Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 30
Incêndio




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"Então me abrace hoje à noite
Abra seu coração para mim
Como se você nunca tivesse estado tão livre
Até sentir o pôr do sol
Como o calor de mil incêndios"
Crying in the club

POV KATNISS

—Espera...- grudo meus dedos em sua pele, nosso suor começando a dar sinal. -Droga, sei que concordei com  isso...- seu olhar doce recai no meu, consigo perceber claramente seu desejo urrar.

—O que houve? Mudou de ideia?- suas mão seguram as minhas, as levam para o alto da minha cabeça.

—Não, não tem como desistir quando você faz isso.- remexo meu corpo sob o seu, fazendo-o sorrir antes de deixar um gostoso beijo em meus lábios.
—Mas ainda estou insegura, e provavelmente chata e cortando todo o clima...- sua língua trava uma dança com a minha, sou impossibilitada de falar.

—Você e eu estamos no mesmo barco, já fizemos isso apesar de não lembrarmos. Então é como nossa primeira vez, e... Diabos, isso não está certo!- arregalo os olhos, assustada por sua mudança repentina.

O que?

 Não está certo, deve ser perfeito e memorável.- concordo apertando seu quadril com minhas pernas, não entendo porque estou tão impulsiva.

Meu corpo batalha contra ele mesmo. A antiga Katniss tenta entender e se adaptar com a nova, mesmo sendo algo impossível de entender e difícil de explicar, é o que provavelmente está acontecendo.

Peeta levanta o tronco, saindo de meu abraço. Estamos praticamente virando um só, com quase toda pele se tocando. Antes de sair da cama, deixa um beijo na testa e outro na boca.

—Eu já volto.

Pisco puxando as pernas e erguendo as mãos, esfrego o rosto esperando a quentura se dissipar. Estou enlouquecendo por dentro, bebendo meu próprio desejo ardente. Peeta deve estar preparando algo especial, não me incomodo, sei que é coisa da sua imaginação antiga.

Ele nos imaginou dessa maneira? Numa cena tão quente e íntima?

Arrumo a alça do soutien que caiu pelo meu ombro, tiro minha blusa do chão e jogo na poltrona. Seus passos tentam ser silenciosos, não precisamos de duas crianças acordadas logo agora.

Minutos depois meu marido adentra o quarto, o braço lotado de coisas.

—Vá para o banheiro.

—Agora?- ele confirma empurrando a porta lentamente com o pé, joga a cabeça pro lado da porta insistindo. -Está bem.

—Prometo que será bem rápido, afinal...- seu olhar desce, sigo entendendo de cara. Corro antes de aturar sua risada, se iremos realmente fazer isso não preciso mais ficar com tamanha vergonha.

Vou frente ao espelho, avalio as consequências que poucos minutos de beijos quentes fizeram, várias manchas vermelhas que ficarão escuras, algumas marcas de dentes que não são tão preocupantes. Em pensar que outras virão...

Encosto na madeira, batucando os dedos numa clara expressão de ansiedade.

—Feche os olhos...- ele sussurra ao abrir apenas uma fresta, viro sentindo suas palmas bloqueando minha visão.

Seria uma grande e feia mentira se dissesse que não gosto desse jeito provocador e mais atirado de Peeta, o garoto tímido ficou para trás. Aceitamos o que temos, estamos experimentando as novidades e descobrimos as sensações.

—Esse momento merece algo melhor e especial, não acha, caçadora?

Estremeço antes de poder analisar a minha frente, e não é pouca a vontade de chorar. Emoção pelo cuidado, carinho e tamanho amor.

Velas decorativas foram espalhadas pelo cômodo, sobre a mesa de cabeceira, baú ao pé da cama, cômoda, batente da janela. Todos os cantinhos foram decorados, na cama algumas pétalas.
Algo muito romântico, altamente fofo e carinhoso.

Peeta quer que seja especial, memorável e único.

