“É um bom lugar para um banho”. Só de lembrar a voz rouca de Cedrico sussurrando em seu ouvido mais cedo os pelos da nuca de Harry se arrepiavam. O que diabos tinha sido aquilo? Um convite? Um aviso? Uma ajuda? Pensou em chamar Hermione para que pudessem conversar sobre a fala, discutir o significado por trás, se é que realmente havia um, mas a garota estava ocupada na biblioteca estudando com o húngaro, Vitor Krum.

Sentado no quarto sozinho, Harry encarava seu ovo dourado imaginando o que aquela pista significava e se o que Cedrico disse tinha a ver com o torneio. Mais uma vez se indagou se tinha mesmo a ver com aquilo ou se Cedrico Diggory, o bonitão desejado por todas as garotas de Hogwarts e do mundo bruxo, estava dando em cima dele.

Com incredulidade, mas curiosidade, Harry apanhou seu ovo e foi para o banheiro dos monitores, querendo saber o que encontraria lá e se sua pista do torneio seria resolvida.

***

O banheiro dos monitores era muito mais bonito do que os banheiros dos alunos normais. Ele tinha um vitral colorido de uma sereia penteando os cabelos, o piso era mais limpo e tinha também uma banheira grande e aquecida. Entrando no local a primeira coisa que Harry percebeu foi a diferença para os banheiros normais e logo depois notou que tinha alguém lá dentro conversando com outra pessoa.

— Está esperando ainda? – Uma menina resmungou.

— Eu... Na verdade sim – Reconheceu como sendo a voz de Cedrico falando. Ficou nervoso, sem saber se deveria sair ou entrar mesmo assim. Não sabia que ele tinha chamado mais alguém e tampouco sabia o que sentia sobre aquilo.

Deu um passo à frente, entrando no banheiro e aparecendo para os dois para finalmente ver que a garota era apenas Murta-que-geme, não uma menina real e viva.

— Oi Murta – Harry cumprimentou com um aceno breve, suas mãos tremiam levemente. Cedrico quase pulou de susto de dentro da banheira e se virou para ele acenando.

— Harry – Sorriu sem graça por já estar despido dentro da água – Achei que não viria mais.

— Estou aqui – Deu de ombros – O que viemos fazer aqui?

Murta riu maliciosa e entrou lentamente em um cano, provavelmente voltando para seu banheiro e deixando os dois sozinhos. Cedrico dentro da banheira e Harry estaqueado no meio do local.

— Entre, Harry – Cedrico convidou – Não tenha medo, ninguém vai nos pegar aqui.

Com um meio sorriso, o garoto largou seu ovo dourado na borda da banheira e começou a se despir. O mais velho desviou o olhar, brincando com as bolhas de espuma que se balançavam pela água. Harry tirou a capa, deixando-a no chão e foi acumulando sobre ela as peças que usava naquele período crítico de frio em Hogwarts, mas não fazia mal porque lá dentro estava tudo quente. Ou talvez ele estivesse quente demais porquê... Bom, era Cedrico Diggory nu em uma banheira na qual ele estava prestes a entrar.

Vestindo nada além de seus óculos redondos, Harry Potter tocou o pé na água e, vendo o quão agradável e convidativa estava, entrou de uma vez só. Acomodou-se de frente para Cedrico e apanhou seu ovo dado pelo Torneio Tribruxo, apoiando-o no colo, tomado pela timidez.

— A água está boa, não é? – Cedrico tentou aliviar o clima.

— Muito boa – Sorriu sentindo as bochechas pegando fogo.

— Então, eu te chamei aqui pra te mostrar uma coisa – O coração de Harry deu um pulo dentro do peito – Eu descobri isso ontem.

O garoto levou as mãos para seu colo também, erguendo seu próprio ovo dourado para mostra-lo a Harry.

— Um professor me deu uma ideia de como abrir isso, então ontem eu enchi a pia do banheiro com água e afundei o rosto. Estava certo, eu só não consegui ouvir nada.

— Ouvir? – Ficou confuso esquecendo até de sua vergonha.

— Sim, mergulhe e abra o ovo.

Harry olhou para Cedrico como se o achasse maluco, mas obedeceu. Encheu os pulmões de ar e afundou o rosto na água quente, abrindo o ovo. Enquanto imergia, viu que o garoto o imitava.  Um arrepio correu por seu corpo, percebendo que nada o cobria e que a visão estava exposta para que o outro o olhasse.

Tentando ignorar isso, prestou atenção na voz melodiosa que emanava do ovo.

