Beast Hunters escrita por HAlm


Capítulo 10
Peguem a Bandeira!!!


Notas iniciais do capítulo

Demorou um pouquinho, mas saiu kk



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Karin andava a passos curtos e rápidos para a Sala dos Generais, no topo da torre do dedo médio de Anúbis e atravessou a enorme porta dando para uma mesa redonda com as sete cadeiras ao redor. Em todos os cantos da sala havia vidros transparentes com vista além do alcance que era permitido pelas outras torres por serem mais baixas, apesar de que em diversas janelas, papéis, mapas e planos estavam colados com fitas.

Todos os outros generais estavam prontos para qualquer que fosse o tema da reunião exceto por Clara que devia estar participando do treinamento.

Os generais eram ao todo seis, nunca mais ou menos a não ser que algum morresse e fosse necessário ser substituído. Todos representavam uma força que guiava a organização e a falha nessa força abalaria a confiança de todos, sendo usados como substitutos ou sobreviventes dos seis que ocupavam as seis posições no serviço de inteligência nacional anteriormente.

Os membros que estavam ali eram: Mad, um gato branco; Haje, uma serpente médica mãe de Vess; Karin, como já mencionado, guaxinim e irmã biológica de Vael; Clara, a bull terrier; Sarah, a chita; e Kuro, o panda, sempre acompanhado de sua katana na cintura. Estes eram os generais além da líder, Yara.

— Que bom que você chegou, Karin - Yara moveu a mecha de franja para o lado com um movimento delicado e apontou para uma das cadeiras vazias. - Precisamos falar de novo sobre aquele vídeo.

— Aquele vídeo? A missão de Beka? Sobre o carregamento de armas?

— Sim. Temos mais informações graças ao Mad - apontou para o gato branco que vestia as roupas padronizadas de sempre, com listras grossas de rosa e preto desde as luvas que se ligavam às mangas por suspensórios às cores da camisa. Como gostava de ter todas as suas cores combinando, seu cabelo e cauda eram rosas também, possuindo um conjunto de pêlos arrepiados e rosados sobre a cabeça, realçando o preto da parte interna delas. - Quer contar o que descobriu?

— Bom! - disse seguido de uma tosse falsa para chamar atenção. - Sabemos que o rei leão tem um tipo de assassino de estimação. Parece que ele gosta de usá-lo pra fazer algumas "mortes caprichadas" que era o atirador presente na cena do vídeo gravado pela câmera da Beka. Temos a cena do... bem... do... negócio lá... - seus dedos se enrolavam e pelo rosto dava para saber que sentia desconforto ao falar "estupro". - Ele tava com alguns soldados. Eram de uma organização mercenária, mas quando ele virou rei finalmente ele contratou eles e mais alguns como soldados pessoais além de usar a constituição do país ao seu favor quanto aos militares. Eles devem servi-lo, ou fogem antes de serem fuzilados. Aquele atirador... - Yara ligou a tela que cobria a janela do meio com a imagem pausada exatamente no momento em que o tiro aconteceu. - Aquele cara é Bahrol. Aparentemente sem um sobrenome. Sem registros.

— Ele sabia como atirar, não é? - Haje levou uma mão apontando os dedos para o rosto de forma pensativa. - Ele tinha conhecimento de anatomia então. Talvez saiba muito bem como o corpo de cada animal funciona. - Fechou os olhos analisando seus pensamentos minuciosamente. - Este Bahrol... Parece que deve ter sido algum tipo de nerd então... - brincou a médica.

— Então temos que acabar com ele para termos vantagem? Uma... bom, mínima vantagem? - Sarah colocou seus dois pés cruzados sobre a mesa.

— Não tanto - Mad estalou os dedos tentando pensar em como poderia dar a notícia. - Uma coisa que eu e a Yara decidimos que falaríamos hoje. 

— Deixa eu adivinhar: é impossível chegar até ele e existem mais outros chefões? - Kuro cruzou os braços. - Pelo jeito que fala parece superestimar eles.

— Bom, acertou a maior parte, Kuro. Mas não estou superestimando eles se falar isso.

— Ele tem razão - Yara intrometeu. - Pelo que vimos, os animais que eles têm como aliados não são só o atirador, mas vários outros nomes, sendo alguns já conhecidos agora pela população. Óbvio que o leão recrutaria gente tão cruel quanto ele, isso se não estiver fazendo algum tipo de chantagem.

