Dramione | Seis anos depois escrita por MStilinski


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

oi gente :)
demorei um pouco mais para voltar, mas aqui estou com mais um cap!
esse já estava pronto, mas quero que saibam que não estou deixando de escrever, estou apenas demorando um pouco mais porque estou deixando as ideias fluírem naturalmente, já que elas andaram bem bloqueadas haha

enfim, eu AMEI escrever esse capítulo! espero que vcs também gostem!

boa leitura :)



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Don't you know I'm no good for you?

I've learned to lose you, can't afford to

— When the party's over, Billie Eilish

 

 

Draco Malfoy

 — ... e por isso hoje, meus amigos, vamos dar as boas vindas a juventude. Ao futuro das artes das trevas! – Voldemort exclamou a finalização de seu discurso e foi seguido por diversas palmas de todos os Comensais ali presentes, que adoravam puxar seu saco.

Draco ficou com os olhos fixos no chão durante todos os quinze minutos que Voldemort ficou discursando como o político que era.

“A juventude das artes das trevas”. Draco não queria isso, todos ali sabiam disso. Ele já havia tentado fugir tantas vezes, mas sempre era pego e sofria por isso - sempre era deixado na porta do quarto dos pais depois de toda a sessão de tortura feita para “ensiná-lo” e Narcisa usava feitiços e poções para curar todos os ossos quebrados e sangramentos. Até o baço dilacerado Draco já teve, mas ele não desistia.

Sua vida toda ele não teve nenhuma escolha. Sempre seguiu o que lhe mandavam fazer, mas não aceitava isso mais. Não queria virar mais um servo de Voldemort porque via o quanto não se parecia com ele e como não compactuava com grande parte das coisas que o Lorde pensava. Se sentia até mesmo envergonhado por passar anos se referindo a bruxos filhos de trouxas como “sangues-ruim”, porque isso era semelhante a Voldemort e ele queria estar o mais distante dele. Ele sentia nojo.

Mas, mais uma vez, não tinha escolha. Sua última tentativa frustrada de fuga havia sido há menos de vinte e quatro horas – foi o mais longe que ele conseguiu chegar, porque havia tentado sair na hora do jantar do ciclo interno de Comensais, mas quando conseguiu passar pelos portões da sua antiga casa, que agora não passava mais de um centro de tortura e quartel-general, Goyle o pegou e o arrastou até o jardim de inverno, onde ocorria a refeição.

Ele virou o entretenimento.

Voldemort mesmo, que estava de bom humor, foi quem o torturou com dezenas de Maldição Cruciatus seguidas. A dor era agonizante, parecia que todo o seu corpo estava em chamas; era inexplicável. Draco se lembrava que durante toda a sua tortura seu pai estava bem ali, encarando-o com desprezo e receio. – desprezo porque havia gastado sua vida criando um filho que não compactuava com seus pensamentos considerados tão superiores e corretos e receio porque, apesar de tudo, ainda era seu filho se contorcendo de dor.

Draco só levantou os olhos quando as palmas cessaram. Sua mãe estava com a mão em seu joelho, o máximo de afeto demonstrado em público que ela se permitia mostrar, e ele a encarou. Narcisa olhava para frente, totalmente estática, algumas lágrimas nos seus olhos, mas que ela não permitiria caírem.

— Venha, Draco. – Voldemort sibilou, olhando para ele com um sorriso no rosto.

Draco ficou de pé, olhando para o círculo de Comensais encapuzados ao seu redor. Seus olhos pararam em Lúcio, o único Comensal com o rosto a mostra que estava de pé ao lado de Voldemort, e Draco sentiu raiva. Era tudo o que sentia naqueles anos de guerra. Raiva de tudo e de todos e principalmente de seu pai.

Draco se sentou na cadeira no centro, estendendo o braço esquerdo. Encarou Voldemort e o Lorde o estendeu um frasco com um líquido azul.

— Beba. – ordenou.

Draco olhou para a mãe, que agora encarava o chão. Olhou para o pai, bem a sua frente, que já estava com a máscara dos Comensais no rosto. Mais ao fundo, reconheceu os olhos de Severo Snape, lembrando-se de quando ele havia matado Dumbledore, deixando Draco sem esperanças de dar fim a tudo aquilo e até mesmo dele sentiu raiva. Então virou o líquido de uma só vez na boca.

