Maresia escrita por Cinderela Modernizada


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Apaixonar-se significa que agora não há mais jeito, não há uma técnica, não há um método.É por isso que se fala em “cair de amores”, você não está mais controlando nada, você simplesmente cai. - Osho



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— Você e meu irmão juntos? Isso é mais do que eu podia ter planejado! - Callie disse dando quase que piruetas no mercado, balançando o pirulito na boca de um lado para o outro enquanto conversava. 

 

 

Ela tinha aparecido na minha casa hoje de manhã quando eu estava pronta para sair para fazer compras. Depois de explicar que eu não iria comprar roupas ou maquiagens e sim fazer a compra da casa, ela decidiu vir comigo, mesmo dizendo que achava um tipo de compra meio chata. 

 

 

 

 - Confesso que eu também fiquei surpresa quando ele apareceu lá ontem à noite e propôs que, bom, fossemos alguma coisa. 

 

 

 

Eu tinha um plano e o segui, mas prever que ele daria tão certo? Não passou nem pelos meus sonhos mais malucos. Acho que eu nunca tinha arrumado um namorado tão rápido.

Foram em quê? Duas semanas?

 

 

 

 - Pode pegar esse pote de geleia para mim? - Pedi apontando para o pote de vidro na prateleira atrás dela.

 - Por que você que veio fazer compras de casa? Não é a Diana que tem que fazer essas coisas? - Ela perguntou pegando o pote com geleia e colocando dentro do carrinho que eu estava empurrando.

 

 - Bom, mas eu decidi ajudar. - Respondi dando de ombros, seguindo pelo corredor de contimentos. 

 

 

 

Na verdade, eu meio que tinha ameaçado a Diana para que me deixasse fazer as compras no lugar dela. Eu estava entediada e achando extremamente desconfortável que ela fizesse tudo para mim e, roubando a lista de compras da sua mão e saindo antes que ela pudesse dizer outra coisa, acabei parando no supermercado.

 

 

 - Podemos pelo menos almoçar depois? - Callie perguntou pegando coisas aleatórias das prateleiras e colocando dentro do carrinho.

 

Detalhe: coisas que eu não queria.

 

 

 - Podemos sim! - Disse enquanto tirava as coisas do carrinho.  Menos essa barra de chocolate. - Mas e você e o Pete? Você não me contou o que aconteceu naquele encontro. - Disse puxando papo.

 - As coisas estão incríveis! Acho que dessa vez pode ser uma coisa além do verão. - Ela disse empolgada, dando um grande sorriso. - Sei lá, acho que estamos mais adultos dessa vez. - Disse dando de ombros.

 - Que bom, fico feliz de ouvir isso. - Querendo ou não, eu tinha criado um carinho muito grande pela Callie.

 

Ela tinha me acolhido como uma verdadeira amiga, me fazendo sentir incluída e fazendo as coisas ficarem interessantes. Eu queria vê-la feliz e realizada. De verdade. Mesmo que eu estivesse aqui só para prender seu pai.

 

— Quem sabe podemos sair em um encontro de casais? - Ela perguntou animada demais.

— Vamos com calma? - Perguntei dando uma risada e pegando vários pacotes de salgadinho e enfiando no carrinho.

 - Eu posso sonhar grande, sabe? - E o sorriso matreiro dela continuou.

 

Callie me ajudou a fazer as compras - ajudar não seria a palavra mais certa porque, quando ela não estava reclamando que aquilo era chato, estava enfiando coisas fora da lista dentro do carrinho. Eu tenho quase certeza que algumas ainda passaram despercebidas.

Depois do supermercado, fomos almoçar juntas em um dos restaurantes do centro. Para minha sorte, ela me deixou escolhe e optei por comida japonesa, o que, além de seguro para minha alergia, também era uma delicia.

 

 - Então, está perto do baile. - Segurei o Sushi perto da boca e olhei confusa para a garota que mordia um sashimi.

 - Baile? Que baile Callie? - Enfiei a rodelinha de arroz com salmão na boca a mastiguei.

 - As vezes eu me esqueço que você não é da cidade. - Ela revirou os olhos. - O baile beneficente da empresa do meu pai para salvar algum animal marinho que está perto de ser extinto. - Explicou pescando um sushi do meu prato. - Acho que esse ano são tartarugas.

