Chance || Seth Clearwater escrita por Katherine


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786831/chapter/14

 

 

Louise Cullen.

 

 

Fazia oficialmente uma semana em que eu havia me tornado uma Cullen.

Os dois dias seguintes após a última visita de Jacob e Seth se arrastaram. Mesmo que eu me mantivesse distraída o suficiente com a presença dos outros membros do clã, eu sentia falta dos lobos. Ambos ligavam todos os dias, Jacob falava com a Nessie assim que ela acordava e Seth me ligava no fim do dia, quando eu já estava pronta para dormir. A causa da ausência era a rotina exaustiva entre as rondas e o trabalho, e ao que tudo indicava a matilha estava com problemas, então não havia tempo de sobra para uma visita. A filha de Edward e Bella passou todas as noites comigo desde que Nahuel havia chego na cidade, querendo aproveitar cada segundo que a sua presença nos oferecesse, mas eu sabia que mesmo escondendo muito bem, ela sentia tanta falta dos lobos quanto eu.

— Feliz aniversário – a voz de Renesmee sussurrou próximo ao meu ouvido.

Forcei-me a abrir os olhos, mesmo querendo dormir um pouco mais, e quase cai da cama quando me deparei com a figura da caçula sorrindo. O ar escapou de meus pulmões quando eu não consegui controlar um gritinho de surpresa.

Ness se assustou, afastando o corpo do meu, e foi então que eu pude ter uma visão melhor da Cullen. Ela ainda vestia o pijama da noite anterior, mas estava consideravelmente mais velha. Seus cabelos estavam mais longos e menos ruivos que antes, sendo um tom de castanho um pouco mais claro que o de Bella. Os traços infantis haviam ido embora e não deixado nenhum resquício em seu rosto perfeito, agora ela aparentava ter uns treze anos.

— O que? O que eu fiz? – perguntou-me, assustada.

Engoli o nó que se formou em minha garganta, sem saber como contar a ela que havia crescido.

Lembrei-me por um momento de quando o mesmo aconteceu comigo, no castelo. Era uma das lembranças mais vivas em minha memória. Eu fiquei em estado febril durante aquele dia, e permaneci trancada no quarto. Quando decidi me olhar no espelho foi um grande susto. Eu não me reconhecia, parecia não pertencer aquele corpo um tanto quanto diferente. Pensando nisso, levantei-me da cama, jogando as cobertas para o lado e arrastando-a pela mão até o meu banheiro, onde havia um grande espelho. Ela não entendeu o que eu estava fazendo, então a posicionei de costas para mim, de forma que conseguisse ver sua imagem refletida. Renesmee pareceu tão surpresa quanto eu. Com os olhos quase saltando para fora de orbita, ela tocou os fios escuros de seus cabelos, deixando que a mão deslizasse lentamente por todo o seu tronco, parando ao lado de sua cintura.

— Você está bem? – perguntei.

Ela piscou algumas vezes e virou-se de costas para o espelho.

— Eu mudei tanto assim em uma noite?

— Aconteceu o mesmo comigo a algum tempo atrás – ela assentiu lentamente, ainda sem desfazer o vinco que havia se formado em sua testa – Acha que está pronta para ver os outros?

— Não – negou rapidamente – Acho que preciso de alguns minutos sozinha.

— Tudo bem. Se precisar, eu vou estar no quarto.

— Obrigada, tia Louise.

Sorri, me aproximando o suficiente para beijar o seu rosto. Renesmee estava poucos centímetros abaixo de mim agora.

A deixei sozinha no banheiro, voltando para o meu quarto. Bella e Edward já estavam ali, com o mesmo vinco na testa que a pequena Cullen tinha. A preocupação era gritante em seus olhos e eu logo tratei de acalma-los.

— Ela vai ficar bem – sussurrei – Quer ficar sozinha por alguns minutos.

A vampira assentiu, parecendo contrariada.

O telefone de Nessie tocou encima da cama e pude ver o nome “Jake” estampado no visor. Como de praxe, era o horário que ele costumava ligar.

