Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 6
Mesas Opostas


Notas iniciais do capítulo

Bia:
Oi, pessoas! Hoje teremos mais alguns personagens!
Boa leitura!



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Dei os últimos cliques e me endireitei.

— Obrigada, gente. Terminamos por hoje.

Observei os modelos suspirarem de alívio. Kim fez um movimento circular com a cabeça, Castiel largou completamente a postura ereta, e Kentin esticou os braços para o alto, estalando os ombros. Jade e Íris se levantaram do sofá, e a última quis dar uma olhadinha nas fotos tiradas.

Viktor, que estava me auxiliando, começou a desligar as luzes e recolher alguns equipamentos. Peguei o tablet e comecei a anotar as informações do dia.

— Essa última ficou linda! — comentou Íris, animada. — Olha, Kim!

A outra veio dar uma olhada. — Ficou boa mesmo, será que você pode me mandar depois? — Me cutucou, fazendo uma carinha pidona.

— Vou pensar no seu caso. — Sorri.

— Ela sempre pensa no caso — sussurrou Íris, desligando a câmera e me dando um beijo na bochecha. — Tchauzinho.

— Até mais.

Enquanto a ruiva pegava suas coisas, e Kim acompanhava minhas anotações como se fossem a coisa mais interessante do mundo, ouvimos a porta bater com o vento, e apenas o rastro do perfume de Castiel pairar no ar. Depois que os outros saíram após se despedir, falei para Viktor ir na frente, e Kim me ajudou a guardar o resto das coisas no armário.

— Eu ainda não me sinto muito confortável com o Castiel — admitiu Kim, em um cochicho.

— Eu percebi. Ainda bem que você não deixa transparecer isso.

— É que... sei lá, ele é tão sério. Mal ri das suas piadinhas bobas, enquanto eu e a Íris quase mijamos de rir.

— Bom, cada um tem seu senso de humor. E também, imagino que ele ainda não esteja muito à vontade. Acho que não faz nem seis meses que ele veio pra cá.

— É, também tem isso... Ainda que você sempre consegue nos deixar confortáveis, colocando música, fazendo gracinhas...

— Mas acho que teve uma boa evolução. Desde que ele chegou.

— Sim, realmente... Até agora só o vi rindo com o Lysandre...

Dei uma olhada para ela, notando uma sutil malícia em sua voz. — Eles são amigos.

— Eles ficaram amigos muito rápido, não acha? — Deu uma risadinha.

— Ah, afinidade. Igual a nossa. Não ficamos amigas rapidinho quando eu cheguei?

— Isso é... Ainda bem! Bom, vou nessa. — E ela me deu um beijinho no rosto.

— Não esquece seus fones.

— Já guardei na mochila. — Kim riu, pegando a bolsa. — Até mais.

— Até.

Coloquei os cartões de memória no bolso da calça, desliguei as luzes e saí do estúdio, fechando a porta. Passei pelo corredor e subi as escadas. Segui para a direita, atravessei as portas duplas e entrei na sala de trabalho, vendo meus colegas conversando alto. Fui para o meu lugar, na mesa da parede, e liguei o computador.

— Conseguiu? — Armin perguntou sem tirar os olhos de sua tela.

— E quando eu não consigo? — brinquei, e ele fez uma careta.

— Ela está conseguindo fazer o Castiel se soltar aos poucos — sussurrou Viktor, curvando-se na mesa em direção a Armin.

— Hmm...

— E a Nina? — indaguei, vendo o lugar ao lado de Armin vazio.

— Saiu mais cedo, tinha uma consulta de rotina.

Nós chamávamos a nossa mesa de “mesa da positividade”, enquanto a outra era a “mesa da neutralidade/negatividade”. Isso porque as únicas pessoas que conversávamos mais eram a Priya e a Chani, que sempre respondiam as nossas piadinhas. Já a Peggy e a Ambre não costumavam se enturmar muito, apesar não tratar ninguém mal, e isso incluía a Melody, que ficava na sala do Bonnet.

Deixei o tablet em cima da mesa e coloquei os cartões na CPU. Criei as respectivas pastas de cada trabalho e deixei na área compartilhável com os outros fotógrafos e Armin, que era o responsável pelas edições. Eu até que sabia um pouco sobre programas de edição de imagens, mas não era tão boa quanto ele.

Ouvimos um trovão retumbar e olhamos automaticamente para as janelas. Já fazia tempo que estava chovendo.

— Não para de chover... como eu vou pra aula desse jeito?

— De ônibus? — Armin sugeriu como se fosse óbvio.

— Você sabe que eu estou indo de bicicleta.

— Um dia só não vai fazer mal... E amanhã? Vocês sabem quem vai para o casting?

— Imagino que todo mundo vai tentar — respondeu Viktor.

— E vocês virão?

— Não. — Viktor e eu respondemos ao mesmo tempo.

— Vocês vão me deixar sozinho com a mesa neutiva? — cochichou ele, bravo.

— Você tem tanto trabalho assim? — perguntei, apreensiva por ele.

— Tenho. E hoje você deve ter me dado mais umas quinhentas fotos.

— Mas você tem tempo pra editar tudo — incentivou Viktor. — Não precisa fazer tudo tão rápido. E também, você não tem tanta coisa assim pra editar nas fotos. Elas ficaram tão boas que seria pecado photoshopar muito.

