Dramione | Seis anos depois escrita por MStilinski


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

oi gente!
no meio da madrugada, mas ainda conta haha

o momento no mundo todo tá tão complicado e injusto e assustador que pode nos deixar com o psicológico bem abalado, né? eu ando bem saturada com tudo isso, mas tentando ajudar e me manifestar do jeito que consigo.

enfim, disse tudo isso porque espero que vcs estejam bem em todos os aspectos! na minha cabeça parece até errado estar aqui postando mais um capítulo no meio de tudo isso, mas acho que todo mundo tá precisando de distração desses momentos atuais né?

espero que com esse capítulo vcs consigam se distrair um pouco de tudo isso!



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Hermione observava Draco.

Ele estava concentrado, o cenho franzido, enquanto cortava em várias partes iguais uma raiz de valeriana, o caldeirão logo ao lado já fervendo. Ele realmente parecia entrar em outro mundo quando preparava poções e ela não se sentia no direito de incomodá-lo.

Hermione quem tinha preparado o caldeirão com os ingredientes básicos para a poção bloqueadora quando Draco ainda não estava em casa, mas quando ele chegou com os ingredientes opostos aos ingredientes da poção de Voldemort ela deixou a poção por conta dele, o que Draco pareceu gostar.

Eles mal haviam trocado duas palavras desde o abraço que trocaram na noite anterior, depois de Draco proporcionar a Hermione a visita dos seus dois melhores amigos. Eles ficaram longos minutos abraçados, até um momento em que para ambos aquele gesto se tornou estranho e eles se afastaram, sem nem trocar um olhar e cada um foi para um canto da casa. Draco continuou na sala com seu whisky e Hermione foi para o quarto, tomou um banho demorado para tentar aliviar todas as sensações e pensamentos conturbados que estava sentindo, e quando desceu novamente para comer algo rápido, Draco estava sentado no chão da sala, o copo ainda cheio ao seu lado, enquanto observava o jornal daquele dia queimando na sua frente.

Quando observou aquela cena, Hermione sentiu algo estranho dentro de si. Se Draco estava queimando aquele jornal, os olhos vidrados no papel em chamas, era porque havia algo ali que ele não havia gostado e ela só conseguia imaginar que era a história sobre o encontro dele com outra mulher. Será que ele se arrependia disso? Será que não queria ter feito o que fez? Será que pensava que havia magoado Hermione com aquilo? Pensar a respeito lhe dava uma sensação estranha, mas não era uma sensação ruim.

Agora era início de tarde, logo depois do almoço em que Hermione comeu sozinha já que Draco ainda não havia chegado e eles ainda não haviam conversado sobre nada, mas o ambiente não parecia mais tão pesado. É claro que Hermione ainda mantinha na cabeça o que Draco havia dito no domingo – de como ele se arrependia de não ter voltado, de como ela não podia pensar que ela não havia significado nada para ele – e ainda sabia que logo depois dessas palavras, que até o momento ainda a deixam totalmente confusa, ele foi para cama com outra.

Ela não se esqueceu de nada disso. Só não sabia explicar por que tudo parecia normal e bem entre eles depois de um abraço, não conseguia nem mesmo entender.

— Pode me passar o meu frasco de sangue, por favor? – Draco disse e Hermione saiu dos seus pensamentos, reparando que estava o encarando quase sem piscar e ficando um pouco envergonhada.

Hermione quase roboticamente se levantou e foi até a cristaleira pegar o frasco de sangue negro de Draco, mas quando notou o que fazia, olhou para ele desconfiada.

Draco notou o olhar e deu de ombros.

— Voldemort disse dois frascos diários, não foi? – ele falou – Nem tiramos meu sangue hoje.

— E por que você precisa desse? – ela não queria ter que tirar mais sangue dele, não sabendo o que podia acontecer; não sabia por que, mas não confiava totalmente na instrução de Voldemort sobre os dois vidros diários.

