— Debrah Chapelle! — Marimar falou, surpresa, apontando para o nome como se eu não estivesse vendo.

— E você conhece?

— Ela é ex do Castiel. — Ela me encarou, parecendo ligar todos os pontos possíveis.

— Você acha que ela publicou as fotos de propósito? Tipo uma vingança?

— Talvez, não sei por que eles terminaram. Precisamos pesquisar agora! Vamos!

Mari se desculpou com Hyun por não termos pedido nada, e corremos dali de volta para o apartamento. Ligamos o notebook, sentadas no sofá, e começamos a busca por informações sobre a Debrah.

Encontramos o Instagram e o Twitter dela, que não tinha nada relevante para nós. Claro que ela anunciava as notícias do mês, mas até aí nada de anormal, já que já estávamos por dentro das nossas próprias fofocas. Indo mais a fundo do pai Google, Mari encontrou algumas matérias mais interessantes.

— Olha só. “Debrah e Castiel foram vistos separados pela primeira vez desde que começaram a namorar” — Ela leu em voz alta. — “Apesar de terem saído em alguns ensaios juntos, não foram mais vistos de mãos dadas e nem conversando entre os shootings. O amor acabou para eles?” — Mari abaixou mais a página, para os comentários. — “Claro que acabou, essa va** ficou super esnobe depois de pegar fama. Eu não conheço o Castiel pessoalmente, mas acho que nem ele ia aguentar alguém fútil assim.” Nossa.

— Então ela era modelo antes de entrar pra revista? Você sabia disso?

— Sim, mas não imaginei que eles fossem de lá...

— Seria bom ter o Bonnet agora, pra saber mais detalhes disso. Como será que de modelo ela foi pra uma editora?

Mari continuou olhando as matérias que apareciam. Mais algumas falavam sobre alguns comportamentos ruins que ela teve com os fãs e até mesmo alguns paparazzis. Em um tweet de alguns anos atrás, alguém disse “Como vocês ainda conseguem ser cachorrinhos da Debrah? Ela trata todo mundo igual pano de chão”, e claro que haviam os defensores dela.

— Chegaram a hackear o Twitter dela — comentou Mari. — Mas ela recuperou... Ela foi mais atacada pelos haters do que a gente.

Achamos mais algumas especulações dos fãs sobre o término dela com o Castiel. Alguns falaram que ele cansou dela, ou que ela cansou dele e resolveu se separar depois que conseguiu atingir a fama que tanto queria.

— Estavam discutindo aqui. Olha. “O Castiel terminou com ela, com certeza, até porque ela era uma fofoqueira aproveitadora”. — Arregalamos os olhos ao mesmo tempo. — Veio uma defender falando “Você nem sabe de nada, cadê as provas?”. A menina respondeu “E precisa? Pra mim é óbvio, assim que o contrato acabou, ela foi contratada na Buorbon, e nem experiência na área tinha”. “Bom, experiência com fofoca já tinha.” E a briga continua...

— Como assim fofoqueira? — perguntei, tentando ligar um fato com o outro. — O que tem a ver com ela ser aproveitadora? Será que ela espalhava fofocas falsas?

— Talvez... Eu vou descobrir. Posso pedir ajuda para a Mica e o Kentin. Quem são os modelos mais antigos de lá? Você sabe?

— Hm... Quando eu cheguei, pelo que lembro, a Li, o Dajan e o Jade já estavam lá, e o Castiel, claro. O resto dos modelos chegaram depois. E o pessoal do escritório também eram os mesmos, tirando a Nina e o Viktor... O Alexy! Ele também já estava lá!

Marimar abriu a boca, animada com aquele último nome. — Perfeito! É com ele que vou começar, então!

— Só toma cuidado pra ninguém ouvir, ou você vai reforçar sua fama de fofoqueira mirim.

Ela sorriu, confiante. — Eu sei, vou ser cuidadosa. Mas acho bem injusto a gente virar alvo dela por causa dessa briguinha de ex-namorado.

— É muita imaturidade mesmo. Eu só não entendo por que a Ambre mandaria essas fotos pra ela.

— Vai ver a Ambre é feminista e queria “se vingar” pela Debrah, aí mandou as fotos do ex pra ela publicar e fazer fama — brincou Mari. — Ou ela gostava da Debrah aqui...

— E se elas fossem amigas? Ou melhor, e se elas ainda são amigas?

Nos encaramos, pensando naquela possibilidade.

Meu celular vibrou, indicando uma mensagem que chegara. Era um amigo de Rayan que estava interessado em me contratar para o casamento. Respondi na hora, deixando Mari e suas pesquisas de lado, e me concentrei no trabalho quase certo.

Um pouco mais tarde, o outro colega de Rayan entrou em contato comigo também.

Eu precisava agradecer meu professor.

Após o jantar, depois de fechar os serviços com os dois clientes novos, liguei o notebook de volta, na mesa, e me sentei. Abri a planilha de gastos da casa e fiz alguns cálculos, pensando em coisas que poderíamos economizar, e cheguei a uma conclusão um tanto dolorida.

— Eu vou ter que trancar a matrícula no curso — comentei com Mari, que estava no sofá.

— Quê?! Não, você não pode trancar, tá maluca? Por quê? — Ela prontamente veio se sentar na cadeira da frente da porta.

— O curso é caro, Mari. Por mais que eu consiga alguns trabalhos, talvez não seja suficiente pra manter as contas e ainda pagar as mensalidades.

— Mas eu falei que vou pegar o máximo de trabalhos que conseguir, não é justo você parar de fazer o que gosta...

— Não é permanente, eu vou só trancar e quando puder voltar, eu volto.

— Você já pagou a mensalidade do próximo mês?

— Sim, até paguei com o desconto que consegui por ter feito as fotos pra campanha lá, então fiquei com um pouco mais de dinheiro do que o normal. Mas é melhor trancar, de qualquer jeito, até eu conseguir mais trabalhos ou um emprego fixo... Não fica com essa cara, eu não tô fazendo nenhum sacrifício. O curso vai continuar lá.

Marimar suspirou, sabendo que não adiantaria retrucar sobre a minha decisão. Eu fiz um carinho em sua mão, que estava acima da mesa, e lhe dei um sorrisinho confiante.

— É só por precaução.

— Tudo bem. — Ela não estava convencida, mas afirmou e devolveu um sorriso meio forçado do tipo “fazer o quê”, e voltou para o sofá.

Depois de fazer algumas modificações na planilha, desliguei o computador e fui lavar a louça. Tomei banho e fui para a cama até que cedo, um pouco pensativa sobre tudo.

Eu não podia negar que estava mais chateada por não ver mais o Rayan do que não ir mais para o curso. Claro que eu sentiria falta, até porque as aulas sempre me distraíam, assim como o professor Rayan. Sem falar daquele frio na barriga que eu sempre sentia quando estávamos no mesmo lugar.

Será que... ele também sentia? Quer dizer, era provável, porque... Bem, parecia.

O jeito que ele ficou inclinado para mim ontem, enquanto conversávamos no sofá do terraço... Ele pegou a minha mão! Mas... talvez fosse por querer me confortar de alguma forma. Mas... Ele sempre solta alguma frase que pode ser entendida de dois jeitos. A educação dele chega no limite do interesse.

Poderia ser interesse? Poderia, mas também poderia ser apenas por compaixão, afinal, ele parecia ser alguém que realmente gosta de ajudar.

Eu preciso avisar ele sobre a decisão de trancar o curso, mas acho que prefiro fazer isso pessoalmente. Quero ver a reação dele...

Bom, vamos ver o que ainda vai acontecer.