Equinócio escrita por Isa Devaylli


Capítulo 17
Meias verdades ou completas mentiras


Notas iniciais do capítulo

Ei, oi, adivinhem quem votou?
Peço mi desculpas pelo sumiço. Mas enfim estou de vota, espero que gostem do cap.
Tem muita informação, mas acho que vocês vão conseguir pegar tudo.
PS: espero vocês nas notas finais. Boa leitura!
PSS: desculpe pelos erros de ortografia.



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O final de semana chegou rápido, num tic– tac incessante e agourento, indicando que a partida estava mais próxima, mas me repito o processo que venho fazendo ao longo da semana, me levanto e tento viver um dia de cada vez. Mas começar o dia hoje já foi difícil, eu queria que esse dia não tivesse acontecendo, queria na verdade que esses dois meses não tivessem acontecendo, tudo isso, parece que estou vivendo mil anos e não dois meses essa loucura. Mas esse dia em especifico está sendo bem difícil. 

Flash back on 

Encaro Edward e Bella sentados no banco do motorista e carona do volvo, e suas mãos dadas sobre a perna de Bella. Sinto o peso do clima no ar, Edward tentando reconforta-la, pela notícia que teremos que dar a Charlie a alguns minutos. Não será fácil. 

Edward me olha pelo retrovisor e sorri, um sorriso reconfortante, tentando me manter segura, em pé para o momento que viria, mas por mais que estejamos preparados para aquilo, por mais que tenhamos ensaiado, vivido e revivido nas visões da Alice aquela conversa, ou a dois meses cientes do que estava por vir, nunca estaremos prontos para nos despedirmos de quem amamos. 

Ao parar em frente à casa de Charlie, Bella parece apavorada, Charlie além de mim, era o único vinculo sanguíneo que ela mantinha. Renne desistiu de um encontro a muito tempo, e conversa com Bella apenas por telefone, mas Charlie não, ele mantem um segredo que ele nem sabe qual é, para nos manter por perto, será difícil para ele. E está sendo para nós também.  

Saímos do carro parecendo que estamos prestes a entrar em um enterro, o silêncio é ensurdecedor, e quase surreal, mas casava com a situação. Estavam sendo semanas difíceis. Atravessamos a rua e antes de batermos na porta Charlie a abre, sorrindo de lado para nós, e eu sorrio vendo a cena, a gravando na minha cabeça para nunca esquecer aqueles detalhes. Não era como se não fossemos ver Charlie nunca mais, eu tinha certeza que o veríamos, que ele iria nos ver caso pedíssemos, era nós que não voltaríamos mais.  

Forks deixou de ser uma opção quando partimos para Volterra, e era desesperador pensar desta forma, não podíamos voltar, não tínhamos um prazo de validade até todos morrerem ou envelhecerem, o caso era, ou Jake em Forks, ou eu, e tínhamos a eternidade pela frente. Abraço Charlie e beijo seu rosto.  

—Oi vô. - cumprimento entre o abraço. Ele retribui.  

—Oi Nessie, isso tudo é saudades? Nem parece que me viu ontem. - fala irônico. Me separo e sorrio revirando os olhos e passo para o lado de dentro, logo ele abraça Bella e aperta a mão de Edward.  

—Oi Bells, que cara de enterro. - comenta com uma sobrancelha erguida.  

—Oi pai. Onde está Su? - Bella pergunta, fugindo do que ele falou e Charlie nega.  

—Foi a reserva se encontrar com Leah. - Bella concorda após a explicação. E um silêncio paira sobre nós, Charlie suspira – Vamos direto ao assunto? - pergunta se sentando na mesa da cozinha.  

Puxo uma cadeira e me sento ao seu lado e Bella no outro lado, Edward se mantem em pé, atrás de Bella, segurando seus ombros. Não tinha uma maneira melhor de falar aquilo, então depois de mais um minuto de silêncio, com Charlie esperando uma resposta, para aquele teatro que montamos, eu falo.  

—Nós vamos embora vô. - ele parece processar por alguns segundos o que eu tinha dito, e nega piscando os olhos.  

—Vocês o que? - pergunta de cenho franzido, suspiro e olho para Bella. Charlie também faz o mesmo.  

—Pai vamos embora de Forks. - repete olhando para Charlie, ele olha dela para mim, de mim para Edward e depois para ela de novo.  

—Como assim Bella? Porque?  

—Pai, não podemos ficar mais, as pessoas estão desconfiando, ficamos tempo demais, não dá para viver de maquiagem e nos escondendo o tempo todo, vai começar a ficar perigoso. - ela fala roboticamente tudo o que ensaiamos, e de alguma forma era verdade, estava ficando perigoso, tínhamos deixado de viver em Forks a muito tempo, vínhamos apenas para ver Charlie, mas ainda sim era perigoso.  

—Não Bella, não posso perder você de novo, e agora tem a Nessie. - me olha e sorrio de lado segurando a sua mão.  

—Você pode nos visitar vô, sempre que quiser. - o reconforto e ele suspira.  

—Sabe que não é a mesma coisa. - diz me olhando e eu concordo.  

—Eu sei, mas estamos fazendo pelo bem de todos. - Bella concorda com o que eu digo.  

—E você sabia, que uma hora isso iria acontecer. - ele bufa.  

—Sim Bella, não imaginei que fosse tão cedo. - ela sorri e eu também.  

—Pai se passaram sete anos, ficamos mais tempo do que deveríamos ate. - ela afirma e Charlie se cala, olha para a janela da cozinha lá fora, posso jurar que ele está tentando ser forte, assim como nós, aperto suas mãos entre as minhas.  

—Vô, está sendo difícil para nós também. - digo e ele me olha concordando.  

—Então fique pelo menos você querida, podemos inventar que você é uma prima da Bella de terceiro grau, ou qualquer coisa, as pessoas vão acreditar, ninguém te conhece mesmo, eu matriculo você aqui na escola de Forks e seus pais podem vir quando quiser, ou você pode ir sempre que quiser. Só não abandone esse velho aqui. - ele finaliza me encarando, engulo o bolo na minha garganta com dificuldade e pisco algumas vezes, espantando as lagrimas que insistem em alcançar meus olhos.  

Respiro fundo, e imagino tudo o que ele disse, seria fácil viver os anos que Charlie ainda tem com ele, Jake e a matilha, eu teria a eternidade com a minha família mesmo, logo eu poderia partir e encontra-los. Começar uma vida de verdade em Forks, sem me esconder ou nada do tipo, seria incrível, se o motivo disso tudo não fosse justamente eu, saio de meus devaneios com Edward que intervém, quebrando meu silêncio. 

