Ingredientes para se Curar um Coração escrita por LizAAguiar


Capítulo 12
Ingrediente 09: Esteja Preparada para Desistir


Notas iniciais do capítulo

Olar pessoinhas o/

Se vocês leram o título e pensaram ´´caraca, vai dar caca``, pesaram certo u.u

Sem mais delongas para a treta não atrasar: tenham uma boa leitura ^^



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Sair para um lugar isolado e romântico com a garota por quem se está apaixonada talvez não fosse a melhor forma de esconder seus sentimentos.

Infelizmente Piper não conseguiu se convencer disso.

´´É só agir normalmente que ela nem vai notar. ``

Mesmo que todo mundo soubesse, nas palavras de seus amigos.

— Uma BMW? — Continuou a trançar as flores colhidas na caminhada até o Jardim de Baco, ignorando o quanto assunto a deixava envergonhada. — Teria sido mais discreto roubar um trator.

— Eu não roubei. — Sempre que contava essa história Piper se sentia como uma assaltante perigosa, quando tudo o que fez foi usar magia sem querer.

— Vai dizer que não pediu emprestado pra chamar a atenção do seu pai? — Não precisou encarar a pretora para saber que ela se divertia com a história.

— Claro que não. — Ouvir a risada de Reyna a confirmou que sua mentira soou pouco convincente. — Eu tinha 15 anos e queria saber como...

— Por favor, McLean. — Suspirou.

— Tá, foi pra chamar a atenção do meu pai. — Infelizmente naquela época a filha de Afrodite não se importava se chamar a atenção era bom ou ruim. — Mas eu não achei que fosse dar certo. — Como poderia alguém entregar um carro caro a uma adolescente sem habilitação?

— Você não controlava o chame na época, não é? — O rosto da pretora entrou em sua visão periférica, olhando para as flores em suas mãos como se tentasse adivinhar o que estava fazendo, já que perguntou duas vezes e Piper se negou a responder.

´´É meu jeito de não dar bandeira perto de você. ``

Estava apaixonada, queria ficar com ela, mas a ideia de flertar com Reyna agora não a gradava, seu objetivo era fazê-la ficar, não porque gostava dela ou algo do gênero, mas sim para que voltasse a ver o acampamento como um lugar ao qual queria estar e esquecesse aquela ideia absurda.

Só então permitiria a si mesma tentar conquistar a pretora.

— Era bem inconstante, quando eu mais precisava não conseguia usar. — Era desesperador ouvir a voz falhando quando a vida de seus amigos dependia dela. — Com o tempo aprendi que o charme só funciona se eu acreditar no que estou dizendo. — Ergueu as flores a altura de seus olhos, em busca de defeitos, apenas para fugir dos olhos cor de obsidiana. — Às vezes quando estou com muita raiva uso sem querer. — Como quando mandou uma garota irritante de sua sala pular no chafariz do pátio ano passado.

Seu espírito não foi bondoso o bastante para fazê-la parar.

— Quanto maior a magia, mais ela depende das emoções para funcionar. — Recitou, como se lesse as palavras em um livro. — Deve ser complicado ter poderes assim. — Seus olhos foram atraídos até ela, que olhava para o horizonte, concentrada nas próprias palavras. — Dá para adivinhar o humor do Frank pelos animais em que ele se transforma, Hazel parou de invocar pedras amaldiçoadas, mas elas aparecem por aí uma vez ou outra. — A cada palavra a expressão de Reyna se tornava mais cansada. — É realmente uma grande responsabilidade ser um dos Sete. — O suspiro aliviado abriu um sorriso em seus lábios.

— E sua maior preocupação é com os poderes? — Considerando que Reyna matou um gigante misógino praticamente sozinha, talvez fizesse sentido, voltou a olhar a coroa de flores em suas mãos. — É meio complicado as vezes, eu não gostei quando descobri. — A noite em que foi reivindicada por Afrodite também não era sua preferida. — Mas ele me ajudou a salvar meus amigos quando precisei. — Foram tantos momentos que Piper se sentia compensada por todas as vezes que foi obrigada pelo pai a fazer tratamento contra cleptomania. — O charme faz parte de mim.

— É, faz mesmo. — A voz de Reyna soou baixa e distante, fitou-a novamente.

— O que quer dizer com isso? — Por algum motivo a pretora pareceu surpresa com sua pergunta.