— Filha – Edward chamou, com a voz mais calma que eu já havia o visto usar, mas ainda parado no mesmo lugar – Jacob está ligando.

A resposta veio rápido.

— Eu não quero falar com ele agora. Pai, pode dizer ao Jacob que estou dormindo ainda? – perguntou, saindo do banheiro.

O queixo de Bella quase encostou no chão ao se deparar com a nova imagem da filha. Edward pigarreou e eu o fuzilei com o olhar, sabendo que ele provavelmente daria algum discurso sobre aquilo ser errado.

— Tudo bem – suspirou contrariado, pegando o telefone insistente em sua mão e saindo em direção a varanda.

Deixei que Bella e Renesmee conversassem sozinhas, enquanto eu me arrumava, tentando demorar mais tempo que o normal. Fazia frio em Forks, então optei por roupas quentes. Quando sai do banheiro, a família não se encontrava mais ali. Sai do quarto em passos rápidos, sentindo o odor agradável vindo da cozinha assim que pisei no corredor, mas não podia me preocupar em comer enquanto Ness estivesse precisando de ajuda.

Os encontrei na biblioteca. Nahuel e Edward próximos a parede de vidro, e Bella próxima a filha que estava sendo examinada por Carlisle. A pequena sorriu em minha direção e eu me aproximei.

— Bom dia.

— Bom dia, querida – Carlisle respondeu, junto com os outros – Como está se sentindo?

Senti os ombros da mestiça caírem. Ela estava aliviada de não ser o centro das atenções por alguns segundos.

— Estou bem.

— Ótimo – ele afastou-se de Renesmee, anotando alguma coisa em um caderno – Renesmee vai ficar bem. Os sinais vitais estão normais, então não temos motivos para nos preocuparmos. Se querem saber, segundo os meus cálculos, ela deve parar de envelhecer até o próximo ano.

Afaguei o braço da menina com cuidado. Ela me encarou com os olhos cheios de lagrimas, fazendo com que o meu peito apertasse.

— Ness... não faz isso – pedi, não sabendo reagir caso ela começasse a chorar bem ali. Seus braços me puxaram para sentar ao seu lado na maca, enquanto me abraçava – Eu sei que está confusa agora. Acredite, eu entendo perfeitamente. Mas você sabia que uma hora isso ia acontecer... e nem é tão ruim assim, não acha? 

Procurei, nervosamente, Nahuel com o olhar. Se tinha alguém melhor que eu para aconselha-la, esse alguém era ele.

Como se entendesse perfeitamente o meu pedido silencioso, ele se aproximou, ficando de frente para nós duas.

— Ei, Nessie. Todos nós deixamos de ser criança um dia. Seus pais, Carlisle, todos que você conhece passaram por esse processo – ela deitou a cabeça em meu ombro, e ele sorriu, afagando o rosto da Cullen – Sabemos que pode ser doloroso, principalmente pra nós que deixamos de ser criança tão rápido. Mas pense pelo lado positivo, você terá mais liberdade, força e velocidade, é possível até mesmo que o seu dom aprimore daqui pra frente. Em pouco tempo você vai ter o começo da eternidade, e isso é muito bom, porque vai poder ficar com a sua família por muito tempo ainda. Além do mais, sempre que precisar eu vou estar aqui pra ajudar você.

Sorri em agradecimento quando ele me lançou um olhar pelo canto do olho.

— Obrigada, Nahuel – ela sussurrou – Ainda preciso me acostumar com isso. Quer dizer, como as pessoas vão reagir quando me verem?

— Jacob sempre vai amar você, Nessie. Não importa quantos anos tenha – o leitor de mentes disse, ao se aproximar de Bella.

— Esse é o seu medo? Jacob? – perguntei, tentando controlar a incredulidade contida na voz.

— Não só ele. Isso vai ser bem estranho... eu nunca mais vou poder ver a Claire, o Vô Charlie não vai entende absolutamente nada, e Jacob era o meu melhor amigo ontem... é como se eu não fosse mais a mesma Renesmee.

— Querida, eu tenho certeza que com Charlie você não vai precisar se preocupar – Bella sorriu fraco – Ele já viu coisas mais assustadoras.