—Nessie se matriculou em uma escola no Alaska, aquela de piano que ela sempre fala, vamos todos para lá. - inventa qualquer coisa. Observo Charlie tirar os olhos dele e pousar em mim.  

—É isso mesmo o que quer? - pergunta me encarando profundamente. Quero gritar que não, que quero ficar em Forks, mas engulo o novo bolo que se formou na minha garganta e sorrio acariciando suas mãos.  

—Sim, me desculpa vô. - digo e peço, ele suspira e concorda, depois olha para Bella e faz a pergunta que temíamos.  

—Quando? - Bella faz a boca em uma linha.  

—Logo após que partir para a lua de mel, vamos nos despedir no seu casamento. - Charlie se levanta bruscamente e anda de um lado para o outro.  

—Mas isso é daqui duas semanas Bella, você não pode fazer isso. - observo Charlie passar a mão no cabelo de forma nervosa.  

—Pai não tem outro jeito. Precisamos ir nesta data. - vejo minha mãe afirmar e ele bufa.  

—Parece até que estão fugindo de alguém. - reprimo a vontade de rir de nervoso, olho Edward ainda parado, como uma estátua de gelo e ele nega imperceptivelmente.  

Ficamos em silêncio por alguns segundos que pareceram horas, ouvindo apenas tic-tac do relógio da sala, como uma anunciação, por fim Charlie suspira, no encara novamente e se senta.  

—Não tem nada que eu diga que vá te fazer vocês mudarem de planos, ou atrasa-los, não é?! -e ele mais afirma do que pergunta e Bella nega sorrindo de lado.  

—Odeio a sua teimosia. - Edward ri pelo nariz quando Charlie conclui.  

—Te amo pai. - Bella se levanta o puxando para um abraço e eu me levanto me juntando a eles. Seus braços nos envolve e eu fecho os olhos absorvendo aquele momento.  

Quando nos separamos ele parece mais calmo.  

—Quero passagem para se não todos, quase todos os finais de semana, quero que me liguem todos os dias depois das 18 horas, e fotos todos os dias para não assustar quando te ver novamente. - ele fala me apontando.  

—Sério? Mas eu parei de crescer a quase três meses vô. - dá de ombros com a minha afirmação.  

—Quero fotos da mesma forma. - sorrio e beijo seu rosto.  

—Sim senhor, chefe Swan. - bato continência ao dizer e ele sorri negando.  

—Já estou com saudades. - fala nós olhando e Bella nega.  

—Desde quando ficou tão sentimental? - ela pergunta e ele dá de ombros.  

—Quando fiquei velho, passei a ter o direto de ficar sentimental e rabugento. - rimos de sua fala, ele suspira e aponta para mim – E Jacob? Ele vai com vocês? - a pergunta toca na minha ferida. Meus olhos se enchem de lagrima e ele encara Bella.  

—Outra coisa que precisamos te pedir pai. Ninguém pode saber da nossa partida, nem Sue. - Charlie nos encara por alguns segundos.  

—Agora estou começando a ficar realmente preocupado, porque ninguém pode saber? - pergunta curioso. Bella suspira e dá de ombros.  

—Lembra que você disse que não queria saber de muita coisa, somente o necessário? Essa parte está dentro do que não é necessário. Apenas precisamos guardar segredo até partirmos. Por favor. - ele nos encara e suspira.  

—Espero que não esteja mentindo para mim garota. - aponta para ela sério – E espero que sejam felizes para onde vão. Para onde vão mesmo? - ele franze o cenho ao perguntar.  

E Edward que estava até agora calado entra na conversa, tentando amenizar o clima. 

Flash back off 

Encaro o céu e fecho os olhos suspirando, uma brisa leve, varre meu cabelo o levando até meu rosto e junto com ele o cheiro de canfora invade o local, parece ofensivo seu cheiro tomar o lugar, onde o perfume inconfundível de Jacob permanece, mas estava se tornando habitual o cheiro dele ficar nos lugares e Jacob estava ficando doido com isso no processo. Me sento devagar e não me dou ao trabalho de procurar Alec, ele estava no meu pé como uma sobra nesses últimos dias, como se a qualquer momento eu fosse explodir ou algo do tipo.  

—Nem sei porque se dá o trabalho de esconder. Já sei que está aí. - falo de forma mecânica. E ele surge como um vulto na árvore no meu canto esquerdo, não me viro, ele sempre fingia que eu não existia mesmo – Acho engraçado, você sempre me ignora tanto e vive me seguindo. - o encaro dessa vez, e para a minha surpresa ele está me olhando – Para uma pessoa que não gosta de mim, você vive no meu pé. - ele desvia os olhos e não esboça nenhuma reação.  

—Apenas preciso mantê-la viva, para...  

—Para minha sentença eu sei. - falo o interrompendo. Ele leva os olhos até mim novamente, franze o cenho e eu o encaro, suspiro esperando mais alguma resposta que não vem, e levanto suspirando - Já te pedi para não ficar em Forks até irmos embora. - caminho para fora da clareira ainda o encarando, ele acompanha meu olhar.  

—E eu achei que estivesse sido claro, ao falar que não sigo suas ordens. - fala cortando o espaço entre nós, e parando a centímetros de mim, por um segundo suas íris vermelhas me encaram e eu fraquejo as pernas pelo susto da aproximação repentina. Alec parece confuso agora me segurando para que eu fique de pé, e ele me encara com uma mão na minha testa, sua temperatura mais gelada que a da minha família, aliviando minha pequena vertigem e o outro braço enrolado na minha cintura.  

Quando meu dou conta da nossa aproximação ruborizo, os olhos de Alec vão até minhas bochechas agora com a cor mais intensificada e o vermelho de seus olhos mudam para uma cor mais fria, como sangue seco, quase escuros, ele move a mão da minha testa e passa os dedos pela minha bochecha deixando um rastro de gelo por onde passa, prendo a respiração e parece que ficamos congelados neste momento por um milênio, mas na verdade não passaram de trinta segundos. Então ele parece recobrar a sanidade, pisca duas vezes e me solta, quase me derrubando no chão e some em um piscar de olhos.  

Fico chocada demais no lugar para demonstrar qualquer tipo de reação ou histeria, quero gritar, por um segundo eu tive medo, mas no fundo eu sabia que ele não iria me machucar. E como eu sabia daquilo? Era Alec Volturi agarrado a mim, a centímetros da minha jugular. Fito a arvore na borda da clareira e caminho até ela mecanicamente saindo do lugar e vou assim até em casa, Jacob viria para o nosso primeiro encontro como namorados, namorados, a menção da palavra consegue me deixar feliz e triste ao mesmo tempo, parece um sonho e um grande pesadelo.  

