Para Antares escrita por Dreamy Impossible


Capítulo 4
Amane Yugi


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaa!
Feliz páscoa para todes ❤ espero que estejam respeitando o isolamento e comendo bastante chocolate! Ah, sempre levando as mãos em!

Hoje o capítulo será um tanto maior que os outros (tanto para compensar meu atraso, como também pro capítulo não ficar sem sentido).

Espero que gostem! Ah! Viram a capa nova? Linda né?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788359/chapter/4

— Wow, sensei! Sua intuição é realmente boa!

 

 Sorri admirada depois de ouvir o professor acertando seu destino. Ela apenas recebe um revirar de olhos enquanto o professor de afastava indo até uma estante no fim da Biblioteca. Ele abre uma gaveta e procura algo. Finalmente, ele retira algo parecido com um cordão e uma ampulheta. 

 Ele volta até a aluna e entrega o item. Era um cordão de pano trançado e amarrado em uma ampulheta pequena de areia laranja. 

 

— Use isso para controlar o tempo que ficará lá dentro. Essa ampulheta mede exatamente uma hora. Depois disso, você pode usá-la para criar uma porta de volta para esta biblioteca.

 

— Hm, mas não posso usá-la para ir até lá? 

 

— ...Não. O único lugar onde a ampulheta leva é para esta biblioteca aqui, é caminho único. Da outra vez, Hanako te buscou por causa do hakujoudai. Agora que está sozinha, essa é uma alternativa para voltar. 

 

— Ah, faz sentido. 

 

— Uma última coisa. Você pode demorar o tempo que quiser. Porém, sugiro que termine o que for fazer dentro desse tempo. Porque se conheço bem o Honroso Número Sete, uma hora é o tempo que ele vai levar pra te encontrar novamente e te trazer de volta. 

 

 A garota franziu a testa e depois suspirou. Bem, uma hora é tempo suficiente. Hanako não vai me impedir dessa vez! 

 

— Sensei, muito obrigada por tudo. Eu realmente não sei porque o senhor está me ajudando, mas agradeço muito!

 

 O professor encarou por uns instante o sorriso de Yashiro. Amane teve sorte de conhecer ótimas pessoas. Por fim, o bibliotecário sorriu de forma gentil e coçou a bochecha.

 

— Acho que já te disse, posso não ser humano, mas ainda sou seu professor. E ajudar meus estudantes é o que farei. 

 

 A menina prateada se despede e sai correndo para as Escadas Misaki. Tsuchimogori olha para cima ainda sorrindo e retira do bolso o bilhete amarelado e velho e volta a lê-lo. 

 

— Uh, quem diria que esse bilhete que encontrei há 50 anos se referia a Yashiro e ao Amane. 

 

 Ele riu sozinho daquela situação ao se lembrar do passado. Naquele ano, 1969, aconteceram três coisas marcantes.

 

 O homem foi para a lua.

 

 Ele encontrou uma menina de pernas de rabanete mexendo nos livros e deixando aquele bilhete em um livro de poemas.

 

 O seu riso parou e no seu olhar a tristeza ganhou um pouco de espaço ao lembrar-se a terceira coisa marcante daquele ano.

 

 A morte de Amane Yugi. 

 

[...]

 

— Droga, garota, você de novo!

 

 Pisando no quarto degrau da escada, Yashiro conseguiu ir até o limite de Yako e encontrá-la. A mulher não parecia muito contente em ver a menina humana mais uma vez na frente dela. 

 

 Yashiro não entendia bem aquela raposa, já que algumas vezes elas sentavam nos degraus da escada e conversavam e outras vezes ela simplesmente se irritava com a presença da menina peixe. 

 

— Yako-san, preciso da sua ajuda! Tsuchimogori-sensei me disse que seu limite pode me levar num lugar onde eu quero ir!

 

— Aquela Aranha Emo tinha que estar envolvida nisso. Vamos, some daqui, não estou com paciência com você hoje!

 

 Ela está naqueles dias mal-humorados. Mas Nene não se deu por vencido e bateu o pé incisiva. 

 

— Não! Yako-san, por favor! Preciso mesmo da sua ajuda! É pelo Hanako. 

 

 A mulher raposa estava com os braços cruzados e rosto bravo. Após ouvir o nome do Sétimo Mistério, ficou alguns minutos em silêncio. 

 

— Então peça ajuda dele, oras.

 

— Não dá… digo, ele não sabe o que estou tentando fazer. E nem deveria saber.

