A Cesta Perfeita escrita por PJOdasfic


Capítulo 3
Capítulo 3




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Piper realmente queria ajudar aquele garoto, mas tinha segundas intenções por trás disso. Com a intenção de ajudar Octavian, Piper poderia fazer diversas perguntas aos jogadores do time sem parecer suspeita. 

A última aula era educação física. Octavian não estava nessa aula, mas Dakota sim.

— Você joga no time oficial de basquete, não joga? – perguntou Piper enquanto os alunos corriam na pista.

— Jogo. Você viu o nosso último jogo no campeonato? 

— Ah, vi sim. Você acha que conseguiria treinar alguém do zero? 

— Como assim? Ser tipo um instrutor de basquete?

— Isso.

—Bem que eu queria, mas treino quase todos os dias por causa do campeonato. Eu poderia separar uns materiais, algumas estratégias que o time usou durante o campeonato. Mas por que a pergunta? Você quer treinar? Poderia falar com a Hazel.

— Não, não é para mim. Espere aí? A Hazel?

— Pois é. Quem diria que uma garota de um metro e meio seria a capitã do time de basquete. Se o treinamento não é para você, é para quem?

— Bem, é para o.... Octavian.

Dakota parou abruptamente. Piper estava correndo ao lado dele e esbarrou no garoto. Frank, que estava logo atrás dos dois, não conseguiu frear a tempo e caiu sobre eles.

— Vocês estão bem? – perguntou ele olhando para os dois.

— Vamos ficar melhor quando você sair de cima da gente. – falou Dakota.

— Ah, sim, claro, claro.

O garoto se levantou e ajudou Piper e Dakota a fazerem o mesmo.

— Por que vocês caíram? 

— Você não iria acreditar no absurdo que a novata falou! – exclamou Dakota arregalando os olhos – Ela quer que eu dê treino de basquete para o Octavian!

Frank ergueu as sobrancelhas e olhou para Piper.

— É sério isso? Olha, Piper, para o seu bem, é melhor você se afastar dele. O Octavian é meio... como eu posso dizer...

— Surtado! Louco, arrogante, maníaco! 

— Não, ele não é nada disso. – Piper recebeu olhares estranho de boa parte dos alunos que tinham parado para ouvir a conversa — Eu conversei com ele e ele me disse o porquê de agir assim. Ele age como um arrogante, às vezes até como um maníaco, mas ele não é assim de verdade. Ele quer mudar, quer ser alguém melhor, mas não vai conseguir fazer isso sozinho.

— Fico feliz que ele queira mudar, mas é que é difícil confiar no Octavian. – falou Frank.

Hazel se pôs ao lado do namorado e disse:

— Frank está certo; é arriscado confiar no Octavian, mas não seria de mal algum se nós fôssemos mais gentis com ele. Se ele apenas estiver nos enrolando, tudo bem, mas seria ruim se ele realmente quisesse mudar e nós o fizéssemos mudar de ideia, aí sim seria muito ruim.  

Os dois garotos assentiram. Frank deu a palavra dele de que ajudaria no que pudesse. Dakota disse que talvez ajudasse, mas não conseguiria ser simpático com ele tão cedo. 

O professor de educação física assoprou o apito com força e berrou:

— As comadres estão aqui para conversar ou para ganhar músculos? Quero ver todo mundo correndo agora!

Antes de começar a correr, Dakota disse para Piper:

— Podemos nos encontrar depois da aula na minha casa? Tenho algumas estratégias do time lá. Acho que vai ajudar o Octavian

— Claro, obrigada mesmo, Dakota. 

Nos últimos cinco minutos da aula, o professor os liberou para se limparem e trocarem de roupa. No vestiário, Piper demorou no banho. Estava calor e ela estava suada, e por isso seu corpo recebeu muito bem a água gelada do chuveiro. Desligou o registro e ficou ouvindo para ver se tinha mais alguém no vestiário. Nada. Enrolada na toalha, a garota saiu do box e tomou um susto ao ver que não estava sozinha.

— Desculpe, Reyna, eu pensei que o vestiário estava vazio. – falou Piper entrando de volta no box – Pode pegar minha roupa? Está aí em cima do banco.

— Não vou pegar sua roupa – falou Reyna secamente — Se quer se vestir, venha até aqui e pegue elas.

