Você Me Perdoa? escrita por Gaio


Capítulo 1
Me Desculpe


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu amigos! Obrigado por estarem aqui e espero que esta historia que eu tenho a tanto tempo os agrade. No início, eu estava pretendendo em algo simples e mais casual, mas, para falar a verdade, esse não é meu forte.
Peço que tenham paciência, e não desistam. A s coisas vão fluir pouco a pouco.
Boa leitura.



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 Por Gaio


~•••~

 

Law olhava para a televisão sem realmente prestar atenção no que se passava na tela, mudava os canais cansativamente, e já tinha perdido a paciência com a própria impaciência. O pé direito batia no chão repetidas vezes. Se ele tivesse continuado as aulas de esgrima quando menor, não hesitaria em fatiar a ruiva quando passasse pela porta.

Era sua folga do trabalho, e ele estava ali, sozinho, sentado no sofá. Havia dobrado as mangas da camisa social branca na altura dos cotovelos, pois seu sangue fervia quando estava com raiva; afrouxou a gravata cinza deixando-a de uma maneira desleixada, e então ouviu um barulho de chaves. A porta do apartamento se abriu e a ruiva entrou, ela usava o uniforme da empresa: uma camiseta social preta, saia acima dos joelhos, meias finas e saltos. Os cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo alto, em seu braço esquerdo, segurava o sobretudo preto enquanto o outro segurava a mochila, ela olhou para o moreno com um sorriso:

— Law? Por que está acordado? – Fechou a porta e a trancou em seguida.

— Onde estava? Sabe por quanto tempo te esperei?  – Perguntou impaciente ignorando a pergunta da ruiva, e Nami olhou desconfiada para o moreno, e percebeu que em seu tom de voz havia raiva.

— Me esperando? Espere, porque está nervoso?

Onde você estava, Nami?— Ele franziu o cenho olhando friamente nos orbes castanhos da ruiva fazendo-a estremecer de cima a baixo. Quando tempo fazia que não via esse olhar? Não importa, mas Nami não havia gostado nada dele. Impetuosa, colocou uma das mãos na cintura e respondeu com sarcasmo.

— Como assim onde eu estava? Trabalhando é aonde eu estava, não tem motivo algum para você me olhar desse jeito.

O olhar de Law ficou ainda mais frio e tenebroso, ele dirigiu seus orbes para cima a sua direita antes de erguer-se do sofá, a ruiva faz o mesmo, vendo o relógio pendurado na parede, e nele marcava as exatas três e meia da manhã. A ruiva abre a boca, mas as palavras não saem.

— Não tenho motivo para te olhar desse jeito? Olhe a hora que você chega em casa, outra vez, sem nem mesmo me avisar? Te liguei centenas de vezes.

Nami! Ele não usou o típico sotaque, estava furioso, de um modo que ela nem se lembrava mais. A ruiva encolheu os ombros sem saber o que dizer, Law solta um suspiro e balançou a cabeça desviando o olhar, completamente desapontado, e alargava ainda mais o laço da gravata para retirá-la enquanto caminhava para o quarto. Nami o seguiu.

— Ok, me desculpe, eu cheguei tarde outra vez, eu... eu sinto muito.

— Eu sei que você sente muito! Como ontem, antes de ontem, semana passada, e na outra semana também. Você tem sentido muito demais ultimamente.

— Eu não podia deixar os relatórios incompletos, preciso entregá-los amanhã cedo. A apresentação do meu projeto está chegando, você sabe como esse plano é importante para mim!

Law se virou para a ruiva impaciente.

— Nami-ya, não quero que deixe seu trabalho de lado, quantas vezes já deixei isso bem claro? Mas um dia, pedir apenas um dia é demais para você? Tive que cancelar a reserva no restaurante que fiz há mais de um mês.

— Restaurante? – Indagou ela, Nami se sentia injustiçada – Por que está tão nervoso? Você faz planos sem me dizer nada, e a culpa é minha? Se tivesse dito alguma coisa, é claro que eu teria saído mais cedo.

— Do que está falando? Você sabe que nós semp

— Para que? – Perguntou nervosa.

Então Law parou, desacreditado. Ela havia se esquecido. Filha de uma.... 

Law cruzou seus braços na frente do corpo e encarou a ruiva.

— Nami-ya, que dia é hoje?

Ela arqueou a sobrancelha.

— Sexta-feira. Mas que raios isso tem a ver?

