Sugarcoat escrita por Camélia Bardon


Capítulo 11
Epílogo: The Beautiful Dream


Notas iniciais do capítulo

E vamos de bonde dos atrasados? Vamos!
Mesmo já tendo passado o prazo da história, eu a concluí. Se foi epílogo bonitinho que vocês pediram, é epílogo bonitinho que vocês vão ter :3



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Sabe, eu adoraria dizer que as coisas deram certo instantaneamente, que encontrei redenção com uma garota californiana ou que Cassy voltou antes de eu retornar a Salisbury. Entretanto, como o mundo é o mundo e as coisas são imperfeitas e remendadas até virarem farrapos… não foi isso que aconteceu.

Após aguardar meu olho roxo sarar, com a ajuda de Lucy, é claro – o que provavelmente a fez pensar que eu era um brigão qualquer em LA que não merecesse o carinho de sua protegida – finalmente consegui um emprego que me sustentasse até o final da estadia na cidade dos anjos. Aparentemente, o sotaque britânico era o preferido para recepções em lanchonetes populares. Deu para sentir um pouco do que era ser um adolescente americano aceitando qualquer coisa apenas para dizer que é independente...

Por mais que não ousasse usá-la, a máquina fotográfica de Cassy sempre esteve em minha bolsa. Era uma lembrança frequente de que ela já estivera ali. Comigo, com Sam e Yelena, registrando os momentos de paz alheios... Eu poderia fazer o mesmo, mas quem disse que eu fazia jus a uma coisa daquelas? Eu era o próprio caos, então...

Era exatamente aquilo! Quando descobri qual era o meu papel com a câmera, quase a derrubei do balcão. Pobre câmera... De qualquer maneira, a partir daquele dia, comprei um rolo extra de filme e passei a fotografar o caos que encontrava pelo caminho. Uma palmeira pegando fogo no sol ardente de Los Angeles, um raio perfeitamente enquadrado no céu tempestuoso de Malibu (e agradeço por não ter registrado também meu susto com esse evento em particular), um casal discutindo a respeito de que comida iria pedir para o jantar no serviço de aplicativos... Tornou-se um trabalho conjunto.

Quanto à Cassy, ela continuou a conversar comigo por certo tempo. Manteve-me atualizado do quadro avançado do câncer da avó, dos surtos (com razão) por ninguém ter se dado ao trabalho de contar a ela  dentro dos dois anos desde que a doença tinha aparecido, as discussões intermináveis entre ela e a irmã, a mãe que apareceu magicamente depois de anos querendo bancar a boa samaritana... Para tudo eu estava ali, de longe.

Até que, muito provavelmente, ela decidiu que não precisava mais de mim tanto assim.

Não me leve a mal; não cabe a eu julgar. Não sei o que aconteceu, só estou fazendo suposições, mas já devem ter notado a minha falta de autoestima humanamente impossível de ser resolvida. Ela nubla meus pensamentos com uma frequência inquietante. Evito o máximo que posso.

Sam também parou de dar notícias por um tempo, já que a vida de adulto o alcançou antes que pudesse se dar conta. No entanto, em um mês, ele já havia me atualizado com fotos dele e de Yelena turistando pelo Space Needle, pelo Lago Union e, obviamente, pelo jardim japonês. 

Então, após um mês enfrentando a cidade dos anjos, a passagem comprada com antecedência para Salisbury me assombrou até o último momento. Era quase um simbolismo sagrado de que tudo iria voltar ao normal monótono que sempre havia sido. Também era um lembrete de que se Cassy não houvesse voltado para o Brasil, quem deserdaria seria eu.

Iria voltar para a matrícula garantida em Biblioteconomia, meu estágio garantido na biblioteca municipal – visto que o curso abre de cinco em cinco anos e com sete alunos por sala, sequer há espaço para concorrência. Depois disso, eu provavelmente serei efetivado, porque eu tenho o perfil perfeito de um bibliotecário carrancudo e uma agridoce história de vida que fica guardada a sete chaves e todos tentam eventualmente descobrir qual é… 

Certo. Estou divagando, eu sei. Perdoe-me. Retornemos ao rumo natural das coisas, sim?