Piper sentiu seu rosto aquecer. Por que Reyna estava fazendo aquilo? Sem escolha, Piper saiu do box novamente, vestindo apenas uma toalha, e o frio do piso não parecendo mais tão bom quanto antes. Enquanto caminhou até suas roupas, que estavam seu o lado de Reyna, Piper evitou olhar para ela, mas conseguia sentir o olhar da garoto fixo em si. Piper entrou em uma das cabines e serviu-se rapidamente. Quando saiu dali, Reyna ainda estava sentada no banco, a postura perfeitamente ereta, os olhos frios fixos em Piper.

— Você quer alguma coisa? – perguntou ela tentando soar gentil.

— Por que acha que eu quero alguma coisa? Agora não posso mais ficar no vestiário só por querer? 

— Sim, Reyna, você pode ficar onde quiser e quando quiser. – Piper foi até o outro lado do vestiário e pegou sua mochila. Parou com a mão na porta de saída e deu tchau para Reyna, mas não conseguiu sair do vestiário; a porta estava trancada. Virou-se para Reyna e decidiu ficar encarando a garota com a mesma intensidade que ela a olhava. 

— Perdeu alguma coisa na minha cara? 

Percebendo que ficaria ali um bom tempo, Piper resolveu brincar com fogo.

— Talvez...

— Ah, é? – perguntou Reyna, erguendo uma sobrancelha. – E o que é? 

Piper deu de ombros, com um sorrisinho no rosto, e não disse nada.

— Esqueceu como é que se fala? – perguntou a presidente do grêmio. 

— Sim, esqueci, e só vou lembrar quando você me der a chave da porta.

Reyna ficou confusa.

— Chave da porta? Que chave, Piper?

— A que você pegou? – falou ela também confusa – A porta está trancada. 

As duas ficaram se encarando, confusas. Piper pensou que fora Reyna quem trancou  a porta, mas não foi ela, que estava tão confusa quanto Piper. Ela se levantou do banco e tentou abrir a porta, sem sucesso.

— Podemos ligar para alguém. – sugeriu Piper.

— Não podemos. Não tem área no vestiário e a internet da escola não tem alcance aqui. Que horas são?

— Seis e meia.

Reyna bufou e balançou a cabeça.

— O último funcionário vai embora às seis. É, hoje vamos morar no vestiário. 

Piper negou com a cabeça. Nem se fosse paga iria ficar ali pelo resto da noite. Estava com fome, com frio e tinha que ir se encontrar com Dakota. 

— Por que a gente não quebra a porta? Estourar a maçaneta, algo assim. 

— E manchar o meu histórico escolar? Não mesmo.

Piper deu de ombros.

— Eu não me importo com o meu histórico escolar, então...

— Você vai ter que pagar pela porta.

Os ombros de Piper murcharam. Mal tinha dinheiro para se sustentar, muito menos para ficar gastando com conserto de portas.

— Mas alguém nos trancou aqui. Isso não justifica a causa? – perguntou ela.

Reyna negou.

As duas se sentaram no banco e ficaram encarando o chão, sem muito o que fazer ou falar. Volta e meia, Piper mexia no celular para ver o horário. Era quinta-feira, e isso lembrou a garota de que o clube de teatro era às quintas. Empolgada, ela contou isso a Reyna.

— Hoje eles têm uma apresentação para fazer, não vai vir para cá. Posso te fazer uma pergunta? – Piper assentiu, pega de surpresa – Por que você tem tanto interesse no campeonato de basquete?

— E por que eu não teria? A nossa escola está na final, e além disso, eu gosto do esporte. Por que está perguntando isso?

— Você jogou bem na aula de educação física na terça-feira, e parece conhecer bastante sobre o esporte, mas tem alguma coisa que me diz que isso é só um disfarce. 

Piper não podia se deixar intimidar e correr o risco de estragar todo o plano. Odiava ficar agindo como uma patricinha movida a conquistar e discutir sobre garotos, mas alguns sacrifícios tinham que ser feitos.

— Um disfarce? Reyna, do que você está... Já sei! Ciúmes!

— Ciúmes? – perguntou ela confusa. Piper notou pela maneira como sua postura mudou que aquilo era verdade.

— Você gosta do Jason, não gosta? É por isso que está tão incomodada pelo meu interesse no basquete, no esporte “dele”. Não seria muito mais fácil você apenas dizer a ele que o quer?

— Você anda usando algum tipo de droga? A minha relação com o Jason é mais profissional do que pessoal. 

— Mas você quer algo a mais.

— Não, eu não quero. Parece que eu gosto dele apenas porque estamos sempre juntos, organizando reuniões, eventos, observando o comportamento dos alunos. É uma relação profissional.

