Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 44
Capítulo 43




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No final das contas, Dallas e Harry não tiveram um encontro em Hogsmeade porque a garota era tinhosa demais para dar o braço a torcer, mas ele admitia, com uma mistura de elação e vergonha, que gostava de ver os papéis invertidos desta vez, vê-la com ciúmes da popularidade de Harry e a quantidade de garotas que agora lhe davam olhares mais longos e cobiçosos. 

— Não a provoque, Harry. — Patrick Gordon, colega corvinal que ele sabia ser melhor amigo de Dallas, mas com quem nunca teve muito contato, o alertou. — Dallas conhece uma gama infinita de azarações e lembra em nosso terceiro ano, quando Malfoy apareceu todo quebrado para o café da manhã? — Harry assentiu enquanto girava a varinha e tentava, em vão, transfigurar Edwiges em um copo. McGonagall havia tirado o dia para fazer uma aula de revisão dos anos anteriores. Edwiges, claramente, não estava nada feliz com este prospecto. — Aquilo foi Dallas. — a varinha quase escorregou da mão de Harry em meio ao feitiço, diante da surpresa de saber que a outra garota sabia fazer um estrago completo em alguém. 

— Não me surpreende. — Hermione comentou mais tarde naquele dia, quando Harry disse à amiga sobre a conversa que teve com Patrick. — Veelas são muito geniosas, temperamento estourado, perdem a paciência fácil, exemplo foi a Copa Mundial de Quadribol.

— Mas a avó dela… — Harry deixou vagando no ar. Teve poucos, e suficientes, encontros com Amélia Winford e a mulher era o exemplo de compostura e controle.

— Elas aprendem a controlar o temperamento com o tempo, mas a adolescência ainda é a pior fase para uma veela. Os hormônios da puberdade não causam um bom equilíbrio com os poderes delas. 

Dallas e Harry não tiveram o seu encontro em Hogsmeade, mas isto não anulou o fato de que ele a encurralou entre duas construções do vilarejo e lhe deu um beijo de tirar o fôlego, antes de ir encontrar com os seus amigos no Três Vassouras. Dallas, por sua vez, queria azarar o abusado do Potter, mas provavelmente não seria de bom tom enviar para o St. Mungos o herói do mundo mágico só porque ele ficou ousado demais e com o ego inflado. Mas, talvez, uma vingancinha leve não iria machucar ninguém. Dallas tinha um crédito bom nas Gemialidades Weasley, Fred e George, curiosamente, não esqueceram de como ela foi uma cliente ávida em seu quinto ano, e menos ainda a sugestão dela para inovarem as bombas de bosta. Potter com certeza sobreviveria a uma traquinagem ou outra. Ao menos este era o plano, que foi interrompido e esquecido quando Katie Bell foi parar na ala hospitalar por causa de um colar amaldiçoado e Dallas não precisava ser o gênio que era para saber quem exatamente estava por detrás deste incidente. 

— O que você fez? — ela perguntou quando arrastou Draco para o corujal. O bater de asas e os pios das corujas eram barulho o suficiente para abafar a conversa deles para ouvidos curiosos, porque Dallas era paranóica e para ela feitiços de privacidade apenas não eram o suficiente. 

— Do que você está falando? — Draco, obviamente, fingiu-se de otário, mas a aparência péssima o acusava. 

— Draco, por favor, não me tome como idiota, me ofende. Eu tenho certeza que Katie Bell não era o seu alvo. Então, quem era o seu alvo? O que o Lorde das Trevas te ordenou a fazer? — ele permaneceu calado, mas o seu olhar de desespero, a sua expressão sofrida, era pista o suficiente. Voldemort encarregou Draco de uma tarefa grande dentro de Hogwarts, algo que ele próprio não poderia fazer, porque as barreiras da escola o impediam, algo que era ao mesmo tempo para testar a lealdade comprada na base do medo e livrar-se de algum impedimento. — Dumbledore. — Dallas declarou e a forma como Draco encolheu os ombros como se tivesse levado uma porrada foi resposta o suficiente.

Dumbledore era a pedra no sapato de Voldemort, o calo do qual ele estava tentando se livrar, mas que não tinha cacife ou capacidade para isto. Então, ele mandava subalternos fazerem o trabalho sujo em seu lugar. A vida de Draco, Narcissa e Dallas pela vida de Dumbledore. 

