eram grandes pelo amigo.

— Ahm... Bem... – Natsume não tinha pensado em nada e ser ele quem os chamaria para saírem era bem mais que uma simples ação para ele. – Vou pensar nisso. – ele simplesmente sorriu e os amigos continuaram a se divertir e fazer graça com ele até suas divisas de caminho.

Não fazia muito tempo, Natsume visitou sua antiga casa onde, por pouco tempo, viveu com seus verdadeiros pais. A casa seria vendida e visitando-a pode reaver algumas lembranças antigas, se permitindo deixar suas lágrimas escaparem e encarar o sentimento misto de solidão, saudades, tristeza e alegria que sentia ao lembrar-se de seus pais.

Deu-se o tempo que precisou ali e, ao retornar para sua atual casa, receber as boas vindas e sorrisos do casal Fujiwara foram um grande presente – assim como tirar aquela foto sorrindo, abraçado com ambos e em frente a sua casa. Guardava seus pensamentos para si, enquanto imaginava o que poderia fazer quanto a sugestão de seus amigos.

Chegando em casa, viu que Shigeru ainda não havia voltado e Touko o cumprimentou, avisando que o jantar logo estaria pronto. Subindo para seu quarto, viu Sensei exausto, bebendo uma garrafa de saque e jogado em uma almofada. Natsume sabia que ele e os youkais do “Círculo dos Cães” – como eles costumavam chamar sua sociedade de seguidores – estavam tendo trabalho em monitorar a região; obviamente ele sabia porquê.

Aprendeu com Natori e eles que deveria controlar suas emoções e poderes para não atrair youkais ou dar brechas para crueldades; porém, nestes últimos dias, sabia que não estava tendo tanto sucesso nessa tarefa quanto recentemente. Não discutiu com ele por estar bebendo desta vez e lhe deu um pouco de sua comida no jantar – para Touko e Shigeru era apenas um gesto carinhoso e meigo com o gato.

— Takashi, você e seus amigos farão algo nesta folga? – Shigeru questionou, vendo o rapaz negar – Como não terei projetos ou pesquisas para terminar, poderíamos sair nós três juntos. – ele deu a ideia.

— Ótima ideia, Shigeru-san! – Touko animou-se – Para onde deveríamos ir?

— Não pensei muito nisso. Teria algo em mente, Takashi? – na realidade, ele ansiava para ver se Natsume iria se animar com o passeio tanto quanto esperava.

— Eu não tive nenhuma ideia... Mas acho que não importa muito onde formos. – ele finalizou sorrindo, deixando claro o que ele não pode pôr em palavras, naquele singelo brilho no olhar junto de um sorriso meigo.

— Então vamos decidir amanhã qual será o lugar. Será um ótimo passeio! – Shigeru estava animado e viu Touko e Takashi animarem-se igualmente.

Nyanko-sensei quis vir também para comer gostosuras e passear – além de precisar vigiar Natsume e o Livro. A ideia de Shigeru foi passearem de trem até um parque tranquilo que ouviu de seus colegas no trabalho – o perfeito passeio relaxante que pretendia. Natsume queria aproveitar e, mesmo com vários youkais no parque, não teve muitos problemas já que preveniu-se trazendo bolachas para dar-lhes e evitar incômodos.

Mesmo sem muita conversa no passeio, a família ria e se divertia apreciando a paisagem e a tranquilidade que o ambiente transmitia. A paz, alegria, segurança, conforto... Para Natsume, estas palavras uniam-se em seus breves pensamentos, tentando dar significado ao calor que sentia.

— Shigeru-san, Touko-san! – Natsume os alcançava em uma trilha, após separarem-se momentaneamente em sua distração.

— Takashi, onde você estava? – Shigeru e Touko o estavam procurando.

— Desculpem, me distraí um pouco. – ele respondeu um pouco tímido – Mas encontrei uma lojinha de chá com vários bancos espalhados por um jardim lindo. Gostariam de ir até lá?

— Uma lojinha de chá!? – Touko gostava muito destes lugares, assim como Shigeru.

— Vamos conhecer! Vá na frente, Takashi. – ele animou-se.

Um final de tarde agradável, chá e alguns doces, um banco pequeno e aconchegante, risadas e ali estava a resposta: o sentimento de estar em família! Um pensamento que fez Natsume imaginar por um momento... ter certeza em seu coração... Se tivesse seus pais ali com ele, a sensação e o momento seriam os mesmos!

Sendo trazido de seus pensamentos a realidade por Touko, ambos se pegaram rindo dos sons e movimentos do gato, que ia na direção de Shigeru pegar o doce que lhe oferecia.