— Que dia é hoje?

Nami pensou.

— Hoje é quinze de-

Oh, não... não...” – ela pensou.

Os orbes castanhos da ruiva se abriram em surpresa e ela deixou cair no chão a mochila e o sobretudo, levando em seguida as duas mãos a boca.

— Quinze de maio – ele continuou – isso quer dizer que ontem foi quatorze de maio, nosso aniversário de casamento. – O moreno encarou a esposa que ainda estava anestesiada, os orbes cinzas continuavam gélidos, porém menos tensos, a ruiva olhou aquele cinza totalmente arrependida, como ela pôde se esquecer de uma data que ele prezava tanto?

— La... Law e.… eu...

O moreno escorregou a gravata do pescoço e começou a desabotoar a camisa.

— Sabe, Nami, quando você me contou sobre a oportunidade desse emprego no jornal eu não fui contra, te apoiei por que sabia que era o que você gostava, e também, por que você me apoiou muito nos meus primeiros dias no hospital, e sou grato por isso. – Sua voz era calma, ele se virou abrindo a porta do guarda-roupas para pendurar a camisa, ficando de costas para a ruiva, esta apenas ouvia o que ele precisava dizer, pensando “agora vem a tempestade” – Nós sabíamos que esses trabalhos nos consumiriam muito, então fizemos uma promessa. Você se lembra não é?

Nami olhou pra baixo, se sentia a pior pessoa do mundo. Sua situação agora a deixava vulnerável, e detestava estar vulnerável.

— Por mais que fiquemos afastados por muito tempo, não vamos deixar as datas especiais passarem em branco! – Respondeu baixinho.

— Aniversários, comemorações... prometemos passá-los juntos, mas não é isso que está acontecendo. – Ele deu uma pausa sombria – Eu te dei outra chance, e você simplesmente tem me deixado, Nami. Não... partilhamos mais a mesma vida.

— Não diga isso, por favor! Eu juro que desta vez não foi minha culpa! – Explicou vagamente. Se ela ao menos pudesse contar a ele...

— Então eu devo culpar quem pela falência do nosso casamento? – Esbravejou, furioso! O coração disparou num piscar de olhos, parecia prestes a explodir no peito, batia descompassado, golpeava forte... doía. Nami sentia cada palavra como um tapa em seu rosto.Pedir que você fique comigo é algo tão sem valor assim para você... esquecer?

— Você está gritando, pare com isso!

— E que outra reação você espera de mim? Como eu deveria agir quando me sinto esquecido pela minha própria esposa?

— Céus, como pode dizer isso? Você é meu marido, e eu te amo! Vivi anda tendo uns problemas e eu precisei cobri-la no trabalho. Isso bagunçou minhas tarefas e eu ainda estou organizando meu tempo. Eu sinto muito, Law! Tanto coisa anda acontecendo... eu não posso escolher entre você e meu trabalho–

Você já escolheu, Nami! — Law a interrompeu, seco. – Você me exclui da sua vida, nós nem conversamos mais. Somos estranhos dentro desta casa.

A voz dele começava a ficar cada vez mais alta, e ao mesmo tempo parecia que o quarto ficava mais frio. Nami temeu se aproximar demais. Toda vez que Law estava furioso, ela sentia uma redoma glacial formar-se ao seu redor, mas não toleraria isso e rebateu no mesmo tom. Ele estava alterado. Completamente alterado.

— Claro que não! Que absurdo, você sabe de todas as coisas que eu deixei por você, você sabe disso!!

— Você fala como se eu nunca tivesse me entregado por você – Law tremia enquanto falava, Nami nunca havia o visto assim antes. – Isso não é uma competição, Nami! Não é uma troca de favores, eu quero que você esteja aqui por mim porque você deseja isso, do mesmo jeito que eu estou, como um idiota, esperando que você entenda... – o cirurgião parou, havia se cansado de tentar explicar. Ele fechou os olhos por um momento antes de continuar - Seu trabalho está acima de tudo, do nosso relacionamento, acima das pessoas que se importam com você – A ruiva continuava quieta, perplexa, Law diminuiu a voz num tom tão tenebroso que Nami sentiu-se abraçada pela escuridão causada pela ira do homem – Me diga, Nami... quanto tempo faz que não fala mais com Nojiko?

Não... ouse!

Nami cuspiu seu asco junto com as palavras. Ele passara de todos os limites, as palavras a atingiram em cheio e ele sabia disso. Lágrimas involuntárias caíram de seus olhos, e a ruiva não se segurou mais.

