Ingredientes para se Curar um Coração escrita por LizAAguiar


Capítulo 4
Ingrediente 03: Tenha uma Irmã Idiota


Notas iniciais do capítulo

Olar novamente seres feitos de poeria estelar o/

Quem acertar quem é a irmã idiota ganha um docinho mandando por telepatia e.e

Tenham uma boa leitura ^^



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A primeira reação de Leo foi soltar uma piada.

— Isso é sério? Então, já temos uma candidata para assumir o Reynado? — Jason riu baixinho, Piper rolou os olhos e esperou Annabeth se manifestar.

— Ela me contou a alguns dias, eu até achei que demorou pra acontecer. — A loira continuou a subir a colina com os amigos a seguindo.

A filha de Afrodite foi a única impactada pela resposta.

— Está falando sério? Não acha, sei lá... — Encarou o aqueduto, quase procurando por iluminação divina. — Esquisito? Sem lógica ou uma atitude desesperada? — Porque para Piper eram as três coisas.

— Caraca, eu nunca tinha reparado que isso era tão grande. — Os olhos de Leo estavam vidrados na construção. — Aposto que eles têm uma equipe enorme de manutenção pra fazer essa coisa funcionar direito.

— Tem mesmo, mas nem me pergunte os detalhes de como funciona. — O sorriso pequeno e nostálgico nos lábios de Jason fez uma pequena parte de seu cérebro se lembrar que, o intuito do passeio com os amigos era de explorarem o Acampamento Júpiter enquanto davam o silêncio que Percy precisava para estudar.

Era para ser divertido.

Por que não deixar aquele assunto de lado?

— Não, pra falar a verdade acho que vai bom ela se afastar um pouco. — Annabeth definitivamente não estava entendendo o ponto.

— Qual é? Você realmente acha saudável uma pessoa se enfiar no mato com uma deusa para caçar monstros e esquecer as pessoas que se importam com ela? — Estava falando com a grega, mas o filho de Júpiter a encarou. — Desculpe, eu não quis dizer que....

— Tá tudo bem. — O sorriso que deveria lhe tranquilizar saiu um tanto torto, relevando que aquele assunto ainda o machucava. — Não é muito fácil de entender mesmo.

— É que vocês não estavam lá na época. — Uma das mãos de Annabeth foi ao encontro das contas em seu colar, capturando a primeira com os dedos: o pinheiro que um dia foi sua amiga. — Depois que a Thalia voltou, tudo caiu em cima dela, a profecia estava para acontecer, eu tinha crescido e o Luke... — Os olhos cinzentos e tempestuosos, junto ao tensionar do maxilar mostravam o quanto o assunto ainda a afetava. — Ver seu melhor amigo se transformar do dia para a noite em um monstro não deve ser nada fácil.

A grega pode ver o descendente de Hefesto se distanciar do grupo e puxar assunto com uma dupla de legionários aos pés do aqueduto, parte por curiosidade, mas ela tinha certeza que ele sabia o quanto aquela conversa estava ficando séria, embora os três continuassem seguindo-o ao longe.

 — Eu acreditei que ela tinha se juntado as caçadoras por causa da profecia, mas acho que na verdade a Thalia só queria descansar, não ser importante pro destino do mundo, sair dos holofotes. — Piper crispou os lábios, lembrando-se de ter ouvido algo semelhante da boca da própria pretora. — Curar o próprio coração e se conhecer melhor. — Tentou protestar, mas o olhar de Annabeth a calou. — Algumas coisas a gente tem que fazer sozinha.

— Mas... — Odiava quando a loira dava uma de filha de Athena e não era a seu favor. — E o Nico?

— Ele gosta demais da Reyna, uma hora vai entender que ela precisa de um tempo. — Seu queixo caiu.

— Sério? Não acha que ela está sendo drástica? — Sua amiga ponderou por alguns instantes, encarando o céu azul sem nuvens do meio da tarde.

— Não. — Seu tom banal fez os ombros de Piper caírem. — Além do mais, não é um juramento pelo Estige ou algo do tipo, ela pode sair a hora que quiser, ao menos Ártemis é flexível nessa parte. — Ela deu de ombros.

´´Ao menos nisso, não é? ``

Uma freira parecia ter mais liberdade.