Balanço a cabeça de um lado para o outro e suspiro, um dia de cada vez, lembro a mim mesma e continuo a caminhada até em casa, eu precisava tirar muito bem esse cheiro de Alec de mim, Jacob não poderia sequer cogitar a possibilidade de Alec perto de mim, acho que caso isso acontecesse ele surtaria. Chego em casa e meus pais estão saindo pela porta, tio Jass tinha voltado com toda a papelada da nossa documentação e Esme, Rose e Emm vieram apenas por dois dias para não levantar suspeitas por não estarem por aqui e logo voltaram para terminar a reforma da nossa nova casa, novo lar.  

Edward vem até mim com o cenho franzido e Bella em seu enlaço.  

—Você precisa ficar longe de Alec. - ele pede rondando minha cabeça. “Como se seu já não tivesse pedido a ele isso”, rebato em pensamentos e ele nega – Preciso conversar com ele. - ele pisca devagar e eu suspiro “porque ele agiu daquela maneira?” pergunto novamente em pensamentos, com o que tinha acabado de acontecer rondando a minha cabeça. Ele faz a boca em uma linha.  

—Da para falarem alto? E me explicarem o que está acontecendo? - Bella que até então estava em silêncio, tentando acompanhar nossa conversa, nos interrompe. Edward suspira e olha para ele.  

—Mostre sua mãe. - pede e eu suspiro tocando o braço dela, mostrando o que tinha acontecido agora a pouco na clareira, ela parece tentar assim como a mim assimilar o que aconteceu, mas logo coloca sua melhor expressão de bronca no rosto.  

—Nunca mais chegue perto assim dele, ele poderia ter te matado Nessie. - ela xinga e eu nego.  

—Ele não vai me matar, me quer viva para castigar a mim e a Jacob, e também, não foi eu que cheguei perto dele, odeio ele tanto quanto ele me odeia, mas foi ele que chegou perto de mim. - finalizo e ela olha Edward de canto – Vai me contar sua teoria? - pergunto olhando Edward também, ele dá de ombros.  

—Sabe que não consigo ler a mente dele de forma clara, ele mostra muito pouco, aprendeu a manipular muito bem o dom que tem para ajuda-lo, e é por isso que ele está aqui não qualquer outro vampiro lá dentro de Volterra. - Edward fala olhando e eu concordo – Mas ele não é de gelo, apesar de parecer o contrário, você é diferente de tudo que ele já viu nos mais de mil anos dele, então posso dizer que ele está curioso. - pisco algumas vezes e nego.  

—Alec, curioso? - questiono debochando e Edward sorri de lado.  

—Nessie, você come, dorme, tem um coração batendo, e sangue correndo pelas veias, e mesmo assim é imortal e bebe sangue, ele nunca viu nada parecido.  

—A pronto, agora sou motivo das curiosidades de Alec, só me faltava essa. - Bella gargalha - Não é engraçado mãe. - a olho reprovativa e ela concorda tentando prender o riso.  

—Tem razão filha, não é mesmo, mas é louco imaginar Alec curioso. - reviro os olhos e nego - Vá tomar um banho, se arrumar que Jake logo vai estar aí para o encontro de vocês. - Bella fala beijando o topo da minha cabeça e eu concordo agora abrindo um sorriso radiante.  

—Sim, vou fazer isso agora. - Edward nega.  

—Espero que você e Jacob se comportem neste encontro. - impõe Edward com a voz mecanizada e eu beijo seu rosto “vamos nos comportar, juro, juradinho”, sorrio amarelo e ele bufa.  

—Vão caçar?  

—Sim, mas logo estaremos aqui. - Bella responde, concordo e me viro indo para casa.  

Entro me dando de cara com Alice e Jass abraçados no sofá. Eles me olham quando aceno.  

—Oi sobrinha querida, deixei sua roupa pronta dentro do closet. - Alice afirma me olhando e eu sinto a ansiedade tomar conta de mim. Concordo.  

—Espero que não tenha colocado saltos altos, vai ser só um cinema. - tento ser indiferente e Jasper ri.  

—Você é tão Edward sabia? - ela faz bico e cruza os braços igual uma criança birrenta – Porque está cheirando a Alec? - ela pergunta e eu enrijeço por um segundo, Jasper levanta a sobrancelha sentindo meu momento de tensão.  

—Longa história. - tento ser indiferente, ela me analisa e dá de ombros.  

—Por então se esfregue bem no banho, Jacob tem um ótimo focinho. - ela faz essa brincadeira e eu reviro os olhos, subindo as escadas, deixando os dois para trás.  

Entro no quarto e pego a toalha em cima da cama, Alice tinha preparado tudo, quando entro no banheiro a banheira está cheia, com espuma dos sais de banho que ela tinha jogado, sorrio e bufo. 

—Alice. – digo negando. 

—Não a de que. – ela fala no andar de baixo, rindo.  

Tiro a roupa e entro na banheira devagar, agradeço mentalmente Alice quando sinto meus músculos relaxarem, eu precisava daquilo, me ré encosto na banheira e fico ali por um tempo, me lembrando dos olhos de Alec hoje à tarde, eu não conseguia distinguir se era sede, ou qualquer outra coisa quando eles mudaram de cor, mas me recordo de seus lindos traços quando o encarei, o rastro de gelo que ele deixou em meu rosto ao passar seus dedos longos e finos na minha bochecha corada. E me pego comparando, era totalmente diferente do toque de Jacob que deixa seu rastro de fogo em minha pele, meu toque preferido. Toco no colar e sinto o lobo em relevo talhado na base do pingente, e era incrível como o mesmo sempre parecia ter a mesma temperatura de Jacob, como se um pedaço dele estivesse ali. Um pedaço que eu levaria sempre comigo.  

Nego tentando afastar esses pensamentos e me levanto apressada. A quanto tempo eu tinha ficado ali? Me pergunto em pensamentos e nem penso em me responder, finalizo meu banho e logo me enrolo na toalha, caminho até o closet e vejo a roupa escolhida por Alice. Calça montaria preta, uma cacharréu canelada verde musgo, jaqueta jeans e uma bota de salto de bicos finos claro, eu não podia pedir muito dela, a calça com certeza já tinha sido demais. Mas no final tinha gostado do look, me visto e quando estou secando meus cabelos escuto Jacob buzinar lá embaixo, sorrio quando ele buzina de novo. Tia Rosalie estaria irada se estivesse aqui, penso, mas logo fico seria de novo ao me lembrar do motivo de não estarem. Meu Deus o que está acontecendo comigo? Estou um caos! 