— Quero testar.

— Já terminou? – ela ficou surpresa, porque para Hermione parecia que Draco estava fazendo aquela poção há menos de dez minutos; talvez tenha ficado mergulhada nos seus pensamentos mais tempo do que imaginava.

— Mais ou menos. Estou tentando evitar os ingredientes mais raros que eu tenho, tentando acertar a medida dos que tenho em maior quantidade na empresa, porque quando os mais raros acabarem... Bom, eu não vou até o Triângulo das Bermudas pegar mais algas diamantinas. Não quero morrer e pago pessoas para fazerem isso para mim. Pago muito bem, aliás.

— Não sei, você não me parece o tipo de pessoa que liga para leis trabalhistas bruxas. – Hermione brincou.

— Engraçadinha. – Draco disse e ela deu uma risada fraca, sem saber de onde todo esse clima leve havia vindo – Vamos testar.

Hermione assentiu e entregou o frasco de sangue a ele.

Draco pegou um conta gotas, colocou um pouco da poção marrom dentro do instrumento e pingou algumas gotas dentro do frasco que continha seu sangue. Eles esperaram e nada aconteceu.

Draco bufou, frustrado.

— Posso não saber tudo sobre poções – Hermione falou, sentando-se novamente -, mas sei que o modo que é ingerida conta muito para seus efeitos no organismo.

— É, eu sei. Só queria evitar agulhas.

Hermione foi até o final do cômodo novamente, abriu uma das gavetas e pegou uma seringa. Voltou para perto de Draco, colocou a poção dentro do corpo da seringa e olhou para Draco, que já estava sentado e com o braço para cima, parecendo entediado.

Ela injetou a poção no braço dele, exatamente em cima de uma das partes da cobra que formava o desenho.

Durante os primeiros segundos, nada aconteceu, mas então o contorno da Marca Negra ficou avermelhado e formou algumas pequenas bolhas repletas de pus.

— É, não deu certo. Definitivamente. – Draco disse, se levantando rápido e indo até os armários e pegando uma poção branca que ele derramou sobre o símbolo do antigo Lorde das Trevas. Draco espalhou o líquido sobre o braço usando a outra mão e depois de alguns minutos, suspirou – As medidas devem estar erradas.

— Você acha? – Hermione foi irônica, enquanto observava a Marca no braço de Draco voltando a cor pálida normal do antebraço dele – Está tudo bem?

Draco ficou em silêncio alguns instantes enquanto ainda olhava a Marca no seu braço. A poção branca borbulhava nos lugares em que entrava em contato com os ferimentos e Hermione pensou que talvez aquilo estivesse doendo – definitivamente não parecia bonito -, mas Draco não parecia sentir dor.

Depois de um tempo ele secou o braço e fez uma careta.

— Deixou cicatrizes. – falou, mostrando o antebraço para Hermione

Havia pequenas cicatrizes nos arredores da Marca Negra, nada tão visível assim devido a palidez da pele de Draco.

— Não está tão ruim. – Hermione disse, dando de ombros.

— Não está tão ruim? Essas são literalmente as únicas cicatrizes que tenho no meu corpo, Hermione. Eu não tenho nenhum defeito.

Hermione riu alto, praticamente gargalhou.

— Não visível, não na aparência. – Draco falou, parecendo ofendido, apesar de tentar conter um sorriso no rosto – Enfim, vamos tentar mais uma vez.

Hermione assentiu.

Draco ia falando os ingredientes e as medidas e Hermione cuidava dos preparos, cortando raízes, pesando as gramas dos ingredientes e checando a temperatura da água. Ele realmente parecia entender e ter certeza do que estava fazendo então Hermione simplesmente o deixou liderar o preparo. Depois de alguns minutos em silêncio, ambos apenas trabalhando, Draco deu um longo suspiro e parou de mexer o caldeirão.

— O que foi? – Hermione perguntou, estranhando a expressão que ele estava fazendo.

