Capítulo IV

“Nosso futuro é incerto, mas certo será nossas decisões no presente, que de um certo modo muda toda trajetória do tão esperado futuro.” Benilson Alves

Lily não enganaria aquele pobre homem. Nem tão pobre assim. Ela se decidira antes mesmo de sair de casa e além disso, Sir... Sua Graça foi encantador durante toda a dança e seus comentários inapropriados divertiam Lily. Ela sabia que sua mãe a estava observando e isso a deixava tensa. Depois da primeira dança com ele, Lily havia dançado com Lorde Potter e o odiou no primeiro momento.

A gentileza nos olhos dele sumiu assim que Lily começou a fazer comentários não apropriados a uma dama e durante toda a dança Lorde Potter fez comentários como “Uma dama não deve dizer isso senhorita” ou “O passo dessa dança é mais devagar, Srta. Evans” e até mesmo “Esse comportamento é inapropriado a esse ambiente. A senhorita nunca será uma dama respeitável assim.” Enfim, um chato. Lily também dançou com o Sr. Lupin e descobriu que ele tinha um gosto afiado para leituras e com Lorde Diggory, um encantador cavalheiro loiro de olhos azuis.

Quando a quadrilha começou, Sirius foi até ela:

—Me daria a honra, Srta. Evans?

—Mas é claro que ela daria. –Disse sua mãe entusiasmada. Ela chegou perto do ouvido de Lily e falou baixo: –É melhor seguir o plano direito agora. Você não quer me ver furiosa.

Após a dança, Lily e Sirius foram até a mesa de bebidas. Lily se sentia cada vez pior mesmo sabendo o que iria fazer: levaria Lorde Black até lá fora e lhe explicaria o plano de sua mãe e falaria para ele sair de lá antes que alguém chegasse. Quando a mãe chegasse, ela daria alguma desculpa esfarrapada.

—Podemos ir ao jardim? –Perguntou Lily hesitante.

—Claro, docinho.

Eles saíram e andaram até a metade do jardim onde havia um banco disponível. Sirius fez um gesto para Lily sentar, mas ela se recusou.

—Preciso te contar uma coisa. –Disse Lily nervosa. –Mas primeiro me responda: por que dançou comigo e foi atencioso durante toda a noite? Não está interessado romanticamente em mim, está? Vi como olhou para Marlene a noite toda.

—Você é direta, docinho. Gosto disso. Sua acompanhante é realmente... –Sirius pensou em uma palavra educada para dizer o quanto Marlene era gostosa. –Magnífica. Mas você também é e não vejo porque nós não possamos ser amigos.

—Como assim?

—Já há damas respeitáveis demais no mundo, docinho. E você não se parece com elas. Pode parecer indecente o que vou lhe propor, mas eu não ligo. Eu poderia visitar sua cama à noite, meu bem?

Lily ficou estupefata com a pergunta e arregalou os olhos. Meu Deus! Ele era realmente um libertino! E se sua mãe queria um momento comprometedor com ele não seria difícil de conseguir.

Marlene odiou o baile. Não que ela não gostasse das músicas, das comidas ou bebidas, ela amava, mas uma acompanhante não podia usufruir dessa coisas na festa. E era entediante ficar em um canto sem nada para fazer. Quando Lily começou a dançar a quadrilha, a Sra. Evans veio até Marlene:

—Encontre mais algumas pessoas e fique conversando. Quando Lily e Lorde Black saírem, sugira um passeio no jardim e pegue eles juntos. Agora, garota!

Marlene foi conversar com a Srta. Meadowes que só fora convidada para dançar pelo Sr. Lupin e agora se encontrava sentada tomando chá de cadeira.

—Vamos dar uma volta pelo salão? –Sugeriu Marlene educadamente.

—Claro Srta. McKinnon. Essa cadeira é bem desconfortável mesmo.

Elas deram duas voltas completas no salão até o Sr. Lupin vir até elas e lhes fazer companhia. Marlene percebeu o desconforto de Dorcas e não entendeu o porquê. Era óbvio o interesse do Sr. Lupin em Dorcas, mas ela parecia não querer aquela atenção.

Quando Marlene percebeu que Lily e Sirius haviam saído, ela pensou em um modo de sugerir educadamente o passeio no jardim, mas o Sr. Lupin foi mais rápido:

—Srta. Meadowes me concede o prazer de um passeio no jardim? A Srta. McKinnon pode ser nossa acompanhante.

Dorcas começou a negar, mas Marlene não podia perder seu emprego e aquela era a chance perfeita de pegar Lily e Lorde Black.