— Se você tem coragem de supor que coloco meus interesses acima da minha família, então isso mostra o quão desprezível você é como pessoa.

Não me culpe pelo seu egoísmo!

Eles se encararam, fúria com fúria.

— Foi isso o que me manteve viva até hoje. Ao menos, eu não precisei pisar em outras pessoas para chegar aonde cheguei – disse a ruiva enquanto apanhava sua mochila do chão. Law havia lhe dado as costas novamente – Eu não vou ficar aqui para ser insultada.

Law segurou a porta do móvel com força – Então vá! Mas quando voltar eu não estarei mais aqui. Se quer ficar sozinha, ENTÃO FIQUE!

Law praticamente gritou sua ultima frase, e bateu a porta do guarda-roupas com tanta força que o som ecoou pelo apartamento inteiro. Nami deu um pulo assustada, e parou antes mesmo e passar pela porta do quarto. Ele agora estava de frente para ela, olhava para baixo onde seus olhos foram escondidos por uma sombra, as mãos fechadas com força ao lodo do corpo, a respiração ofegante mexia todo seu corpo. Precisava se acalmar, pois sabia que saia do controle quando estava nervoso. A ruiva respirou fundo, deu dois passos em direção ao marido, se aproximando de vagar.

— Respire devagar – aconselhou.

E assim ele fez, respirando cada vez mais lento ainda sem levantar a cabeça, até então sentir um aroma conhecido, doce, porém não enjoativo, um perfume cítrico. Essência de laranjas. O perfume de Nami. Respirou fundo buscando mais daquele aroma, e então seu coração se acalmou quase que instantaneamente. Ele encostou as costas no móvel e levou as duas mãos ao rosto.

— Desculpe, extrapolei de novo!

Nami riu sem graça.

— Nós dois, mas... desta vez por minha culpa.

Law abriu a boca para retrucar, para tentar dizer que não queria ter dito todas aquelas coisas, mas nenhuma palavra saiu. Nami olhou para baixo e sorriu, um meio sorriso sem vida que servia apenas para aliviar a tensão que ali existia. Ficaram na mesma posição por um tempo, sem ter coragem de olhar um para o outro, pois todas as palavras, inclusive aquelas que não deveriam ser ditas, construíram pouco a pouco um muro entre eles. Como um campo gravitacional de mágoas e rancor que roía o que sentiam um pelo outro. Law sentia essa energia no ar, pesava seu corpo, pesava seu peito...

O cirurgião balançou a cabeça espantando os sentimentos ruins, e sem que a esposa percebesse, com uma rapidez inumana, ele a puxou e a envolveu em seus braços.

Nami fora pega de surpresa. Para ela, o moreno ficaria sem a tocar por dias, mas foi exatamente o contrario; o abraço ficava cada vez mais apertado e confortável, se tornava necessitado, pois seus corpos se encaixavam perfeitamente. Nami amava, e teve que fazer um grande esforço para não se debulhar em lágrimas mordendo os lábios como distração para a tristeza. Com hesitação, retribuiu o carinho. Todo o estresse daqueles dias cansativos de trabalho, toda preocupação, inclusive àquelas que não havia contado ao marido foram sugadas através aquele abraço, que relaxou seus músculos e aliviou sua alma. Mas a culpa ainda estava ali, e ficava mais forte a medida que o abraço também ficava.

O que ele queria? Deixa-la pior do que estava?

— Law... – ela tentou dizer quando o marido a soltou, mas ele a impediu. Colocando os dedos gentilmente sobre seus lábios e sorrindo. Um sorriso doce, brando.

— Tome um banho quente e descanse, você deve estar cansada. – Ele se afastou e a olhou meigamente, em seguida deu um beijo cálido em sua testa, Nami continuava a olhar para baixo, evitando os orbes cinzas, mas quando ele ameaçou se retirar, a ruiva o impediu. Ela sentia que se o deixasse ir Law nunca mais voltaria. Queria dizer uma coisa, qualquer coisa, mais nada parecia ser suficiente.

Ele sorriu novamente, acariciando o rosto alvo. Nami o acompanhou com os olhos até que Law desapareceu no escuro da sala. Seus olhos voltaram para chão e permaneceram até sentir as lágrimas molharem seus pés por baixo das meias.


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Notas finais do capítulo

O que será do nosso casal agora?



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