 - Um baile? - Perguntei com a sobrancelha levantada. Sério que gente rica era tão entediada desse tipo que ficavam inventando festas para tudo?

 - É legal, você vai ver. - Afirmou.

 - Vou?

 - Claro, com toda certeza meu irmão vai te convidar para ser o par dele. - Ela disse como se fosse óbvio.

 - E por que esse baile é tão importante? Além das tartarugas, é claro?

— Não é. É super chato, mas tô tentando convencer meu pai a deixar eu organizar. - Um sorriso preencheu seu rosto delicado. - Acho que vou conseguir.

 

Depois do almoço e de ouvir a Callie falar por horas e horas sobre todas as ideias de decoração que ela estava pesquisando para a festa de verão do ano que vem, ela finalmente me deixou ir para casa.

 

 - Achei que você tinha ficado perdida no supermercado. - Diana disse ao me ver entrar na cozinha segurando o máximo de sacolas de compra que eu conseguia para não precisar voltar para pegar mais no carro e fazer outra viagem.

 - Tá lembrada que fui com a Callie? Tudo com ela é demorado! - Justifiquei deixando as sacolas desabarem no balcão e respirando entrecortado por causa de todo aquele esforço.

 - E como foi? Tá se achando mais útil agora? - Ela perguntou segurando um sorriso, começando a mexer nas sacolas para guardar as coisas.

 - Você tá querendo me implicar, mas não vai dar certo. - Respondi.

 - Meu Deus Merlia, e esse tanto de salgadinhos?  - Diana perguntou segurando uma sacola com batatinhas, biscoitos, torradinhas de vários sabores, cookies e mais um tanto de besteiras.

 - É para hoje à noite. - Disse pegando as coisas apressadamente da mão dela e enfiando dentro da sacola de volta, colocando tudo no armário do balcão. - Para a noite de séries com o Caleb. - Expliquei rapidamente.

 

Eu não queria confessar, mas estava bem animada para vê-lo de novo. Ontem tinha sido meio complicado, mas eu estava determinada a não deixar as coisas ficarem mais confusas e, além disso, eu gostava muito de passar um tempo em sua companhia. Como eu tinha dito alguma vezes, eu podia ser eu mesma quando estava com ele. Também, eu amava implicá-lo. Ver a cara do Caleb quando ele estava nervoso era impagável.

 

 - Tá sorrindo que nem boba. - Diana avisou, me fazendo fechar a cara imediatamente.

 - Não tô nada. - Respondi na defensiva. - Vou tomar banho, Caleb deve estar quase chegando.

 - Quer que eu arrume as coisas para você? - Ela perguntou prestativa.

 - Não Di, pode deixar. Pode ir para casa mais cedo hoje, se quiser. - Eu queria ser amigável, mas pela cara que ela fez, era quase como se eu tivesse a xingado.

 - Ir embora para casa mais cedo? - Ela perguntou horrorizada. - Por que eu faria isso?

 - Para descansar, assistir um filme ou coisa do tipo? - Perguntei com a sobrancelha levantada.

 - Bom, eu tenho algumas coisas para organizar em casa mesmo. - Ela disse ponderando, colocando algumas coisas dentro da geladeira. - Talvez o Fábio e eu podemos jantar. - Um sorriso apareceu no canto da sua boca.

— Isso quer dizer que vai? - Ela fechou a geladeira e me olhou atentamente.

— Não é para se acostumar com isso, entendeu? - Assenti como se estivesse sendo ameaçada. Talvez  realmente estivesse sendo. - Eu só vou arrumar algumas coisas e vou ir, ok? - Assenti novamente, segurando um sorriso e saindo antes que ela mudasse de ideia.

 

Tomei banho e me arrumei para ficar em casa. Vesti uma roupa confortável - blusão com estampa de Clube das Winx e um short de malha, passei hidratante no corpo, um perfume não tão doce, penteei os cabelos e um glosss clarinho na boca, apenas para dar cor.

