Corações Perdidos escrita por Choi


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Capitulo novinho e bem rápido né? Amei o comentário de vocês e fico feliz que estejam gostando ♥

Boa leitura!



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Na manhã seguinte, encontrei com minha equipe no saguão do hotel. James e Riley enfrentavam uma ressaca horrível, e disseram não terem muitas lembranças da noite anterior. Riley se desculpou com todos nós por sua conduta; realmente, se embebedar na frente de seus superiores em seu primeiro evento não passava uma imagem muito boa.

James não ligou muito e apenas bufou quando Victoria fez uma piada sobre seu estado. Victoria e Marcus, os únicos que se lembravam do pequeno show que Marie havia dado sobre meu colo, não comentaram nada. Eu não sei se por não ligarem, ou por não quererem se meter na minha vida.

Tomamos café todos juntos e seguimos para o lugar da primeira palestra. Victoria abriria o evento, ela estava calma e muito confiante. A desejamos sorte e ela subiu no palco, mas ela não precisava de sorte.

Victoria falava muito bem, e explicou seu trabalho de uma forte que não deixava duvidas. Comentou sobre a estrutura do hospital em que trabalhávamos, e elogiou Aro Volturi e sua direção, e me elogiou também, dizendo que eu era um líder exemplar, e que tinha orgulho de fazer parte da minha equipe.

Ao final de sua palestra, duas horas depois, Victoria recebeu uma salva de palmas, e ainda gastou alguns minutos respondendo perguntas.

Houve uma pequena pausa e pudemos interagir com outras pessoas. Alguns estudantes curiosos vieram até mim, sedentos por informações do meu trabalho. Reparei em uma garota branca de longos cabelos, ela estava bem vestida e anotava minhas respostas em um tablet de ultima geração. Automaticamente, meus pensamentos voaram para Marie, e me perguntei se mesmo sendo tão cedo, ela estaria na boate.

— Dr. Cullen? – Um dos garotos chamou minha atenção e afastei Marie de minha cabeça, concentrando-me em meu trabalho.

 O restante do dia foi cansativo. Assistimos diversas palestras, e além de eu dar a minha própria, fui chamado ao palco algumas vezes para tirar duvidas sobre a minha área da medicina. Eu entendia o fascínio dos jovens, afinal eu mesmo já fui daquela forma, sedento por conhecimento.

A equipe inteira estava exausta quando o evento se deu por encerrado por aquela noite. Me chamaram para jantarmos junto, mas eu recusei, queria um tempo sozinho.

Eles seguiram para o restaurante do hotel, enquanto eu preferi explorar a cidade. Não tinha muitos dias para estar ali, e gostava do ambiente, apesar de ser completamente diferente do lugar em que moro.

Resolvi entrar em um pequeno restaurante de esquina, possuía uma decoração simples, mas que chamava atenção pela originalidade. Me aproximei do balcão, e olhei o cardápio. A garçonete sorriu simpática para mim e se aproximou.

— Boa noite, o que vai querer?

— Um hambúrguer e uma coca gelada, por favor – Pedi, deixando o cardápio sobre o balcão novamente.

— Escolha uma mesa, eu já levo para o senhor.

Assenti e me virei, procurando uma mesa desocupada, o que não era difícil, já que o restaurante estava relativamente vazio. Foi quando eu a vi. Sentada com as pernas sobre a cadeira, um blusão maior que seu corpo e sandálias de salto. Maria tinha os cabelos presos em um coque mal feito, e comia um hambúrguer como se sua vida dependesse disso.

Olhei para os lados, e depois de uma eternidade, me aproximei, sentando-me em sua frente. Ela demorou para me notar, e quando o fez, me recebeu com uma careta.

— Boa noite, Marie – Sorri para ela, estendendo um guardanapo quando ela engoliu.

— Você está me perseguindo? – Perguntou, limpando os cantos da boca que estava sujo de ketchup.

Eu ri de sua teoria, negando com a cabeça.

— Apenas não quis jantar no hotel – Respondi dando de ombros.

— Você não poderia apenas ter me ignorado? – Perguntou com uma expressão estranha, como se eu fosse um cara louco a perseguindo.

— Acho que seria falta de educação não cumprimenta-la.

— Eu não me importo, não te julgaria por isso – Deu de ombros, mastigando algumas batatas fritas que só agora notara em seu prato.

Antes que eu pudesse responder, a garçonete se aproximou com meu pedido e após uma olhada em nós, tornou a se afastar.

Marie olhou para o hambúrguer em meu prato e riu. A encarei com uma sobrancelha erguida, sem entender sua reação.

— Você não parece o tipo de pessoa que come esse tipo de comida – Ela esclareceu.

— Não como, mas o restaurante pareceu um lugar bom.

— Lanchonete, você quer dizer? – Marie ergueu uma sobrancelha, da mesma forma como eu havia feito antes.