— Acho que vou usar um pouco da água de lótus. – Draco respondeu – Só tem esse frasco e flores de lótus que possuem água nas pétalas são tão difíceis e tão caras, mas... Vamos lá.

Hermione entregou o frasco a ele e observou ansiosa quando Draco colocou apenas quatro gotas do líquido brilhante e transparente dentro do caldeirão.

Uma pequena fumaça azulada subiu assim que as gotas da flor entraram em contato com o líquido já presente dentro do caldeirão e então Draco misturou mais um pouco e colocou o líquido pronto na seringa. Entregou o objeto a Hermione e se sentou novamente, esticando o braço em cima da mesa.

Hermione injetou o líquido, que dessa vez estava azul como a cor do mar, no braço de Draco, exatamente sobre o símbolo de Voldemort. Deixou a seringa de lado e ficou encarando o braço dele, esperando.

Nada aconteceu por longos instantes e Draco até mesmo deu um suspiro frustrado, mas então, de repente, a Marca Negra ficou escura, vívida como se Voldemort realmente tivesse retornado, e logo depois toda aquela cor escura desapareceu e começaram a correr pelas veias de Draco que estavam saltadas como nunca. Os olhos de Hermione acompanharam enquanto as veias do braço de Draco iam ficando pretas e quando o líquido foi subindo para o seu ombro, levado pelo sangue.

Hermione olhou para Draco e ele parecia assustado, olhando o líquido preto carregado por suas veias chegando cada vez mais perto de seu rosto. Quando as veias da sua face ficaram saltadas e pretas, os olhos de Draco se arregalaram e ele empurrou Hermione com a outra mão, fazendo com que ela se desequilibrasse se afastando dele – se afastando o suficiente para que Draco se inclinasse e vomitasse no chão, exatamente onde Hermione estava parada instantes antes.

Hermione encarou Draco assustada, enquanto ele ainda continuava com a cabeça baixa, respirando ofegante. O silêncio tomou conta do porão.

— Draco. Você está bem? – Hermione perguntou, fazendo um gesto com a varinha para o vômito sumir dali e então se agachando bem na frente dele – Está sentindo mais alguma coisa?

Draco respirou fundo e então levantou o rosto para encarar Hermione. Ele parecia mais pálido do que de costume, mas apenas isso. Hermione olhou para a Marca Negra e ela estava como antes, apenas com os contornos escurecidos.

— Acho que não deu certo também. – Draco falou.

— Sua boca... Está machucada. Cortada. Estava assim antes? Está sangrando um pouquinho.

Draco colocou o dedo indicador sobre os cantos da boca e depois o afastou, observando a pequena mancha de sangue vindo do corte nos lábios. Ele franziu o cenho.

— Não estava assim antes.

— Acho que você vomitou um pouco do veneno, ele pode ter causado as feridas. Além disso, suas veias ficaram negras, como você disse que aconteceu no dia da sua iniciação, quando o veneno estava entrando no seu sistema... Não foi isso?

Draco assentiu, considerando.

— Então alguma das medidas estavam certas. – ele falou por fim.

— Sim. Eu anotei tudo aqui. – Hermione ficou de pé e pegou um pergaminho que estava sobre a mesa – Só vamos ter que ficar tentando e...

— Ficar tentando e ficar tentando e ficar tentando. – Draco bufou – Isso é bem frustrante e definitivamente vai me causar muita dor. – Draco limpou a boca com as costas da mão e ficou de pé – Preciso ir. Tenho que pelo menos aparecer agora a tarde na empresa ou então vão começar a desconfiar e eu não tenho muita paciência para isso.

Hermione assentiu.

— Certo. – falou – Vou ficar por aqui tentando algumas combinações com as medidas que anotei.

— Tudo bem. Só não coloque fogo na casa. Foi bem cara.