 

— Ah pronto, quer me encrencar com o Honroso Número Sete? Nem pensar!

 

 Yashiro se aproxima dela e segura em suas mãos. A atitude deixa a sobrenatural em choque por uns instantes e quando ela tenta se pronunciar, a humana interrompe.

 

— Então peço desculpas pela intromissão. Vou procurar sozinha! 

 

 Após dizer essas palavras Yashiro passa pela raposa e corre subindo as escadas que estava atrás de Yako. 

 

— ...Ei! O que pensa que está fazendo?!

 

Yako vai atrás de Yashiro. Não demorou muito para ela alcançar a garota e segura-la. Brava, ela grita.

 

— Acha mesmo que pode invadir o Limite dos outros dessa forma?!

 

 Ofegante, Yashiro demora um pouco para responder.

 

— Mas… eu preciso ajudar o Hanako… eu preciso muito… ele nunca me diz nada, essa é minha única opção. 

 

 Yako ouve a justificativa da garota atenta. Após pensar um pouco, ela suspira e solta a menina.

 

— ….Pra onde você quer ir?

 

Yashiro sorri ao ouvir aquelas palavras. Ela sabia que no fundo, Yako era alguém muito gentil.

 

— Para o Lugar Nenhum. 

 

[...]

 

— Hakujoudai de Yashiro está demorando… será que aconteceu alguma coisa?

 

 Dentro do banheiro feminino, Hanako observava a janela. Ela deve estar cansada e menos ativa, dava tempo dele vir me atualizar dos acontecimentos. Ele encosta a cabeça na parede e suspira. 

 

 — Acho que vou dar uma olhada. Ela deve estar… no clube de jardinagem? 

 

 Ele pensa em voz alta enquanto arruma o chapéu e se retira do banheiro para procurar a garota. 

 

[...]

 

— Finalmente cheguei!

 

 Yashiro encarava várias portas diferentes e espalhadas naquele espaço. É exatamente igual aquela outra vez. Ela caminha por entre as portas coloridas e vê alguns mokkes carregando coisas. Que dejavú. Ela continua caminhando e encontra uma porta familiar. 

 

— Essa porta… não foi a que Natsushiko-senpai abriu e foi capturado por aquele palhaço gigante? 

 

 Ela gela ao lembrar daquilo e tenta passar o mais longe possível daquela porta. Da última vez, eu ouvi um som familiar que me levou até a porta. Ela respira fundo e fica em silêncio. Ouve os passos dos mokkes, coisas sendo carregadas e… um sinal escolar? 

 

— Ah, o sinal de troca de aulas da tarde! 

 

 E corre até o som ouvido. Após alguns minutos, ela estava diante da Porta do Prédio Velho, exatamente como da outra vez.

 Ela abre a porta cuidadosamente e espia pela fresta. Era uma sala de aula. Após a confirmação, ela entra definitivamente. 

 

— Ah, não acredito que consegui!

 

Era uma tarde ensolarada. Ela se aproxima da janela e percebe como tudo era diferente. A antiga quadra que, naquele momento, ainda era nova. Alguns alunos jogando vôlei também podiam ser vistos. 

 

— Eles parecem estar se divertindo muito. 

 

 Após admirá-los mais alguns segundos, ela se volta para a sala de aula examinando-a. Assim que seus olhos pousam na lousa ela lê o nome do auxiliar do dia. Curiosamente havia dois nomes escritos, mas um deles estava com aviso entre parênteses. 

 

Ajudante do dia:

Yugi Amane (faltou)

 Minamoto Yuuki

 

 Era o antigo nome de Hanako. Mas aparentemente ele não havia aparecido. E então, nome daquele tal de Minamoto estava em destaque e era seu substituto. Esse Minamoto talvez seria algum parente próximo do Kou? Posso perguntar numa próxima oportunidade. Mas Hanako… digo, Amane parece ter faltado. 

 

 Ela suspirou frustrada. Eu não acredito que vim aqui à toa… Ela enfia a mão no bolso e retira o bilhete dado pelo Quinto Mistério. Apesar de sentir uma pequena tentação de espiar o que estava escrito, sentia pavor de ser amaldiçoada. E se eu me tornar um rabanete??? Jamais poderei encarar alguém novamente. 

 

 Ela ouve algumas vozes se aproximando da sala e se assusta. Preocupada, ela se esconde em baixo da mesa do professor. 

 

— Haha, eu acho ele super gatinho! Será que tem namorada? 