— E, quando a Thalia se sentir bem o bastante outra vez, ela vai voltar. — Piscou para o romano, Jason agradeceu com o olhar.

E Piper sentiu a derrota como um buraco sem fundo.

´´Você realmente acha que ela vai voltar? ``

Porque Piper não conseguia se convencer disso.

— Eu ainda acho que ela vai se arrepender. — Resmungou, se negando em dar o braço a torcer.

— Duvido muito, pelo que sei a Reyna mantem contato constante com a Thalia a um bom tempo, ela já tem informações o suficiente das caçadoras para saber se vai gostar ou não. — Piper sentiu o olhar de Jason, tinha certeza que ele estava pensando o mesmo que ela.

´´Será que... ``

— Annabeth... — A loira parou de seguir Leo e a legionária que dava explicações sobre o aqueduto, a curiosidade pairando em seu olhar. — A Reyna e a Thalia estão... — Deixou a sugestão no ar, por algum motivo a ideia de completar a frase enjoou seu estômago.

— Namorando? Não. — Ela pareceu achar a ideia absurda e a filha de Afrodite guardou o suspiro de alívio para si mesma. — Tá que o juramento diz que você tem que virar as costas para os homens, mas não significa que o amor romântico seja incentivado entre garotas, quando elas se chamam de irmãs, são irmãs mesmo.

— Hã... Vocês sabem pra onde estamos indo? — A filha de Athena riu levemente enquanto Piper olhava ao seu redor, continuavam a seguir Leo, que por sua vez seguia a frente com uma garota alta de cabelo rosa que sabia pertencer a Coorte de Hazel.

— Não é você o guia, ex-pretor? — Ela pareceu achar graça até notar que estavam entrando em Nova Roma. — Leo? Pra onde estamos indo?

— Tomar sorvete, ora! — Ele parou com a garota na entrada de uma pequena padaria, esperando que os alcançasse. — Lavínia disse que esse é o melhor da cidade. — A tal Lavínia sorriu, de alguma forma o cabelo chamava mais a atenção do que a enorme besta que levava nas costas.

— Olá, você deve ser o Jason, Annabeth e Piper. — E estourou uma bolha de chiclete de morango enquanto apontava para cada um. — Leo fala muito de vocês.

— Vocês já se conheciam? — Indagou o que todos estavam curiosos para saber.

— Claro que não, quase nunca venho pra cá, mesmo que a Calypso goste, ela acha que os deuses romanos são uma forma de torturar os gregos. — E entrou na padaria enquanto sua nova amiga fazia milhares de perguntas sobre a namorada e Ogígia.

— Vamos lá? — Annabeth deu de ombros a pergunta de Jason e entrou, seguiu a amiga junto com o garoto.

Lavínia deixou a besta enorme no guarda-volumes, cheios de clavas, espadas, lanças, escudos, machados de guerra e...

Aquilo era uma jarra de suco de Tang?

´´Não pergunte, McLean, não pergunte. ``

Annabeth pediu dois milkhsakes, um de chocolate e outro de céu azul, — uma recompensa para Percy, — Lavínia pediu um Sunday tamanho família, Leo ficou com profiteroles, enquanto Piper e Jason atacaram de picolés de abacaxi e limão.

Do caminho do balcão até a mesa do lado de fora da padaria, Leo e Lavínia não pararam de tagarelar.

´´Achei alguém mais hiperativo que o Leo. ``

Tomou o sorvete em silêncio, negando-se a acreditar que apenas ela via problemas no que Reyna estava fazendo.

´´Ela quer descansar? Ter um pouco de paz nesse nosso mundo maluco, se conhecer? Passe um tempo no mundo mortal. ``

Ali ninguém a conhecia, jamais saberiam, ou acreditariam, em seu passado, seria ótimo para se desconectar, curar seu coração, sair dos holofotes, ou seja lá o que Thalia estivesse fazendo...

´´Pode tentar deixar tudo para trás, faz sentido no começo, mas você só acaba se sentindo solitária. ``

Ou ao mesmo foi o que sentiu ao voltar para Oklahoma.

Piper também queria se descobrir, entender o que havia dela nos desejos ilusórios de Hera, nos dramas e crueldades de Afrodite e, por mais que seu tempo na reserva cherokee tivesse seus bons momentos, — nunca imaginou que pudesse ficar tão boa na zarabatana do avô, — ele apenas serviu para mostrar que seu lugar não era lá.