— Que concordo, faz parte de você. — Ela deu de ombros e cruzou os braços, a grega imaginou se estava se sentindo desprotegida com o cabeço solto, com a blusa roxa do acampamento e calça jeans. — Notei que tinha magia na voz na primeira vez que a vi. — E Piper notou que estava mudando de assunto, mas a curiosidade com a fala a fez deixar a questão de lado.

— Como? — Não tinha tentado usar depois que Término quase a vaporizou com seus olhos lazer e, estava tão assustada com tudo que mesmo se tentasse não funcionaria.

— Sei reconhecer magia quando vejo. — Piper não ficou satisfeita com a resposta simples.

— Sem que eu tenha usado contra você? — Normalmente seu charme desnorteava quem fosse seu alvo, as únicas vezes em que descobriam era quando ele não funcionava. — Como pode saber?

— Eu sinto. — O ceticismo em seu olhar fez a pretora encolher os ombros. — Morei quase 3 anos com uma feiticeira que usava charme para transformar homens em porquinhos-da-índia, aprendi a identificar. — Conseguiu aceitar a justificativa, mesmo com ressalvas. — Depois que treinei com Lupa ficou mais fácil me defender desse tipo de situação. — Pela forma corriqueira a qual Reyna falava, não estava a desafiando, porém foi assim que a grega se sentiu.

— Como é que você foi parar na ilha de Circe no Mar de Monstros? — Não tinha imaginação suficiente para imaginar tal coisa. Reyna mordeu o lábio inferior, parecia incerta sobre como responder.

— Minha irmã e eu queríamos um lugar seguro para morar. — Deu de ombros, como se qualquer lugar servisse. — Eu era praticamente uma camareira, mas não podia dizer que era ruim não ter que lidar com monstros e fantasmas o tempo todo. — Estava para perguntar de que fantasmas ela falava, mas a pretora não lhe deu tempo. — Até Annabeth libertar o Barba Negra. — Coçou o pescoço, claramente a lembrança não era boa.

Piper continuava curiosa, mas não queria que Reyna se fechasse de novo.

— Então quer dizer que se eu usar o charme em você ele não vai funcionar? — O olhar da pretora se tornou cauteloso.

— Eu não disse isso. — Por algum motivo desconhecido sentiu-se analisada pelo olhar prologando. — Só reconheço os que tem essa habilidade e isso me dá uma vantagem. — Não sabia porque, mas seu orgulho estava reclamando.

— A é? — E talvez esse fosse o motivo do sorriso pequeno e insistente de Reyna. — E qual é a vantagem? — Só notou que se aproximou dela quando a pretora encarou sua movimentação.

— Posso me programar. — Semicerrou os olhos, querendo uma explicação melhor, até o suspiro da romana soou divertido. — Como quando nos conhecemos, eu queria negociar a paz, porque sabia que o contrário nos levaria a ruina.

Piper engoliu em seco, aquele foi o pior encontro diplomático de todos os tempos.

— Annabeth era a líder de vocês, Percy era parcial, Jason também e Leo não sabe levar nada a sério, mas nenhum deles poderia afetar minha decisão, você sim. — Piscou por 3 vezes, surpresa com suas palavras. — Era arriscado mostrar minhas intenções a alguém com esse tipo de habilidade, me lembro de ter dito a Annabeth que não poderia confiar em você.

Foram necessários alguns segundos para que arfasse, indignada. Reyna apenas soltou um riso curto.

— Não leve para o pessoal, ok? Só estava sendo cautelosa. — Deu de ombros, irritada apenas pelo humor em sua voz. — Por sorte Jason estava apaixonado o bastante para querer passear com você em um momento tão tenso, assim não tive que ser grossa com a minha convidada. — Piper deixou a coroa de flores no colo, voltando o olhar colina a baixo.

´´Por que você tem que falar do Jason agora? ``

Ainda estava juntando coragem para conversarem.

— Claro que eu também notei que você estava muito assustada, então não me preocupei tanto em vigia-la. — Sua atenção voltou a pretora, queria tirar aquele sorriso provocativo na marra.

´´Você fez de propósito. ``

— Você fala como se eu estivesse tremendo de medo. — Sentiu o orgulho ser fisgado outra vez.

— Bem... — Encarou-a com aborrecimento no olhar.

— Hoje você está insuportável, sabia? — Murmurou, voltando a dar atenção a sua coroa de flores.

Ser cobaia das piadinhas de Reyna não era o que esperava quando ela a convidou para passear com Aurum e Argentum, — que sumiram ao notar um esquilo no gramado, — a verdade é que aquela era a primeira vez que a via tão relaxada, sem reclamações sobre fofocas, algum problema no acampamento ou brigas, sem pretora.