A ignorei, e comecei a comer. Não era a comida mais ruim do mundo, mas com certeza não entraria no meu top dez. Eu gostava de jantar durante a noite, mas não estava disposto a enfrentar os olhares dos meus colegas de trabalho, e também não queria correr o risco de receber outro convite de James.

Meu celular vibrou no bolso e eu o peguei. Era Esme.

— Querido! – Ela suspirou longamente quando atendi, depois de quatro toques – Como está?

— Bem, as palestras acabaram quase agora, estou jantando – Respondi, roubando uma batata do prato de Marie. Ela bateu em minha mão, e me olhou feio.

— Está se alimentando direito, certo? Espero que a comida do hotel seja boa. Quando você voltar, farei aquela macarronada que você ama.

Eu pigarrei, desconfortável. A batata deixara um gosto estranho na boca, ela estava dura e fria.

— Como está Edward? – Mudei de assunto.

— Muito bem, acho que ele esqueceu de te dizer, a vida dele está uma correria, mas ele foi aceito naquela empresa que tanto queria.

— Eu não tinha duvidas, Edward é muito esforçado e qualquer um veria isso – Olhei para Marie em minha frente e ela me encarava levemente interessada na conversa. Quando percebeu meu olhar, desviou o seu, encarando um ponto sobre a mesa.

— Com certeza, nossos garotos são meus orgulhos – Notei quando Esme engoliu em seco, e sabia que ela estava prestes a chorar. Eu não queria lidar com isso agora.

— Eu tenho que desligar, mande um abraço para todos – Eu disse.

— Tudo bem. Fique bem, e me dê noticias.

Desligamos sem mais delongas. Deixei o celular sobre a mesa e suspirei, encarando a tela preta.

— Sua esposa? – Marie perguntou, e por um momento eu até havia me esquecido da presença da garota.

— Sim – Respondi, voltando a comer meu hambúrguer.

— Quem é Edward? – Me perguntou, se debruçando levemente sobre a mesa.

— Meu filho do meio. Ele acabou de se formar em direito e foi aceito em uma ótima empresa do ramo – Respondi com orgulho.

— Humm... garoto prodígio – Ela riu irônica – Você tem quantos filhos, afinal?

— Quatro. Emmett é o mais velho e é formado em engenharia mecânica, ele tem vinte e sete anos. Edward tem vinte e quatro. Alice está estudando moda e tem dezenove anos.

Não comentei sobre Bree, e em pensar nela, meu coração se apertou. Notei o olhar atento de Marie sobe mim, ela havia percebido que a conta não estava correta, mas aparentemente não quis saber mais.

Eu gostava do jeito de Marie, ela parecia ser um espirito livre, mas ao contrario do que eu pensara antes, que sua inocência era apenas uma atuação, Maria tinha um lado atencioso.

— Meu nome não é Marie – Ela disse de repente.

Limpei minha boca com um guardanapo e bebi minha coca cola. O lanche havia acabado, e a gordura em meus dedos me incomodavam.

— Eu sei – Sorri para ela – Qual é o seu nome?

— Isabella.

Notei suas bochechas levemente coradas.

Isabella. Um nome muito bonito que combinava com ela.

— E por que você escolheu Marie para essa vida? – Perguntei, curioso.

Ela deu de ombros, ajeitando as pernas sobre a cadeira. A cadeira não era muito grande, mas Marie... Isabella é pequena e compacta, e cabe facilmente em qualquer espaço.

— Meu nome é Isabella Marie – Respondeu – Ninguém me chama de Isabella, porque... bom, não é como se houvesse muitas pessoas na minha vida – Ela riu, mas o sorriso não chegou em seus olhos.

— Isabella é um nome muito grande para alguém tão pequena – Eu sorri, tentando soar gentil. Ela me olhou com uma expressão incrédula – Que tal Bella? Acho que combina com você.

— Bella? Eu sou o que, um cachorro?

E diferente do que eu pensei, Bella caiu na risada, me contagiando. Ficamos os dois rindo como idiotas, chamando atenção das pessoas que nos olhavam estranhos.

— OK, eu deixarei que você me chame de Bella, mas você paga a conta já que atrapalhou meu jantar pacifico.

A olhei incrédulo. Eu não havia atrapalhado nada, e eu sabia que da mesma forma que eu apreciava sua presença, Bella também gostava de mim.

Fui até o balcão e paguei nossos lanches. Quando saí, senti o vento frio da noite de New Orleans, e notei Bella no canto, envolta da escuridão, um espaço que a luz do restaurante não chegava.

Não precisei me aproximar muito para notar o cheiro de cigarro e fiz uma careta. Bella estava encostada na parede e fumava, o casaco agarrado em seu corpo. Ela claramente estava com frio, claro, suas pernas estavam todas de fora e o casaco era a única coisa entre ela e o frio.

— Eu não sabia que você fuma – Eu disse, colocando as mãos nos bolsos. Bella me encarou, e deixou a fumaça sair por sua boca.

— Você não sabe muitas coisas sobre mim – Respondeu seca – Eu vou para casa.