Mal termino de secar meus cabelos e pego a bolsa descendo as escadas, eu precisava ficar com Jacob, ele era meu cantinho de paz naquela loucura, a minha luz no fim do túnel. Alcanço a sala e a primeira pessoa que consigo focar é nele, que bate o pé no chão copiosamente de forma nervosa, mas logo seus olhos de cruzam com os meus e ele se recompõe, sorri de lado, e arranca um sorriso meu no processo. Passeio meus olhos sobre seu corpo e Jacob está simplesmente lindo, calça jeans escura, camiseta cinza de manga e uma jaqueta de couro na mão, bota nos pés. Suspiro e escuto Edward pigarrear, tiro meus olhos de Jake e foco Edward e Bella no piano e Alice e Jasper no sofá, eu nem tinha os visto.  

—É, percebi. – Edward responde meus pensamentos – E estou começando a me perguntar, se realmente é uma boa ideia vocês dois irem ao cinema juntos, sozinhos. – ele fala e olha para Jake, semicerrando os olhos. 

Em velocidade vampiresca vou até ele e Bella, e lhes dou um beijo na bochecha e depois em Alice e Jass.  

—É claro que é uma ótima odeia. – afirmo quando dou a mão a Jake e saio o puxando para fora. Jasper ri.  

Jake ainda parece sem reação sendo arrastado por mim. E só quando paramos em frente ao carro eu o encaro preocupada.  

— Jake você está bem? – ele sorri pela minha pergunta.  

—Estou ótimo primavera, só fiquei admirado com o quão linda está. – afirma e eu sorrio, ele se aproxima devagar e beija meus lábios de forma suave, correspondo ao beijo com avidez, mas logo sinto a presença de alguém nos olhando. Me separo dele e vejo Edward na porta, de braços cruzados, sustentando uma carranca no rosto, Jake acompanha meus olhos.  

—Melhor irmos. – Jake concorda sorrindo, abrindo a porta do carona para mim. 

Sorri marotamente me olhando e prendendo o cinto do banco, ergo uma sobrancelha indagativa, ele nega e dá a volta ao carro se ajeitando no banco do motorista. O sorriso não abandona seu rosto forma alguma e eu gargalho.  

—Você parece ansioso. É apenas uma ida ao cinema Jake. – dou de ombros e ele fecha a cara, faço careta quando seu sorriso some.  

—Não desdenhe do nosso primeiro encontro, ok. – pede e liga o carro saindo da estrada da minha casa, vejo que ele toma o caminho de Forks.  

—O cinema é para lá? – aponto com o indicador, o lado oposto de onde estamos indo. Jake concorda e me puxa para mais perto dele com uma das mãos. Me acomodo, sentindo meu corpo quase derreter no processo.  

—Preciso pegar umas ferramentas que ficaram lá no esconderijo, para levar para a oficina amanhã. Se importa? – procura meus olhos.  

—Não, pelo contrário, estou com saudades do esconderijo. Você tem estado tão ocupado essa semana, se escondendo de mim. - acuso semicerrando os olho e Jake faz a boca em uma linha, com uma expressão culpada, reviro os olhos sorrindo – Estou brincando Jake, não precisa ficar assim, sei que tem responsabilidades além de mim. – ele revira os olhos e beija o alto da minha cabeça antes de prestar atenção na estrada novamente.  

—Mas você é a minha maior prioridade, sabe disso ne. - Jake franze o cenho ao falar, como se de alguma forma eu duvidasse disso, sorrio e concordo.  

Beijo seu rosto e depois inalo seu perfume amadeirado, uma descarga elétrica de calmaria toma meu corpo, como se tudo estivesse no seu devido lugar, mas no fundo eu sabia que não estava. Passo um braço por seu tronco e apoio a cabeça em seu peito, Jake parece muito bem acomodado ao meu lado e apenas dirigi em silêncio, quando ele vira entrando na estreita estrada de pinheiros, onde o asfalto não alcança, posso ver algumas luzes ao longe, ou eu estava ficando louca? Aperto meus olhos tentando ver mais e Jake finalmente alcança a parte aberta, levo as duas mãos a boca e seguro um suspiro exasperado na garganta.  

Eu estava sonhando? Se sim, por favor não me acorde. Fito o esconderijo pronto, no meio de algumas árvores, com lamparinas a óleo nos degraus da escada, iluminando o caminho e mais quatro postas estrategicamente nas extremidades da pequena varanda, através da janela da frente e lateral que já tem uma cortina, posso ver a luz amarela vinda lá de dentro, da chaminé, uma fumaça espessa e cinza sai, como eu não tinha notado antes? E posso sentir no ar o que parece cheiro de comida humana. Solto um soluço alto, sem me dar conta de quando comecei a chorar e sinto as mãos quentes de Jacob me acalentando. Me viro para ele atônita.  

—Você gostou? Queria que no nosso primeiro encontro fosse diferente. – ele fala sorrindo maroto, limpo as lagrimas e o puxo para beijar seus lábios, ele sede a minha ânsia e beija meus lábios também.  

—Eu amei. Você... Eu não mereço você. – digo me afastando, e ele sorri de lado e limpa minhas lagrimas.  

—Pelo contrário, é loucura falar isso, mas fui feito especialmente para você. – sorrio de lado envaidecida e mesmo assim eu não o merecia – Vem, vamos entrar. – Jake chama soltando minha mão e abrindo a porta do carro, faço o mesmo e ele me alcança quando estou saindo.  

Segura minha mão parecendo ansioso, e sorri para mim timidamente, sorrio e volta, e me deixo ser levada por ele, que me puxa pela mão. Olho cada detalhe do local, o balanço de dois lugares, a porta de madeira que precisou ser adaptada pela altura de Jake, a janela delicada, e a forma como Jake improvisou a iluminação, linda e romântica. Subimos os degraus juntos, Jake se vira para me olhar ansioso. “Estou amando tudo" passo para ele que sorri para mim, quando alcançamos porta, ele se vira e remexe no bolso traseiro e depois me estende a chave.  

—Essa é sua, porque afinal a casa é sua também, pode vir sempre que quiser, comigo ou não. – fala dando de ombros, fico na ponta dos pés para beijar seu rosto, ele me ampara segurando minha cintura. E depois me olha com uma sobrancelha erguida – Faça as honras. – aponta para a porta.  

Sinto minha mão suar frio e meu estômago revirar, coloco a chave na fechadura e abro a porta logo depois, meu coração se aquece com a imagem, o pequeno cômodo parecia maior do que eu esperava, Jake me incentiva a dar um passo à frente, mas faço no modo automático, pois estou encantada demais para qualquer reação, a “casa” já estava mobiliada e com decoração, é incrivelmente linda e rústica. Uma enorme cama está posta ao lado da porta logo abaixo da janela da frente, ao lado tem um criado mudo com tampo quadrado, com uma lamparina a óleo para iluminar o local, no lado esquerdo, a uns três passos da porta, uma mesa quadrada com dois assentos está posta, com velas e dois pratos tampados para esconder o conteúdo lá dentro, duas lindas taças estão ao lado dos pratos e dos talheres, inalo o cheiro agora inconfundível para mim, e rio encarando Jake. 