 

 - O que acha? Não tô muito elaborada, não é? - Perguntei ao Paçoca que estava deitado no tapete da sala. - Acha que prendo o cabelo?  - Parei na frente do espelho, prendi o cabelo, que hoje estava bem cacheado e vi como ficava. - Não, minha cabeça fica estranha. - Constatei soltando os cachos novamente e indo à cozinha.

 

Diana tinha ido embora, o que me deixou bem surpresa já que achei que ela não o faria. Mas em cima do balcão ela já tinha deixado as coisas preparadas: várias tigelas com os salgadinhos que tinha comprado, além de alguns sanduíches naturais.

 

 - A Diana não tem jeito mesmo. - Disse para mim mesma entre um sorriso, roubando um cookie com gotas de chocolate da tigela e comendo.

 

Arrumei as coisas na mesinha de centro da sala e tinham tantas vasilhas que tive que tirar as decorações de cima para que não precisasse deixar nada de fora. Como faltavam alguns minutos e eu já estava com tudo pronto, me sentei no sofá e fiquei mexendo no celular.

Depois de terminar de atualizar meu Instagram e Twitter, percebi que Caleb estava atrasado vinte minutos. Tudo bem, ele deve ter ficado preso no trabalho ou no trânsito, certo? Ele não iria me dar o bolo, não sem avisar previamente. Isso não era a cara dele.

Depois de quarenta minutos esperando e quase meia bacia dos salgadinhos vazia, decidi mandar uma mensagem para ele. Até para conferir se não tinha acontecido alguma coisa mais grave, tipo um acidente ou algo do tipo.

 

Merlia (20:30): Oi, ainda vai vir? 


Fiquei olhando para a tela do celular esperando a resposta, que só chegou vinte minutos depois.

 

Caleb (20:50): Não vai dar para ir hoje. 

Caleb (20:52): Sinto muito. 


Sério que ele estava me dando o bolo? Avisando em cima da hora daquele jeito? Olhei para aquele tanto de petiscos que eu tinha preparado. Bom, claro que a tigela com nachos tinha acabado, mas ainda tinha coisa para alimentar uma festa. Ou o Caleb, que não vinha.

Pelo que eu conhecia do Caleb, para que ele me desse o bolo tão em cima da hora e sem avisar, deveria ter acontecido um imprevisto bem sério. Mas que problema seria tão grande que não podia pegar o celular e me avisar?

Poxa, eu estava animada para aquela noite!

 

Peguei o celular e, decidida a mudar minha noite de catastrófica para uma oportunidade, liguei para o Castiel.

 

 - Oi neném, tudo bem? - Pelo som de fundo, notei que ele estava no trânsito. 

— Oi, tudo bem. Hm, já jantou? 

 - Ainda não. Acabei de sair de uma reunião no escritório e estava indo para casa. Por quê? Tá a fim de sair? - E mesmo sem ver, eu sabia que ele estava dando um sorriso. Um daqueles sorrisos. 

 - Na verdade, por que você não vem aqui para casa e assistirmos um filme? - Perguntei enquanto fazia carinho no Paçoca que havia deitado ao meu lado. 

 - Tá com saudades, é? - Perguntou brincalhão e eu me senti horrível, porque em nenhum momento eu senti falta dele. Na verdade, eu só estava o chamando porque Caleb tinha furado comigo. - Eu também estou. - Castiel disse quase como se fosse um segredo, me fazendo sentir pior ainda. - Chego em uns 10 minutos, ok?

— Ok. - Consegui responder. 

 

Desliguei o celular e como meu convidado tinha mudado, eu também teria que mudar a roupa. Tirei o camisetão e os shorts e coloquei um short jeans soltinho e um moletom com mangas canoa que deixava os ombros a mostra tie die (X).  Voltei à sala e enchi novamente a tigela de salgadinhos antes que Castiel chegasse e percebesse que eu tinha começado as coisas sem ele. 

Exatamente dez minutos depois, exatamente como ele tinha falado, alguém bateu na porta. 

 

 - Oi. - Eu disse o cumprimentando depois de abrir a porta. 

 

 Ele abriu um sorriso preguiçoso, me puxou pela cintura até para perto de si e pregou um beijo na minha boca. 

 

 - Agora sim, oi. - Mesmo um pouco surpresa, consegui dar um sorriso. 