Ele achou que havia caído no sono, mas não foi isso o que aconteceu. Seus olhos continuaram abertos, encarando o nada, mas ele estava inconsciente. A poção que Voldemort o havia dado apenas paralisava suas funções cerebrais momentaneamente, somente tempo suficiente.

A mão de Draco se abriu e o vidro caiu no chão, se despedaçando.

— Nagini. – Voldemort chamou, sem o sorriso de antes, apenas com os olhos cravados em Draco.

A cobra veio deslizando pelo chão até os pés de seu mestre, se enrolando ao redor dele.

— Pode começar. – Voldemort disse.

Nagini se desenrolou de seu mestre e foi até Draco. Subiu pelo corpo inconsciente dele, deu uma volta em seu pescoço e então desceu até o antebraço esquerdo. Então o mordeu.

O corpo parecendo sem vida de Draco de repente se enrijeceu, reagindo ao veneno da cobra que já caminhava de volta para perto de Voldemort. O Lorde das Trevas esperou enquanto todas as veias do corpo de Draco saltaram e ficaram negras, o veneno em todo o corpo.

Voldemort se aproximou, colocou a mão esquerda sobre o antebraço de Draco e sibilou algo na língua das cobras, algo indecifrável. Então disse, quase em um sussurro, apertando o antebraço do jovem:

— Macula mantenour.

Voldemort estendeu a mão direita e Lúcio Malfoy, em suas roupas de Comensal, entregou ao Mestre um pequeno caldeirão onde continham brasas de carvão avermelhadas devido a temperatura escandalosamente alta. Voldemort pegou uma das brasas, como se nem mesmo sentisse o fogo ardente, e passou sobre o antebraço de Draco, que gritou mesmo que inconsciente diante de tamanha dor.

No canto da sala, Narcisa Malfoy fechou os olhos, desejando não estar ali, não ver nada daquilo e principalmente não escutar.

Ao tirar a brasa do braço do jovem, a Marca Negra surgiu, no início vermelha e ardente, mas aos poucos tomou a cor preta intensa.

Voldemort deu um de seus sorrisos doentios.

— Para sempre ligados. – ele sibilou no ouvido de Draco e então se afastou.

Lúcio foi até o filho e passou um ramo verde de gerânio na frente do nariz de Draco e então voltou para seu lugar ao lado do Mestre.

Draco apenas piscou e então sua consciência voltou.

 

 

— Draco! Draco! Por favor, acorde! – Hermione sacudia o corpo dele, o rosto em uma expressão de total desespero. – Acorde!

Draco piscou várias vezes, voltando ao presente. Seu corpo estava soado, a garganta seca e o local da Marca queimava como nunca, uma dor nunca sentida antes – ou, no caso, já sentida anteriormente, ele apenas não se lembrava. Draco olhou para a Marca Negra em seu braço, mas ela continuava clara como anteriormente, apenas o contorno do desenho visível.

Ainda atordoado, ele encarou Hermione. Ela segurava os ombros dele, os olhos arregalados de pavor.

— O que aconteceu? – ele perguntou.

— O que aconteceu?! – Hermione exclamou – Você bebeu a poção e começou a gritar como um louco! Eu não consegui te acordar e você continuava gritando como se estivesse com dor ou algo do tipo! Você só gritava!

Draco franziu o cenho, totalmente confuso. Então seu cérebro entendeu. Ele havia se lembrado.

— Eu me lembrei. – ele disse, olhando para Hermione.

— Era o mínimo! – ela se afastou dele, respirando fundo. – Você me assustou, só quero que saiba. Agora... Do que você se lembrou?

Draco respirou fundo, fechando as mãos ao notar que os dedos tremiam.

— Foi uma picada da Nagini. – Draco disse, a queimação em seu antebraço novamente – O veneno percorreu o corpo inteiro e foi como se eu sentisse cada pedaço... enfraquecendo. Então o Lorde tocou meu braço e depois o marcou com brasas quentes e Voldemort disse um feitiço: macula mantenour.