—É hambúrguer? – pergunto descrente, ele gargalha.  

—Especialidade da casa. – sorrio negando e me viro para frente novamente, ainda admirando a decoração. 

 Abaixo de nós, da porta até o final cama, um tapete mais neutro está posto, apenas com estampas na borda, e outro tapete também grande está posto a nossa frente, dando impressão de mudança de cômodo, sobre ele tem um sofá de couro caramelo logo abaixo da janela na parede direita, decorado com um chale cinza e almofadas, de frente para ele uma formosa chaminé de ferro preta está acesa, também iluminando o local. Logo a frente, onde o tapete da “sala” termina tem uma cortina de tecido combinando com a decoração de uma parede a outra, parecendo uma parede improvisada, ergo uma sobrancelha e olho Jake. 

—O que tem atrás da cortina? – ele sorri e se senta na cama confortavelmente.  

—Porque não vai lá conferir? – semicerro os olhos e tombo a cabeça de lado mordendo o lábio, ele ri mais e eu fico envaidecida com a sua visão ali, mas logo balanço a cabeça negando e me concentro, ou tento me concentrar de novo.  

Me viro e caminho até a cortina de tecido devagar, paro de frente e me viro para fitar Jake incerta, este me olha com a cabeça tombada de lado parecendo admirado, nego enrubescendo  e ele gargalha, me viro novamente e respiro fundo puxando a cortina, ergo uma sobrancelha fitando o que parece ser um banheiro improvisado, e enrubesço mais, apesar e lindo era no mínimo íntimo, muito íntimo, uma banheira parecendo uma tina antiga de banho está do lado esquerdo a frente dela uma ducha, ambas separadas do resto do cômodo por box de vidro. Mordo o lábio e ergo as sobrancelhas virando para Jacob, ele tem um sorriso divertido nos lábios.  

Caminho até ele devagar ainda admirando tudo, ele me olha ansioso quando paro na sua frente, coloca as mãos na minha cintura e me puxa para ele.  

—Então o que achou?  

—Honestamente? – arregalo os olhos e ele concorda – Estou chocada. Também contratou um design de interiores? – pergunto apontando para tudo, ele ri e nega, se esticando um pouco beijando meu rosto, mesmo sentado Jake conseguia alcançar meu rosto.  

—Me sinto ofendido, acha que não tenho capacidade de decorar uma casa assim? – faz bico parecendo ofendido, não resisto rindo e beijo seus lábios negando, ele separa o rosto do meu   e rola os olhos. Me sento em seu colo, com uma perna de cada lado do seu corpo e ele acompanha meus movimentos em silêncio, sem tirar os olhos de mim por um só segundo.  

—Jacob Black, eu não consigo mais duvidar do que é capaz. – digo sincera, ele sorri e leva uma mão a minha nuca, entrelaça os grandes dedos por meus cabelos – Mas estou ofendida – digo fazendo careta e ele ergue uma sobrancelha indagativo – Esteve mentindo para mim a semana toda? – cruzo os braços e faço uma cara de brava. Ele gargalha e se escora pelos cotovelos sobre a cama.  

—Me desculpe, precisei mentir por uma boa causa.  – ele responde, parecendo envergonhado ate e até culpado. 

—E fez tudo sozinho, me pareceu muito trabalho, acho que eu não estava de ajudando muito. – declaro envergonhada dessa vez, ele nega.  

—Eu só quis fazer uma surpresa, outra surpresa, e os meninos me ajudaram, não passou de dois dias, e logo a decoração chegou, a parte da iluminação foi ideia de Seth, e bom eu achei que não podia ser mais perfeito, lamparinas a óleo e velas.  – sorrio e concordo olhando tudo novamente. 

—É ficou perfeito. Me lembre de agradecer eles depois.  

—Eles vão ver sua reação. - aponta para sua cabeça, solto um arquejo compreensível.  

—Só me preocupo com os móveis, não parece ter sido barato, não quero que gaste nada co... -começo e Jake tampa meus lábios com o dedo, sem me deixar concluir a frase.  

—Não seja estraga prazeres, falando de dinheiro no nosso primeiro encontro.  – pede e eu deixo meus ombros caírem concordando, ele tira o dedo de meus lábios e o silêncio perdura, a não ser pelo crepitar da madeira a chaminé e das ondas do mar quebrando na costa.  

Avalio Jake parecendo muito sereno ali e me remexo em seu colo, me aproximando de seu rosto, ele não se move, quando estamos a centímetros um do outro passa a mão em meu rosto, nas maçãs, depois o polegar por meus lábios, e me lança um olhar admirativo, ferino, sinto meu corpo estremecer e arrepiar. Sua mão desce devagar passando por meu pescoço, então ele coloca meu cabelo para trás do meu ombro e segura minha nuca, se inclinando na minha direção. Prendo a respiração e meu coração acelera, já esperando o toque de seus lábios em minha pele, ele aproxima lentamente e passa ponta dos lábios, recém umedecidos devagar na minha pele arrepiada, começando da base do meu maxilar, por onde seus lábios passam sinto um rastro de fogo, um frio na barriga e um leve formigamento no baixo ventre. 

—Respire Nessie. – Jake fala com a voz mais rouca, na altura media do meu pescoço, sua respiração bate ali, lançando outra onda de arrepios na minha pele, um arrepio tão forte que é quase doloroso. Fecho os olhos e obrigo meus pulmões a receberem ar devagar, quase imperceptível, tomando todo o cuidado do mundo de não interromper seus movimentos. Sinto seus lábios novamente em minha pele, em um beijo cálido e depois outro na minha clavícula. Jake inala o local, ficando imóvel e solta o ar um minuto depois.  

Fito seus olhos novamente e eles parecem mais escuros, mordo o lábio agora com desejo, de seus lábios, de seu toque e enrolo meus braços em seu pescoço o puxando para mim, seus lábios tocam os meus gentis, ele parece não ter pressa no que faz e eu acompanho seu ritmo, sinto suas mãos quentes espalmadas na minha cintura e depois um leve apertar de seus dedos no local, prendo seus cabelos em meus dedos e puxo devagar, mordo seu lábio inferior, sentindo o pulsar do sangue correr abaixo de sua pele fina e o beijo de novo, mais forte dessa vez, sua mão alcançam minha coxa e ele aperta o local com possessividade, arfo, sua outra mão está presa na raiz de meus cabelos e ele puxa, uma dor latente, prazerosa e quase torturante me tomam, sinto uma corrente elétrica me percorrer,  então sou obrigada a gemer sofregamente em sua boca. E é incrível como isso parece fazer Jacob acordar de um transe, ele para os beijos de forma delicada, parecendo tentar não me ferir e eu o encaro ressentida.  