Terminou com Jason por se negar em ser apenas um fantoche nas mãos de Hera, como um casalzinho feliz das propagandas de margarina, a ideia de quebrar corações ou ser a protagonista de um romance trágico, daqueles que a deusa do amor adorava, lhe embrulhava o estômago, não queria corresponder às expectativas da mãe.

Na casa de seu pai em Malibu ou na companhia dos primos em Tahlequah, sua solidão era a mesma, continuava a olhar para o espelho e não saber exatamente quem era ou qual caminho seguir, quase como se estivesse flutuando no espaço, sem nada para se agarrar.

Reyna tinha os pés no chão, não era alguém tropeçando por aí, sem rumo ou caída de paraquedas em algum lugar, como Piper se sentia toda vez que se lembrava de Dylan e a carruagem voadora no Grand Canyon.

Reyna era romana, ninguém poderia dizer o contrário, estava marcado em sua pele, — literalmente, — em seu jeito de lutar, em seus olhos, sua postura...

Tudo nela chamava o orgulho guerreiro de Roma, aquela era sua casa e, não importava o que Annabeth achava, se para ela fazia sentido ou não.

´´Essa parte da sua vida acabou, Reyna? Como? ``

Piper não entendia como alguém poderia desistir de seu lar.

— E então, Rainha da Beleza, a Annabeth conseguiu tirar as minhocas da sua cabeça? — Dizer que não se assustou com Leo a chamando de repente seria mentira, entretanto, a raiva com a pergunta a ajudou a esconder a surpresa.

— Eu não tenho minhocas na cabeça, ainda acho um absurdo. — Havia terminado o picolé, no momento se ocupava mastigando o palito, algo que sequer percebeu.

— Qual é? Por que está levando isso tão a sério? Deixa a RA-RA se divertir. — Rolou os olhos, pensando em mandá-lo calar a boca com o charme. — Você tá tão fixada nisso que parece até que está afim dela.

Piper encarou o amigo, perguntando a si mesma se ouviu direito.

´´Claro que ele está brincando, Leo sempre lida com tudo assim, mas...``

Qual é?!

— Cala a boca, Leo. — Disse Jason com um tom brincalhão, Annabeth apenas sorriu e rolou os olhos, terminando seu milkshake de chocolate.

— Quem é RA-RA? — Perguntou a tal Lavínia, obviamente perdida no assunto.

Piper respirou fundo, estava cansada daquilo.

Cansada de suas preocupações sobre Reyna serem subestimadas, cansada daquela quase imperceptível piada.

De que ninguém poderia gostar de Reyna, como se ela estivesse amaldiçoada, de que ter sentimentos por ela era impossível. Era exatamente isso que a magoava, que a lembrava todos os dias das palavras de Vênus.

E a fazia ignorar o quanto sua mãe apenas mexia os pauzinhos para ter a história mais interessante a seus olhos, sem se importar quantos corações machucados deixaria pelo caminho.

Era aquele tipo de comentário que fazia com que Reyna quisesse deixar o próprio lar.

— E por que isso seria impossível? — Indagou para ninguém em especifico.

— Oi? — Era difícil tirar o sorriso do rosto de Leo, a grega gostaria de receber um prêmio por isso.

— Ela é bonita, inteligente, responsável... — Começou a contar nos dedos, enquanto o restante da mesa a encarava em choque. — Tem um sorriso lindo e ri quando você conta uma piada muito boa ou deixa ela surpresa. — Ser chamada de coelhinho fofo jamais sairia de sua memória. — E pelos deuses, ela é recordista no MPT. — Três podiums, porque o chalé 10 era muito rigoroso. — Só um idiota não se apaixonaria por el...

Mão delicadas repousaram em seus ombros, quase massageando-os, embora Piper sentisse uma ameaça fria e mortal passando por eles.

— Por que você está falando do MPT na frente dos romanos, irmãzinha? — Um arrepio passou por usa espinha com o sussurro ao pé do ouvido, não precisava levantar a cabeça para saber quem era, mas assim o fez.

´´Não...``

Era miragem? O picolé estava estragado? Jogou o palito no lixo, talvez a madeira usada fosse tóxica.