“Onde ouvir da nossa voz o tom
na superfície não há som
durante uma hora deve buscar
e o que quer vai encontrar”

Já quase sem ar, emergiu ofegante.

— Sereias? – Perguntou puxando o ar que não parecia suficiente. Cedrico, respirando forte também, estava muito mais perto dele do que estava quando afundaram suas cabeças.

— Isso. No lago, acho que será lá a próxima prova.

— Uau – Assimilou as informações enquanto o lufano se aproximava fazendo ondinhas dentro da banheira e derramando um pouco do liquido para fora.

— Harry – Seu rosto estava mais próximo do que deveria.

— Sim? – Encarou os olhos castanhos de frente.

— Não foi só por isso que eu te chamei aqui – Sorriu timidamente, a lateral de seu corpo colada com Harry.

— Oh – Foi a única coisa que Potter conseguiu dizer, percebendo que uma de suas teorias estava correta. Sim, Cedrico Diggory, o queridinho das garotas, tinha chamado ele para um banho e não apenas para ajudá-lo com o torneio. Uau.

— Isso te incomoda?

— Nem um pouco – Sussurrou aproximando seus lábios do mais velho com cautela.

— Bom – Falou com um sorriso, sua voz abafada pela boca de Harry que cobria a sua. Aproximou ainda mais o beijo, colando seus rostos molhados um no outro. Cedrico puxou o pescoço do garoto para perto de si, impedindo-o de se afastar e intensificando o toque dos lábios.

Com a mão livre, Cedrico alcançou o membro de Harry debaixo da água morna, tocando-o inicialmente com timidez que foi sendo substituída por prazer de ver o garoto murmurando seu nome sofregamente.

— Cedrico – Suspirou quando o lufano deixou seus lábios e passou a beijar seu pescoço pálido, variando entre lambidas e mordidas, sem parar os movimentos com a mão ágil.

— Está gostando? – Sua respiração passou fazendo cócegas na nuca de Harry, que sentiu seus pelos se eriçando.

— Sim – Acenou positivamente com a cabeça mordiscando o lábio de Cedrico, os olhos esbanjando luxúria. Ao ver que o mais velho sorria, Harry o empurrou contra a borda da banheira, derramando a água ensaboada para fora, e sentando em seu colo.

Cedrico puxou o corpo do outro ainda mais próximo do seu, até colar seus peitos e voltou a beijar sua boca de forma feroz e apaixonada. O mais velho agarrou as nádegas de Harry com as duas mãos, cessando o movimento que fazia antes e recebendo uma reclamação dele.

— Isso foi cruel – Reclamou mordendo o pescoço de Cedrico e usando a mão que não estava abraçada no garoto para unir seus sexos e estimulá-los juntos, arrancando um gemido surpreso do outro, que o segurou ainda mais perto, e tomou seus lábios mais uma vez, intensificando o beijo.

Repentinamente, uma interjeição de surpresa foi ouvida vindo da direção das cabines e Harry e Cedrico se separaram com um pulo, os corações saltando pela boca com o susto. Os encarando e fazendo exclamações surpresas estava Murta-que-geme, o rosto apoiado nas mãos entrelaçadas e sentada dentro de um vaso sanitário.

— Mu-murta - Harry sentia os dedos trêmulos com a adrenalina – O que está fazendo aqui?

— Curtindo o show, o que mais? – Riu com sua voz estridente – Safadinhos...

O olhar dos garotos se cruzou, fazendo com que rissem, um pouco de nervoso, um pouco por alivio de terem sido flagrados pela Murta e não por outro ser. Ainda nervosos e envergonhados, os dois apanharam seus ovos dourados de dentro da banheira com a água quase fria, vestiram-se apressadamente sob as vaias da fantasma e saíram do banheiro sem coragem de dizer uma palavra.

— Boa sorte no torneio – Cedrico desejou antes de se afastarem, já no corredor. Nenhum dos dois conseguiu comentar o acontecido ou se olhar no rosto mais uma vez.

— Pra você também – Deu alguns passos na direção contrária do garoto, mas então pensou melhor. Seu coração pulando mais uma vez de nervosismo – Ei – Cedrico se virou para ele, seu rosto ainda vermelho do calor da banheira – Quando o torneio acabar... Quer sair comigo?

Com um sorriso contido, o mais velho começou a se afastar andando de costas.

— Posso encontrar outro lugar para um banho – Sugeriu, recebendo um sorriso tímido de Harry.