Renesmee suspirou e eu tratei de continuar a conforta-la.

— E quanto a Claire, é impossível que deixem de se ver, Ness. Ela é sua melhor amiga e sempre está na casa da Emily. Tenho certeza que ela ainda continuará querendo você por perto – estreitei os olhos, tentando coragem o suficiente para falar sobre o ultimo nome, e o que mais a preocupava – Sobre o Jacob, eu tenho certeza de que nada vai mudar. Talvez ele só deixe de ser tão chato e aceite que você está crescida o bastante pra se virar sozinha.

Ela soltou uma risadinha fina e concordou, afastando as lagrimas.

— Eu tô morrendo de fome – Nahuel falou, batendo as mãos uma na outra, chamando a nossa atenção – Esme fez panquecas e me fez esperar por vocês duas. Se não forem para a cozinha agora eu juro que não vai sobrar nada!

— Eu arranco sua cabeça com os meus dentes – ameacei.

Ele gargalhou me encarando de uma forma desafiadora e saiu correndo em direção a cozinha. Lancei um olhar bastante significativo para Renesmee, que pulou da maca ao meu lado e correu em direção a cozinha, comigo em seu encalço. Quando chegamos, eu parei na porta onde estavam Esme e Alice, e Nahuel já sentado. Havia tanta comida na mesa que me perguntei se daríamos uma festa.

— Um banquete?

Alice agarrou-me em um abraço com uma força exagerada, fazendo com que eu não conseguisse respirar por breves segundos.

Que diabos estava acontecendo naquela casa hoje?

— Feliz aniversário! – a fadinha sorria abertamente.

Franzi o cenho sem entender nada do que acontecia.

Me lembrei das mesmas palavras ditas por Renesmee quando me acordou.

— Nós não sabemos o dia do meu aniversário, Alice.

— Agora nós sabemos. Trinta de outubro é o dia do seu aniversário – ela rebateu.

Ouvi risadinhas de Nessie e Nahuel na mesa, e em algum momento entre o meu abraço com a vampira os outros membros da família se aproximaram silenciosamente, fazendo com que eu percebesse somente naquela hora.

Busquei Esme com o olhar, atrás de respostas.

— Todos nós comemoramos aniversários a partir do dia em que fomos transformados, exceto a Ness – ela justificou – Achamos muito justo que você também ganhe um dia só seu e Alice decidiu que precisava ser hoje.

— E todo mundo concordou? – perguntei, olhando ao redor.

— Sim – a fadinha exclamou sorridente – Daremos uma festa hoje à noite.

— Festa?!

— Um jantar. Nós convidamos o Charlie e a família, se quiser chamar mais alguém... o dia é todo seu!

Concordei com um aceno e me joguei nos braços de Alice mais uma vez. Eu nunca havia feito uma festa de aniversário na vida, nem se quer havia o comemorado de alguma forma. A cada dia que passava eu me sentia mais feliz por ter os Cullen em minha vida.

Não demorou muito tempo até que cada um deles viessem me abraçar e depois me obrigarem a comer, antes que Nahuel e Renesmee acabassem com tudo.

— Você quer ir até a reserva? – perguntei baixinho para a hibrida – Quero convidar o Jacob, tudo bem pra você?

Ela pareceu pensar por um momento.

— Sim. É melhor eu encarar isso de uma vez, e vai ser menos invasivo se não for na frente de todo mundo – eu concordei – Vai convidar mais alguém?

— Acha que viriam?

— Alguns. Emily, Sam, Embry e Quil... Paul e Jared não curtem muito estar no meio da nossa família.

— Billy e Jacob?

— Com certeza eles vem. Eu vou só trocar de roupa e ai nós podemos ir, tá bom?

— Tá bom.

Renesmee saiu da cozinha em uma velocidade sobrenatural, deixando-me sozinha com Nahuel, que observava a nossa conversa.

— O que foi?

Ele deu de ombros.

— Sempre achei bem bizarra essa relação dos Cullen com os lobos. Você não?

Mordi a bochecha com força.