 

— Sawa-chan, sua pervertida! Tsuchigomori-sensei com certeza já tem namorada! 

 

 As vozes femininas passam pela mesa do professor dando risadas. Yashiro consegue ver seus sapatos caminhando até uma das mesas no meio da sala.

 

— Yugi-kun faltou de novo né? E ele era o ajudante! Aquele garoto é muito estranho!

 

— Nah, eu vi ele perto da biblioteca. Deve estar matando aula de novo. 

 

— Ele vive cheio de hematomas e não conversa com ninguém. Ele deve ser um delinquente. 

 

— Sério? Assustador! Ei, vamos, as meninas estão esperando no clube!

 

 Dito essas palavras, as garotas se retiram. A todo momento, Yashiro se segurava para não se intrometer. Hanako não é nenhum delinquente ou estranho! Ela infla as bochechas irritada com as palavras injustas. Lentamente, ela sai debaixo da mesa e limpa as roupas. 

 

 Biblioteca, é? Vou começar por lá. 

 

 E então Nene sai da sala. Ela observa o corredor com piso de madeira e várias outras salas. Era muito diferente da escola que ela conhecia. Enquanto caminhava, ela procura pelas paredes algum tipo de mapa do prédio. Não demora muito, para ela encontrá-lo perto da escada. 

 

Biblioteca

Segundo Andar, sala 13

 

 Ao julgar pela visão que tive da janela, eu estou no primeiro andar. É só subir essas escadas então. Com essa conclusão, ela se dirige para o próximo andar. Alguns alunos passam por ela e a ignoram. Outros passam e sussurram coisas como  "olha aquelas pernas!". Yashiro se incomodou, claro, mas tinha pressa para achar Amane. E com esse foco, chegou no segundo andar e pôs-se a buscar a biblioteca. 

 

— Ahh, aqui! Achei!

 

 Era uma porta avermelhada e com maçaneta antiga com uma legenda |Biblioteca| enorme escrita em cima. Ela gira a maçaneta e entra. 

 Ela era maior que a biblioteca atual e ainda muito bonita. Até mesmo Nene que não era muito de ler estava admirada. Após isso, seus olhos buscavam um certo rosto familiar. Ela caminha por entre as estantes, por entre os títulos dos livros. E ao fundo, enxerga uma porta. Ela caminha completamente atraída, e quando se deu conta, já estava abrindo a porta e entrando na sala escura. 

 Não dava pra ver muita coisa, então ela logo desanimou e começou a fechar a porta. E de repente, ela ouve som de coisas caindo. Ela reabre a porta de supetão e questiona.

 

— Ei, tem alguém aqui? 

 

 Ela busca por um interruptor na parede e assim que o encontra, aperta iluminando toda sala. A poeira estava se dissipando no ar, era uma sala pequena com algum livros empilhados, umas maquetes velhas e uma pequena mesa ao fundo. Mas o que realmente prendeu atenção de Nene foram o par de olhos âmbar que se encontraram com os seus. Olhos surpresos, um cabelo negro bagunçado e alguns curativos. 

 Eles se encaram por alguns segundos. Eu...eu achei você. Ela não estava preparada psicologicamente para encontrá-lo tão rápido, então se atrapalhou com as palavras. Mas antes de dizer algo, viu que uma pilha de livros havia caído perto dele.

 

— Ah, me desculpe por te assustar, não era minha intenção.

 

 Ela comenta e então se aproxima para arrumar os livros caídos. Enquanto empilhava-os para por em cima da mesa próxima, ela pensava em um tipo de abordagem. 

 

— ...Tudo bem. 

 

 A voz baixa e tímida fez Yashiro voltar a atenção ao garoto. Ele, por sua vez, estava com o rosto virado, evitando qualquer contato. Realmente… parece um garoto comum. Assim que Yashiro se levanta com a pilha, ela ouve o menino sussurrar um 'deixa que eu seguro' e pegar os livros empilhados de seu colo. Nesse instante, suas peles se tocam e ela sente o calor de suas mãos.

 

 Isso a choca profundamente. 

 

— ...Seus …olhos estão lacrimejando?

 

 Quando volta a si, Yashiro sente uma lágrima descer por sua bochecha. É mesmo, Hanako ainda estava vivo. É por isso que ele tem mãos quentes. Pensar nesse fato sempre mexia com a garota meio peixe. 

 

— Ah, deve ser a poeira. Obrigada, Hanako-kun!

 

 Assim que terminou de falar, se deu conta de seu erro. Ele não era Hanako, não ainda. 