—Vamos jantar, a comida vai esfriar. – chama gentilmente, e eu apenas caio sentada do seu lado, não arriscando me levantar por enquanto, minhas pernas não estavam funcionando direito, posso sentir a carga elétrica ainda percorrer meu corpo, e estou tonta. Jake ainda sentado me olha por cima do ombro e eu mordo o lábio desviando os olhos envergonhada, não podia ser possível apenas eu estar daquela forma – Ness, me desculpa eu... – ele pede e não o deixo terminar, beijo seus lábios rapidamente e me levanto, testando minhas pernas antes disso.  

—Vamos jantar Jake. – sorrio suspirando e fecho os olhos antes de encara-lo. Estendo a mão para ele, Jake olha minha mão e depois meu rosto, entrelaça os dedos nos meus levantando.  

Próximo à mesa ele puxa a cadeira para mim e eu me acomodo, depois ele retira os pratos de cima dos nossos e realmente um hambúrguer está ali, sorrio e nego, apesar de eu não ser fã de comida humana o cheiro estava bom. Jake coloca os pratos que pegou em cima do frigobar e vem até mim com taças e uma garrafa de suco de uva. Gargalho. 

—Bem, seu pai não foi muito complacente quanto ao vinho. – ele faz a boca em uma linha e eu ergo as sobrancelhas concordando.   

—Acho que posso imaginar. Fico me perguntando como permitiu eu vir com você para cá. E já entendi o motivo da cena de agora a pouco – questiono quando Jake se senta na minha frente e eu pego o talher ao lado do prato. Jake estica a mão por cima da mesa e eu seguro muito rápido.  

—Acho que ele sabe das minhas reais intenções. – fala apontando para a própria cabeça, rindo maliciosamente, reviro os olhos e coro minimamente. Um segundo depois ele pega o hambúrguer, o levando a boca e mastigando demoradamente, faço o mesmo, Jake me avalia enquanto mastigo e eu reprimo um sorriso. 

—O que foi?  

—Quero saber sua opinião. 

—Está muito bom, foi Esme ou a Rachel quem fez? - pergunto levando a taça de suco na boca, Jake interrompe o hambúrguer no meio do caminho e me olha acusativo.  

—Fui eu quem fiz. - responde em um tom parecendo ofendido. Engulo o suco e gargalho.  

—Desculpa Jake, esta muito bom. - elogio e ele dá de ombros.  

—Claro, claro. - reviro os olhos com a sua resposta e continuo a comer. O silencio perdura por mais alguns minutos, varro meus olhos por todo o esconderijo e Jake, engolindo junto com uma mordida um bolo de angustia. Aquilo tudo era meu, Jake era meu, mas não por muito mais tempo. Respiro fundo e levo a taça até a boca, forçando a comida a descer com o suco. Levo meus olhos para Jake e ele está me encarando e logo depois suspira.  

 -Acho que nunca tive oportunidade de te falar o que o imprinting significa para mim, o que ele realmente é, além do que você leu. – mordo o lábio inferior e me mantenho em silêncio, falar do imprinting para mim ainda era muito complicado, eu tentava a todo custo não tocar naquele assunto, ou não pensar, porque de alguma forma, parecia muito para eu administrar, Jake pigarreia chamando minha atenção.   

—Pode falar. – dou de ombros tentando fingir desinteresse, quando na verdade eu estava me revirando por dentro.  

—Bom, como nos livros o imprinting realmente é uma maldição, mas ao contrário do que conta nos livros não foi uma bruxa apaixonada pelo lobo que lançou a maldição, quer dizer, na verdade foi, mas não dessa forma, por ódio, ou por rejeição. - mordo o lábio inferior e bebo do meu suco acompanhando, Jake respira fundo - O guerreiro ficou com a bruxa, ele a amava, mas na época isso não era bem visto aos olhos da tribo, um guerreiro junto a uma bruxa, então contra as costas dele a tribo planejou a morte da bruxa, e foi um plano bem sucedido, ele não chegou a tempo de salva-la, e sim a tempo de vê-la morrer. E vendo seu sofrimento e para que ele não sinta mais essa dor, a bruxa lançou o que se chamou e maldição do imprinting, informou que ele encontraria a pessoa certa, que o faria orbitar ao redor dela, que seria o único ponto no mundo dela, que ele seria qualquer coisa, para o bem dela e que acima de tudo seria seu protetor. – absorvo a história atônita.  

—Ela fez tudo por... 

—Amor, sim ela fez tudo por amor, ela apenas queria vê-lo feliz. – Jake completa minha frase, fico em silêncio ainda absorvendo tudo isso, eu queria tanto ser uma bruxa agora, reverter o imprintig, sinto meu coração sangrar dentro do peito.  Suspiro.  

—É, bem diferente da história do livro. – digo e Jake concorda sorrindo de lado.  

—É sim, bem diferente, e essa maldição foi passada para todos os descendentes, todos estavam destinados a encontrar a sua prometida, a sua salvação. – depois que ele fala, mordisca a comida e mastiga devagar, engole e me encara de novo - Tem noção do quão é importante para mim? Entenda, que você nunca precisará ser o que não quiser, apenas preciso de você segura, e feliz, seja comigo ou não. Quero ver todos os melhores momentos da sua vida e ter a oportunidade de estar em todos eles, sendo feliz pelas suas conquistas, quero conquistar as coisas com você, mantê-la segura e as vezes, me sinto impotente por não ser bom nisso o tempo todo, sou falho e um bobo apaixonado quando se trata de você, mas eu amo você, independentemente de qualquer rotulo inventado para isso. – Jake finaliza e eu não consigo articular qualquer palavra coerente, minha cabeça gira e eu corpo estremece com as suas palavras.  

Será se eu era merecedora? Quer dizer, eu estava à altura de toda essa adoração e amor? Muitas pessoas demoraram para conseguir chegar a isso, meu pai com um século, Carlisle com três, Rose, Alice, Jass, Emm, Esme, Bella e até mesmo Jake demorou um tempo e sofreu, todos sofreram até ter esse amor intenso, e eu não, já nasci sendo excepcionalmente amada, não me parecia muito justo, nunca seria justo. Eu não entendo e me que questiono se isso é realmente uma coisa que está ao alcance do meu entendimento. Jake remexe desconfortável na cadeira e franze o cenho. Sorrio de lado, ainda lutando com minha cabeça.  

