Em meio ao Caos escrita por Val Rodrigues


Capítulo 21
Capitulo Vinte e Um 


Notas iniciais do capítulo

Uau. Ha quanto tempo eu não venho aqui postar esta historia.
Se, ainda houver alguem ai, desculpe a longa. Fiquei sem computador e foi impossivel escrever aqui.

Capitulo pequeno, mas essencial para o meu retorno ao mundo da escrita.



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Alguns anos depois... 

  

Bella saboreava uma xicara de café fresca, enquanto uma chuva fina insistia em cair desde a tarde anterior, gotejando pela janela do cômodo que adaptara como seu escritório. O computador descansando ao seu lado, a relembrando do trabalho inacabado a espera. 

Talvez, fosse pela proximidade de uma certa data que sua mente e seu coração insistiam em guardar, mas sentia-se um pouco mais melancólica que o normal naquela manhã fria e silenciosa.  

Sete anos haviam se passado e não havia um dia sequer sem que pensasse nele. Porém, agora ela podia dizer que a dor da perda haviam se transformado em saudade. Olhando para trás, ela era capaz de perceber o quanto foi abençoada ao ter vivido os anos de sua juventude ao lado dele e não conseguia se arrepender de nada.  

Aquele período difícil de pandemia também havia passado e dele restava apenas as marcas que o tempo deixou. Restavam pessoas tentando recolher os pedaços e seguir em frente. Mas também, ainda havia aquelas que cresceram e amadureceram em meio a dor e a perda. 

Theodoro havia sido um deles. 

Bella suspirou, sentindo o coração inflar de orgulho do filho. Agora, aos 22 anos, cursava o quarto ano de Medicina e a cada dia que se passava, ela podia ver o jovem especial em que ele se transformara. Aproveitando a calmaria e mansidão do momento, deixou que seus pensamentos fluíssem livremente, chegando até o dia, em que ainda garoto, o flagrou teclando algo misteriosamente em seu computador. Com lagrimas nos olhos, pela primeira vez, ela o ouviu explicar sobre o Projeto "Inumeráveis- suas vidas, suas histórias", um projeto onde coletavam histórias das famílias que perderam pessoas para o Vírus e publicavam para que outras pessoas pudessem conhecer. E foi assim,  que ela soube que queria fazer parte disso. Ela queria de alguma maneira, mostrar a outros, que seus familiares e amigos não eram números, eram pessoas, como seu marido e que o mundo merecia conhecer. 

 

Com este objetivo em mente, decidiu começar o projeto como redatora, ouvindo e escrevendo depoimentos, sentindo a dor de outros, mas também compartilhando um pouco da sua, confortando e recebendo conforto de várias formas que ela não conseguia imaginar.  

  

Com um suspiro profundo, levou a mão ao bolso, sacando o celular e conectando os fones de ouvido. Apertando a tecla, deixou possivelmente pela milésima vez, que a voz dele ecoasse preenchendo seus ouvidos, sentindo cada célula do seu ser vibrar em emoção e saudade, e sua mente ser preenchida por mais memorias que guardava dentro de si.   

  

Tomada por a emoção, relembrou a forma como em uma mesma tarde chuvosa enquanto empacotava seus pertences, encontrou aquele presente: O celular dele, ha muito esquecido na gaveta com uma mensagem de voz para ela. 

 

Memoria On: 

Com a visão turva pelas lagrimas e os dedos vacilantes, ela tocou a tela, o som da voz dele, baixa, rouca, enchendo o ambiente.  

— Oi amor. Eu dei um susto em você hoje, não é? _ A respiração ofegante. _ Me desculpa, linda. Mas, eu acho que a coisa está feia no meu pulmão. Então, por via das dúvidas, quero deixar gravado aqui. Eu sei que em algum momento, você vai ouvir esta mensagem. 

Bella agoniou-se ao ouvir a voz sôfrega e sua respiração pesada, imaginando o quanto ele se esforçara para gravar. 

— Bella, você é, e sempre será o amor da minha vida. Eu me apaixonei por você desde a primeira vez, sabe disso. Mas, depois fui me apaixonando pela sua garra, pela sua força. Você foi minha fortaleza em diversos momentos. Eu me apaixonei pela mãe dedicada que você é, pela esposa incrível que ganhei. Ficar ao seu lado, me fazia querer ser melhor. 

Uma longa pausa, junto a respiração pesada e tosse. 

— Desculpa amor. Se você precisar ouvir isso, pode dizer aos nossos filhos que eu os amo muito por mim? E aos meus pais também, a minha família. Diga a eles que vai ficar tudo bem. 

Outra pausa e Bella podia imagina-lo se esforçando para continuar.  

— Eu prometi que teríamos uma festa de casamento de verdade, mas, pensando bem, acho que talvez não consiga cumprir minha promessa.  Me desculpe. Eu amo você até a eternidade. 

Bella chorou encarando a aliança dupla no dedo.  

Ela também o amaria até a eternidade. Afirmou a si mesma, tocando a foto dele com a ponta dos dedos. 

 


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