O problema era que Draco não era um assassino, era um cretino, mimado e pedante, mas não assassino. Estava estampado no rosto pálido e de olheiras profundas, no desespero dele, no pavor que era refletido pelos seus olhos cinzentos, nos olhos vermelhos pelas lágrimas mal contidas. 

— Draco, se você contar…

— A quem? — ele sibilou com ódio. — A Dumbledore? Em que aquele velho idiota pode me ajudar? — Dallas dava razão a Draco. O mundo mágico tinha a estranha mania de confiar nas pessoas erradas para a sua proteção. Dumbledore opunha-se a tudo o que Voldemort representava, mas isto não significava que ele era confiável ou puro de coração. Ele era um velho manipulador que há anos estava jogando este jogo de poderosos, se ele tivesse abraçado o lado negro da força, seria tão grandioso e temido quanto Voldemort, mas felizmente ele não o fez, mas não significava que ele era menos cretino e moralmente duvidoso que o Lorde das Trevas. 

— Okay, você tem razão. 

— E esqueceu o que eu disse? Nós, por enquanto, estamos seguros em Hogwarts, mas a nossa mãe ainda está lá. Ainda está presa naquela casa, ainda corre perigo. Se você não tem um plano para salvá-la como quer me salvar, então abstenha-se de fazer comentários ou dizer que eu tenho que desistir da missão. — foi a palavra final dele antes de deixar o corujal. 

Mais tarde naquele dia, foi a vez de Dallas ser arrastada para um canto isolado da escola por Potter, cuja expressão não era a abusada de mais cedo. Na verdade as sobrancelhas negras estavam franzidas e os lábios torcidos em completo desagrado. 

— O que Malfoy está aprontando? 

— Não sei do que você está falando. — Dallas desconversou e deu a volta por Potter, na intenção de deixá-lo a ver navios naquele corredor, mas o grifinório apertou o seu braço com força e a manteve no lugar. 

— Dallas! — a chamou em tom de advertência e Dallas o olhou atravessado.

— O que o faz pensar que eu sei de alguma coisa sobre Draco?

— Vocês são irmãos.

— Isto não o faz automaticamente me contar todos os seus segredos. — ela soltou-se do braço dele ao abrir-lhe os dedos um por um. — Boa noite, Potter. — desejou em tom de finalidade e desagrado por aquela abordagem.

A relação entre Dallas e Potter não melhorou após o ataque à Katie Bell e Potter tê-la encurralado e exigido que Dallas dissesse à ele sobre Draco. A desconfiança dele aumentava a cada dia, assim como as brigas entre eles. O relacionamento dos dois nunca teve um rótulo definido, mas tinha tensão e sentimentos envolvidos de anos pairando entre eles, que agora pareciam tornar-se um miasma sufocante por causa de Draco Malfoy. Dallas, obviamente, não apoiava o irmão, mas compreendia completamente os seus atos. Ela tinha conhecimento e poderes, mas Voldemort ainda era um bruxo para ser temido, gostando ou não da ideia, e qualquer pessoa sensata o temia, inclusive Dallas. Então, mais do que justo Draco borrar-se de medo quando o bruxo das trevas era mencionado em uma conversa e não recusar a ordem deste de matar Dumbledore. E enquanto Draco desesperava-se dia após dia com os seus planos cada vez mais falhos, Dallas tentava pensar em uma maneira de resgatar os Malfoy da mansão na qual eles eram prisioneiros. Draco poderia dizer que Lucius era carta fora do baralho para ele, porque foi o pai que os colocou naquela confusão em primeiro lugar, mas ele ainda era o pai de Draco e vez ou outra o garoto perdia-se em memórias de um tempo em paz, de um tempo bom, um tempo em que Lucius o ensinou a voar e a jogar Quadribol. Nesses momentos, Dallas via que apesar de estar extremamente magoado com Lucius após tudo o que ele fez com a família aliando-se a Voldemort, ele ainda amava o pai e não queria vê-lo morto também.

— Quais são as barreiras que têm na Mansão Malfoy? — Dallas perguntou a esmo. Vez ou outra ela fazia isto quando uma possibilidade de plano de resgate surgia na sua mente. Ela interrompia Draco no que quer que ele estivesse fazendo e soltava uma pergunta que quem estava ao redor deles não entendia. E quem estava ao redor deles naquele momento eram Crabbe e Goyle, o que era uma vantagem para Dallas, porque os garotos não tinham cérebro o suficiente para somar dois mais dois e chegar a conclusão que Dallas queria saber daquele assunto porque ela planejava em algum momento derrubar ditas barreiras.