— Macula mantenour? – Hermione repetiu, já pegando a pena e anotando as palavras em um pergaminho. – E o que mais?

— Nada importante.

Os dois ficaram em silêncio, o peso da nova informação no ar.

— Obviamente é algo relacionado ao feitiço de criação da Marca, mas a utilidade dele... Não tenho ideia. – Hermione disse, suspirando.

— Por que você está tremendo desse jeito, Hermione? – ele perguntou, reparando no quanto o corpo dela parecia uma vassoura desgovernada devido a tremedeira, além de ela não conseguir ficar parada. – Por Merlin, parece que vai cair dura a qualquer momento!

— Você me assustou! – Hermione exclamou – Não parava de gritar, não acordava...

— Tudo bem, tudo bem... – Draco se levantou e foi até ela, parando frente a frente com Hermione, segurando seus ombros. – Olhe para mim.

Hermione não olhou, os olhos castanhos colados no chão.

— Olhe para mim, Granger.

Hermione finalmente o encarou, parecendo minimamente irritada.

— Estou bem. Foi só Voldemort mexendo com a minha cabeça mesmo depois de anos. Não queria te assustar. Agora, de verdade, sente-se e se acalme. Parece que vai cair dura no chão a qualquer momento.

Hermione se desvencilhou dele, como a boa grifinória orgulhosa que era, mas se sentou, respirando fundo várias vezes seguidas.

Draco ficou de pé, apenas a encarando.

Ela era linda. O rosto parecia esculpido, nenhuma medida exagerada, os lábios carnudos e vermelhos e os olhos parecidos com o sol. Por Merlin, ela realmente parecia uma obra de arte. Ele ainda não entendia como ela havia o amado. Ela tinha tantas qualidades, ele tinha tantos defeitos. Ela era uma heroína e ele um covarde.

Um covarde por toda a vida, nunca impondo suas vontades, mas, principalmente, por ter ido embora e não ter tido a coragem de voltar há seis anos. Ele e sua mãe foram perseguidos logo quando foram embora, quando ele, com a ajuda do trio de amigos, conseguiu resgatá-la e Hermione ainda estava lutando ao lado dos amigos, então não era o momento aceitável para voltar para procurá-la.

Mas ele voltou para a Batalha e quando tudo finalizou, ele ainda estava lá. Poderia ter ido até ela, explicado a demora para voltar, mas não teve coragem. Ele nunca se sentiu bom o bastante para ela. Passou seis anos sofrendo angustiado por amá-la tanto e se sentir tão pouco para ela. Todos aqueles anos observando-a de longe sem ter a coragem de se aproximar, porque sentia vergonha por ter demorado tanto.

É claro que ele teve motivos maiores: ele realmente recebia inúmeras ameaças de sua morte, muitas delas se aplicando a sua mãe e Draco precisava protegê-la. E por que ele traria Hermione para o meio de todas aquelas ameaças? Ele não queria que nada, absolutamente nada, acontecesse com ela por sua culpa e levá-la para perto de si naqueles momentos iniciais pós-guerra era muito inseguro. Com certeza Hermione merecia um descanso das trevas, afinal, lutava contra ela desde os onze anos. Draco a deixaria descansar disso. Ele deixou. Por seis anos, pelo menos.

Até hoje não entendia como havia tido a coragem para ir até o Ministério e para falar com ela; só Draco entendia o quanto estava nervoso com aquilo, mas ele sabia que era dela e de seu cérebro excepcional de que ele precisava. E vê-la todos os dias... Era quase como cair da Torre de Astronomia em cima de um colchão de penas – era assustador e ao mesmo tempo glorificante.

Ele conhecia Hermione muito bem para saber que ela não havia esquecido a despedida dele, o fato de que ele nunca mais voltou. Ela não havia o perdoado por isso, mas como ela faria isso se nem mesmo ele havia se perdoado? É claro que ela também poderia ter ido atrás dele – Draco definitivamente era o oposto da definição de anônimo, então era fácil saber o que ele estava fazendo e onde estava -, mas todos tem a esperança de que a pessoa que foi embora é que irá voltar. Ele não a culpava por isso.