Suas mãos rodeiam minhas costelas e logo descem para a linha da barriga, os poucos minutos não apagaram a chama, nem diminuíram o desejo.

—Obrigada.- perco as poucas palavras de agradecimento que havia pensado, mas não preciso gastar letras para expressar meu agradecimento e tentar retribuir.

Peeta conhece meu jeito e como funciona as coisas comigo, e apesar de eu ser mais complicada do que fácil, ele ainda sim investiu e apostou tudo no nosso futuro incerto.

Deu certo. Contra todas as probabilidades negativas, conseguiu me conquistar. Só não faço ideia de como isso começou.

Sou virada e logo meu rosto bate no seu, o azul se perdeu no preto. Não pelo telessequestro, mas pelo conjunto de sentimentos. Apesar de sermos novatos e temerosos, não parecemos, tamanha nossa sincronia.

—Você...

—Fale menos, padeiro.- agarro sua nuca, acabando com suas dúvidas. Desço as mãos até seus ombros, lentamente desaboto-o sua camisa enquanto ainda domino sua boca ávida na minha.

Ele volta a nos virar e logo estou caindo lentamente sobre o lençol, seu corpo aumentando meu calor externo e interno.

Lentamente vamos descobrindo cada parte, cicatriz e explorando todos os pedaços de pele possíveis. A vergonha ficou para trás, agora estamos no topo da intimidade, deixando aquele papo de só amigos. Me sinto realmente casada, adulta e feliz.

Abafo a satisfação em seu corpo, evitando tornar barulhento demais, mesmo que seja praticamente impossível.
Sinto tudo que Peeta faz, suas palavras acolhedoras, as audaciosas raspadas de seus dentes, seus lábios descobrindo minha pele.

Aproveito não suportando a vontade, minutos depois estou provocando-o, dando-lhe o que tanto pede silenciosamente. Exploro as partes desconhecidas de Peeta Mellark. O balanço da chama das velas nos embala.

Agarro seus ombros ao final, tendo o prazer de ouvi-lo suspirar ao invés de brigar pelas marcas que deixei. As dores dos arranhões, mordidas e longas chupadas.
Seu corpo tomba pro lado, levando-me junto. Obrigo minhas pernas dormentes a me moverem, circulo seu quadril, repousando meu rosto no vão de seu tórax.

—Você está bem?- concordo, brincando com as linhas de seu corpo, agora não preciso ficar só olhando.

Ultrapassamos todos os limites, nos presenteamos com a liberdade que ambos queriam mas não havia coragem suficiente para pedir.

—Eu... Se quiser...

—Estou bem, muito bem mesmo.- sorrio virando o pescoço a ponto de apoiar o queixo em seu ombro e conseguir uma boa visão de seu olhar deslumbrante.
—Estou me acostumando a mudança e sentindo as mais loucas coisas, isso é normal?- pergunto corada, no máximo da vergonha.

—Não sei, querida. É tudo novo pra mim também.- abro um sorriso, satisfeita por não ter tido ninguém antes de mim. -Oh, não me diga que achou que...- ele começa a rir, atraindo mais calor pro meu rosto.

—Cala a boca.- impulsiono até estar beijando-o, calmamente enquanto voltamos a rolar entre os lençóis, perdendo a noção que a madrugada passa rapidamente entre nossos beijos, suspiros e gemidos.
            
                            

Espremo os olhos até conseguir enxergar o ponteiro menor no mini relógio que Peeta mantém em seu criado mudo, usa como despertador para ir a padaria.

Não passa das 4 da manhã, passamos horas fora de nós. Sorrio esfregando o rosto despreocupadamente, de maneira calma tomando cuidado para não despertar seu recém sono. Ao olhar pro lado, encaro uma expressão satisfeita mas exausta.

Céus, como um homem desses se interessou por mim?