— Obrigada. — Belisquei de leve sua bochecha, fazendo uma gracinha. — Eu vou olhar as fotos e fazer uma seleção, não se preocupe.

— Eu sei.

— Não sei porque você está reclamando, elas nem vão ficar aqui em cima. — Viktor indicou a outra mesa.

— É só costume de reclamar. Pelo menos vou poder chegar mais tarde.

— Você precisa ter umas aulas de paciência com a Jú.

— Podemos fazer yoga na sala de reuniões qualquer dia — convidei, segurando o riso.

— Olha minha cara de quem quer fazer yoga. — Armin indicou o próprio rosto.

— O convite está aberto. — Guardei os cartões na gaveta e desliguei o computador, recebendo olhares estranhos. — Quê?

— Onde vai? — Os dois interrogaram.

— Vou sair mais cedo. Essa primeira semana só cheguei atrasada nas aulas. Já falei com o Bonnet e ele disse que não tem problema. Até segunda. — Levantei, colocando a mochila nas costas.

— Até.

Felizmente não estava chovendo quando saí, mesmo que estivesse nublado. Fui rapidamente para casa e, chegando lá, encontrei um bilhete da Mari na geladeira.

“Fui no Fulano”

Nossa, ela realmente gostou de lá...

Fiz um lanche rápido, peguei a outra mochila e resolvi arriscar ir de bicicleta. Aparentemente não choveria mais, de acordo com a previsão do tempo do google.

Meu erro sempre foi confiar na primeira informação que me davam...

A chuva voltou quando eu estava a poucos minutos de chegar. Pelo menos cheguei mais cedo e fiquei molhada apenas da cintura para cima, e felizmente minha mochila era à prova d’água. Deixei a bicicleta no estacionamento e passei no banheiro, peguei alguns papeis e tentei enxugar um pouco do cabelo encharcado no caminho para a sala.

— Boa noite, professor — falei assim que entrei, dando um sorriso simpático.

— Boa noite... senhorita Borges. — Rayan acrescentou rapidamente meu sobrenome, ao lembrar de mim. — Pelo jeito visitou uma cachoeira hoje — brincou.

— Pois é. — Aproveitei a sala vazia e me sentei na primeira carteira da parede das janelas. — Acreditei no google e acabei tomando um banho.

— Veio a pé?

— Não, de bicicleta.

— Ah, então você mora perto.

— Mais ou menos. Eu levo entre doze e quinze minutos pra chegar. Depende do dia, do trânsito, da minha energia.

Ele riu. — Entendo. — Deu uma olhada em seu relógio de pulso. — Ainda está cedo, então acho que vou comprar um café. Quer um?

Senti meu rosto corar, apesar de estar gelado. Ele queria que eu fosse com ele, ou estava se oferecendo para comprar? Ou pagar?

— Ah... Sim, quero. — Cacei minha carteira na mochila e o segui para fora da sala. Seria bom tomar algo quente.

Descemos as escadas em silêncio. Chegamos à cantina e Rayan pediu um café, e eu acabei escolhendo um chocolate quente com canela. Ele deu um gole de sua bebida.

— Você disse que é brasileira, certo?

— Sim.

— De que lugar?

— São Paulo. Conhece?

— Já ouvi falar. Tenho curiosidade de conhecer o Brasil. Parece ser um país muito alegre, apesar das notícias ruins de corrupção.

— Sim, apesar disso, somos uma população feliz, acho. Você devia viajar pra lá algum dia.

— Com certeza.

— E o senhor é daqui mesmo?

— Não precisa me chamar de senhor, assim eu me sinto velho. — Sorriu, brincalhão. — Eu sou de Genebra. Me mudei para cá há alguns anos.

— Uau, eu quero muito conhecer Genebra. E Mônaco também, pena que seja longe.

— Não tão longe quanto o Brasil.

Eu ri. — É, realmente. Quem sabe nas minhas férias eu não passe uns dias lá.

— Em Genebra ou Mônaco?

— Os dois, se meu bolso permitir.

— Posso te indicar alguns lugares de Genebra depois.

— Okay, agradeço. — Lembrei de tomar meu chocolate e dei um bom gole. Felizmente ainda estava quente.

Voltamos para a sala com nossos copos e cada um foi para o seu lugar. Rayan ligou seu pequeno notebook e começou a digitar algo, provavelmente coisas da aula. Fui tomando golinhos da minha bebida enquanto o observava, percebendo como ele era... intenso. Ele tinha presença, mesmo sem falar um “a”.

Analisei suas reações conforme os alunos chegavam e o cumprimentavam. Ele sempre dava um sorriso gentil. E em algumas vezes, eu sorria junto sem perceber.

Resolvi terminar logo o chocolate e descartei o copo. Quando me virei para voltar, vi Rayan se levantando e jogando seu copo no lixo. Apressei o passo antes que alguém visse minha cara avermelhando e voltei ao meu lugar.

— Agora sim podemos iniciar nossa aula — disse Rayan, fechando a porta e parando na frente da sala.


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Notas finais do capítulo

Bia:
Ihhh olha só esse professor... xD
Até mais o/

Ester:
Trocas de cultura ♥ E esse professor cheio de presença, hein? Aposto que temos um favorito pra Júlia -q
Até mais, povo o/



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