Era horrível olhar para ela por todos aqueles dias – por todos os anos – e ver o quanto a amava e o quanto se sentia desmerecedor do amor dela. Provavelmente levaria aquele sentimento para o túmulo, porque Draco tinha certeza de uma coisa: ela não voltaria para ele. Por que iria?

Então, tudo o que se passava na cabeça dele, era aproveitar esses momentos que ele estava ao lado dela, mesmo com toda a questão dos Comensais envolvidos. Tudo iria acabar logo.

— Macula mantenour... – Hermione murmurou e Draco saiu do mergulho em seus pensamentos – Esse é o feitiço que conjurou a Marca no seu braço. – ela olhou para ele e Draco assentiu – Esse é o feitiço que liga Voldemort a Marca. Precisamos então arrumar uma maneira de acabar com essa ligação. Como nas horcruxes.

Draco franziu o cenho.

— Está querendo furar meu braço com o dente de um basilisco? – ele perguntou.

Hermione revirou os olhos.

— É claro que não, só estou dizendo... Como você sabe do basilisco?

Ah, é claro, ele não tinha motivos para saber. Não estava junto com ela durante a Batalha de Hogwarts, enquanto eles ainda tentavam acabar com os pedaços da alma de Voldemort.

— Eu li. Na época. – Draco falou e era verdade. Toda a trajetória da batalha foi parar em todos os meios de comunicação possíveis.

— Ah. Certo. – ela pareceu sem rumo por alguns instantes, mas logo se recuperou – O feitiço liga Voldemort aos Comensais porque uma parte dele corre no sangue de cada um que o seguia. Precisamos destruir essa parte, como fizemos com as horcruxes. Sabemos que Nagini não era de nenhuma espécie conhecida, então nenhum antídoto vai funcionar e acho bem difícil conseguirmos descobrir que hemotoxina é essa. Então precisamos trabalhar com a mágica: reverter o feitiço.

Draco suspirou.

— Brilhante. – ele disse – Só é uma das coisas mais difíceis de se fazer. Voldemort realmente sabia o que estava fazendo.

— Bom, isso é verdade. Vai ser difícil, mas ao mesmo tempo nos dá uma vantagem. Voldemort criou um feitiço para usar a Marca e somente para ele, então, mesmo que os Comensais tenham esse guia, com certeza está sendo extremamente difícil para eles também. Tentar trazer um feitiço de volta, um feitiço que é de uma só pessoa exclusivamente e essa pessoa não existe mais... Um trabalho árduo.

— Por isso eles estão tentando se comunicar mais: para tentar facilitar tudo, talvez precisem um dos outros. Explica por que não querem ninguém rastreando suas correspondências.

— Eu tinha me esquecido totalmente disso. – Hermione falou, passando a mão nos olhos, parecendo cansada – Eles têm mais uma pessoa no Ministério. Deveríamos tentar descobrir quem é, tentar atrasar as conversas entre eles.

— Sim, ganharíamos mais tempo, mas realmente acha que vale a pena?

— Como assim? – Hermione franziu o cenho para ele.

— Você mesma disse que provavelmente eles estão se sufocando em dúvidas tentando trazer o feitiço a ativa novamente, ainda mais com Voldemort não existindo mais. Nós não temos ninguém dentro do Ministério e com certeza estão de olho em mim por sua causa, então não posso começar a aparecer lá com tanta frequência e sem motivo nenhum, como um bisbilhoteiro. Iriam desconfiar.

Ela suspirou.

— E Theodore? – Hermione perguntou.

Draco considerou. Nott realmente ia constantemente ao Ministério por causa de suas terras.

— Posso pedir a ele. Vou mandar uma carta.

— Acha seguro?

Draco suspirou irritado.

— Hermione, já te dei todos os meus motivos para confiar em Nott, então...

— Não, não isso. – ela o cortou – Se você realmente confia nele, está tudo bem. Confio em você. Eu quis dizer se você confia em mandar cartas.

— Acredita que eles estão vigiando minha correspondência?

Ela deu de ombros.

— Nunca se sabe.

Ela tinha razão. Naquele momento realmente não podiam ser imprudentes.

