Sabotagem escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788290/chapter/1

Bellatrix a odiava desde que podia se lembrar.

Andrômeda não sabia em que momento que a relação delas chegou a esse ponto. Isso foi antes de entrar em Hogwarts, antes de se negar a participar da iniciação da Slytherin, antes de começar a andar com mestiços e nascidos trouxas de outras casas.

Ela nunca foi como Sirius, mas a sua discrição não era o suficiente para Bellatrix, que sempre a provocava, sempre tentava forçá-la a tomar decisões que não queria, como dizer como os trouxas eram desprezíveis, ou usar aquela palavra desrespeitosa contra os nascidos trouxas.

Seus pais percebiam tudo isso durante os jantares, mas não abriam a boca para interferir, parecendo aos poucos perceber o que a filha mais velha queria lhes mostrar. Que Andrômeda não servia para ser da família, que ela era omissa e política demais quando se tratava das suas próprias opiniões, mas ainda assim elas estavam lá. Ela não defendia aquela estirpe, mas não falava como deveria falar.

Mas nada disso importaria se Bellatrix não tivesse uma implicância tão grande com ela.

Na realidade, elas nunca foram irmãs unidas e próximas. Andrômeda nasceu para roubar o posto de filha única de Bellatrix, tornando-se a caçula, roubando toda a atenção até o nascimento de Narcisa. Apesar da filha do meio ter sido uma criança calma que não desatava a chorar e Narcisa fosse a birrenta, isso não parecia importar para a mais velha das três.

Andrômeda se via como invisível. Bellatrix era toda uma Black, praticamente idolatrada por tia Walburga, tinha sangue frio e personalidade. Isso parecia horrorizar sua mãe, já que uma boa esposa não deveria ser tão temperamental e desobediente, mas ela era o xodó de seu pai. Cygnus já tinha se acostumado a ideia de não ter filhos e acreditava que Bellatrix seria a sua sucessora perfeita, apesar da sociedade ser patriarcal.
Já Narcisa depois de uma certa idade aprendeu a manipular os outros, percebendo que suas birras só a prejudicavam. Ela tinha todos os traços de uma Rosier. Era a paixão de sua mãe, a futura esposa perfeita. Bela, elegante, educada. Ela acabava por ser mais próxima de Bella do que dela, diferente de quando eram crianças e eram ambas igualmente insuportáveis do ponto de vista da morena.

Talvez fosse esse o ponto. Andrômeda era uma mulher inteligente, o que fazia as pessoas ficarem um pé atrás. Afinal, que marido aceitaria uma esposa mais inteligente do que ele? Porém, era vista como "submissa", por não divulgar suas opiniões aos outros, o que poderia ser uma bênção, mas também um risco. As pessoas não pareciam saber o que esperar dela, Bellatrix se sentia ameaçada.

E era por isso que ela precisava ser deserdada.

E a forma que ela encontrou para isso foi um lufano chamado Ted Tonks que claramente tinha uma queda por Andrômeda. Ela só não contava que o sangue ruim tinha caráter o suficiente para não concordar com o seu plano e ela não podia obrigá-lo com um Imperius dentro das paredes de Hogwarts.

Andrômeda só soube alguns meses depois.

— Eu gosto de você, mas não podemos fazer isso — foi o que Ted disse.

Eles estudavam poções e herbologia juntos. Andrômeda tinha dificuldades com poções e Ted tinha com herbologia, o que era bem irônico, então eles se ajudavam. Foi ideia da professora Sprout.

É claro que inevitavelmente a idiota tinha que se apaixonar pelo nascido trouxa. E é claro que o professor Slughorn tinha que incluir a Amortentia no cronograma de aulas, e portanto ela teria que aprender a prepará-la.

A sua confissão foi tão repentina. Ela tinha sido óbvia? Geralmente se considerava excelente em esconder suas emoções.

— Eu não entendi — ela respondeu.

— Eu gosto de você — ele repetiu —, mas não posso...

— É por causa da minha família?