— Drew? Oi. — Jason fez as honras, porque a grega não tinha condições para tal. — Não sabia que estava por aqui também.

As mãos de sua irmã deixaram seus ombros, Piper assistiu com horror ela puxar uma cadeira da outra mesa, — sorrindo docemente para o casal de velhinhos sentados lá, — ela sentou-se entre Annabeth e Leo: exatamente a sua frente.

— Não era para estar, na verdade. — Ela parecia exatamente como antes, maquiagem feita com delineador pink, unhas pintadas de azul petróleo, o cabelo castanho estava solto, limpo e com caimento ondulado perfeito.

Exatamente como antes, exceto que agora não tentava disfarçar o olhar tedioso e aborrecido a sua pessoa.

´´Tá, é uma cópia quase perfeita da minha irmã horrorosa. ``

— O Quiron pediu para a representante do chalé 10 ficar responsável pela vinda dos potros até aqui, sabe como é, o acampamento está lotado e eles queria vir para um lugar que o Pegasus original aprovaria. — Tão amável com Jason... — Como você não estava lá, sobrou pra mim. — Tão insuportável quando lhe referia a palavra.

´´Você parar de ser falsa com todo mundo e ser falsa só com quem lhe convém é uma evolução? ``

Só as Parcas poderiam dizer.

— Na verdade, eu vim te procurar. — E se levantou, o sorrio leve como uma pluma, enquanto os olhos castanhos jogavam pragas, dizendo claramente que se não viesse faria uma cena digna de Homero. — São muitos filhotes e ajuda é sempre bem-vinda.

Circulou a mesa e lhe arrastou pelo braço, acenando para os que ficaram.

Piper teria feito o mesmo se o braço de Drew não estivesse posto por cima do ombro, tinha a sensação que ela queria lhe dar uma chave de braço.

— O que você tem na cabeça? — Sussurrou entredentes, enquanto caminhavam pelas ruas de Nova Roma.

— Se você não me soltar vai ser meu sacrifício dessa noite na fogueira. — O aperto em seu ombro diminuiu.

— Os romanos não fazem isso. — Um riso seco saiu por sua garganta.

— É com isso que está preocupada? — Drew a soltou, encarando o chão como se quisesse estar morta.

— Viu o que estava fazendo? Quase dedurou todo mundo. — Piper soprou uma mecha de cabelo do rosto.

´´Quem liga se eles sabem do concurso ou não? ``

— O que é que você quer? — Indagou secamente, como se não soubesse a resposta.

´´Colocar todo o serviço nas minhas costas. ``

— Primeiro: que tome mais cuidado, como conselheira do chalé você tem o dever de proteger o MPT. — Rolou os olhos, sentindo os ombros ficarem mais rígidos a cada palavra dela. — Segundo: é sério, eu preciso de ajuda mesmo. — Parou de andar, virando-se para encarar a irmã, ela cruzou os braços, fitando-a com impaciência.

´´Se estiver mentindo volto pro grego e quebro todas as suas sombras, esmaltes e dou seus produtos para pele para as harpias. ``

— Tá, qual o problema? — Ela sorriu, não era em agradecimento, mas satisfeito.

´´E minha vontade de te socar apenas aumenta. ``

— Os unicórnios. — E pegou sua mão novamente, a puxando para descer a colina.

— Como assim? — Drew soltou uma risada maníaca.

— Você vai ver.

***

´´Deuses! Ainda bem que os pegasus tem asas. ``

Caso contrário teriam sido empalados pelos unicórnios.

Quando chegou Percy falava com um trio de unicórnios, quase como um diplomata pacifista em uma guerra. Alguns campistas tentavam laçar os que ainda perseguiam os potros, enquanto os pegasus adultos mantinham os filhotes voando, ou em cima das árvores.

A única informação que recebeu de Percy foi que os unicórnios ficaram irritados com a chegada dos pegasus porque o estábulo era pequeno demais para duas espécies de equinos.

´´Tá, e o Guido não morava aí com vocês? ``

Aparentemente a tolerância era de um por vez.

Do meio da tarde até o início da noite trabalhou com Drew, — algo que jamais pensou ser possível, — para encontrar alguns potros perdidos e ajudar a calmar os unicórnios com o charme.