— Existe alguém que possa saber sobre eles? Que tenha informações e, de alguma forma, nos ajude? - Sarah cruzou os dedos pensativa. - Yara?

— Bom... Acho que você, Sarah, conhece. - Yara deu um sorriso esperançoso, apesar de a lentidão em dizer o que queria para dar um toque de suspense deixava a chita incomodada. - Willy V. Servv. Você o prendeu por excesso de velocidade pelo que me disse. Quando tudo deu merda, ele foi raptado e depois de um tempo conseguiu fugir. As câmeras de todo o reino viram ele saindo das fronteiras da capital há um ano e meio pelo menos e depois disso nunca mais foi visto, mas pela direção podemos deduzir que ele foi ao oeste. Deixo com você a missão de ir atrás do serval.

***

Os portões se abriram.

Do subterrâneo à arena havia quatro rampas opostas onde os portões estavam localizados.

O santuário se revelava à frente de todos como se todo aquele vilarejo subterrâneo de repente se tornasse um santuário em meio a uma floresta... Porém, magicamente no deserto.

Eram quatro equipes, logicamente dando oportunidades para novos membros participarem, e como os soldados sempre estavam ocupados com patrulhas, outros com o próprio treinamento ou seus trabalhos, não sobrava muitos participantes uma vez que a utilidade do cenário no treinamento era para praticarem as dificuldades em determinados lugares e relevos.

Para Vael, mais um treino de movimentação com arpéus. 

Uma buzina foi apitada, sinalizando o início da competição e os participantes se apressaram para a Arena em busca de suas bandeiras.

O objetivo do jogo era uma equipe conseguir a bandeira e permanecer com ela o máximo de tempo possível até o fim da partida. Quando alguém pegava a bandeira, o tempo era cronometrado até que outro time a pegasse ou ela arremessasse para alguém de sua equipe. O período em que estaria no ar não era calculado até que chegasse nas mãos do outro competidor. Caso outro time roubasse a bandeira, o tempo para a equipe que antes a possuía estaria em pausa e o da outra começaria a valer.

Vael respirava aceleradamente torcendo para o plano dar certo. Pelo visto, o plano "A" e o "B" eram suficientes para conseguir vencer... ou era isso que esperava.

Pelo que podiam ver, os rochedos formavam barricadas ao redor da lagoa que rodeava uma enorme árvore, e a bandeira estava ali

Vael acelerou seus passos e arremessou seu gancho na direção da árvore e com um impulso, lançou o segundo gancho para ir mais além e aumentar sua velocidade enquanto os braceletes faziam o trabalho de recolher os arpéus cada um por vez. 

Ele estava no ar quando notou algo pesado atingindo suas costas com força fazendo-o esvaziar os pulmões. 

Não era um objeto. A coisa que o atingiu o abraçou fortemente, recolhendo seus braços e impedindo a funcionalidade dos arpéus enquanto ambos estavam em queda livre com Clara.

Seus amigos teriam que usar o plano "B".

Clara se virou para proteger o frágil guaxinim do impacto da queda e logo se levantou com punhos levantados e fechados para o rival.

— Rápido demais, ratinho! - rosnou.

Vael se levantou com as costas doloridas e pulmões ardendo recuperando o fôlego e colocando a cabeça atordoada no lugar.

— Eu... não sou um... um rato - resmungou Vael com os arpéus em punho.

— Não me importo. Você nunca vai ser um de nós!

Clara avançou para Vael, mas antes tomando cuidado para ver qual seria a reação do guaxinim. Qual seria o movimento dele.

Vael também avançou usando o arpéu direito, lançando o gancho contra sua oponente que apenas agarrou a corda e o puxou para perto, sendo recebido com um soco no focinho.

Clara rodeou o novato com um olhar desafiador, como se olhasse orgulhosamente para uma presa... Uma presa atordoada com mãos na boca tentando conter o sangue.

— Você pensa rápido... Mas age ansiosamente... Você é fraco demais para fazer algo assim, ratinho.

Vael gritou dando um impulso na direção dela, não se importando com os conflitos ao redor... Afinal, nem ela se importava. Ela olhava para ele apenas, com um sorriso debochado para irritá-lo.