— Vou até a casa dele então. – Draco disse.

Hermione assentiu.

— Certo. Vou preparar algo para comer enquanto você vai até lá. Precisamos trabalhar muito hoje. – ela disse, já de pé.

Draco ficou confuso.

— Você quer que eu vá agora? – ele disse, indignado.

Hermione revirou os olhos.

— É claro, Draco. Quanto mais rápido avisá-lo, melhor ele poderá se preparar. Você não vai demorar mais que dez minutos!

— Por Merlin, como você é mandona! – ele disse, um pouco irritado, mas subiu as escadas.

Ela era mandona demais e aquilo o tirava do sério. Principalmente quando ela era mandona e tinha razão, tudo de uma vez só.

Da sala de casa, Draco desaparatou e depois de segundos surgiu na grama verde e brilhante da vinícola de Nott. Draco sempre gostou de tranquilidade – mesmo nos seus anos de adolescência, quando ele adorava chamar atenção e tentar parecer o dono do universo, sempre foi uma pessoa reservada -, mas não tanta tranquilidade quanto Theodore.

A vinícola era afastada por mais de quinze quilômetros de Greve In Chianti, a cidade italiana com menos de quatorze mil habitantes onde a vinícola ficava. Theodore não gostava do movimento urbano, apesar de Draco ter certeza de que uma cidade com treze mil habitantes não teria tanto barulho assim, então comprou a vinícola mais afastada da cidade.

O lugar era lindo, Draco admitia isso. A grama e as árvores altas totalmente verdes, a casa gigantesca ao final do caminho de pedras cercado de arbustos, em um estilo vitoriano que aspirava grandeza no topo do morro. A produção de vinho – que realmente acontecia e Nott aparentemente lucrava muito com isso – era na base do morro, junto com os vinhedos que, graças á magia, produziam uvas o ano todo.

Draco foi para o caminho de pedras e andou até ficar frente a frente com a porta de madeira clara da casa. Ele bateu.

Um elfo atendeu a porta. Graças às leis que Hermione sancionou logo após a guerra, os elfos agora recebiam, tinham horas de trabalho justas e não eram obrigados a ficar na casa de seus senhores – na verdade, o nome agora era apenas “chefes”- e usavam uniformes fornecidos por quem os contratava. E ainda tinham um canal de denúncias caso sofressem algum abuso, como castigos físicos ou humilhações verbais.

Draco suspirou irritado olhando para a pequena criatura, pensando que até em outro país Hermione continuava em sua mente. Ele nunca tinha contratado um elfo e o problema não era o preço; o problema era que ele sabia que não era algo que Hermione gostaria. Por Merlin, ele se sentia estúpido pensando nisso! Tentou agradá-la durante todos esses anos, mesmo ela não estando com ele... Talvez estivesse na hora de Draco contratar um elfo.

— Senhor Malfoy, boa tarde. – o elfo de olhos castanhos disse, dando passagem à Draco – O senhor não avisou que vinha. Deseja ver o Sr. Nott?

— Sim. Ele está?

— Está no quarto. Sente-se. Vou chamá-lo para o senhor.

Draco apenas assentiu e foi para a sala. Foi direto para o bar e se serviu de um copo de whisky, uma cena rotineira de sua vida.

— Draco! – Nott apareceu depois de alguns segundos, usando apenas um robe azul, apertando o cinto. – A que devo a honra?

Draco observou o amigo. O cabelo bagunçado, os lábios inchados, apenas de robe. Estava no quarto e já era hora do almoço. Draco arqueou uma sobrancelha, achando graça.

— Atrapalhei a diversão? – Draco disse, sorrindo de lado, como era típico.

Nott riu.

— Não exatamente. Tenho o domingo todo. – ele deu de ombros e foi a vez de Draco rir.

— Bom, queria poder dizer isso.

— Sabe que conheço mulheres interessantes, posso te apresentar algumas.

— Estou um pouco ocupado no momento, mas agradeço a boa vontade. – Draco disse, de modo irônico; definitivamente não precisava de Nott para conseguir mulheres.

— Ocupado com Hermione Granger? – Nott arqueou uma sobrancelha; dessa vez ele quem se divertia.