Hermione revirou os olhos e Draco riu e pegou o blazer e a gravata que estavam jogados sobre a mesa e então começou a subir as escadas.

Apenas quando Hermione ouviu a portão do porão se fechando foi que reparou que estava com um sorriso nos lábios. Não conseguia entender o que estava acontecendo com ela – com eles. Ela ainda mantinha na cabeça todas as palavras de Draco de apenas alguns dias atrás e ainda se sentia confusa quanto a isso, apesar de uma parte de si ter gostado de saber que Draco havia admitido que não voltar havia sido a pior escolha que ele já havia feito, o que significava que ele queria ter voltado.

Mesmo assim ele não voltou e isso Hermione ainda não entendia e dificilmente esqueceria. Assim como ainda não havia esquecido a matéria sobre Draco e a outra mulher com quem ele havia ido para cama apenas minutos depois de dar a entender a ela que ainda sentia algo por Hermione, mesmo que fosse o mínimo. Apenas minutos depois de dar a ela um pouco de esperança, mesmo que Hermione não quisesse esse sentimento.

Não queria sentir esperanças e acreditar no arrependimento de Draco por tê-la deixado, não queria deixar que os pensamentos sobre os possíveis sentimentos dele a dominassem, porque Hermione não tinha ideia do que isso poderia causa-la, como poderia transformá-la e do que ela poderia fazer se realmente acreditasse totalmente em Draco. Será que perderia a cabeça e correria para ele? Uma parte de seu cérebro brilhante – que não lidava tão bem com sentimentos assim ou, mais especificamente, não lidava tão bem com sentimentos por Draco assim – acreditava que sim, que seria boba o bastante para simplesmente voltar para ele, como se ele não tivesse a deixado para trás há seis anos.

E apesar de tudo isso, apesar de tudo o que ela tinha para evitar Draco... Eles estavam simplesmente normais. Se dando totalmente bem, até mesmo pegando no pé um do outro de modo engraçado. O ambiente estava leve.

Hermione bufou pensando em o quanto isso era confuso e incompreensível para ela, o que a irritava de uma maneira desmedida. Ela bateu a testa contra a mesa algumas vezes, de um modo bem infantil, apenas para descarregar a frustração que sentia, mas então respirou fundo e ficou de pé, determinada a montar pelo menos algumas poções úteis para injetar em Draco quando ele voltasse, para tentar cada vez ficar mais perto da solução de todo esse problema.

Afinal, uma vez que o problema com a Marca Negra e os Comensais acabarem com toda certeza seu problema com Draco também acabaria.

 

 

Ela não tinha noção do tempo que já havia passado, pois passou o restante do dia no porão mal iluminado da casa gigantesca de Draco.

Havia ido até o primeiro andar somente uma vez para preparar um chá, e quando olhou pela janela da cozinha para o gramado verde do jardim largo da casa, o dia ainda estava claro, o sol brilhando no céu com nunca. Mas isso havia algumas horas - o chá já havia acabado e a xícara jazia no canto da mesa, seca e praticamente esquecida. Provavelmente agora já era noite.

Hermione havia feito apenas quatro poções fazendo diversas combinações das medidas da poção anterior que havia sido usada em Draco. Testou bem mais do que quatro, mas, em alguns casos, quando colocava os ingredientes no caldeirão, adicionando algum ingrediente ou testando medidas diferentes, o líquido simplesmente evaporava ou solidificava – Hermione, na verdade, havia perdido a conta de quantas vezes teve que usar o aguamenti durante o dia para lavar o caldeirão, o que sempre tomava muito tempo.

Ela já se sentia cansada e não podia fazer muito mais até Draco chegar para eles verem o resultado de cada uma das poções, então Hermione estava apenas sentada, lendo um dos pergaminhos em que havia anotado os ingredientes e as medidas de cada um deles.

Estava concentrada lendo o pergaminho, quando a voz de Draco chamou sua atenção.