Ela o conteve com facilidade, usando o joelho esquerdo contra o peitoral do guaxinim, que mais uma vez cambaleou sem ar.

— Não quebrei nada ainda, ratinho... Você é tão frágil? - Golpeou Vael com os braços em suas costas, o forçando contra o chão. - Você é fraco! E ainda quer um combate direto? - Clara o segurou pela gola da camisa, levantou o suficiente para que ele não sentisse o chão com as pontas dos pés.

Vael tossiu com o ar sendo lentamente recuperado.

— Eu... Não preciso ser forte agora!

— Ah é? Entenda uma coisa... - Ela levantou o levantou e o arremessou com força contra o chão, de frente para seus pés. - Eu sou aqui como os inimigos de nosso povo!

Vael sentiu o pé dela no impacto contra a lateral de seu corpo logo antes de ir na direção da árvore. Logo antes de sentir uma imensa dor.

— Um pouco mais acima e teria partido sua costela! E ainda acha que não precisa ser forte? Se queria ser uma isca, seu lugar não é aqui! Se não olha para o campo de batalha e os ataques pelas laterais, seu lugar não é aqui! Seus companheiros estão ocupados tentando pegar o objetivo... Não virão salvar você! E eu tenho mais do meu grupo para cuidar deles enquanto você se deixa ser sacrificado! Valeu mesmo a pena?

— Tudo pelo objetivo, não é? Eles conseguem... Mas se você fosse um inimigo teria perdido tempo demais comigo...

— Tem razão, rato... Não preciso mais brincar com você. Brinco de novo depois.

Ela tentou se afastar de Vael, mas tropeçou por causa de um gancho em sua panturrilha. Quando Clara tirou seu rosto da terra, Vael pôde ver a expressão furiosa e tom avermelhado.

— Venha, gatinha... - Vael provocou puxando levemente a corda.

— Eu já vou indo, ratinho! - Clara segurou firme na corda e a puxou com força para quebrar o equipamento de Vael enquanto caminhava em sua direção com olhar fixo nele, que tinha em seu olhar uma espécie de pedido amedrontado de desculpas escondido. - Quer bancar o corajoso né? - Segurou firmemente o outro pulso de Vael e apertou até ouvir o crack do aparelho se quebrando e os gritos de dor do guaxinim pelo aperto em seu pulso.

— Sim... Acho que essa a sensação.

— Se eu fosse um inimigo, você já estaria morto!

— Sim... Mas você não é... E se eu morresse, o que seria mais importante? O objetivo para estarmos um passo a frente de conseguir o reino de volta ou minha vida? Eu... Daria minha vida pela nossa causa. Isso que importa, não é?

Vael olhou para a mão da terrier sendo estendida na direção dele.

— Você conseguiu ganhar algo bem difícil hoje, Vael... Meu respeito.

— Seu respeito?

— Sim. Você é idiota, mas definiu bem sua prioridade... Além de isso ter feito vocês ganharem.

Ambos olharam para o lado, onde Kelsier corria loucamente de outros onze participantes com a bandeira nos braços, com Vaiska impedindo que pegassem sua cauda e Lully ajudando a segurar a haste do objeto.

— Vai dar um minuto em cinco segundos... - A Terrier se sentou ao lado do guaxinim, apoiando-se na enorme raiz da árvore. - Eu poderia acabar com a brincadeira, mas... Se vocês pegassem de novo ganhariam. E Vaiska com o Kelsier são uma ótima dupla. Quase sempre ganham... Gostou do treinamento aliás? - Uma buzina ressoou.

— Não... - ele resmungou.

Clara olhou para o Guaxinim, que estava em posição fetal, cobrindo parte dos locais doloridos com as mãos.

— Olha pelo lado bom, apanhou de uma mulher bonita!

— Você tá muito convencida...

Ela soltou uma gargalhada. Um som que Vael não conseguia decidir se era assustador ou aliviador.

— Acho que vou ficar dolorido por uns dias...

— Nah, acho que você fica bem logo, ratinho... Pode pedir ajuda pra Lully depois da enfermaria. Ela é uma boa suporte com aquelas coisas nos braços.

***

Vael alisava seu colar com a cabeça metálica de chacal. Já não havia ninguém por perto, exatamente como Anúbis disse que aconteceria, agora faltava duas pessoas para acompanhá-lo... Apesar de não saber ao certo se deveria esperar por alguém mesmo.