— Várias, muitas ligadas a linhagem dos Malfoy, e dezenas desconhecidas adicionadas após a mudança de Você-Sabe-Quem. — Draco respondeu, impaciente. É, esse fator poderia ser um atraso nos planos. Mesmo que ela conseguisse desmanchar as barreiras de linhagem da mansão Malfoy, ainda teria aquelas implantadas pelo próprio Voldemort e que ela desconhecia. 

Antes da chegada do Natal e uma semana com Potter não a olhando na cara após uma outra briga entre eles, onde Dallas acusou o grifinório que a obsessão dele por Draco era suspeita, Slughorn enviou convites para uma festa em seu aposentos, para os respeitados membros de seu clube. Clube este que Dallas fazia parte e nunca fez questão de participar de uma reunião que fosse. Slughorn era um ótimo professor de Poções, óbvio que era, mas essa mania dele de considerar alunos como troféus a irritava profundamente. 

— Quer ir a festa comigo? — Potter a convidou em uma sexta-feira gélida de inverno. A neve já caía sobre Hogwarts, deixando a paisagem completamente branca e melancólica. 

Dallas riu de escárnio diante da ousadia dele. Potter a convidando para ir à festa? Quando ontem mesmo a acusava de ser cúmplice de Draco no que quer que o garoto estivesse tramando a mando de Voldemort? Não que Potter estivesse completamente errado, Dallas estava fazendo vista grossa para a missão sombria recebida por Draco, porque esperava arrumar uma solução a tempo para impedir que o irmão matasse o diretor. Enquanto isto não acontecia, fazia-se de cega, surda e muda para a situação e os questionamentos do namorado, ou seja lá o que Potter fosse seu, e sempre desconversava quando ele tentava descobrir alguma coisa mais sinistra acontecendo na milenar casa da Sonserina. 

No fim, só para colocar sal na ferida, Dallas foi a festa de Natal de Slughorn com Zacharias Smith que parecia extremamente desconfortável com o fato porque era de conhecimento de todos o relacionamento complicado que a sonserina tinha com um certo herói do mundo mágico. Herói este que fumegava de ódio à um canto do salão enquanto via aquela que supostamente deveria ser a sua namorada dançando com outro. 

— Esse relacionamento de vocês dois é esquisito. — Ginny comentou ao lado de Harry enquanto bebericava um pouco de seu ponche. Dean não a acompanhava porque, assim como o amigo, ela também estava em um relacionamento complicado com o namorado. 

— Relacionamentos são esquisitos. 

— Sim. Mas o de vocês dois… — Ginny deixou vagando no ar. Sim, Harry tinha plena consciência de que o seu relacionamento com Dallas não encaixava-se em nenhuma norma do que seriam os relacionamentos modernos. Não havia declarações explícitas de amor, nenhum deles expôs os seus sentimentos de forma clara, havia somente pequenos gestos e trocas de sorrisos cúmplices e convivência esporádica e entendimento instantâneo. Dallas e Harry não eram grudados pelo quadril como Ron e Lavander, ou tinham encontros no Três Vassouras como Dean e Ginny, mas, ainda sim, eles se importavam profundamente um com o outro à sua maneira e tinham plena consciência que o outro sabia disto, sem eles precisarem dizer nada. 

— As regras de um relacionamento não são universais. Cada um faz a regra que quer. — Harry declarou de forma sábia e azarou Smith assim que deixou a festa para espairecer. As risadas mal contidas de Dallas ecoando pelo salão foram a prova de que nem tudo estava perdido entre eles. E realmente não estava, não quando na manhã seguinte, antes de embarcar para Hogsmeade para pegar o Expresso de Hogwarts para Londres, Dallas sapecou um beijo molhado e com gosto de cereja nos lábios de Harry antes de lhe entregar o seu presente de Natal. 

— Você é um idiota. Feliz Natal! — ela declarou com um tom divertido e voltou saltitante para dentro do castelo, como se nada tivesse acontecido. 