Me tornei uma miríade de sentimentos e pensamentos conjuntos, que se colidiram ali mesmo e depois tentaram se reorganizar de uma forma que nem meu cérebro inumano foi capaz de acompanhar, e será se algum dia eu acompanharia? Eu nem sabia se a palavra amor chegava perto da definição do que eu sentia por ele, e no mínimo não podia ser normal, sou madura demais para minha idade, mas tão nova na questão do amor, que quase me sinto uma criança de novo, de repente me sinto desesperada, e cansada, pareço sempre nadar de braçada contra a correnteza de um mar que não me deixa sair do lugar e será que um dia eu sairia?  

Ir embora, deixar Jake, confusa, triste, despedaçada, cansada, arrependida, eu estava em um declínio dentro de mim mesma, me afundando em mil sentimentos conjuntos, estou uma loucura.  

—Nessie? - Jake me chama incerto, e eu sinto que sua voz parece um bote salva vidas no meio do meu mar furioso. Seguro com alívio, não queria voltar mais aquele pedaço da minha mente. O fito e sorrio de lado “um dia de cada vez", penso comigo mesma e me levanto. Dou a volta na mesa e me sento em seu colo, com uma perna de cada lado, Jake parece preocupado – Está tudo bem? – pergunta gentil, acariciando minhas costas, concordo com a cabeça.  

—Só é muita coisa para assimilar. – rio de lado, um pouco sem graça por revelar isso, Jake segura meu queixo me fazendo encara-lo.  

—Eu entendo, temos todo o tempo do mundo, vamos organizar as coisas juntos. – fala de forma paciente, mordo o lábio e sinto as lagrimas quase alcançar meus olhos, mas não dou tempo para elas e avanço meus lábios sobre os de Jake ferozmente.  

Suspiro pesado em sua boca, quando sua língua pede passagem e eu sedo quase derretendo em seu colo, agarro sua blusa firmemente e desço minhas mãos encontrando a base, e sem vergonha alguma adentro minhas mãos sentindo sua pele queimar sobre minha palma, rebolo sobre seu colo devagar tentando aliviar o formigamento no meu baixo ventre e posso sentir a respiração de Jake ficar entrecortada, suas mãos parecem ganhar vida própria após isso, e elas passeiam por minhas coxas e param na minha bunda a apertando. Gemo devagar e preguiçosamente.  

Soltamos nossos lábios um do outro para respirarmos e Jake traça beijos pelo meu pescoço e colo, rebolo novamente sobre seu colo, dessa vez mais pesado, Jake paralisa por um segundo, depois puxa meus lábios com mais afinco para sua boca. Passo minha língua por entre seus lábios e varro toda sua boca sentindo seu hálito de menta, Jake sobe as mãos pelas laterais do meu corpo e segura meu rosto nos separando, ficamos nos encarando por uns segundos.  

Posso ver adoração, amor, carinho, cuidado, afeto, proteção, e desejo tudo em seu olhar, fico sem ar, levo minha mão até seu coração e fecho os olhos sentindo ele batendo sobre minha palma, é reconfortante e passo o que estou sentindo, o que ele me faz sentir, abro os olhos encontrando os dele, Jake se levanta comigo em seus braços, entrelaço minhas pernas na sua cintura, logo sinto o edredom da cama nas minhas costas. Jake tomas meus lábios novamente e sua língua já está junto a minha, em uma dança ensaiada e prazerosa, alcanço a base da sua camisa e a puxo para cima me livrando dela, e dessa vez Jake me ajuda levantando os braços.  

Suspiro aliviada pela rejeição que não veio, pego impulso e troco nossas posições ficando por cima, devoro seus lábios novamente e vou tecendo beijos por seu pescoço e peitoral, e sento sobre ele o admirando, a luz do fogo da lamparina e da lareira deixa a pele de Jacob mais castanha, dando um destaque deslumbrante sobre a penumbra, seu peito sobe e desce em uma respiração ofegante, e seu cabelo está bagunçado pela nossa pequena luta. Sorrio de lado e mordo o lábio envaidecida. Beijo seus lábios novamente e sinto as mãos de Jacob passar por debaixo da minha blusa, seus dedos longos traçam um caminho deixando pela minha coluna, chegando até minha nuca, gemo em sua boca novamente e ele puxa a raiz de meus cabelos, deixando meu pescoço exposto para seus lábios, espalmo seu peitoral e fecho os olhos sentindo meu baixo ventre formigar e minha respiração ficar ofegante, um desejo de Jacob me doma duas vezes mais e seu cheiro amadeirado me inebria, podíamos viver naquele momento para sempre.  

Sua língua traça um caminho até minha orelha e Jake novamente beija minha boca, suas mãos passeiam por debaixo da minha blusa e chega à base da mesma, prendo a respiração e Jake puxa a camisa como um rompante, deixando que apenas o sutiã protegesse meus seios, e depois congela no lugar me encarando. Mordo o lábio e sorrio de lado, sinto o sangue alcançar minhas bochechas, ao mesmo tempo que Jake entre abre os lábios. Sua mão pousa sobre minhas bochechas rosas e ele sorri sereno.  

—Eu amo você Renesmee Carlie Swan Cullen, e quero passar todos os momentos da minha vida com você! – ele fala tão seguro e confiante que por um segundo eu posso imaginar toda a nossa vida juntos, noivado, casamento, filhos quem sabe e até netos.  

Prendo o soluço na base da garganta e o puxo para um abraço, tentando disfarçar minha tristeza, era difícil constatar que ao invés de uma vida inteira, tínhamos apenas duas semanas, era injusto, viver uma vida sendo comandada e vigiada. Fecho os olhos forte e respiro fundo sentindo Jake me abraçar de volta, e penso que no fundo é valido, é mais que válido é necessário, salvar Jacob era mais importante que qualquer coisa, que qualquer felicidade ou plano meu.  

—Eu também te amo muito! – afirmo e o encaro, no fundo dos olhos – Amo mais que a minha própria vida, amo por toda a eternidade. – falo convicta para que ele entenda no fundo as entrelinhas do que quero dizer, e ele sorri de canto sereno.  

—Não mais que a mim. – sorrio e nego de sua resposta. Porque no fundo eu esperava que não.  

Ficamos nos encarando por um tempo e eu sorrio lhe roubando um selinho.  

—Você cortou o clima. – faço bico e cruzo os braços. Jake gargalha gostosamente e revira os olhos.  

—Claro, claro. Foi melhor assim que a minha cabeça a prêmio. – da de ombros, me entregando minha blusa e se levanta recolhendo a louça da mesa. Sinto um desespero tomar conta de mim e coloco a blusa mais rápido que o normal.  