Começou a andar, mas antes que ela fosse muito longe, agarrei seu braço, a puxando de volta.

— Eu te darei uma carona, meu carro está logo ali – Eu respondi, antes que ela pudesse me chutar ou algo assim. Seu olhar raivoso me disse que ela não gostou de ser tocada. A soltei rapidamente.

— Eu tenho cara de quem aceita carona de qualquer um? – Perguntou. Abandonou o cigarro e após pisar sobre ele, o apagando, cruzou os braços e me encarou.

— Acho que eu não sou qualquer um, você me disse o seu nome verdadeiro e eu contei sobre a minha família – Eu disse, torcendo que meu argumento fosse suficiente.

Eu só conseguia pensar no quão perigoso era Bella andar pelas ruas por sei lá quanto tempo vestida daquela forma. Pequena do jeito que é, não se defenderia tão facilmente, por mais arisca que ela fosse.

— Você tem uma percepção estranha sobre se conhecer, doutor – Ela riu levemente, e eu a acompanhei.

Bella era uma companhia exótica, com certeza. Um minuto ela estava brava como um gato de rua, e em outro ela se deixava levar e era uma garota doce.

— Tudo bem, irei aceitar sua carona.

Ela deu de ombros.

Sorri vitorioso e a guiei até meu carro estacionado do outro lado da rua. Ela pareceu surpresa quando percebeu que era um carro de luxo, mas não disse nada e entrou, se aconchegando ao banco confortável do carona.

— Onde você mora? – Perguntei assim que entrei e liguei o veículo.

— Oh, isso será interessante! – Ela sorriu como se contasse algum segredo e me guiou pelas ruas.

A musica e as luzes começaram a ficar para trás e entramos em um bairro praticamente deserto, possuía casas pequenas e inacabadas, com cercas quebradas e e jardins malcuidados. Ela riu quando percebeu meu desconforto, e me mandou parar em frente a uma pequena casa branca – deveria ser branca, mas o tempo havia lhe dado uma estranha cor encardida, com manchas na madeira. Ela desceu do carro e eu a acompanhei.

Bella empurrou o portão, e eu me preocupei ao saber que não havia tranca alguma nele. Ela subiu os quatro degraus que rangeram ao recebe-la. Se abaixou e pegou a chave debaixo do tapete, abrindo a porta.

— Você deixa sua chave aí? – Perguntei indignado.

— Caralho! – Bella me encarou de olhos arregalados e com a mão no coração – Você já deveria ter ido embora. Eu concordei com a carona, mas não vou te oferecer porra nenhuma.

Ignorei seus palavrões e entrei na casa atrás dela. Bella ligou o interruptor, mas nada aconteceu. Tentou novamente, mas a casa continuou no escuro. Ela xingou baixinho, e ignorando o escuro, caminhou para algum lugar. Voltou com uma vela acesa e a colocou sobre uma mesinha.

Por dentro, a casa era tão decadente quanto por fora. As paredes estavam mofadas e o papel de parede antigo se descascava em vários pontos. A sala possuía um pequeno sofá de couro rasgado nas laterais, uma mesinha de centro e na outra extremidade, um colchão de casal. Este, pelo menos, parecia estar em boas condições.

Mesmo no escuro, reparei na porta que Bella havia entrado, e imaginei que fosse a cozinha, mas do outro lado também havia uma porta. Seria o quarto? Mas porque o colchão estava na sala?

— Por que o colchão está aqui e não no quarto?

Bella me olhou feio, provavelmente incomodada com minha intromissão.

— O quarto está cheio de goteiras. Já avisei para o filho da puta do proprietário, mas ele está pouco se fodendo – Deu de ombros, se jogando sobre o colchão – Você vai ficar aí? Está na hora de voltar para seu hotel, doutor.

Assenti, ainda observando os detalhes. Aquela casa precisava de vários ajustes para ser morável.

— Estou indo – Respondi quando vi seu olhar irritado sobre mim – Uma coisa antes... por que deixa a chave debaixo do tapete? Isso é muito perigoso.

— Quem iria roubar a casa de uma prostituta? – Perguntou irônica. Ignorei o termo que ela usou para se referir a si mesma, mesmo que me incomodasse. Ela suspirou e se ajeitou no colchão, tirando as sandálias – Eu não a levo comigo porque tenho medo de perder, então deixo ela aqui.

— Ok. Bom, estou indo... tenha um bom descanso.

Limpei minhas mãos na calça, sem saber direito como agir. Bella me encarou como se me expulsasse, e eu finalmente deixei a casa, seguindo para o meu carro.

Que noite mais louca! Parecia que com Bella, nada era normal.


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Notas finais do capítulo

Eu amooooo os diálogos entre esses dois ♥ a forma como eles interagem, e se respeitam.
Só eu amo a Bella? Ela é tão doce e ao mesmo tempo tão arisca.
Estou apaixonada nessa história e espero não ser a única.

Nos vemos nos comentários!