Os problemas realmente vieram na véspera do Natal, quando uma enorme coruja parda pousou sobre o cereal de Dallas na mesa do café da manhã. A carta que ela trazia era um tenebroso mau presságio. Escrita com letras rebuscadas e lacrada com um brasão que só pertencia a família nobres, dentro do envelope havia um convite endereçado a Dallas Geraldine Winford, da casa dos Black , a informando que a presença dela era esperada no jantar de Natal dos Malfoy. 

— Não! — Patrick disse veemente quando Dallas o informou que, após uma hora de consideração enquanto era banhada por puro terror diante das implicações daquele convite, ela decidiu aceitá-lo. — Você sabe muito bem quem vai estar lá! 

— Eu não tenho muita escolha! — Dallas respondeu, igualmente irritada com o amigo. Ela sabia exatamente quem seria o convidado ilustre desse jantar, além dela, e que corria o risco de sofrer de uma bruta indigestão antes da sobremesa, se não fosse morta antes disto. 

— Bem, para você sair de Hogwarts terá que ter a permissão de McGonagall, e isto ela não vai dar! — a voz de Patrick saiu em um tom de puro triunfo, certo de que ele tinha absoluta certeza da negativa de McGonagall, que estava ocupando a posição de Dumbledore que havia viajado neste final de ano. 

E Patrick estava certo, para o desespero de Dallas que sabia exatamente o que recusar este convite poderia ocasionar. McGonagall negou a saída dela da escola, negou a ida dela a casa dos Malfoy.

— Professora. — havia um tom de desespero e súplica na voz de Dallas, algo que ela jamais pensou em ouvir saindo de sua própria boca. — A senhora faz ideia das consequências que o meu não comparecimento podem acarretar? — Mcgonagall não era estúpida e era uma professora que ela admirava imensamente dentro de Hogwarts, porque a bruxa a lembrava de sua avó Amélia, então a diretora da Grifinória deveria saber, ao menos conjecturar, o que a não ida de Dallas neste jantar iria causar. 

— Minerva. — a voz suave de Snape ecoou pela sala como uma melodia de ninar. O professor também havia sido chamado por ser o diretor da casa de Dallas. — Nós dois sabemos que isto é um jogo que Dalla precisa jogar, gostando ou não, ou as consequências serão mortais. Literalmente mortais. 

— Severus, você não pode estar seriamente me pedindo que eu arrisque a segurança de um aluno assim, desta maneira. — McGonagall disse, desgostosa.

— Não vamos medir palavras aqui, Minerva. Dallas pode ou não ser morta pelo Lorde das Trevas neste jantar, se ela não for, os Malfoy que serão mortos. Uma vida não vale mais que outra, não? Mas se te serve de consolo, eu também estarei lá. — obviamente que não serviu de consolo para McGonagall, e nem para Dallas, na verdade, mas a professora aquiesceu e autorizou a saída de Dallas naquele Natal. — Aqui. — Snape estendeu à ela um frasco enquanto desciam a rua em direção a Hogsmeade, de onde aparatariam para a casa dos Malfoy. Dallas estava vestida em seus melhores trajes, aqueles que gritavam que ela era uma garota provinda de berço de ouro, e passou toda a caminhada entre o castelo e o portão de entrada deste ouvindo com atenção e um embrulho no estômago as orientações de Snape. 

— O que isto? Espero que seja remédio para enjôo, porque no momento tudo o que eu quero é vomitar. 

— É a poção revigorante que eu lhe dei quando a escola estava sendo guardada por Dementadores. 

— Tem Dementadores na mansão? — Dallas sentiu-se ainda mais nauseada diante desta perspectiva.

— Sim. O Lorde das Trevas sabe alguns de seus segredos, mas não sabe todos. Vamos tentar manter este status quo . — Dallas bebeu a poção em um gole só, antes de aparatarem direto em frente ao portão de entrada dos Malfoy. 

Em um bom dia, Dallas acharia o local bonito, mágico até, se não fossem os Dementadores sobrevoando o terreno, os jardins que transformavam-se em tenebrosos labirintos e a aura de magia negra que estava impregnada nas paredes da casa. Quando entrou na mansão, percebeu que a mesma lhe era familiar. O hall de entrada foi copiado para as barracas dos Malfoy, na Copa Mundial de Quadribol. Uma risada aguda e histérica ecoou pelas pilastras e em um piscar de olhos e outro, uma mulher de cabelos longos e negros e dentes podres e pele cinzenta apareceu na sua frente. 