—Nos já vamos? – pergunto um pouco urgente demais. Jake para o que está fazendo para me olhar.  

—Você quer ficar? – pergunta com uma sobrancelha erguida. – aceno com a cabeça.  

—Por favor, só mais um tempo. – peço me jogando na cama e ele suspira cruzando os braços, faço minha melhor cara de pidona.  

—Você não sabe jogar limpo! – Jake afirma, vindo na minha direção e eu gargalho dando de ombros. Bato no espaço vazio da cama ao meu lado e Jake sorri de canto. 

Se deita ao meu lado e eu não êxito em me aninhar em seus braços, ele me envolve e beija o topo da minha cabeça. Beijo seu peitoral e posso jurar que ele sorri.  

—Minha primavera no inverno constante de Forks. – sorrio, faço a boca em uma linha e encontro seus olhos. Jake está me olhando calmamente, sorrio de lado.  

—Meu sol particular. – afirmo e beijo seus lábios, ele sorri e depois me abraça de novo.  

Ficamos abraçados por longos minutos, ou até mesmo horas conversando sobre a matilha, minha família, ele me contando sobre o esconderijo, a montagem final e a decoração. Mas Jake estaca tão cansado que pega no sono durante a conversa. Percebo no meio de uma pergunta que ele não responde. Olho pra cima apenas para constar o que eu já sabia.  

Coloco uma mão abaixo de minha cabeça e fico admirando Jake dormir sereno ao meu lado, como se o mundo não existisse ao redor de nós, como se não tivéssemos problemas, ou qualquer coisa irreal demais querendo nos separar, ou nos matar. Meus olhos se enchem de lagrima e eu respiro fundo e devagar para não deixa-las cair e acordar Jake no processo. Me aninho a seu peito novamente e ele me abraça instintivamente, sorrio e fecho os olhos aspirando seu perfume e seu calor, pense no hoje Nessie, viva o hoje. Digo pra mim mesma. 

 Aperto meus olhos e tento me situar onde estou, está mais escuro que antes o fogo das lamparinas já estavam quase apagando, era o nosso esconderijo pronto, não era um sonho, olho para cima e Jake e eu ainda estamos na mesma posição, tento me soltar de seu aperto e ele resmunga alguma coisa que não consigo entender. Sorrio. Me sentando na cama e quando vou me levantar, ele balbucia meu nome.  

Mas Jake não estava acordado, constato quando me viro para atender ao seu chamado, franzo o cenho e me pergunto se estou ficando doida, mas concluo que não, pois ele fala meu nome de novo, um pouco mais urgente dessa vez. Será que Jake estava tendo um pesadelo?  

—Não Nessie, não. – fala mais alto, volto para perto dele na cama e pondero se o acordo ou não. Será que passei alguma coisa pra ele enquanto dormia? E agora ele está sonhando com isso? Faço a boca em uma linha – Bella? – ele balbucia novamente. E eu o toco, precisava saber o que era, não podia ser nada demais, certo?  

Fecho os olhos e começo a pegar o sonho, absorve-lo. Estávamos sentados, Jake não estava com uma cara muito boa e a minha era de duvidas.  

—Preciso te contar uma coisa. Mas preciso que tenha a mente aberta. – pede suplicante e me observo acenar a cabeça uma vez, o observando – Eu já devia ter te contado isso a muito tempo, devia ter contado quando soube do imprinting, Seth tinha razão. - fala nervoso.  

Me observo remexer inquieta e me sinto inquieta o que Jake tinha de tão importante para me contar? Será se era verdade?  

—Pode falar. – ele engole seco e se remexe.  

—Saiba que isso foi antes de saber da sua existência, antes de qualquer coisa que envolva você e isso aconteceu justamente por você. – ele fala esfregando os olhos – Começo a ficar aflita no sonho e fora dele e me observo encara-lo esperando uma reposta – Eu já fui apaixonado pela sua mãe! - o escuto afirmar e eu corto a ligação o soltando.  

Fico em choque demais para absorver qualquer coisa, escuto o soluço que sai da minha garganta e foco Jake segurando minhas mãos.  

—Nessie, o que aconteceu? – pergunta assustando e tiro minhas mãos das suas.  

—Por favor Jake, me diz que foi só um sonho. – peço suplicante e ele parece confuso – Me diz que não foi apaixonado pela minha mãe?! – suplico novamente e sua expressão de confusão passa para uma de culpa.  

Me levanto com um rompante e ele faz o mesmo.  

—Nessie me deixa te explicar, não é do jeito que você está pensando. – afirma e eu rio sarcástica, sem deixar que ele se aproxime.  

—A não, já sei o que é foi antes de saber da minha existência, antes de qualquer coisa que me envolva, não é? E isso aconteceu justamente por mim. – repito o que ele falou no sonho e Jake fica mudo.  

—Não distorça o que eu disse, foi um sonho. Eu te amo Ness, por favor me deixa te explicar? – pede desesperado, tentando se aproximar e eu saio de onde estou, indo para trás da poltrona, sem deixar que ele chegue perto.  

—Explicar o que Jacob? Que como não pode ter minha mãe teve a substituta dela? – pergunto enxugando as lagrimas e Jake para no lugar, com uma expressão de ofensa na face.  

—Nunca mais repita isso, você não é substituta de ninguém Nessie, você é e sempre foi única para mim, o que aconteceu antes de você foi porque já tínhamos a ligação do imprinting, um pedaço seu já vivia na sua mãe, por isso eu era apaixonado por ela antes de você nascer. – bufo impaciente com suas desculpas.  

—Tudo agora vai colocar o imprinring como desculpa? Eu quero ver! - afirmo ele parece confuso de novo – Me mostre, isso tudo, o antes. – falo referente a época que ele estava apaixonado por ela e Jake dá um passo para trás.  

—Não Ness, você não quer ver isso, não precisa ver, já passou, nem parece que existiu. – ele afirma e eu rio ironicamente.  

—É verdade, eu não quero ver, não quero ver nada mais. – digo e passo por ele em velocidade vampiresca, chego ao carro e entro no banco do motorista, ligo a chave na ignição e dou a partida saindo dali ouvindo Jake gritar atrás de mim.  

Não era muito esperto ir de carro, ele me alcançaria facilmente, mas eu não tinha forças para correr. 


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam? Sim a Nessie está sofrendo muito, mas calma, não me matem, no outro cap. vocês vão entender o motivo de tudo isso ter acontecido. Comentem. Sei que não mereço pelo sumiço, mas quero saber a opinião de vocês.

Bejú
By Isa Devally



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