Bem, eu não sou o tipo de pessoa que atualiza os status de acordo com o que está fazendo; sou do tipo adverso que vai estocando piadas e as lança de tempos em tempos apenas por tédio, na esperança de alguém rir. No entanto, retornando a Salisbury, tive um ímpeto de fotografar a janela de avião. Talvez o gosto recente pela fotografia por conta da polaroid me proporcionaram essa atitude pouco comum.

De lá, saíram duas versões. A polaroid, que tratei de já marcar com caneta permanente  a data e o horário, e a versão eletrônica com o celular, que foi parar nos status. Com ela, a legenda “Burnin’ out my fuse, up here, alone”. Suspirei e optei por colocar meus fones, para que as palavras valessem.

Antes que eu percebesse, meu celular vibrou no colo.

O que tanto quis receber em um mês, retornou para mim o mais tarde possível.

 

Mama Cass: “Marte não é o local ideal para criar os filhos, não acha?”

 

Engoli em seco. Quase derrubei o celular e a polaroid no processo. Como era possível um coração se acelerar tão rápido com apenas um punhado de palavras? 

Vamos lá. Agir naturalmente. Não perguntar por que ela sumiu por um mês.

 

“É verdade. Deve ser frio como o inferno.”

Mama Cass: “E não haveria ninguém para criá-los, se você tivesse filhos.”

“Eu sinto falta da Terra. E sinto saudades da minha esposa. É tão solitário no espaço.”

Mama Cass: “A Terra é entediante. Todos nós invejamos quem está no espaço. Antes a solidão literal do que a subjetiva, sabe?”

“Posso me juntar a você?”

 

Meu coração se contraiu com as palavras. Apesar da situação e da distância, era humanamente impossível esquecer alguém impregnado em meu coração.

 

“Ninguém mais é um sonho tão lindo.”

Mama Cass: “Estarei por perto quando você acordar.”

 

Seriam longas dezoito horas num voo deprimente. No entanto, a grama do Éden era subestimada, visto os lindos sonhos que teria com a garota que os preencheria.

════ ⋆ ☼ ⋆ ════

Após ser catalogado como metódico negativamente por uma vida inteira, o bacharelado provou que há pelo menos duas visões de uma mesma situação. Com Sam longe, os documentos passaram a serem meus melhores amigos. Notei que as aulas práticas de preservação eram particularmente interessantes para meu relaxamento semanal. Outras pessoas diriam que era o cheiro da cola, mas eu poderia afirmar que costurar lombadas era terapêutico a um nível astronômico.

Descobri que o padrão de respostas de Cassy era mensal. Às vezes, ela respondia alguma piada que eu postava. Sempre continuávamos a conversar como se nada demais tivesse acontecido. Parte de mim era grata por isso; a outra parte tinha uma vontade gigantesca de sentar no canto mais próximo e chorar como se não houvesse amanhã.

No primeiro ano, ela me informou que a avó veio a falecer. E eu fotografei uma primeira edição indo para o lixo porque um aluno errou na demanda de cola. Belo apoio moral. Também foi o ano em que finalmente contei para os dois pombinhos o que havia acontecido. Consequentemente… 

No segundo ano, Sam e Yelena vieram me visitar. Seu cabelo, que costumava ser maior e mais bagunçado (digno de uma fotografia minha), agora estava curto e perfeitamente alinhado. Já Yelena continuava a mesma – o short cáqui e a camiseta branca, mesmo sob o frio inglês. Talvez fosse um lembrete da vida dizendo que algumas vezes tudo mudava a ponto de se tornar irreconhecível; já outras eram imutáveis apesar de tudo.

No terceiro ano, tentei me convencer de que, se eu arranjasse alguém, Cassy sairia dos meus pensamentos. Entretanto, quanto mais eu tentava, mais ainda a voz em minha cabeça ecoava: Não é ela. Para não me enganar e não brincar com os sentimentos alheios, eu parei de tentar. Foi naquele ano também que Cassy informou ter se matriculado no curso técnico em Enfermagem. Nós nos falávamos mais, porém apenas antes de dormir, bem tarde.