— Bellatrix. — o nome saiu pela boca de Dallas como uma arfada de ar. Não que ela quisesse reconhecer a existência de sua tia, mas a mesma estava baforando hálito podre em sua cara, então era difícil de ignorá-la. 

Bellatrix deu mais uma risadinha aguda e tocou com a ponta da varinha a bochecha de Dallas, que retesou todos os músculos de seu corpo para evitar esboçar uma reação que demonstrasse fraqueza. 

— Bella! — Narcissa surgiu ao topo da escadaria, bem vestida e imponente e o seu rosto e olhos eram uma dicotomia de emoções. Havia felicidade e tristeza, elação e pavor e quando abraçou Dallas, forte o suficiente para ela sentir os seus ossos estalarem, percebeu que Narcissa tremia. — Você não deveria ter vindo. — a mulher sussurrou ao pé do ouvido de Dallas. — Por que você veio? — o olhar de Dallas foi para Draco no topo da escadaria, ao lado de Lucius. Quando percebeu para quem ela mirava, Narcissa deu um sorriso discreto e acariciou com as pontas dos dedos o rosto dela, mas o desespero ainda estava nos olhos cinzentos. 

Dallas esteve nauseada durante toda a viagem, o seu coração estava a um passo de sofrer um colapso de tão rápido que batia, suas mãos suavam frio e ela achou que o pânico que sentia não tinha como piorar. Estava enganada. Tudo foi elevado à enésima potência quando Voldemort surgiu no topo da escadaria com o seu rosto de nariz ofídico, sua pele lembrando a pele pálida marcadas por veias de um réptil, ele usava vestes negras e flutuantes, feitas da mais pura seda, e estava descalço. Ao seu lado, a famosa Nagini o acompanhava de forma fiel enquanto ele descia os degraus, sibilando e ondulando o seu corpo de forma sinuosa. Dallas queria ir embora dali naquele momento, mas ainda não sabia aparatar e desconfiava que, mesmo que soubesse, as barreiras da mansão não lhe permitiram o ato. 

— Narcissa. — até o falar dele assemelhava-se com o sibilar de uma cobra. — Vejo que ela herdou a sua graça e beleza. — Voldemort ergueu um dedo para tocar o rosto de Dallas que desta vez não conseguiu evitar e recuou um passo. A mão de Snape em seu ombro foi o que evitou que ela desse meia volta e saísse correndo dali. Voldemort? Esse nem abalou-se com a rejeição ao toque, ao contrário, riu e investiu novamente, desta vez segurando de forma dolorosa o queixo de Dallas e virando a cabeça dela para a esquerda e para a direita como se avaliasse algo. Dallas podia sentia a magia negra dele penetrar em seus poros e a náusea aumentou mais e ela começou a engolir saliva discretamente para abafar a vontade de vomitar. 

Voldemort a soltou, para o completo alívio de Dallas que não conseguiu esconder este fato tão bem quanto gostaria. 

— Eu a intimido, criança? — ele disse em sua voz sibilada. Havia um sorriso quase paternal em seu rosto, o que o tornava ainda mais aterrorizante. 

— Sim, senhor. — Dallas respondeu antes que pudesse pensar no assunto. Que bem faria mentir, não é mesmo? Voldemort era um legimente, saberia se ela estivesse mentindo na cara dele.

— A assusto?

— Sim, senhor. — ele riu.

— Acho que eu escolhi o irmão errado para a tarefa, não acha Narcissa? — o rosto de Narcissa era de quem queria cortar fora a mão do Lorde das Trevas por ele ter ousado tocar em sua filha, mas ela permaneceu sabiamente calada. 

— Milorde? — Lucius, ao contrário, tinha um tom de loucura e desespero em sua voz. O seu olhar ia de Draco para Dallas repetidamente. Talvez na mente dele a conclusão chegada foi que se Voldemort escolhesse Dallas para completar a missão dada a Draco, Draco então não seria mais de nenhuma utilidade, não? Portanto, não precisaria mais estar vivo. 

— Diga-me, Dallas, você sabe qual é a missão de Draco? — os olhos dele eram vermelhos e tenebrosos e miravam Dallas de forma enervante. 

— Sim. — Dallas continuou seguindo pela vertente da sinceridade, porque essa ao menos estava lhe garantido alguns minutos a mais de vida.