—Eu não me importaria de acompanhar vocês!

—Então está tudo resolvido! –O Sr. Lupin disse e ofereceu o braço a Dorcas que consternada aceitou.

Remus sabia que a Srta. McKinnon estava armando algo, afinal ficara claro o carinho que sentia por Dorcas e mesmo assim ela não salvou a amiga de um passeio que obviamente não a interessava. Mas ele não se importava nem um pouco com os planos da Srta. McKinnon desde que ela fosse acompanhante deles.

Remus percebeu o aborrecimento de Dorcas com a aproximação dele, pelo visto ela queria um título além de dinheiro. Ela até mesmo demonstrou interesse em Sirius, mas se afastou assim que percebeu a atenção dele com Lily. Para Remus era óbvio que Sirius só estava brincando com a garota e se divertindo com o olhar esperançoso lançado pela mãe dela, mas parece que o restante do baile acreditava nas intenções de Sirius, incluindo a Srta. McKinnon, que na opinião de Remus, era o verdadeiro interesse de Sirius.

—Devíamos conversar Srta. Meadowes. –Sugeriu Remus delicadamente. A garota havia tomado a decisão de ignorá-lo e tornar o passeio o mais entediante possível.

—Provavelmente não temos nenhum interesse em comum, Sr. Lupin.

—Não seja por isso. Sobre o quê a senhorita quer conversar?

—Flores. –Respondeu ela desafiadoramente. –E seus significados. Estamos em um jardim, não há lugar mais apropriado para essa conversa.

Marlene olhava atentamente ao redor, procurando Lily e Lorde Black. Ela não estava interessada na conversa do Sr. Lupin e Dorcas que parecia tê-lo surpreendido e lhe explicava alguma coisa, falando sem parar. Quando já estava quase desistindo e aceitando que Lily provavelmente voltou para o salão, um casal lhe chamou a atenção perto de um banco.

Marlene se aproximou e ficou escondida atrás de uma árvore. Percebeu que a garota que estava de costas para ela era Lily e que Sirius estava em frente a ela de pé. Não havia nada de comprometedor naquilo, ela poderia deixar os dois conversarem e talvez, por uma ironia do destino, Lorde Black realmente se interessasse por Lily. Mas o que Marlene ouviu em seguida acabou com sua teoria:

—Eu poderia visitar sua cama a noite, meu bem? –Perguntou Sirius em voz suave.

Canalha. O sangue de Marlene ferveu nas veias e ela agiu antes mesmo de pensar. Saiu de seu esconderijo e ficou entre Lily e Lorde Black.

—Canalha! Patife! –Acusou Marlene chamando a atenção de Remus e Dorcas. –Como ousa? Cafajeste! Lily é uma dama respeitável e você está insultando-a. Filho da mãe!

Sirius sorriu internamente ao ouvir os xingamentos proferidos por Marlene e ao sentir os socos em seu peito. Era óbvio que ele percebera a aproximação dela e então ficou claro para ele o que Lily queria dizer: sua mãe e Marlene estavam armando pegá-los a sós no jardim e obrigar Sirius a se casar com Lily. Sirius já fugiu de armações melhores e não seria difícil se livrar de Lily agora.

Mas algo em seu interior clamava por adrenalina. Excitação. E então uma ideia passou por sua cabeça: por que não propor algo indecoroso a Lily e fazer Marlene sair de sua toca? Na melhor das hipóteses Lily aceitaria e na pior Marlene lhe socaria.

Porém, o resultado foi ainda melhor que o esperado: Marlene se meteu entre ele e Lily e em sua agitação seu xale caíra no chão, concedendo a Sirius uma bela visão dos ombros e do pescoço de Marlene, além disso ele podia ver perfeitamente os seios dela subindo e descendo pela agitação do corpo.

Para todos os presentes, incluindo Lily, ficou claro que Sirius só estava brincando e que queria provocar Marlene. E exatamente por isso, Lily estava prestes a puxar Marlene e sugerir que deixassem aquela confusão de lado. Porém, um grito agudo cortou o ar:

—NÃO! Você é um idiota, James!!!

Imediatamente cinco cabeças se viraram na direção da voz e viram duas pessoas embaixo de uma macieira.

—Não acredito que mais um canalha atacou hoje! – Marlene disse e foi em direção as vozes.

Sem escolha, Lily e Dorcas a seguiram. Sirius lançou um olhar rápido a Remus e ambos literalmente correram até a macieira. Ao chegarem, viram uma cena que nenhum deles poderia imaginar...