No quarto ano, me formei. Aquela vaga garantida na biblioteca continuou lá – afinal, minha paixão havia se voltado de Cassy para a restauração e documentação. Portanto, eu fedia a livros velhos, cola e água deionizada, o que não costumava ser muito atraente. Do tipo aventureiro, eu passei para o tipo “casado com o trabalho”. Cassy também: agora era linguista, tradutora, auxiliar em Enfermagem e fotógrafa nas (quase nulas, devo ressaltar) horas vagas. Pergunto-me como ela teve a coragem para abdicar de suas horas de sono para me ouvir falar sobre papel japonês. É verdade, muitas vezes ela dormia ao telefone, mas eu encarava como algo adorável. Éramos melhores amigos, nunca falávamos sobre Los Angeles e tentávamos manter contato pacificamente. Será que ela também fingia que estava bem com isso? Será que também respirava fundo a cada mês infindável?

Bem… no quinto ano, eu vim a descobrir que era o caso. Sei disso porque nosso pouco contato virou nenhum contato sem aviso prévio. Novamente, era a vida me dizendo: tudo muda e se torna irreconhecível.

Yelena era minha companhia frequente na Biblioteca Municipal. Ela e Sam estavam de mudança em retorno a Salisbury, mas como todo bom diretor empresarial, o pobre noivo ficou para trás para organizar toda a burocracia. E Yelena, que agora já dominava o idioma, compartilhava comigo suas impressões sobre tudo. 

— Você viu a nova foto? — perguntou,  girando na cadeira de rodinhas. 

Bem, seu único pecado era não ser muito objetiva, apesar do domínio da língua.  Para isso, eu esperava ter conserto. 

— Qual?

— Cassy fez uma postagem quase como a sua quando voltou para cá. A legenda é tão bonita que até parece uma música. Não viu?

Interrompi meu processo de aproximar a lupa da costura malfeita para olhar para ela. Daí eu busquei meu celular no bolso e procurei pela bendita foto nos status. Minha surpresa foi me deparar com um total de zero foto nova.

— É… faz tempo isso, Lena?

— Não, foi ontem… por quê?

— Não aparece para mim.

Yelena fez um gesto com a mão de “passe para cá”, e assim o fiz. Ela me imitou ao retirar o celular da bolsa e abri-lo direto no aplicativo. Então, franziu a testa e virou-o para mim.

— Aqui, olha. Dez horas desde a postagem.

Abri a foto. Era, de fato, quase idêntica. A exceção era o sol, que brilhava do lado oposto. Presumi que isso significasse que se tratava de um voo pela manhã. Talvez fosse de quando voltou ao Brasil? Então, corri os olhos pela legenda: “I think it’s gonna be a long, long time…” Engoli em seco, lançando um olhar desanimado para o celular. Como se fosse culpa dele.

— Acredito que eu esteja… bloqueado das visualizações — ri fraco, guardando-o de volta no bolso. — Parece que ela, enfim, seguiu em frente. Eu deveria fazer o mesmo. Não deveria…?

Yelena cambaleou cuidadosamente em minha direção. Daí, me envolveu num abraço – melhor dizendo, passou os braços ao redor da minha cintura e apoiou a cabeça em minhas costas. Afaguei seu braço com respeito e carinho, em contrapartida. 

— Ah, querido… tudo se ajeita em breve. Venha e me empreste essa cola. Vamos colar os caquinhos do seu coração. 

Acabei por sorrir com seu comentário. Com um suspiro, deixei o livro de lado por um instante para estudá-la. Sempre a mesma alma enérgica. Ânimo suficiente para aventuras infinitas. Por isso ela e Sam sempre se dariam bem. 

— Por que não tomamos um sorvete? — ela ofereceu, colocando a bolsa à tiracolo.

— Boa ideia, Lena. Vá à frente, eu vou só terminar de descosturar esse aqui e já te alcanço.

— Muy bien. Hasta luego, entonces.

Acenei com a cabeça, sorrindo para ela. Escutei-a fechar a porta com cuidado atrás de mim, o que me fez respirar fundo e retomar o trabalho com a lupa e a agulha. Cinco anos de treinamento me prepararam para realizar a atividade em dez minutos. 

Quando acabei a tarefa, vieram batidas suaves à porta. Fiquei dividido entre me sentir o Joe Goldberg e o senhor reparador de brinquedos de Toy Story, no entanto fiquei feliz pela interrupção. Se me permitissem, eu passaria um dia inteiro me dedicando às velharias.