Alguns legionários, que não soube identificar se eram da segunda ou terceira Coorte, construíram um estábulo improvisado e uma cerca para impedir um ataque dos unicórnios no meio da noite, a cobertura era de tecido e não havia baias, mas a filha de Afrodite se impressionou com a velocidade em que a estrutura foi posta de pé.

Quando o trabalho estava finalizado os romanos já estavam no meio do jantar.

— Di Immortales! O que é isso? — Drew se encolheu atrás de Piper, evitando os pratos voadores do refeitório.

— Eu sei, é maluco aqui, mas a comida é boa. — Andou pelos cantos do salão, evitando como podia levar uma pratada na cara.

— Onde é a nossa mesa? — Ela gritou por cima de todo o barulho de conversas, talheres e lares gritando.

— Aqui é meio diferente. — Com a garganta irritada e cansada de tanto usar o charme, Piper preferiu se abster de explicações, apenas guiou a irmã até uma mesa que tecnicamente era para ser usada pelos gregos, mas que se misturava como todas as outras.

´´Os únicos que sempre sentam no mesmo lugar são a Reyna e o Frank. ``

Quiron teria um troço.

Assim que chegaram Drew praticamente desfaleceu no sofá, Piper encarou a mesa da quinta Coorte, onde normalmente se sentava com Hazel e Jason.

´´Está muito longe ou você que está exausta? ``

Não se importou em responder o próprio pensando, apenas se sentou à frente da irmã.

Piper agradeceu silenciosamente o aurea que colocou chá de limão com mel e gengibre em sua taça, nada melhor do que isso para sua garganta cansada de gritar com unicórnios assassinos se recuperar logo.

Assim que o líquido quente passou por sua garganta se permitiu fechar os olhos e relaxar.

´´Que maravilha. ``

— Hey. — Claro que Drew não a deixaria em paz, ela estava olhando toda a movimentação com desconfiança. — Por que estava bajulando a nossa recordista do MPT?

Rolou os olhos, se arrependendo de sua preguiça em andar até outra mesa.

— Por que é tão importante pra você que os romanos não saibam? — Quando encarou seu prato a salada de abóbora com arroz-cateto integral já estava servida, sua boca salivou.

´´E ainda tem quiabos tostados na grelha! ``

Poderia chorar.

— Porque se eles ficarem sabendo todos os nossos critérios poderão ser fraudados, gosto de autenticidade. — A seriedade em sua voz quase a fez rir. — Isso é importante, McLean.

— E quais são os critérios? Você só pergunta quem a gente beijaria. — E Piper sempre respondia o nome de Jason, para não se comprometer, a raiva de Drew não foi maior que sua agitação, praticamente dando pulinhos no sofá como se ele fosse uma cama elástica.

— Você é realmente minha irmã? — Ela suspirou, encarando o sanduiche natural no próprio prato como se a culpa fosse dele. — Escute, pra ganhar o MPT o conjunto tem que ser harmonioso e atraente. — E deu uma mordida voraz no sanduiche.

Não era apenas Piper que estava com fome.

Enquanto sua irmã sondava entre os romanos a procura de alguma coisa, foi sua vez de matar o monstro em seu estômago.

— Ali, o Jacob, o cara que sempre estava com aquela águia de ouro que solta raios. — Direcionou o olhar a mesa da Quinta Coorte. — Ele faz o tipo cabeça de vento bobinho, tem seu charme. — Admitiu a contra gosto, o que lhe arrancou um sorriso divertido. — Mas no máximo normal, nem feio nem bonito, não tem como ele chegar perto do podium. Agora, o Mark. — O garoto loiro estava a uma mesa de distância, observando a bagunça dos amigos enquanto bebericava da taça vez ou outra. — Já viu ele sem camisa? Até mamãe teria ficado sem fala. — Ok, Piper tinha que admitir, ele tinha um rosto muito bonito. — Ele também é meio quieto e bobinho, mas nossa... — Voltou a se concentrar no prato.

— Pode parar de babar, eu já entendi. — Não que estivesse interessada realmente em como Drew julgava a beleza dos romanos.

Sua salada parecia muito mais atraente que Mark.