Eles já tinham tido algumas conversas, então ele sabia várias coisas sobre como ela teve que crescer. Não tudo.

— É Bellatrix — Ted disse — Ela me procurou há alguns meses.

— Te ameaçou? — perguntou Andrômeda.

— Na verdade, ela queria que eu a ajudasse a te passar a perna. Seus pais te deserdariam se te vissem com um nascido trouxa.

Aquilo fazia bastante sentido.

— E como seria isso? — ela perguntou, já acostumada com esse tipo de coisa.

— Ela me pagaria e eu... — ele não completou.

— Deixe-me adivinhar, você me "desvirginaria".

Ted não respondeu, olhando fixamente para o caldeirão de poções entre eles.

— Aceita — disse Andrômeda.

— O quê? — ele exclamou, franzindo o cenho.

— Pensa comigo: ela acha que vai prejudicar a minha vida, mas não vai. Ela vai te pagar, nós pegamos esse dinheiro e não precisamos nos preocupar quando nos formarmos.

— Eu não vou fazer isso!

O seu senso de justiça era comovente.
— Bellatrix não vai parar — ela disse — E sabe-se lá o que ela está planejando. Se aceitar, isso tudo termina agora.

— Isso não é certo — Ted retrucou — Além do mais, ela queria provas.

Ela revirou os olhos.

— É claro que ela queria provas! Você acha que ela confia na palavra dos outros assim?

Ele demonstrou uma mistura de estupefação com cabulosidade. Pegou a sua mochila e levantou-se da cadeira.

— A poção já está pronta.

— Edward!

Ele ignorou o seu chamado, saindo apressado da sala.

Ela desligou o fogão, frustrada.

Estava cansada dos joguinhos de Bella. Estava cansada de viver sob aquela farsa e toda a pressão de ser uma Black. Queria acabar com tudo aquilo.

É claro que Ted Tonks seria nobre demais para tentar afastar-se dela quando Bellatrix fez a proposta. Aquilo realmente explicava tudo. Talvez aquele era o plano, no final das contas? Teria que ser muito estúpida para pensar que só por ser um nascido trouxa seria um desesperado por dinheiro sem princípios.

Sua irmã agia como se tudo se resolvesse com um saco de galeões.

Pensou por um momento qual seria uma prova suficiente para Bella. Talvez se ela se cortasse e molhasse o lençol com seu sangue... Não seria o tipo de coisa que ela poderia exibir para a família. Não, aquele não era o plano dela. Ela queria fotos. Cartas.

Fotos em que estivessem juntos.

Cartas trocadas entre eles.

O seu hímen rompido seria apenas a cereja de bolo. Certamente Druella faria um exame para saber até onde sua transgressão havia ido e como remediar isso, como remendar para que estivesse pronta para casar-se o mais rápido possível com um sangue puro.

Se dependesse de Bellatrix, ou ela convenceria seus pais a casarem-na com o ser mais desprezível da face da Terra, ou ela não permitiria que eles considerassem deixá-la impune.

Ela seria tirada da árvore genealógica dos Black.

Toujours Pour.

— Eu tenho um plano — ela tentou chamar a sua atenção durante a aula de herbologia.

— Eu não quero ouvir — ele disse, concentrando-se na bubotúbera.

— Você é um lufano. Você deveria ajudar as pessoas!

Ele lançou um olhar indignado em sua direção.

— Ajudar? Isso é um suicídio social! — ele sussurrou.

— Não, isso é um exílio voluntário. Você não sabe as coisas que eu passo na minha casa. Você não tem ideia de como a aristocracia pode ser.

Ted negou com a cabeça, sem prestar atenção nela. Parecia desesperado para calar a boca dela.

— Edward, você acha que um lençol ensanguentado ia convencer alguém? Seja racional — ela disse — Eu mesma poderia cortar o meu braço e manchá-lo se fosse tão fácil assim!

Ele chiou para ela calar-se, olhando na direção da professora, que estava ocupada auxiliando outros alunos.