— Hermione! Hermione! Que droga, cadê você? – ele gritava.

Hermione franziu o cenho, estranhando, e subiu as escadas correndo, logo depois indo até o hall de entrada da casa, procurando por Draco.

— Draco? – ela chamou, olhando ao redor.

Draco apareceu no corredor do segundo andar no mesmo instante, olhando para Hermione do segundo andar, os olhos arregalados. Ele desceu as escadas correndo e simplesmente a abraçou, apertando Hermione de um jeito que nunca havia feito.

Na verdade, ele havia feito isso apenas uma vez. Logo depois de invadirem Gringotes, quando conseguiram sair ilesos, totalmente salvos, assim que desaparataram em terra segura, Draco olhou para Hermione como se a visse pela primeira vez e então a abraçou com força, como fazia naquele exato momento.

— Você está bem? Alguém entrou aqui? Você viu alguma coisa? Os feitiços de proteção estão intactos? Você está bem? – Draco falou tudo de uma vez só, soltando Hermione do forte abraço, mas ainda a segurando pelos ombros, olhando no fundo dos seus olhos.

— Eu estou bem! Você está bem, Draco? Parece assustado... O que aconteceu?

Draco a encarou alguns instantes e depois a soltou. Foi até a porta da frente e girou a maçaneta, certificando-se de que estava trancada, logo depois foi até a sala de estar e fechou as cortinas e também olhou a fechadura das portas para o jardim. Quando estava prestes a passar por Hermione no hall de entrada, ela o parou, colocando a mão no seu peito, tentando diminuir a eletricidade de Draco para entender o motivo de ele estar daquele jeito.

— Me fala o que aconteceu. – Hermione disse, em um tom de voz calmo para não alarmar Draco ainda mais.

Draco encarou Hermione alguns segundos mais e então pareceu se acalmar.

— Atacaram um dos meus centros de produção, o da Irlanda. – ele disse em voz baixa – Não estavam vestidos como Comensais, apenas ladrões comuns, mas nós sabemos que foram eles. Roubaram apenas ingredientes raros, os poucos que eu e você sabemos que eles não achariam fácil e que precisam desesperadamente. – Draco passou a mão pelos fios loiros, bagunçando-os - Eram apenas cinco pessoas, mas o centro já estava quase vazio, quase na hora de fechar, apenas os dois gerentes estavam presentes e foram feitos de reféns. Isso foi há menos de duas horas, mas fiquei sabendo há cerca de quarenta minutos, quando os ladrões finalmente saíram do centro. Eu estava lá com os aurores há poucos minutos, mas então pensei que eles poderiam tentar vir aqui atrás dos ingredientes que não encontraram e pensei em você e... Por Merlin, eu estou tão feliz que você está bem.

Ele abraçou Hermione novamente e ela apenas retribuiu, ainda tentando assimilar tudo o que ele havia dito.

— Mas você não disse que estamos seguros aqui? – Hermione sussurrou, já que eles estavam tão próximos e simplesmente parecia errado falar mais alto.

— Estamos. Posso garantir isso, já te disse. Não sei por que me desesperei, só... Me desesperei.

Hermione assentiu e então eles apenas ficaram ali, parados, em completo silêncio, envolvidos no abraço. Hermione sentia a respiração ainda acelerada de Draco e então, inconscientemente, começou a afagar as costas dele, do mesmo jeito que fez para acalmá-lo quando fugiram de Gringotes, anos antes.

— Conseguiram pegar alguém? – Hermione perguntou, quebrando o silêncio outra vez.

— Ainda não. Na verdade, eu... – Draco a soltou, se afastando, mas continuou com os olhos em Hermione, medindo cada centímetro dela, parecendo se certificar de que tudo estava no lugar certo – Eu preciso voltar para lá. Ainda estavam terminando de conferir o estoque para saber exatamente o que havia sido roubado, mas eu já tinha uma ideia. Devem começar logo a pegar o depoimento dos gerentes e preciso estar lá para isso, então...

