Apresentação:

Beverly CRUSHER  é a Oficial Médica-Chefe da U.S.S.Enterprise-D. Nasceu na colônia Alveta III, onde se apaixonou pela medicina após observar sua avó improvisar um tratamento a base de ervas para salvar seu planeta de uma epidemia. Seu marido foi morto numa missão comandada por Picard e, apesar de não culpá-lo, tem emoções conflitantes a esse respeito, por se sentir atraída por ele. Possui personalidade alegre, forte e vibrante.

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“Diário de Bordo, Data Estelar 46083.7.”

“A Enterprise respondeu a um pedido de socorro da Gar’Lev, uma nave da Guarda Imperial Andoriana que foi atacada por uma ave de guerra Breen próximo ao sistema estrelar Alpha Borealis, nos limites do espaço da Aliança Ferengi. A espaçonave encontra-se bastante danificada, mas os sistemas de suporte de vida estão funcionando bem. Porém eles perderam o seu oficial médico no ataque e estão com alguns feridos graves. Assim, estou enviando nossa equipe médica para auxiliá-los no que for possível.

A equipe médica da Enterprise materializou-se na ponte da nave andoriana e era composta pela Dra. Beverly Crusher, pela Dra. Selar, a enfermeira-chefe Alyssa Ogawa e dois enfermeiros auxiliares.

Quando os andorianos (1) viram que uma das médicas era vulcana, olharam tensos para Tharaan, seu primeiro-oficial. Ele, por sua vez, sem tirar os olhos da Dra. Selar, dirigiu-se á Dra. Crusher.

— Não sabia que havia vulcanos em sua equipe – disse ele friamente.

A médica vulcana devolveu o olhar do oficial andoriano sem demonstrar qualquer reação.

Beverly Crusher, porém, olhou irritada para o comandante andoriano e em seguida para os outros tripulantes da ponte.

— Isso será um problema? (2) – perguntou ela, olhando novamente para Tharaan.

O oficial notou a entonação firme e um pouco impaciente da médica humana.

— Não – disse ele por fim – sejam bem vindos a bordo.

—  Muito bem – respondeu a Dra. Crusher, já acionando seu tricorder médico – como está a situação?

— Temos alguns tripulantes com ferimentos leves aqui na ponte. Os casos mais graves foram transferidos para uma das cabines, onde estão sob observação.

— Entendido – disse a médica – nós vamos examiná-los.

A equipe já havia começado a fazer os primeiros atendimentos. Beverly Chucher sinalizou para sua enfermeira-chefe.

— Alyssa, coordene os procedimentos aqui – ordenou – eu e a Dra. Selar vamos ver os outros pacientes.

Voltou-se novamente para Tharaan.

— Comandante, por favor, nos leve até onde eles estão.

O andoriano indicou silenciosamente uma das portas  que os levou até um corredor estreito que dava acesso aos alojamentos da tripulação. Assim que entraram na primeira cabine, a Dra. Crusher viu que as três camas do pequeno aposento estavam ocupadas pelos feridos. Notou também que uma oficial andoriana encontrava-se inclinada sobre um deles, conversando em voz baixa com o homem deitado. 

Beverly então se encaminhou para o leito mais próximo da porta e iniciou uma sondagem com o tricorder na mulher andoriana, que demonstrava estar sentindo muitas dores, apesar de tentar não demonstrar.

— Seu quadril está fraturado. – disse a médica humana, tentando transmitir tranqüilidade e empatia quando a andoriana a olhou, ansiosa – Será necessário fazermos uma pequena cirurgia não invasiva para reparar. Enquanto isso vou lhe dar um sedativo para aliviar a dor.

A mulher assentiu em silencio e voltou a fitar o teto da cabine, enquanto a Dra. Crusher aplicava o  medicamento com o hypospray diretamente no seu pescoço.

— Dra. Crusher, por favor – chamou a médica vulcana, que examinava o paciente no outro leito.

Ao se aproximar Beverly Crusher se viu diante de um andoriano muito jovem, que mal havia saído da adolescência. Ele estava muito pálido e quase inconsciente, respirando com dificuldade. Havia perdido uma das mãos e parte do antebraço.

— Ele está com o baço seriamente comprometido – informou Selar, enquanto sondava o abdômen dele com seu sensor médico  – e será necessário substituí-lo. A perda da mão também  causou uma forte hemorragia e por isso ele encontra-se perigosamente debilitado.

A Dra. Crusher olhou preocupada para o rapaz. Precisariam transferi-lo para a enfermaria da Enterprise para fazer as cirurgias. Mas sabia que no estado em que ele se encontrava quaisquer procedimentos seriam muito arriscados.

Neste momento ela ouviu uma voz às suas costas.

— Olá, pequenina.

Quando ela se virou, viu-se diante da mulher que estivera conversando com o terceiro paciente quando entrou na cabine. Era uma andoriana alta e bastante bonita e usava o uniforme da Guarda Imperial. Estava com as antenas eretas e tensas e parecia um pouco abatida. Mas apesar disso trazia a sombra de um sorriso nos lábios.

Beverly Crusher precisou de apenas dois segundos para reconhecê-la.

— Thylia... – murmurou a médica, surpresa.

Referências do Capítulo:

(1) Os Andorianos são uma das cinco raças fundadoras da Federação Unida dos Planetas. É a única espécie conhecida que apresenta características mamíferas e insetóides ao mesmo tempo. Sua pele é azul e eles possuem duas antenas, que são órgãos complementares da sua visão e audição. Sua população é formada por três etnias (Thallassan , Talish e os Bish'ee), que tem diferenças corporais sutis entre elas. Apesar da sua natureza violenta, também são conhecidos por serem extremamente disciplinados e por sua sensibilidade artística.

(2) Historicamente, os Andorianos se tornaram rivais dos Vulcanos depois que estes invadiram e anexaram o planeta andoriano Weytahn (renomeado Paan Mokar pelos vulcanos). Por isso durante o século XXII, as duas espécies viviam em conflito, tendo entrado em uma espécie de guerra fria. Finalmente, em 2161,  Andorianos e Vulcanos colocaram as suas diferenças de lado ao entrarem na formação da Federação Unida de Planetas. Mas as tensões entre as duas espécies nunca foram totalmente resolvidas.