Ao seu lado estava Reyna, apenas Reyna.

Ela havia lhe dito que Nova Roma estava de portas abertas se quisesse ficar e, cada vez mais Piper conseguia se imaginar vivendo naquela pequena cidade com os amigos, como um refúgio do mundo exterior, sem monstros, paparazzi ou seu histórico de garota problemática. Seu coração se enxia de expectativa de ter Reyna presente naquele futuro também.

´´Eu posso me acostumar com isso. ``

Pela primeira vez sentiu que não poderia negar ser filha de sua mãe.

— Não fique brava. — Rolou os olhos, mesmo que um sorriso bobo quisesse surgir em seus lábios ao ouvir a voz suave, sem qualquer indício de tensão ou cansaço. — Só estou brincando com você. — Deu de ombros, apenas para não dar o braço a torcer.

Piper sentiu o toque suave dos dedos de Reyna colocarem uma mexa de seu cabelo atrás da orelha, escorrendo gentilmente por seu maxilar até o queixo, dando fim ao contato sutil e carinhoso.

E quase provocando seu ataque cardíaco.

Seus olhos se encontram com os dela, tentando resistir a vontade de beija-la a duras penas, estava tão perto...

´´Você quer fazer as coisas direto, não seja idiota! ``

— Oh, desculpe. Eu assustei você? — Seu cérebro lenteado demorou alguns segundos mais para notar que aquela era sua vingancinha por ter brincando com ela da última vez que vieram até o Jardim de Baco. — Você vai me contar o que tem aí ou vai continuar me deixando na expectativa? — Indicou a coroa esquecida em seu colo.

Com o cérebro voltando a receber sangue, o sorriso de Piper saiu diabólico.

— Feche os olh...

— Não. — Disse, sem dar espaço para que tentasse persuadi-la. — De novo não. — O sorriso da grega não se desfez.

— Tá bom, isso não faz muita diferença de qualquer forma. — Pegou a coroa, com intenção de coloca-la sobre a cabeça de Reyna, o que teria feito se a própria não houvesse segurando seus pulsos, os olhos em obsidiana perdidos na situação.

— O que está fazendo? — Sorriu para seu tom cauteloso.

— Dando uma coroa a uma rainha. — Foi a vez da pretora ficar aborrecida.

— Você realmente vai começar a imitar as piadas do Valdez? — Piper fez força para alcançar seu objetivo e, de alguma forma Reyna usou essa força para inclinar seus braços para o lado e volta-los para baixo, mesmo com os pulsos voltados para o chão ela não a soltou.

´´Isso tudo é medo de flor? ``

— Por que não? — Indagou, achando graça de seu desconforto. — Vai ficar linda em você. — Não estava brincando, mas a expressão de Reyna estava ofendida do mesmo jeito.

— Porque não. — Disse, como se isso fosse um argumento maravilhoso. — Você que fez, então você deve usar. — Respirou fundo para não rir, partindo para uma tática diferente.

— Reyna. — Murmurou de forma doce, puxando levemente o pulso, apenas para indicar que queria que ela a soltasse. — Por favor. — Puxou seus pulsos novamente, agora livres de suas mãos, a expressão contrariada surgiu ao ajeitar a coroa em seu cabeça, enquanto Piper não conseguia conter seu sorriso vencedor. — Eu não usei o charme.

— Eu sei. — E esse parecia ser exatamente o motivo do aborrecimento em sua voz.

— Eu disse que ficaria ótimo. — Falou, enquanto a pretora olhava para a parreira, como uma criança posta de castigo, a filha de Afrodite riu baixinho e se pôs a encarar a vista.

Era um meio de tarde no fim do inverno, e mesmo assim a temperatura no acampamento era amena, o cheio do jasmim e o zumbido suave das abelhas e do chafariz a deixaria tranquila mesmo em um dia cheio e tumultuado, a vista para Nova Roma mostrava o quanto aquela cidade foi construída com dedicação e amor, linda como poucos lugares que visitou.

— Eu quero ficar aqui. — Murmurou, certa do que dizia e com um pressentimento bom com aquela tomada de decisão. Encarou a pretora quando ela fez o mesmo, absorvendo o significado de suas palavras os poucos.

— Fico feliz com isso, McLean. — Disse no mesmo tom, com um sorriso em sua voz.

— Não é tão incrível quanto o Acampamento Meio-Sangue. — Alfinetou, como não poderia deixar de fazer. —  Mas posso me acostumar com essa vista. — Reyna deu um soquinho em seu braço.