Nem em meus mais maravilhosos sonhos, teria alguém tão... ele. Mas fui surpreendida, de maneira tão abrupta e boa. Peeta era para ser meu de qualquer forma, ou essa peça do tempo foi a toa?

—Você provavelmente não faz ideia do quanto amo você, padeiro.- sussurro no tom mais baixo que consigo, tendo um monólogo.
—As vezes nem eu mesma sei, você me deixa tão confusa sobre mim mesma...- sorrio abaixando a cabeça para poder aspirar seu cheiro.

—Obrigada por ter feito ser tão especial, marido.- parece tão diferente quando digo em voz alta, mais poderoso e real. Reprimo a vontade de tocar seus cabelos.

Peeta precisou de muito tempo e esforço para me fazer notá-lo e amá-lo, já eu não faço ideia do que fiz. Seja da primeira, segunda ou terceira vez.

O veneno o deixou confuso, talvez até provocando um ódio intenso. Precisei conquistá-lo e já são duas vezes.

Sinto um orgulho, tão forte por ter feito a coisa certa, ter lutado por ele e no final ter conseguido ter um nós novamente. Sempre fui independente, mas nesse momento, nessa realidade, em nosso lugar, não me imagino mais sozinha.

Penso em ir até o banheiro, talvez tomar um bom banho quente e finalmente dormir. Mas não é o que faço, prefiro deitar sobre suas costas e desfrutar de seu calor por mais algumas horas, é exatamente isso que meu corpo grita, por ele.

— É verdadeiro, seja lá o que tentarem fazer contra nós, sempre será verdadeiro.- beijo sua nuca antes de dormir instantaneamente.

Mamãe?- resmungo ao sentir uma cutucada perto do pescoço, viro agarrando ainda mais as costas de Peeta.
Você ta pelada?

Ergo a cabeça, ao passo que acabo por assustar minha filha. Puxo a coberta antes que seja revelado demais, coisas que Willow não pode ver ainda.

—Não...- pigarreio, limpando a garganta antes de tentar abrir os olhos embaçados. -Volte pro seu quarto, estou indo.

—Mas eu...

—Vá, Willow.

Uso um tom diferente e logo surge efeito, engulo o bolo que se formou pelo susto. Volto a encarar a nuca dele, beijo onde seus fios de cabelo estão crescendo pela falta de corte.

Hum...— seu resmungo é abafado pelo travesseiro, rio mordendo o espaço entre seu pescoço e mandíbula.

Saio da cama, imaginando que se deixar pela paciência da pequena, logo estará aqui novamente.

Katniss?

Seu chamado me faz retornar ao quarto, vejo-o sentar na cama ao passo que meus olhos estão perigosamente abaixando.

Kat?

Subo rapidamente, envergonhada por ser pega.

—Não quis te acordar.

—Tudo bem...- ele umidece os lábios antes de bater no espaço livre ao seu lado. -Vai me deixar sozinho? Acho que ainda quero mais de você.

—Willow esta acordada e veio aqui.- não resisto e logo pulo em seu colo, ofegando ao sentir nossos corpos se chocarem outra vez.
—Sabe como sua filha é impaciente. E não quero que ela nos veja nessa situação.

—Não verá.- seus lábios famintos voltam a atacar a base de meu pescoço, convencido que terá mais alguns minutos.

—Precisamos começar o dia.

—Estou fazendo isso.- agarro os curtos fios, puxando seu rosto pra cima. Uno nossas bocas, tomando seu gosto para mim.

—Que tal fazermos algo especial hoje?

Ele sorri, satisfeito pela ideia incomum.

—Posso deixar a padaria nas mãos deles hoje. O que tem em mente?- suas mãos passeiam pela extensão da minha coluna, pela nuca até o começo da minha bunda.

—Não pensei muito bem. Talvez cozinharmos juntos.

—Gosto bastante dessa ideia, apesar de ja ter pensado em algo para hoje a tarde.

—Me surpreenda, marido.

 


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