— Olha, eu normalmente não gosto de escolher a mesma pessoa, se você ganhou uma vez tem que fazer algo a mais pra merecer outra medalha. — Seguiu o olhar da irmã até mesa dos pretores. — Mas qual, é? Isso é covardia.

— Por que a Reyna é covardia? — Porque sabia que Frank não havia ganhado nenhuma vez.

— Você estava defendendo ela e não sabe? — Drew a encarou como se dissesse por favor! — Lembre-se: harmonia e atração. — Levantou dois dedos como o sinal de paz e amor. — Olha pra ela, não é só o rosto ou só o corpo que é bonito, são os dois. — Ela soltou um som de desdém. — Você já viu a bunda dela?

— Drew! — Olhou para o restante da mesa: distraídos demais com o próprio barulho para olharem para o canto.

— O que? — A irmã a encarou com real dúvida. — Você já viu? Que inveja. — Ela murmurou para si mesma enquanto Piper tentava não pensar na bunda de Reyna.

´´Tenha um pouco de respeito, pelos deuses! ``

— Harmonia. — Descartou o item. — Atração. — Procurou alguém entre a multidão, Piper já não sabia mais se queria comer.

´´Que droga, Drew...``

— Ali, seu Superman preferido. — Voltou a prestar atenção na conversa. — Ele também é harmonioso, mas não tem atração. — Voltou a encara-la, irritada.

— Diz a garota que vive dando em cima dele. — Ela abanou a mão como se isso fosse ridículo.

— O Jason é bonito, um exemplo de herói e amigo, mas... — Continuou a fita-la, irritada consigo mesma por estar curiosa com onde a irmã iria chegar. — Eu não consigo ver ele sendo ativo, sabe? — Negou com a cabeça. — Ativo, tendo pegada. — Engoliu em seco, se virando para taça. — Não é? — O tom sugestivo na voz dela quase a fez engasgar.

´´Jason é carinhoso, qual o problema disso?! ``

— Pela última vez, Drew: eu não vou comentar isso com você. — A decepção era clara nos olhos castanhos, ela abriu a boca para falar mais alguma idiotice, Piper tinha que agir. — E o que isso tem a ver com a Reyna?

— Bom... — Maldito tom sugestivo. — Ela me parece bem mais agressiva que ele. — Deixou que sua atenção recaísse no prato inacabado. — Sabe, tipo aquela professora gostosa e rígida que todo mundo quer pegar. — Seus olhos subiram até ela, sem acreditar no que ouvia.

´´De onde você tirou isso, garota?! ``

— O jeito dela é todo certinho e contido, mas a voz não me engana. — Ela explicou a dúvida que estava estampada em seu rosto, embora Piper não houvesse entendido.

Suspirou, voltando a tomar seu chá enquanto Drew atacava outro sanduiche.

´´Quando é que você teve tempo para pensar nisso tudo? ``

Reyna apareceu lá pelo Acampamento Meio-Sangue não mais do que três vezes na vida.

´´E nas três ela ganhou. ``

Suspirou, se pondo a encarar a romana sem que notasse.

Sentada na mesa dos pretores, ela conversava com Frank com o prato a sua frente vazio.

´´Qual é a desse lance da voz? ``

Sem dúvidas Reyna era uma ótima oradora, sem precisar gritar ou pedir por atenção, as pessoas ouviam a segurança em sua voz.

´´Mas com certeza não é disso que você está falando, irmãzinha. ``

Era por que sua voz era forte? O que contrastava com o jeito contido dos romanos?

Ok, Drew estava relacionando isso a agressividade? A agressividade que ela guardava teria vazão quando...

Voltou o olhar para o prato, sem conseguir encara-la.

´´Ok, entendi. ``

Piper não tinha como saber se a teoria de Drew estava certa ou não.

´´E, se continuar com essa ideia maluca de ser caçadora nem você conseguiria saber, pretora. ``


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Notas finais do capítulo

Quem chutou a Drew bate aqui o/

Eu adoraria ler mais fics com a Drew interagindo com a Piper, acho que a relação delas poderia crescer se fosse explorada.

Vocês acham que o Leo está certo e a Piper está com caraminholas na cabeça?
Ou que a Drew está certa e a Reyna tem pegada?

Para xingamentos, críticas, elogios ou sugestões, não deixem de comentar ^^



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