— E você vai ajudá-lo? — a pergunta era tão inocente, e tão arriscada. O olhar de Dallas foi para Draco, ainda imóvel e apavorado no topo da escada.

— Não. — declarou, sem mais explicações. Voldemort, por mais absurdo que parecesse, assemelhava-se a Amélia. Era o tipo de pessoa que não gostava de ser interrompido quando falava e não gostava de muitas explicações exceto se as pedisse. A diferença era que ele demonstrava o seu desagrado torturando e matando as pessoas que lhe foram avessas. 

Voldemort riu.

— Por que não?

— Porque a missão é de Draco e foi dada à ele por uma razão. Não é minha função interferir. — Dallas disse isto tudo ainda mantendo o olhar sobre Draco porque, se fosse morrer ali naquela hora, não queria ter como última visão o rosto horroroso do Lorde das Trevas. 

Mais uma vez Voldemort riu e Dallas sinceramente não sabia se isto era uma coisa boa ou ruim. 

— Esplêndido! Talvez eu devesse ter recrutado você para esta missão. Jantar? — disse como se fosse a coisa mais simples do mundo Dallas estar jantando na companhia do bruxo das trevas mais conhecido e temido do mundo mágico. A mão de Snape ainda apertava o ombro dela e foi a única coisa que a manteve de pé quando eles tomaram o caminho para a sala de jantar. 

Enquanto isto, neste mesmo momento, em Ottery St  Catchpole , Harry Potter estava em meio a um colapso nervoso. Ele já teve pesadelos com Voldemort, visões em plena luz do dia, mas nada, nada se comparava a visão que ele tinha acabado de ter de Dallas, na mansão Malfoy, com Voldemort. 

— O que ela está fazendo lá? — ele repetia enquanto perambulava de um lado para o outro na sala de estar d'A Toca. — O que ela está fazendo lá?!

— Talvez ela tenha resolvido se unir a Você-Sabe-Quem. — Ron ofereceu, de maneira nada solícita, e recebeu um olhar de repreensão de Hermione como resposta. — O quê? Ela é uma sonserina, faz sentido…

— Ron! — Hermione soltou, ultrajada. — Só porque ela é da Sonserina não significa que ela é adepta das artes das trevas ou que vai seguir Você-Sabe-Quem. Tem que haver uma outra razão. 

— Não, Hermione. Ron está certo. — porque doía para Harry admitir, mas o amigo tinha mais lógica do que Hermione no momento. 

— Harry! Não diga absurdos! E Ron, calado! — Hermione ordenou quando viu Ron abrir a boca mais uma vez para tecer um comentário. 

— Ela não tem outra razão para estar lá, Hermione. E eu vi, na visão, eu vi . Ela confessou saber o que Malfoy está tramando, qual é a tal missão que Voldemort deu para ele. Ela mentiu para mim! — Harry disse com desespero, passando a mão pelos cabelos, perambulando e explodindo algumas lâmpadas no caminho com a sua magia descontrolada. — Ela aliou-se à ele. Ela…

— Ela não teve escolha. — a voz pegou o trio se surpresa e ao virarem em direção a entrada da sala, encontraram Aurora com um olhar sombrio no rosto. — Um convite curioso chegou nas mãos dela neste Natal, um convite para um jantar na casa dos Malfoy. 

— Um convite para jantar com Voldemort. — Harry disse com desespero. — Por que ela aceitou? Por que Dumbledore deixou ela ir?

— Dumbledore não está em Hogwarts, e McGonagall autorizou a saída. — Aurora explicou. — Patrick me informou disto, imaginou que você ficaria sabendo de uma maneira ou de outra, só não imaginei que pensaria que Dallas iria se unir ao Lorde das Trevas. — havia clara repreensão na voz de Aurora. 

— Bem, há de convir que foi suspeito. — Ron disse com um dar de ombros e recuou aos tropeços quando o olhar avesso de Aurora caiu sobre ele. — Desculpe, desculpe, foi só uma conclusão. 

— Ela poderia ter dito não. — mesmo que Aurora tivesse explicado a questão, para Harry ainda não justificava o fato de Dallas ter aceitado o convite. 

— E Draco e Narcissa estariam mortos. — Aurora explicou. — Veja bem, Harry, isto é um jogo de poder e no momento Você-Sabe-Quem tem todas as cartas boas do baralho e Dallas? Dallas vai ter que blefar como nunca esta noite.


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