— Claro! – Hermione respondeu. – Vá. Você precisa ir. Está tudo bem aqui.

Draco olhou para Hermione alguns instantes.

— Eu vou ficar bem. – ela respondeu, com um sorriso reconfortante – Vá logo.

Draco assentiu e então, em um estalo, desaparatou, sumindo do campo de visão de Hermione.

Hermione foi até a escada e se sentou no primeiro degrau.

Ela parecia não conseguir entender. Não parecia fazer sentido que os Comensais realmente haviam conseguido roubar os ingredientes raros que eles precisavam para fortalecer a Marca novamente – tudo parecia mais difícil agora e provavelmente estava prestes a ficar. A vantagem que Hermione achava que ela e Draco possuíam agora parecia inexistente.

Hermione suspirou e ficou de pé. Não poderia fazer nada quanto aquilo naquele instante, não conseguia ajudar Draco em nada, apesar de querer, porque ainda não conseguia nem mesmo entender tudo o que havia acontecido. Decidiu que ia esperar Draco voltar para então eles conversarem sobre tudo e tomarem algumas decisões, porque com certeza tudo iria piorar agora.

Ela voltou ao porão, deixou os pergaminhos e as poções separadas em um canto da mesa e organizou toda a bagunça que ela havia feito no decorrer do dia. Subiu com a xícara de chá e a lavou e então foi para o quarto em que estava ficando e preparou um banho.

Entrou na banheira e afundou, segurando a respiração. Sempre pensava melhor no banho. Contudo, naquele momento, sua cabeça estava embaralhada. Não entendia como eles haviam perdido aquela vantagem tão rápido e temia pelo quanto as coisas piorariam dali em diante. Talvez ela e Draco estivessem jogando errado, talvez precisassem de mais ajuda, talvez não fossem bons o suficiente. Mas como falariam com qualquer outra pessoa no atual momento, sem levantar olhares suspeitos? Ela não sabia.

Voltou a superfície e terminou o banho, vestindo a camisa de Draco para dormir outra vez.

Olhou para a cama, mas sabia que não conseguiria dormir enquanto não tivesse todas as respostas para as perguntas que borbulhavam em sua mente, então apenas pegou o cobertor e desceu para a sala de estar, se enrolando no cobertor e se aconchegando no sofá.

Havia um relógio sobre a lareira e Hermione manteve os olhos nele. Os ponteiros dos minutos passavam devagar demais, mas, ao mesmo tempo, as horas pareciam correr. Hermione começou a ficar sonolenta por volta das onze da noite, mas com teimosia manteve os olhos abertos.

Por fim ela acabou caindo no sono sem querer.

— Hermione. – a voz de Draco a despertou; Hermione piscou algumas vezes e então sua visão focou na figura de Draco agachado bem na sua frente. – Ei. Por que está dormindo aqui?

Hermione olhou ao redor confusa e então entendeu que estava na sala. Ela se sentou no sofá e Draco ficou de pé.

— Estava esperando você. – Hermione falou, coçando os olhos para acordar totalmente – Como foi tudo?

Draco respirou fundo e se sentou ao lado dela. Começou a afrouxar a gravata, deixando-a completamente solta no pescoço.

— Uma droga. – ele disse -  Os gerentes não viram o rosto de nenhum dos cinco e disse que eles apenas queriam saber onde ficava o estoque e depois os trancaram sem varinhas em uma sala de reuniões. Roubaram o que pretendiam, voltaram apenas para devolver as varinhas e sumiram.  

— Você não tinha segurança lá?

— Feitiços de proteção básicos, nada complexo. – Draco deu de ombros – Além disso, eles fizeram o primeiro gerente de refém do lado de fora do centro de produção, então ele simplesmente abriu uma brecha nos feitiços para que eles conseguissem entrar.