— Hermione Granger? – a voz fina de Pansy surgiu, entrando na sala.

Ela estava com o cabelo preto que batia para baixo de sua cintura preso em um coque sem jeito, o rosto limpo – Pansy geralmente costumava usar muita maquiagem, algo levado para o mundo bruxo através de poções de pigmentação e pincéis enfeitiçados – e usando apenas um robe verde escuro. Ela foi até Theodore e se sentou no colo dele.

Pansy sempre foi assim: sem papas na língua e sem um pingo de vergonha. Draco não achava ruim, gostava de ver o quanto ela era segura de si e admirava isso. Ela e Theodore nesse quesito eram totalmente opostos, já que Theodore era muito tímido, mas talvez fossem por isso que funcionassem. Funcionavam tão bem que estavam juntos há dois anos, o casamento marcado para o final de setembro, em pleno outono.

— Boa tarde para você também, Pansy. – Draco disse e virou o whisky todo de uma só vez.

Pansy fez uma careta.

— Não deveria beber desse jeito. Sabe que não te leva a lugares bons. – Pansy o encarou e Draco soube ao que ela estava se referindo, mas não estava a fim de lembrar daqueles tempos e definitivamente não queria obedecê-la, então serviu mais um copo da bebida e Pansy revirou os olhos – O que vocês estavam falando de Hermione Granger? A reportagem sobre a história de vocês ficou sensacional, não acha, Draquinho?

— Não me chame de Draquinho. – ele disse.

Theodore e Pansy riram, pois sabiam o quanto ele detestava aquele apelido que Pansy lhe deu ainda nos tempos de Hogwarts, quando ela era surpreendentemente apaixonada por ele.

— E então? Você finalmente criou coragem para falar a ela o quanto a ama? – a mulher perguntou.

Por Merlin, com tinha momentos que Draco detestava Pansy. Eles eram bons amigos - tiveram momentos em que cruzaram essa linha - e definitivamente Pansy era alguém que havia o ajudado nos últimos anos, mas como ela era intrometida!

— Até hoje não entendo como você conseguiu vender a minha história para aquela revista de quinta categoria. – ele disse - Não pense que já lhe desculpei.

Pansy suspirou.

— Também não achei legal. – Nott disse, dando de ombros.

— Ah, me deixem em paz, vocês dois. Já pedi desculpas, Draco, mas fiz aquilo pelo seu bem. Queria que você se lembrasse do quanto a amava e finalmente tivesse coragem para dizer a ela e parar com toda essa infelicidade que te assombra há seis anos.

— Não sou infeliz. E não a amo. – Draco disse, bebendo todo o whisky de uma só vez.

— Quem você quer enganar, Draco? – Pansy ficou de pé – Eu te conheço desde criança. Você mesmo me disse que ficar ao lado da Granger foi o momento mais feliz e livre da sua vida! Acredite, eu acho que você conseguiria coisa melhor...

— Pansy... – Theodore a alertou.

— Não, Theo, eu preciso ser sincera. – ela continuou – Eu acho que você conseguiria alguém melhor. Sei que todos nós já conseguimos ver o quanto toda a história de sangue em que fomos criados realmente é doentia e só nos trouxe mal, então, acredite, não é por isso que estou falando. Acho que você conseguiria alguém melhor simplesmente porque acho Hermione Granger insuportável.

— Pansy! – Theodore exclamou, pulando os olhos da noiva para Draco, que estava com o rosto vermelho, parecendo prestes a explodir.

— Mas você a escolheu, Draco. – Pansy continuou – Nenhum de nós nunca pôde fazer muitas escolhas, então as poucas que tivemos liberdade para fazer nós nos agarramos a elas e não soltamos. Você a escolheu e já a deixou ir uma vez. Você tem tudo nas mãos agora e vai deixá-la ir mais uma vez?

Draco apenas continuou encarando a amiga de longa data.