 

Castiel estava usando, sem qualquer surpresa, um terno cinza com o paleto aberto, blusa social branca aberta até o peito e sem gravata. Ele estava com os cabelos impecavelmente arrumados, mas olhos azuis cansados, como se seu dia tivesse sugado todas as suas forças. 

 

 - Dia difícil? - Perguntei passando a mão pela sua bochecha de um jeito afetuoso. 

 - Você nem imagina o quanto. - Ele respondeu pegando a minha mão que estava no seu rosto e dando um pequeno beijo. - Uau, você preparou isso tudo para nós? - E aquela onda de vergonha me atingiu em cheio novamente. 

 

Eu não tinha arrumado nada daquilo para ele e, do jeito que ele estava maravilhado com a ideia falsa de que tinha sido, eu me sentia a própria bruxa de Blair. 

 

 - Eu amo esses salgadinhos! - Castiel se sentou no sofá e colocou a tigela no colo. - Quem te contou? Callie? - Perguntou enfiando um punhado na boca. - Não vai se sentar? - Perguntou apalpando o lugar do seu lado. 

— Que filme quer assistir? - Perguntei me sentando ao seu lado e pegando a tigela com pipoca de chocolate que tinha comprado porque sabia que Caleb gostava de doce. Eu ia comer tudo só de raiva. 

 - Hm, algum de romance? - Ele perguntou e eu fiz uma careta. - Não? - Constatou com uma gargalhada.

 - Que tal um de ação? - Ele levantou as sobrancelhas, surpreso. - Que foi?

— É que absolutamente nenhuma menina que eu já sai escolheu um filme de ação ao invés de um de romance água com açúcar. - Dei risada. 

 - Eu já te disse bebê, não sou como as outras garotas. - Dei de ombros.

 - Já sei, que tal aquele filme do cara que você disse que eu pareço? - Castiel perguntou enquanto lambia os dedos sujos de salgadinho de queijo. 

— Enrolados? Sério? - O olhei tentando ver se ele estava brincando ou não. 

 - Por que não? 

 - Porque é um desenho animado. Filme de criança. - Expliquei e ele deu de ombros. 

 - O que que tem? - Perguntou tirando o paleto e o jogando na poltrona.

 - Ok, eu amo esse filme! - Disse sorridente. - Mas vou logo avisando, eu sei todas as músicas e vou cantar todas! 

 - Isso é uma ameaça? - Perguntou dando uma risada descontraída.

 - Não, é um aviso! - Peguei o controle e encontrei o filme na Netflix. - Tem certeza? - Perguntei olhando para ele como se o desafiasse e mudar de ideia. 

 - Manda a ver! - Ele disse respondendo na mesma intensidade. 

 

Coloquei o filme para passar e assistimos em silêncio por alguns minutos, apenas comendo, até que a primeira música começou a passar e eu cantei junto. Castiel me olhou como se eu fosse de outro planeta e e estava morrendo de rir. 

 

 - Sua mãaaaaaaaaaaaae, sabe mais! - Cantei usando o controle como microfone.

 - Você não brincou quando disse que saia as músicas. - Castiel deu um sorriso e me puxou para perto dele. Me dando um selinho. 

 - Eu disse que era um dos meus filmes prediletos! - Respondi com um sorriso enquanto ele me olhava de um jeito estranho. - O que é? Minha boca tá suja? - Perguntei usando a mão para tirar qualquer migalha de cookie que sobrou. 

 - É que eu acho que estou me apaixonando por você. - E seus olhos se pregaram nos meus e eu fiquei imediatamente congelada. 

 

Esse era o plano. Que ele se apaixonasse por mim e me contasse seus segredos obscuros, por exemplo, que o pai dele estava financiando uma guerra ou coisa do tipo. Mas ouvi-lo dizer com todas as palavras que estava se apaixonando por mim? O que eu diria? Eu tinha que dizer alguma coisa, não tinha? Ainda mais que ele estava me olhando daquele jeito tão...

 

 - Eu também estou me apaixonando por você! - E o prêmio de maior mentirosa vai para Merlia Stolze. 

 

Castiel passou o braço pela minha cintura e eu deitei a cabeça no seu peito. 


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