Em seus pulsos, seus novos equipamentos feitos com luvas de couro presas a protetores de pulsos que iam até seus ombros como se fosse uma armadura em seus braços, separado nas juntas dos cotovelos por uma cota de malha, ligados em tiras de couro nas costas para que pudesse se equilibrar melhor e ter mais precisão ao disparar as cordas metálicas. Os ganchos dos arpéus, agora versáteis, podiam ser letais se disparados contra alguém pela capacidade de perfuração, mas se puxasse uma pequena alavanca, o arpéu se tornava uma garra para puxões não letais ou escalar em outras superfícies.

Em suas costas sentia algumas pontadas sobre a pele, como lembrança do jogo pela manhã; um incômodo reduzido pela cura dos discos de Lully, usados sobre seu corpo através de suas mãos como ondas de som. Suas feridas foram fechadas, claro, mas o sentimento não passaria com cura.

O que encontraria nessa missão? Muitas perguntas passavam na cabeça de Vael... Muitas dúvidas... mas em seu coração sabia que devia fazer.

Esperou mais um pouco antes de decidir já ser a hora, pois se demorasse demais e soldados aparecessem no templo que o guardião havia mencionado antes seria o fim de uma missão... uma que julgava importante já que foi dada pessoalmente por um deus.

Vael se levantou de seu assento e se preparou para partir. Tinha dito para Lorena não se preocupar com ele e que iria dormir quando terminasse de organizar suas ideias ou elas, de fato, o atormentariam pela noite.

Montou em uma das motos e a ligou saindo do acampamento, sendo guiado pelo colar como se fosse o meio de comunicação de Anúbis com sua cabeça.

Nos retrovisores de sua moto, viu dois faróis piscando três vezes antes de desligarem.

Parou.

Estava a mais ou menos cem metros da construção quando os outros dois pilotos saíram de suas motos.

— Vael, o que está fazendo? - Lully tirou o capacete. Vael já havia descoberto quem era pela jaqueta de couro meio aberta de modo extravagante, exibindo, como de costume, parte de seu corpo enquanto as calças coladas ao seu corpo, pois "fazia menos barulho", segundo ela.

"Vantagem tática", como ela chamava.

O que estava em outra moto, Kelsier, também tirou seu capacete.

— Tem noção do que está fazendo?

— Bem... Eu... - Vael abaixou a cabeça buscando meios de explicar tudo sem parecer louco.

— Você esqueceu seu capacete, mocinho! - Lully empurrou um capacete extra que tinha consigo contra o peito do guaxinim tentando manter a expressão séria.

— Não é isso, Lully! - Kelsier reclamou e voltou para o guaxinim com olhar compreensivo. - Aonde vai, Vael? Não pode sair de madrugada assim.

— Eu tenho que fazer isto, Kel. É uma missão importante - Vael disse enquanto colocava o capacete.

— Missão importante? - Lully e Kelsier questionaram em uníssono.

— Prometem não me achar doido?

Alguns segundos de silêncio extremo se passaram. Vael tomou como um "prometo, só anda logo".

— Os deuses são reais... Anúbis falou comigo pela madrugada de ontem - explicou, levantou um pouco o colar mostrando à dupla. - ele quer que eu traga para cá os que estão morando num templo. Não sei se é templo dele, mas é de algum outro deus... Preciso salvar três pessoas pelo que entendi e trazer para cá, pois haverá um ataque ao templo. Ele disse que duas pessoas apareceriam para me acompanhar... Exatamente duas...

— Bom... Tô dentro - Kelsier falou sem pensar.

— Bizarro... Acho que tá meio doidinho... Mas não pode sair sozinho, então vou com vocês dois - Lully vestiu o capacete tomando cuidado com as orelhas e montou sobre a moto. - Para onde é?

— A floresta - Vael apontou. - Meio distante daqui... Mas chegamos provavelmente ao amanhecer.

— Como sabe disso? - Kelsier fez o mesmo que a coelha.

— Eu sinto. O colar... Ele está falando comigo... Mostrando o caminho.

— Okay... Sempre achei que você fosse ateu.

— Bom... Depois dessa experiência eu... Eu não sei... Não ligo.

 


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