— Percy – Reyna chamou seu nome com cautela, temendo se estava fazendo a coisa certa ou não. Seus dedos finos tremiam enquanto batia suavemente na porta do quarto no acampamento romano em que o garoto estava.

— Pode entrar – Pediu distraidamente. Reyna afastou a porta, entrando e fechando-a atrás de si. O garoto pensava, calculava e estudava os papéis e pergaminhos em sua pequena e bagunçada escrivaninha buscando uma forma de vencer aquela batalha contra Hades.

— Com licença – Já estava lá dentro, mas falou mesmo assim porque ele não tinha lhe dado atenção ainda.

— Fique à vontade – Apontou para a cama, indicando que ela se sentasse. Reyna pigarreou, vendo o garoto erguer seus olhos azuis como o oceano para sua direção finalmente – Sim?

— Percy, eu acho que precisamos conversar – Reyna finalmente sentou no colchão macio da cama que não havia sido feita aquela manhã, aliás, pelo estado do quarto, ela não devia ter sido arrumada desde que ele estava ali.

— Sobre o plano? – Seu rosto expressava confusão – Eu achei que já tínhamos conversado com Jason, Piper e o pessoal e estivesse tudo acertado.

— Não é sobre o plano, Percy – A garota levantou os olhos, sua íris castanha cheia de lágrimas – É sobre nós.

— Reyna... – O rapaz se levantou, preocupado com o motivo dela ter começado a chorar repentinamente e sentou ao lado dela, afastando uma pilha de roupas emboladas.

— Você sabe o que nós precisamos fazer – Falou encarando suas mãos sobre o colo. Sua capa roxa descia pelas suas costas.

— Eu não estou entendendo – Piscou algumas vezes, tentando compreender o que a garota falava.

— Nós temos que parar de nos ver. Você vai para uma batalha, Percy Jackson, não pode estar com a cabeça aqui no acampamento pensando em... Em coisas que não são sua luta.

— Mas eu não vou perder o foco – Consolou a garota – Não temos que terminar o que nós temos aqui.

Reyna viu que não conseguiria convencê-lo. Mas sabia que tinha razão: Percy era muito distraído e, se a visse no meio da batalha podia querer salvá-la ou ajuda-la com alguma coisa e iria acabar saindo do plano e aquilo era a última coisa que precisavam. Ela sabia que tinha que ir embora e não participar de nada, mas não tinha coragem de fazê-lo sem antes conversar com Percy.

Não podia fugir sem tentar se explicar a ele, não era justo. Por isso ela estava tentando, mesmo sabendo que as chances dele ouvir de fato e concordar era mínimas. Ainda assim, tinha ido até ali com a esperança de fazer o garoto entender.

— Percy – Suspirou. Pretendia falar tudo de novo, repetidas vezes, até que ele compreendesse a importância de estar completamente focado na missão, mas foi interrompida pelos lábios com gosto de sal do garoto.

— Reyna, não vai – Pediu passando uma mão na nuca da garota e a beijando com mais desejo. Reyna percebeu que não conseguiria conversar com o garoto, então continuou o beijo, afastando de sua mente tudo que não era Percy Jackson e seu corpo gostoso.

Afastou o plano, a missão, os deuses romanos e gregos e o mundo inteiro. Colocou todos eles para fora de sua cabeça e trancou a porta, jogando a chave debaixo do carpete e se concentrou apenas nos lábios habilidosos e em Percy puxando o corpo dela sobre o seu para deitar na cama bagunçada.

Reyna, com um empurrão, jogou os lençóis bagunçados no chão, dando espaço para que eles se arrumassem sobre o colchão, e desprendeu sua capa, subindo sobre o garoto e voltando a beijá-lo.

Percy segurou seu rosto e distribuiu beijos pelas bochechas e nariz, fazendo com que ela risse.

— Bobo – Deu um tapinha no peito dele, mordendo sua orelha e descendo os beijos pelo pescoço. Passou as mãos quentes por baixo da blusa que ele usava, retirando-a em seguida.

Sorrindo, Reyna beijou o garoto mais uma vez, rolando pela cama, seus corpos seminus e cheios de desejo.

***

Reyna abriu os olhos castanhos, um sentimento alegre permeava sua mente, lembranças da noite anterior, com Percy, fizeram com que um sorriso trespassasse seu rosto bonito. Virou para o lado, olhando o garoto dormindo e babando e riu consigo mesma. Quando ele acordasse lhe contaria que ele baba enquanto dorme.

E repentinamente, lembranças de antes dele a beijar inundaram sua felicidade, afogando a esperança do futuro. Ela tinha entrado ali com um objetivo e deveria sair de lá com ele realizado. Sentiu as lágrimas subindo, mas se proibiu de chorar.

Levantou suavemente, recolhendo suas roupas e as vestindo com pesar. Cada peça que colocava sobre o corpo significava que o fim estava cada vez mais próximo. As roupas pareciam correntes pesadas de uma prisão cruel. Respirou fundo, pois, pelo menos, sabia que estava fazendo a coisa certa.

Percy tinha que estar completamente focado na batalha, não podia estar pensando nela.

Buscou um papel e uma caneta no meio da zona que era a mesa dele e escreveu seus sentimentos, deixando o quarto em seguida, mas não sem antes olhar mais uma vez para seu amor. Mais uma e última vez.

***

“Percy Jackson,

Meu amor por você é infinito e é exatamente por isso que não podemos ficar juntos.

Você vai embarcar em uma missão longa e cruel, e travará batalhas excepcionais e mortais, das quais tenho certeza que se sairá muito bem, mas não posso deixar que pense em outras coisas que não em sua missão. E é por isso que nossa relação tem que estar acabada.

Tem que estar acabada porque não quero que pense em mim quando deveria estar pensando em maneiras de matar um monstro ou vencer um Deus. Você não quis me ouvir, mas eu dei um jeito, não é?

Eu te amo, Percy, e nunca vou deixar de amar.

Mas você é um herói e, enquanto sua vida for a batalha, não podemos nos arriscar.

Eu te amo até o infinito, Percy.

E me desculpe por ter que fazer isso.”