— Tudo bem, se você não quer me ajudar, eu resolvo sozinha — Andrômeda resmungou.

— O que você vai fazer? — ele demonstrou preocupação.

Não o respondeu.

Assim que a sineta de final de aula tocou, ela saiu apressada da aula. Ted foi atrás dela, alarmado depois do que ela disse.

— Andrômeda!

Um plano se formou rapidamente em sua mente e ela parou de caminhar.

Um garoto do primeiro ano a esteve seguindo nos últimos meses. Agora ela podia imaginar o porquê.

— Não cometa nenhuma...

O corredor próximo ao Salão Principal estava lotado pelo horário.

Ela jogou a sua mochila no chão e puxou-o pelas vestes para beijá-lo.

Ele ficou dois dias sem falar com ela depois daquilo.

— Vou fazer isso sem você — ela quase explodiu o caldeirão.

— Acho que a parte de me beijar na frente dos sonserinos não foi unilateral — Ted retrucou, ainda irritado.

— Eu vou usar esse dinheiro para pagar a minha hospedagem no Caldeirão Furado durante as férias — ela continuou falando, ignorando-o — Vou roubar os livros dela no último dia de aula, ou no Expresso mesmo para não precisar preocupar-me com isso no próximo semestre.

— Você não tem para onde ir. Deveria esperar.

Esse era o plano até descobrir sobre a sabotagem de Bellatrix.

— Quanto mais eu espero, mais perto estou de assinar a minha sentença — ela deu mais uma volta no sentido anti horário na poção.

— Venha para casa comigo.

Ela parou o que estava fazendo.

— Nós não temos nada porque "não podemos" — usou suas palavras contra ele.

— Tem uma vingança envolvida nisso?

Sim.

Ver Bellatrix com cara de otária quando descobrisse.

— Um pouco — confessou —, mas não é essa a motivação.

— Você precisa do quê?

— Ela pagou um garoto para me seguir e tirar fotos. Se estivermos juntos, ele verá.

Ted resmungou, lembrando-se do beijo no corredor.

— E cartas — completou Andrômeda — Sei como a mente dela funciona.

Ele suspirou, passando a mão pelo rosto, como se estivesse cansado.

— Não quer esperar para o próximo ano? Será o nosso último — sugeriu.

— Eu não acho que posso passar mais dois meses naquela casa — ela disse — E seria estupidez sair de mãos vazias. Eu não tenho para onde ir.

Ted virou-se para ela.

— Você sabe que isso não é verdade.

Ela jogou uma pedra de bezoar dentro do caldeirão.

— Você sabe que não podemos ficar juntos — ela repetiu suas palavras, sentindo um gosto de vingança.

— Até quando vai jogar isso na minha cara?

— Até você deixar de ser um idiota.

Você realmente se acha a mais esperta, não é, Bella? Realmente acreditou que conseguiu tudo o que queria. Acontece que pessoas como você nunca conseguem o que querem porque sentem prazer em estragar a vida das outras pessoas. Só que adivinhe, você não estragou a minha. Muito pelo contrário, você me deu coragem para pensar em um plano para fugir de casa. Mas é claro que você queria que eu saísse destruída, arruinada.

Deixe-me atualizá-la: eu tenho um namorado e ele é nascido trouxa. Isso pode parecer decadência para você, mas para mim é uma felicidade que eu nunca senti antes e que você nunca sentirá porque é incapaz de tal sentimento. Logo, eu não estou desamparada. Você falhou.

E sim, o meu namorado no caso recebeu dinheiro de você para aquela sua sabotagem ridícula digna de uma garota de 5 anos de idade. Eu o instruí, eu preparei todas as provas para você. Nós recebemos o seu dinheiro e de quebra você ainda facilitou a minha saída definitiva da família.

Como pode ver, a sua vingança foi um fracasso. E agora você sabe disso porque fui eu quem te contei.

Acho que você sabe muito bem quem escreveu esta carta.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sabotagem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.