 

— É a segunda vez que me chama assim. Mas sinto muito, meu nome é Amane Yugi.

 

 Ele sorri gentilmente enquanto dizia aquelas palavras. Ele se referia a primeira vez que ela o havia encontrado dentro daquela sala sozinho e machucado. Yashiro sente seu coração acelerar e seu rosto ficar quente. Ela ri sem graça e vira o rosto. 

 

— É mesmo? Acho que devo ter confundido. Não sou tão boa com nomes. Então… Yugi-kun, o que estava fazendo aqui? 

 

 Amane ouvia a dúvida enquanto colocava a pilha de livros em cima da mesa. Mas ficou em silêncio. Assim que teve os braços livres, ele deu um passo para o lado e foi em direção a porta. Notando que ele estava indo embora, Yashiro segura em seu pulso e o puxa. A ação fez um pouco de poeira subir. 

 

— Espera Yugi…

 

 Ao sentir o cheiro de poeira direto no rosto, ela espirra. E depois começa a tossir. Ah, droga, alergia agora não! Ela solta o pulso do garoto para cobrir a boca enquanto tossia. Droga de quartinho empoeirado.

 

— Ei, você ta bem? 

 

 Yugi pergunta se aproximando. Ela não consegue respondê-lo por estar tossindo e então sente mãos quentes segurando a seu pulso e a guiando para fora da sala. 

 

— Espere aqui, vou buscar um copo de água. 

 

 Ela ficou sentada em uma das cadeiras enquanto esperava Amane voltar com copo água. Assim que ele chegou e entregou o copo, puxou uma cadeira e a virou de costas para sentar. Após isso, apoiou o antebraço no apoio das costas da cadeira para apoiar sua própria cabeça. 



— Você é mesmo sensível a poeira, Daikon-san. 

 

 Enquanto ela bebia água, quase se engasgou ao ouvir o apelido ofensivo. Você é o mesmo desde sempre, não é mesmo, Hanako? 

 

— Hunf, para sua informação meu nome é Yashiro Nene. 

 

— Yashiro. É um sobrenome bonito. 

 

 Após ouvir o elogio, ela sente o rosto queimar. Quando ela olha para o garoto, percebe que ele também estava com o rosto corado, provavelmente por ter se dado conta do que falou. 

 

— V...você ainda não me contou o que estava fazendo lá dentro. 

 

O silêncio se instaurou por alguns segundos. Ela pensou que ele iria se levantar e ir embora, mas não o fez. 

 

— Estava… dormindo. E você, o que estava fazendo lá?

 

 A resposta não convenceu muito Yashiro, mas ela resolveu não assustá-lo insistindo. Preciso criar proximidade para entender o comportamento do Hanako e a carta! Vamos, Nene, você consegue. Ela se incentiva mentalmente antes de responder.

 

— Apenas fiquei curiosa para saber que porta era aquela. Eu não venho muito a biblioteca… mas como precisava resolver um problema, estava buscando um lugar calmo pra pensar.

 

 Ela deu uma abertura de conversa. Tinha esperanças de Amane morder a isca e perguntar qual problema era, dessa forma, ela poderia desenvolver um diálogo naturalmente.

 

— Uh, um problema… Bem, boa sorte com isso. 

 

 Não, não, não! Era pra você colaborar! Diz mentalmente ao ver que o plano tinha falhado. Mas ela não iria desistir. 

 

— Ah, Yugi-kun, eu precisava mesmo conversar com alguém sobre isso, sabe…

 

— Acredito que Tsuchimogori-sensei poderia te ajudar. 

 

— Não, ele não! Digo, ele é nosso professor… é constrangedor. Eu… posso falar com você, Yugi-kun?

 

 Ela perguntou segurando uma das mãos de Amane. Era seu golpe final. 

 O garoto tenta desviar o olhar enquanto seu rosto aquece e apenas acena concordando. Nene sorri vitoriosa e começa a falar com calma, como se escolhesse bem as palavras. 

 

— Eu… tenho uma pessoa muito próxima que recentemente começou a agir estranho comigo. Logo depois, eu recebi uma carta muito bonita e anônima… mas essa pessoa próxima depois chegou em mim e pediu pra eu entregar essa carta...e depois ele… a rasgou. E nós brigamos.

 

 Yugi ouvia tudo atentamente. Ele parecia pensativo. Por fim ele dá um sorriso sem graça e responde. 

 

— Me desculpa, Yashiro-san, eu… não falo muito com as pessoas e nunca tive muitos amigos. Então… acho que não vou conseguir te ajudar nesse tipo de coisa.