— E como sabiam qual centro roubar? Eu digo... Como sabiam que os ingredientes que eles queriam, os raros, estariam lá?

— O da Irlanda é o maior da Europa. É algo de conhecimento público, então acredito que só seguiram a lógica. Me sinto burro por não ter protegido o centro melhor.

— Não diga isso. Não é culpa sua. Você nunca precisou. E o que acontece agora?

— Bom, as produções podem seguir normalmente. Já reforçaram os feitiços de proteção ao redor, mas pelo resto da semana alguns aurores vão ficar no centro irlandês. Além disso, amanhã terei que ir de centro em centro de produção da empresa para reforçar os feitiços. Já mandei uma carta aos gerentes de cada lugar para avisar. Vou ter que emitir alguma notícia a imprensa. Terei que ir ao Ministério para terminar de assinar a documentação do roubo... Milhares de coisas.

Hermione ficou em silêncio alguns segundos. Draco parecia exausto, os olhos pequenos, o cabelo bagunçado, a expressão desolada.

— Sinto muito. – Hermione disse.

Draco deu de ombros.

— É. Acontece. Não há muito que se possa fazer agora, além de toda a papelada. Hermione, agora que eles têm esses ingredientes... Não sei como não pensei que poderiam atacar a empresa. É a maior do ramo, afinal! Fui estúpido.

— Ei, pare de se culpar! Nenhum de nós pensou, porque não pensamos que eles teriam coragem. Aparentemente estão mais fortes do que pensamos e...

— E vão ficar mais. – Draco a cortou – Você sabe disso. Eles têm os ingredientes mais difíceis nas mãos agora, vão fortalecer a Marca bem rápido se trabalharem direito.

— Eu sei. Sei também que eles não trabalham direito, porque olha há quanto tempo a Marca está do mesmo jeito, certo?

Draco deu um sorriso irônico.

— Sim. De qualquer maneira, vamos precisar trabalhar mais rápido agora.

Hermione assentiu.

— Queria falar sobre isso com você. – falou – Acho que precisamos de mais ajuda. Não sei mais se somos suficientes.

Draco suspirou.

— Pensei nisso também. Sem querer me gabar, Hermione, mas sou o melhor que vamos encontrar no assunto poções.

— Você queria se gabar.

— Um pouco. Mas esse não é o ponto: você é brilhante, eu sou incrível em poções. Somos os melhores para resolver isso. Mas de qualquer maneira, Theodore vem aqui amanhã para conversamos sobre o que ele descobriu no Ministério e talvez, com todo esse roubo, eu consiga trazer Weasley e Potter aqui outra vez... Mas podemos pensar nisso mais tarde, certo? Estou acabado.

— Claro, não tem problema. Falamos sobre isso amanhã. – ela já estava suficientemente contente que ele estava com a mente aberta sobre trazer mais pessoas para aquilo. – Vamos subir.

— Você está bem?

Hermione piscou, assimilando as palavras dele. Ele ainda estava preocupado com ela, mesmo olhando para Hermione, mesmo vendo que ela estava inteira e que nada havia acontecido.

— Por que se preocupa tanto comigo? – ela perguntou, sem conseguir se segurar.

Draco franziu o cenho.

— Isso é... ruim? – ele parecia confuso.

— Não disse isso. Só quero saber por quê.

Draco pareceu sem jeito e ficou em silêncio alguns segundos.

— Você sabe por quê. – ele disse.

— Por que, Draco?

— Porque eu me importo com você. É bem óbvio. Nunca deixei de me importar. E não venha prob...

Ela não o deixou terminar de falar porque simplesmente o beijou.


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Notas finais do capítulo

gostaram da surpresa no final? haha

espero que vcs tenham gostado e esperam que estejam bem!

obrigada mais uma vez por todo o feedback! ♥

até mais :)

obs: me perdoem qualquer erro, são os problemas de postar as coisas na madrugada, os olhos já está cansados demais para uma última revisão haha



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