— Estou indo, Lena — ri baixo. — O sorvete não vai derreter!

Estava tudo bem. Iríamos colar os caquinhos, afinal.

Por hábito, organizei minha mesa antes de abrir a porta. Cada instrumento em seu lugar, cada sentimento em seu lugar. Respirei fundo e girei a maçaneta. Como a porta abria para fora, automaticamente deu de encontro a um corpo. 

— Ah, céus — gargalhei, observando a bagunça de cabelos cacheados e malas. Malas? — Vem, eu te ajudo a levantar. 

Estendi a mão para ela, quando reparei o erro.

Não, não era Yelena. O cabelo dela era cacheado, não ondulado. Minha única reação foi paralisar na hora.

— Caramba… — murmurou Cassy, pressionando a testa. — Quando planejei uma surpresa, esperava uma recepção um pouco mais delicada…

Engoli em seco, controlando a falta de ar iminente. O coração queria sair pela boca, entretanto tentei me controlar. Na realidade, não sabia exatamente como estava me sentindo. Deveria ter ficado feliz instantaneamente, não é…?

— Ian? — sussurrou ela, preocupada. 

Subitamente, me lembrei de que ela ainda estava ali. Caída, no chão. Eu a tinha derrubado. Então, estendi novamente a mão. No entanto, agachei para que pudesse olhá-la nos olhos. Não precisei dizer o que queria, pois estava estampado em minhas feições – por onde esteve? Por que sumiu? O que está fazendo aqui? Está aqui mesmo? Não é uma miragem?

Em contrapartida, Cassy também me observava com os grandes olhos castanhos alarmados. Desculpe. Estou aqui, agora. Mantive minha mão estendida, mas seus olhos sequer pensaram em ir à direção dela. Eles permaneceram analisando os meus.

Meu Deus, eu tinha que falar alguma coisa.

— E-eu… minha avó faleceu, eu comecei enfermagem e juntei dinheiro de plantões de doze horas para poder vir para cá, porque, céus! — ela desembestou a falar, visto minha falta de reação. — Aquela casa é um… inferno. O Lucas é um anjo, mas todos aqueles olhares… eu só queria estar aqui, com você. E eu nem sei se você tem alguém, porque estive distante, e pensando melhor, essa surpresa foi uma ideia péssima… você não está feliz em me ver, eu deveria ir e fingir que nada aconteceu e…

— Cassy — a interrompi, antes que não tivesse mais tempo.

— Sim? 

— Respire e me conte o que aconteceu. Com calma. Tenho tempo para ouvir todas as suas histórias.

Sentei-me junto a ela, cruzando as pernas. Isso a obrigou a se ajeitar no chão e ficar de costas para mim. Escutei-a respirar fundo e esfregar as mãos.

— Certo. Vamos começar do começo. Quando… voltei para minha casa, dentro de seis meses minha avó faleceu. E, como te contei, minha mãe voltou para casa depois de anos longe. Acho que bateu um senso de urgência nela, ou algo do gênero — ela suspirou, encostando a cabeça em meu ombro. — Eu e o Lucas permanecemos pacientes. Afinal, mesmo ela sendo uma alcoólatra incorrigível, ainda era nossa mãe. Mas a Nina surtou de vez. Eu nunca respondia, mas no dia que eu respondi, minha avó escutou. Ela teve um infarto naquela noite.

— Ah, Cassy… eu sinto muito — mordi o lábio, controlando o que mais viesse a sair de inadequado.

— Tudo bem. Já passou. Bem, a Nina me culpou pelos surtos dela e o clima em casa ficou muito pesado. Até que a minha mãe tomou consciência de que a mãe dela havia falecido e voltou a beber. Eu não tinha para onde ir, já que o Lucas estava cursando o doutorado e residindo em uma república. Então fiquei por lá mesmo. Mas então ele me recomendou para o curso de Enfermagem. O dinheiro como tradutora não estava entrando, já que eu trabalho por conta… então, topei. E eu amei.

Disso eu me lembro.