 

 A voz tinha um timbre triste e solitário. Ele estava sendo muito gentil em ficar e ouvir. Yashiro voltou a se sentir irritada ao lembrar das meninas falando mal dele na sala de aula. Apesar de ser mais tímido e mais quente que o normal, ele ainda era o Hanako. Ou seria no futuro. 

 

— Ah, não se preocupe com isso. Tinha algumas coisas na carta que me deixaram pensativa também. 

 

 Ela decide citar o conteúdo da carta. Já que ela faz parte do passado de Hanako, ele vai reagir a alguma coisa e eu vou descobrir o que estava incomodando-o!

 

— É um pouco constrangedor… mas era uma carta de declaração. Ela começava comentando sobre uma… uma estrela… e a carta me comparava a ela. Dizia que ela tinha um brilho que chegava na terra em 600 anos e que quando a gente olhava pra ela daqui da terra, era possível que a estrela real nem existisse. Isso… soa um pouco triste, não acha?

 

O garoto estava em total silêncio. Mas havia um brilho em seu olhar. Visivelmente interessado, ele fechou os olhos para pensar. 

 

— Estrela… 600 anos… muitas estrelas que vemos podem nem mais existir. Você lembra se foi citada alguma constelação ou ponto de referência?

 

— Uh…. Acho.. acho que constelação de Scorpius. 

 

— Ahhh! Sim! Ele deve ta se referindo a Super Vermelha, Antares! Woow, isso é muito específico. Ela é muito bonita e brilhante, é uma ótima estrela.

 

 Ele comentou visivelmente animado. Nene estava admirada. Não sabia que ele poderia ter um hobby que o instigasse tanto. Será que você ainda gosta dessas coisas, Hanako? 

 

— Sim, era esse nome mesmo! Como a reconheceu, Yugi-kun? Existem tantas estrelas…

 

— Eu amo as estrelas e tudo que há no céu. Apenas isso. 

 

 Ele disse esboçando um sorriso. Mas aparentemente naquele sorriso, havia um pouco de tristeza.

 

— ...Você tem algum sonho, Yugi-kun?

 

 A pergunta partiu do mais profundo lugar do coração de Yashiro. Ela sabia que não deveria mudar o foco da conversa. E também, já havia ouvido sobre isso na Biblioteca das 16 Horas, mas queria ouvir da boca dele. 

 

— Sonho? Bem… eu já quis ir para a lua. Mas...eu me decidi. Eu não irei a lugar algum. 

 

 Eu sei, Hanako. Yashiro sorri em resposta tentando esconder o quanto ouvir aquilo era triste. E eu sei que você realmente não foi a lugar algum. Mas mesmo assim… mesmo que inútil... quero te dizer algo sobre...

 

— Eu espero que mude de ideia um dia, Hanako-kun. 

 

— Você errou meu nome, de novo, Daikon-san. Esse é o nome do garoto que você brigou? 

 

 Eu disse de novo, meu deus, minha mente está cheia do Hanako. Ela tentou desviar o olhar e fez um biquinho como que não quisesse confirmar. Yugi riu da situação e mudou novamente o foco da conversa.

 

— Sabe, Yashiro-san. Observar super vermelhas é algo muito interessantes. Porque elas têm uma vida curta. É quase como...observar um fantasma. 

 

 A frase fez Yashiro quase ouvir as batidas de seu coração. Como...observar um fantasma…? Ela se recorda brevemente de uma parte da carta.

 

Antares é como algo que nunca poderemos alcançar. Seja pela distância, seja pela vida que pode nem existir mais.



  — Ei… Yugi-kun, você acha que a Antares é como algo que… nunca podemos alcançar?

 

— Uh, acho que podemos ver assim. Até porque, ela está muito distante e ela pode nem existir. Acho que… isso ilustra bem o meu sentimento pelas estrelas e o céu. Acho que nunca poderei alcançar nada que eu amo. 

 

 A última frase saiu como num sussurro para si mesmo. Mas Nene ouviu perfeitamente e sentiu o rosto queimar. Seu coração estava agitado, e em sua cabeça surgia uma teoria que ela não queria acreditar. 

  

  Ela levanta rapidamente da cadeira e aperta o vestido ficando de cabeça abaixada. Será… será que Hanako… não... não poderia ser ele...

 

— Amane. 