— Nem pense em roubar o meu lugar especial. — A pretora fitou Nova Roma, com uma expressão de satisfação no rosto.

E Piper se controlou para não dizer que aquele poderia ser o lugar especial delas.

´´Primeiro convence a ficar, depois flerta. ``

— Você sentiria falta daqui se fosse embora, não é? — Queria ter uma conversa sincera e tranquila com ela, portanto teve o cuidado de manter a voz suave.

E mesmo com todo cuidado Reyna respirou fundo, sabendo que ali teriam um embate.

— Passei boa parte da minha vida aqui. — Começou, fitando a cidade que se estendia a frente. — Foram muitos momentos bons e ruins, fiz amigos e inimigos, vivi coisas que jamais imaginei que viveria. — Girou o anel de Belona em seu dedo, exatamente como o filho de Hades fazia. — Mas tudo tem um começo, um meio e um fim, minha estadia aqui terminou. — Reyna a fitou com um sorriso resignado, enquanto Piper sentia um nó se formar em seu estômago.

— Você disse que Roma é para aqueles que merecem. — Disse devagar, tentando soar menos desesperada do que se sentia. — Se não quer ser mais pretora, por que não tenta ser apenas uma civil? — A filha de Belona tirou com cuidado a coroa de flores, o gesto fez o medo crescer em seu peito.

— Isso não tem a ver com meu cargo. — Em contrapartida ela parecia confiante e tranquila, como se nada que dissesse pudesse mudar sua escolha. — Apenas sinto que meu tempo aqui acabou, fiz o que pude por ele: o Acampamento Júpiter não precisa mais de mim.

— E o Nico? — Dessa vez não pode controlar o tremor em sua voz. — Ele vai ficar arrasado, você sabe disso. — Não estava exagerando e, pode ver uma oscilação nos olhos da pretora, ela dedilhou a tatuagem de Belona.

— Quando fizemos a viagem com a Athena Parthenos, doei força ao Nico o tempo todo. — Seu tom de voz soou levemente sombrio, como se lembrasse da sensação. — Senti seus temores, suas dores e seu cansaço, e também dividi os meus com ele. — Reyna se encolheu levemente, quase como se estivesse com frio.

Piper sentiu vontade de segurar sua mão, mas não queria correr o risco de atrapalhar o relato.

— Temos uma ligação, não estou negando isso. — Comprimiu os lábios antes de respirar fundo, como se tomasse uma decisão. — Ele mudou muito nesses últimos anos, não é mais o garotinho com medo de pessoas. — A voz dela soou orgulhosa. — Nico não precisa de mim, ele tem amigos que pode contar, um dia ele vai entender.

— Entender o que? — Sua voz saiu mais alta sem que conseguisse contê-la. — Que está deixando ele para trás? — Já não estava mais falando apenas do filho de Hades.

— Piper. — Seu nome saiu em tom de aviso.

Deuses...Era tarde demais para isso.

— O que? — Esperou que sua voz parecesse irritada, mesmo que sentisse apenas receio. — Não é isso? Você e eu sabemos que a Thalia não vai voltar. — Não dizia isso na frente de Jason ou Annabeth, apenas para não magoa-los com a verdade. — Não envelhece, os monstros que mata voltam a vida, é uma prisão imortal.

Sua primeira impressão sobre as Caçadoras de Ártemis foi a que todos pareciam ter: imortalidade? Legal! Mostrar aos monstros quem manda? Legal! Servir uma deusa totalmente girl power? Legal!

Até notar o quanto Jason sentia falta da única família que teve na vida e, que ela não tinha intensão alguma de voltar.

— Esquecer as pessoas que se importam com você, sair por aí em uma caçada infinita até que algo dê errado e você morra, é isso mesmo que você quer? — Sem calma, resignação ou vontade de ter uma conversa sensata, Piper sentiu o suspiro de Reyna ressoar pelo Jardim de Baco.

— Por que? — E contrariando tudo que seu rosto mostrava, sua voz saiu baixa e suave como um suspiro. — Frank ficou surpreso, mas está feliz, Annabeth nem questionou. — Os olhos negros a sondavam, exigindo uma resposta. — Só me diz por quê isso te incomoda tanto?

´´Porque eu só quero que Nova Roma seja meu lar porque você está aqui. ``

— Eu já disse, eu... — O riso sarcástico de Reyna massacrou sua confiança. — Não acho que é isso que você quer de verda...

