Hera, sentada em seu quarto observava Zeus traindo ela com uma mortal. Antes, não teria ligado, teria agradecido, inclusive, porque assim não precisaria se deitar com seu desprezível marido. 

Mas estava com raiva. Estava furiosa. O coração partido doendo como louco, então esperou que eles acabassem aquilo e matou a mulher. Na frente dele, pois queria lhe causar dor.

Provavelmente não doeu tanto, e por isso que matou, perseguiu e castigou todas suas outras mortais de estimação. Nenhuma delas significava para ele nem perto do que Helena tinha significado a ela, mas mesmo assim a Deusa tentava infligir a mesma dor, sem sucesso.

— Dói, não é mesmo? – Eros indagou olhando a direção que Hera cuidava.

— Não tanto quanto saber que nunca poderei causar a mesma dor nele – Comentou amargurada.

— Eu não sabia que aquilo aconteceria quando... Fiz o que fiz – Falou em tom de desculpas – Eu queria um amor inalcançável. Não queria causar dor a você, só a ela.

Hera deu de ombros, anestesiada demais para sentir qualquer coisa pelas palavras de Eros.

— O amor fere os dois lados quando erra.

— Se eu quisesse que alguém morresse, não seria ela – Tentou mais uma vez – Eu queria apenas machucá-la, não matá-la. Assim não tem graça.

A Deusa direcionou seus olhos castanhos em fúria para o Deus e rosnou:

— Saia daqui. AGORA!

— Hera? - Éolo chamou entrando no quarto enquanto o Deus do amor saía - Eu sinto muito. Eu tentei ajudá-la...

Sem forças para responder, Hera encarou sua estátua de Helena, vestido esvoaçante, arco em riste, e chorou copiosamente.

Pois nada doía como um coração partido.