Quando conheci Jacob eu estranhei absurdamente. Nunca havia conhecido um lobo antes, mas não era idiota a ponto de não saber que eles nutriam um profundo sentimento de ódio com os vampiros. E por todas as vezes que ouvi Caius Volturi praguejar sobre aquela raça, eu podia afirmar com convicção que o ódio era reciproco.

— Bom... sim. Mas foi só no começo. De onde eu vim as coisas eram bem diferentes – ele pareceu se interessar ainda mais em minhas palavras e eu passei a analisa-las melhor antes de soltá-las – Eu gosto da relação amigável que os Cullen tem com os lobos e os humanos. Acho que faz com que nos sintamos menos... mortos?

Ele riu com a minha escolha para nos definir, mas concordou.

— Sinto isso com a sua família – confessou, desviando o olhar do meu e focando em qualquer ponto fixo na mesa de mármore – Sabe, Alice e Jasper foram os que me acharam, então eu conheci todos os outros depois. Eu me sentia muito mal por ser quem eu sou, por ter matado a minha mãe e condenado a minha tia a viver uma vida que ela não queria. Quando soube sobre a Renesmee não hesitei em vir até Forks entender um pouco mais sobre os Cullen e isso mudou muito o meu ponto de vista sobre a minha vida. Não posso dizer que não me decepcionei no momento, fala sério, tudo o que eu queria era que o meu pai fosse como o Edward e que o mesmo destino de Bella fosse dado a minha mãe. Mas com o tempo eu os aceitei como uma segunda família temporariamente.

— Temporariamente? – Nahuel pigarreou voltando a me encarar, parecia envergonhado. Eu não consegui reprimir o sorriso surpreso ao vê-lo corado – O que foi?

— Nunca confessei isso a ninguém, mas Edward leu a minha mente, então que se dane.

— Estou curiosa.

— Tá legal, não surta. Quando Alice veio ao meu encontro e contou sobre a existência de mais alguém da minha espécie, eu não posso negar ter me sentido muito animado – sua voz era tão baixa que eu duvidei se poderia ouvir sendo uma mortal – Achei que encontrando alguém que compartilhasse as mesmas condições que eu, seria mais fácil viver.

Pisquei algumas vezes, tentando entender exatamente sobre o que ele estava falando. Seu olhar era ansioso e me deixava nervosa com o rumo da conversa.

— Desculpa, viver de que jeito exatamente?

Ele rolou os olhos e bateu com as costas na cadeira.

— Você sabe.

Minha boca se abriu em um perfeito “O”.

— Oh, romanticamente? – não houve resposta – Edward não matou você?

— Não – negou rapidamente – Quando eu a conheci isso mudou, Renesmee é como uma de minhas irmãs, não a vejo dessa forma.

— Acho que fico aliviada – ri, levando uma das mãos até o peito. Ele sorriu de canto, mas não disse nada – Estou aprendendo a lidar com a minha vida. De todos nós quem teve mais sorte com certeza foi a Ness, mas isso não significa que ela também não tenha passado por dificuldades, como por exemplo, o confronto da qual você os conheceu. Não consigo imaginar o quão traumatizante isso foi.

— Você tem razão, Lou. Nos resta aceitar o nosso destino.

Assenti.

— Nahuel.

— Hum? – me encarou, com o cenho franzido.

— Edward era um vampiro e a Bella era humana. Não acredito que sua alma-gêmea precise necessariamente ser da sua espécie – dei de ombros, desviando o olhar de seu rosto.

Quem eu queria enganar?

Aquela afirmação era muito mais sobre os meus sentimentos, do que tentar tranquiliza-lo. A verdade é que aquela conversa havia mexido comigo de alguma forma. Eu me sentia muito segura em relação ao Seth, e nunca havia pensado nele como o inimigo, mesmo que devesse ser. Não havia a possibilidade de pensar nele daquela forma. Tudo o que vinha em minha mente era o seu carinho, seu olhar tão intenso que parecia ler a minha alma e as reações involuntárias que a sua presença causava em mim.

O mestiço torceu o nariz e negou com a cabeça.

— Eu duvido muito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?
XOXO.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Chance || Seth Clearwater" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.