— Se você está dizendo a verdade, por que suas mãos estão tremendo tanto? – perguntou Piper, intimando-a.

— Estou tremendo de raiva, Piper McLean, porque você é extremamente insuportável. Dane-se meu histórico escolar.

Reyna se levantou do banco e por um instante Piper pensou que seria agredida, mas então ela foi até a porta e, como se fizesse aquilo todo dia, deu um chute na porta, arrombando-a.

— Foi um desprazer passar esse tempo com você, Piper.

— Agradeço pela noite extremamente agradável, Reyna.

Assim que achou o primeiro sinal de telefone, Piper ligou para Dakota e contou o que tinha acontecido. O garoto ria do outro lado da linha, mas conseguiu dizer que iria buscá-la na escola. Dakota morava longe dali. 
Piper pensou que Reyna já tivesse ido embora, mas a garota a surpreendeu aparecendo no corredor. 

— Temos cinco minutos para sair da escola antes do alarme disparar – falou ela entediada — Se você ficar me importunado, eu vou sair correndo e ativar o alarme agora mesmo, entendeu?

Piper não pode conter a expressão sarcástica.

— Eu estou te importunado? 

Reyna a ignorou e andou a passos firmes para a saída da escola. Piper não tinha escolha senão segui-la. Quando Reyna fechou a porta, esta fez um clec, indicando que as travas de segurança tinham sido ativadas. Por dentro, Piper riu, mas de tristeza: a Half-Blood nem sequer tinha fechaduras em todas as portas. Afastando aquele pensamento, a garota se sentou no banco em frente à entrada da escola e pegou um livro de dentro da mochila. 

— Allan Poe? – perguntou Reyna referindo-se ao autor do livro — Você consegue ler isso sem passar mal?

Sem tirar os olhos do livro, ela respondeu:

— Estou passando mal agora por acaso?

Reyna se sentou ao lado dela, o mais longe possível, e disse, olhando fixamente para o outro lado da rua.

— Aquilo tudo lá no banheiro... Eu apenas não estou acostumada a ser...

— Confrontada? Desobedecida? 

— Isso. 

Piper ficou em silêncio, esperando que Reyna continuasse, mas o silêncio se estendeu de uma maneira desconfortável. Mudando de assunto, Reyna falou:

— Você drogou o Octavian com alguma coisa? Tivemos a última aula juntos, de História, e ele não interrompeu o professor em nenhum momento, não ofendeu nem menosprezou ninguém. Estão falando que foi você quem fez isso. 

— Não precisa de droga quando se sabe conversar. Octavian só precisava fazer isso, conversar, desabafar. Ele me contou algo que acho que você gostaria de saber, mas tem que prometer que isso não sai daqui.

— O que é? – perguntou Reyna, finalmente demonstrando curiosidade por algo.

— Ele gosta de você. 

Aquilo pegou Reyna de surpresa, mas a garota manteve-se impassível.

— Supomos que essa mudança dele dê certo, ele teria alguma chance com você? 

— Mesmo se ele mudar, as atitudes dele não serão apagadas facilmente. Talvez, em um futuro distante, eu até possa cogitar a ideia, mas agora, com certeza, não. 

Piper não sabia que Reyna e Octavian tinham desentendimentos pessoais, e mesmo estando curiosa à respeito disso, sabia que era melhor não perguntar nada. Mudaram de assunto, conversando a respeito do baile de encerramento que teriam dali três meses, no final do ano letivo. Piper estava empolgada com a ideia, mas dali a dois meses ela já estaria de volta à Nova Jersey, na sua escola simples e precária, que com certeza não teria um baile. Vai ter sim, pensou Piper, vai ter por que nós vamos ganhar esse campeonato. Pensando nisso, Piper perguntou a Reyna:

— Você é a capitã do time de handebol, não é?

— Sim, sou. Jason mencionou que você já treinou handebol, e por acaso, tem uma vaga sobrando. Tem interesse? –
Piper assentiu, entusiasmada. Se Reyna planejava as estratégias de basquete, também planejava as de handebol, e talvez houvesse alguma semelhanças entre elas.

— Tenho sim. Como faço para participar?

— Seletivo esse sábado, às oito da manhã, lá na quadra.

O interior da garota se entristeceu. Naquele sábado, não pretendia estar em Beverly Hills, mas sim em Nova Jersey, para rever seus amigos, e já iria começar a viagem na noite do dia seguinte. Mas ela precisava fazer o que desse para ajudar seus amigos a vencerem.

— Estarei lá. 


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