— Desde que comecei Enfermagem, e você… sempre esteve lá para me apoiar, falando mais comigo e dormindo comigo no telefone… eu nunca tinha me sentido tão sozinha — Cassy riu fraco, realocando a cabeça. — Então, comecei a economizar para vir para cá. Peguei turnos maiores, mais vezes na semana, para ficar o menos possível em casa. Nunca fiquei tão cansada, mas também nunca fiquei tão ansiosa no bom sentido. Quando consegui o dinheiro todo, esperei me formar. E a primeira coisa que fiz foi comprar passagens para cá. Nem pensei se estaria aqui ou… e-eu só vim.

Assenti com a cabeça, me levantando. Finalmente, segurei sua mão para ajudá-la a se levantar. Dessa vez, ela aceitou ainda trêmula.

Cinco anos.

E eu ainda ficava perdido com aquele brilho no olhar de quem era capaz de atravessar o mundo inteiro por quem amava. 

— Então… o que eu devo esperar? — Cassy engoliu em seco, sem soltar minha mão.

— Por que não tomamos um sorvete?

Ela gaguejou incrédula.

— Sorvete?

— Sempre é um bom dia para um sorvete, não acha?

Cassy assentiu com a cabeça, abaixando-se para recolher as malas no chão. Entretanto, eu segurei seu pulso com delicadeza. Assim, ela não entenderia errado. Não; todos aqueles anos em prática social me ensinaram que não era assim que se reagia às coisas. Ninguém era obrigado a adivinhar como nos sentíamos. Então era necessário que eu esclarecesse as coisas.

— Nunca haveria ninguém como você no mundo — sussurrei, deslizando meus dedos para o meio dos seus. — Eu… não posso medir a felicidade e o assombro que é ver você. Porque eu ainda estou com medo de isso ser um lindo sonho e a mulher que eu amo escorrer por entre meus dedos feito água pela segunda vez. Você me entende?

Seus olhos umedeceram, voltando a brilhar como de praxe. Observei seus lábios erguerem-se um lado por vez. E eu juro que estava tentando permanecer paciente e prestativo, porém aquele gesto fez meu coração falhar uma batida. Inclinei-me até ela, e a mão que me restava guiou-se para sua bochecha. Foi ali que notei que eu também tremia.

Possivelmente comovida com a minha falta de tato, ela segurou mão sobre a bochecha, sorrindo.

— Estarei aqui para quando acordar — ela sussurrou, levando uma lufada de ar fresco para meu rosto.

— Ah,  está você — sorri.

Ambos gargalhamos incrédulos pela euforia do momento. Impaciente para esperar pelo sorvete, Cassy ergueu-se na ponta dos pés e me beijou com ânimo redobrado. Não pensei duas vezes em retribuir – segurei-a pela cintura, envolvendo-a num abraço. Para completar o combo O Diário da Princesa, pude sentir que Cassy se equilibrava num pé só.

Quando nos apartamos, ela me segurou pelo queixo com delicadeza.

— Também amo você, Ian. Se não ficou perceptível…

— Sabe que acho que não ficou muito, não? Acho que vai ter que continuar tentando provar.

Cassy riu me roubando outro beijo. Dessa vez, me abaixei como um belo cavalheiro para recolher suas malas. Com a mão livre, entrelacei meus dedos nos seus.

— Deveria ter tirado uma foto sua espatifada no chão… perdi essa oportunidade caótica — comentei, no tom mais dramático que consegui.

— O que o senhor quer dizer com isso, hein?

— Ah, Cassy… temos um longo caminho de histórias atrasadas pela frente.

Ela apertou minha mão, recostando a cabeça sob meu braço.

— Por favor, não se contenha. Tenho tempo para ouvir todas elas.

Então, caminhamos pelos corredores da biblioteca. Se aquele já era meu lugar favorito no mundo, havia acabado de ganhar um pontinho a mais por abrigar também quem eu mais amava no mundo.


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=wMLm5TmM6QQ
A música que o Ian faz referência na legenda da foto e que depois a Cassy devolve é "Rocket Man", do meu queridíssimo sir Elton John: https://www.youtube.com/watch?v=6Uje4RDymuQ

É isso ♥ algum discurso de ódio, de amor ou afins? Confesso para vocês que não estou TÃO satisfeita com o resultado, mas cabe a vocês.
Um beijão no coração de vocês, até uma próxima ♥



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