 

 Yashiro o chama pelo primeiro nome e captura totalmente sua atenção. Em seguida, ela se aproxima e coloca as mãos em seus ombros, ficando o com rosto próximo. 

 

— Diga-me, Amane-kun, quem saberia tanto sobre astronomia? Quem seria capaz de saber que uma Antares que pertence a constelação de Scorpius está a 600 anos da terra, quem saberia que ela é uma super vermelha? Quem? Qualquer pessoa?!

 

A sequência de perguntas e a proximidade dos rostos paralisa Amane. Ele encarava aqueles olhos vermelhos e intensos encarando-o, sedentos por uma resposta. Ele sentiu seu coração se agitar, mas conseguiu responder da forma mais sincera que conseguiu. 

 

— Acho… que apenas eu saberia dessas coisas. São específicas demais e é chato achar livros sobre coisas assim. 

 

 Yashiro aperta os ombros de Amane após ouvir a resposta. Hanako… Hanako quem me mandou aquela carta. O passado, apenas ele saberia dessas informações. Eu já procurei na biblioteca, não havia nada sobre! Apenas na internet. O passado dele era Antares, era o sentimento de nunca alcançar, era a época que ele ainda estava vivo para sonhar com astronomia!

 

— Você está bem, Yashiro-san?

 

 Ela desperta ao ouvir essas palavras. Amane já não estava sentado, mas sim em pé diante dela. Seus rostos estavam próximos. Trechos da carta vinham em sua memória.

 

Eu te amo, Yashiro. Sempre quis te alcançar.

 

 Olhando para Amane ali tão perto, Yashiro sentiu seu peito queimar. E cogitou em se aproximar. 

 

Hanako… você pode me alcançar.

 

 Ela aproxima o rosto um pouco mais e seus ouvidos só ouviam as batidas do seu coração. 

 

Ele não é o Hanako.

 

 Essa constatação a faz parar e se afastar. O que eu to fazendo?! Ela vira de costas para esconder o rosto e tenta se acalmar. Respira fundo várias vezes. Nesse meio tempo, ela olha para a ampulheta pendurada em seu pescoço a areia estava quase no final. E...eu quase beijei o Han… digo, o Amane-kun!

 Ela vira novamente para Yugi que a observava em silêncio. Ele faz menção de perguntar algo, mas desiste e ambos continuam em silêncio. Após se acalmar, ela agradece. 

 

— Obrigada, Yugi-kun. Você me ajudou muito. 

 

— Por nada, eu acho. 

 

 Ela se lembra do bilhete em seu bolso. 

 

 — Ah, uma última coisa! Pode ajudar a achar um livro? 

 

 Após a pergunta e a confirmação de Amane, ambos começando a procurar. Era a segunda edição de um livro de poesia, não era? Após uns minutos, Amane encontra. 

 

— "Os melhores modelos para Carta de amor"... aqui, Yashiro. 

 

 Ela se aproxima e pega o livro. Ele parecia novo, tinha a cor viva. Um tanto diferente do livro velho que tinha visto com o Quinto mistério. 

 

— Yugi, finalmente te encontrei.

 

 Era a voz de Tsuchimogori. A versão mais jovem do professor surgiu. Nene só teve tempo de ouvir Amane sussurrar uma despedida e sair correndo para fugir do professor. Atônica, ela mal conseguiu dizer algo e observou o garoto partindo. 

 

— Maldição, garoto! Ei, e você ai? Quem é você? 

 

 Yashiro ficou nervosa. Rapidamente, pegou o bilhete que estava no bolso e enfiou dentro do livro de qualquer jeito e o guardou

 

— É… bem… preciso… ir ao banheiro! Tchau Sensei!

 

 Ela corre e passa pelo professor também fugindo. 

 Cansado, o professor apenas suspirou irritado. Que alunos mais complicados eu tenho. Se bem que… eu não me lembro daquela garota. 

 Então, ele se aproxima do livro que a menina havia pegado e o retira da estante para arrumá-lo melhor. Enquanto ele manipulava o livro, um bilhete cai entre suas páginas. Ele pega o papel, abre e lê. 

 

"A menina de pernas de rabanete que encontrou hoje vai precisar da sua ajuda daqui 50 anos. Por favor, esteja preparado para esse dia. 

Pelo bem de um querido aluno seu.

Assinado: seu futuro eu. "

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por chegar até aqui! Espero que tenha gostado e o tamanho do capítulo não tenha deixado muito maçante!
Comente se sentir vontade e te vejo no próximo capítulo!
Obrigada pela atenção ❤



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Antares" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.