Lembrou-se do dia em que foi até o Ministério falar com Hermione sobre a revista e chegou à conclusão de que Pansy quem tinha vendido a história deles; assim que saiu do Ministério foi até a casa em Londres de Nott, onde os dois ficavam durante a semana, e brigou com Pansy como nunca. Pansy apenas disse que havia visto a foto deles no Profeta e então quis dar um empurrão em Draco: ele poderia rever a história deles e assim criar coragem para começar a escrever novos capítulos com Hermione.

Draco achou uma loucura. Continuava achando Pansy totalmente insana. Será que ela nunca entenderia que Draco não conseguiria ter Hermione de volta?

Draco respirou fundo, tentando manter a calma. Pansy e sua falta de noção por vezes o tiravam do sério.

— Nott, será que você pode, por favor, tirar a sua mulher daqui? Preciso falar a sós com você. – ele disse.

Pansy revirou os olhos, irritada.

— Ser teimoso é um defeito, Draco, pare de encarar como uma qualidade. – ela disse e então olhou para o noivo – Eu sei que esses encontros de vocês não são apenas sobre a empresa. Não sou boba. – e então ela saiu da sala chamando pelo elfo doméstico.

Theodore olhou para Draco.

— Não diga nada. – Draco falou e Theodore levantou as mãos, em sinal de paz.

— Vamos para o escritório. – Nott disse.

Eles foram para o segundo andar da casa e entraram no escritório dele, um cômodo muito claro na concepção de Draco, com os armários beges assim como a mesa, além de um sofá branco e muitas janelas.

— O que aconteceu? – Nott perguntou, sentando-se na cadeira atrás da mesa e olhando para Draco.

— Hermione foi atacada. – Draco disse, sem saber exatamente por que havia começado por esse assunto – Davies foi atrás dela procurando pela lista. – Draco havia contado sobre a lista para Theodore, afinal o nome do pai dele também estava naquele papel e era por aquele motivo que eles estavam ligados.

— Merlin. E ela está bem?

— Está. Está ficando na minha casa.

Na sua casa?— Nott disse, em um tom de voz sugestivo, arqueando uma sobrancelha.

Draco revirou os olhos.

— Ela não está mais segura na casa dela. Apenas isso, Theodore.

— Eu não disse nada, você que está imaginando coisas. E o que precisa que eu faça?

— Tem alguém encobrindo a comunicação dos Comensais, deixando que eles troquem cartas sem alertar os aurores. Hermione e eu pensamos que é assim que eles estão trocando informações para poderem fortalecer a Marca.

Nott ficou em silêncio alguns segundos.

— Essa comunicação chegou em Azkaban? – ele perguntou.

Draco assentiu. Theodore bufou, passando a mão pelo rosto.

— Não podemos deixar isso ir longe, Draco. – falou – Eles não podem sair de Azkaban. Vão arruinar a vida de todos, mas as nossas com certeza são as mais planejadas.

— Eu sei. Estamos fazendo o possível para que isso não aconteça...Não pode acontecer.

Theodore assentiu.

— Só precisa disso? – ele perguntou.

Draco franziu o cenho.

— Você tem livros de feitiço?

— Alguns em Londres, sim. Por quê?

— Sobre magia negra?

— A biblioteca ainda é do meu pai. Com certeza deve ter alguma coisa.

— Pode mandar para mim?

— Claro. Peço Willie para separar e enviá-los a você hoje mesmo. E vou manter os olhos abertos no Ministério.

Draco assentiu.

— Obrigado. Não me envie cartas, podem estar de olho em mim também por causa de Hermione, então... Vá até a minha casa ou até a empresa. Agora tenho que ir, não quero deixá-la sozinha muito tempo.

— Não quer deixá-la sozinha? – Nott agora tinha um sorriso divertido no rosto.

Draco apenas o ignorou, com um revirar de olhos, e Theodore riu, ficando de pé para acompanhar o amigo.

Nott acompanhou Draco até o lado de fora da casa.

— Só para constar – Theodore falou, parado no batente da porta de entrada – Eu acho que Pansy tem razão.

Draco apenas olhou para o amigo e disse:

— Me deixe em paz, Nott.


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Notas finais do capítulo

bom, agora vcs sabem um pouco do que aconteceu e do que draco sente. espero que isso acabe com algumas dúvidas e traga outras! hahaha

espero que tenham gostado :)



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