— Não tente mentir para mim. — Pronunciou as palavras lentamente, a rigidez delas lhe mostrou que a abertura que conquistou devagar em sua armadura estava fechada. — Me diga a verdade: por que?

´´Porque gosto de você, quero mostrar que a minha mãe não sabe de nada, quero que me deixe curar seu coração. ``

— Olha lá pra baixo. — Indicou Nova Roma. — Olha pra esse lugar, você faz parte dele, Reyna. — Como ela poderia negar tal fato? Quando até passeando com os cães e seu dia de folga ainda vestia aquela camiseta. — Você faz parte do Acampamento Júpiter e ele faz parte de você.

Piper sentiu-se dentro de um navio após uma tempestade, a sensação de que o silêncio seria mais alto que os trovões, como se a luta contra o mar houvesse acabado, por um segundo sentiu alívio, ao ver a expressão incrédula de Reyna, assimilando suas palavras lentamente.

Um segundo de alívio, para que o mar voltasse a se agitar outra vez.

A romana fechou os olhos, quase como se algo estivesse doendo, voltou a ficar aflita quando a pretora respirou profundamente, de forma entrecortada, como tentasse conter a emoção.

— Reyna... — Ela levantou uma das mãos, pedindo para que esperasse.

— Deuses, Reyna... — Murmurou para si mesma, o sarcasmo em sua voz a deixou ainda mais preocupada. — O que você esperava que fosse acontecer dessa vez? — O riso irônico a deixou desnorteada.

— Reyna, o que...?

— Você... — Disse mais alto, apenas para corta-la, quando a filha de Belona abriu os olhos novamente não havia traço algum dos momentos divertidos que passaram na tarde, da honestidade que pretendiam ter ao conversarem sobre aquele assunto ou a mágoa que havia acabado de ver em seu rosto, era como se estivessem em guerra outra vez, e Reyna se obrigasse a desempenhar seu papel com perfeição. — Você também me vê como se eu fosse o Témino, um monumento falante do acampamento? Não é? — Indagou outra vez quando não respondeu, concentrada no tom polido e impessoal.

´´Não, não, não... Você estava se abrindo, não me trate assim outra vez.``

— Não precisa me olhar assim, é bem comum. — Ela deu de ombros, olhando para Nova Roma. — Mas não precisa se preocupar, Hazel será uma ótima pretora, ela vai cuidar tão bem do Acampamento quanto eu. — E levantando-se devagar.

O que fez Piper despertar de seu transe, imitando seus movimentos.

— Eu não quero que você fique por causa do Acampamento Júpiter. — Fitou-a nos olhos ao dizer, notando o quanto ela não acreditava em suas palavras.

— Você pode achar estranho, mas eu não sou só isso. — Pousou a mão no símbolo da blusa. — Não sou só uma comandante, sou uma pessoa também.

— Eu sei disso... — Olhos dela pareciam opacos e pouco receptivos, conformados... — Eu não te vejo assim, você entendeu errado, eu... — Pousou a mão em seu ombro.

— Chega, Piper. Já chega. — Encerrou a conversa, os dias que poderiam passar juntas, o embate que se estendia por quase 3 semanas. — Vou comunicar meu desligamento nos próximos dias, apoie sua amiga até que ela se sinta confiante na função. — E lhe deu as costas para desder a colina.

O chão abriu a seus pés.

— Re-Reyna! — Segurou seu pulso, para impedi-la de ir embora, ela não poderia ir embora daquele jeito, sem lhe ouvir direito. — Esper...

A filha de Belona puxou o braço como se o contato a queimasse, mas o que lhe doeu mais foi ver o marejar em seus olhos.

— Deuses, pare! — Exclamou, sem conseguir mais manter a postura de pretora. — Por favor, pare. — Implorou, sem forças para discutir. — Só me deixe ir embora... — Voltou a descer a colina, dessa vez tendo êxito, Piper apenas a assistiu-a se distanciar com as lágrimas borrando sua visão.

Completamente consciente de que seu último pedido era maior do que parecia.


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Notas finais do capítulo

Aí, eu adorei escrever esse capítulo, mesmo que tenha destruído meu shipp ♥

Acabei de notar que estavam chegado ao final da fic .-.

Queria ter tido mais tempo pra refinar algumas coisas e acrescentar outras, mas é a vida, talvez um dia u.u

Well, para xingamentos, críticas, elogios ou sugestões, não deixem de comentar ^^

Até a próxima pessoinhas =3



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