Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 26
Fotos, Vinho e Bombons


Notas iniciais do capítulo

Bia
Oie! Hoje é um dos meus capítulos favoritos :3
Boa leitura!



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Depois de pendurar minha toalha, resolvi ir até a cozinha para beber um copo de água. Enquanto ele enchia lentamente, ouvi ruídos no corredor. Naquela hora da noite, qualquer alfinete que caía no corredor do prédio era ouvido pelos moradores. Conforme o som ficava mais nítido, era possível entender o que a pessoa falava.

— Desculpa, eu estraguei tudo, eu sou uma idiota.

Marimar?

Fechei a torneira e peguei o copo, prestes a beber, mas o barulho de chaves na porta me parou. Assim que ela foi escancarada, vi Marimar entrar cambaleando, seguida de... Castiel?

— É... Desculpe por chegar assim — pediu Castiel, me observando um pouco surpreso. Acho que envergonhado também. — Eu queria ter certeza que ela chegaria inteira.

— Eu estou bem. — Marimar tirou os sapatos, os deixando de qualquer jeito no chão e foi se deitar no sofá.

— O que aconteceu? — perguntei sem entender nada.

— A senhorita aí bebeu demais e vomitou no pub — Castiel soltou, mostrando um sorriso de canto que mais significava “eu avisei”.

— Eu não acredito nisso, Mari. — Neguei com a cabeça, começando a tomar a água.

— Eu errei feio, eu sei. — E ela se sentou, encarando Castiel com sua melhor expressão de culpa. — Desculpe, de verdade. Eu nunca mais vou fazer isso.

— É melhor, ou nunca vamos conseguir aproveitar... — Marimar se iluminou com aquela frase, mas Castiel completou rapidamente, me olhando. — Desculpe de novo. Boa noite.

— Obrigada por trazer ela.

— Obrigada, Castiel! — Marimar falou ao mesmo tempo que eu, indo até a porta para se despedir direito.

Cruzei os braços, só vendo os dois pertinhos um do outro. Só consegui ver Castiel se aproximando para deixar um beijo no rosto de Marimar e sair de vista. Três segundos depois, com um suspiro, ela fechou a porta e sorriu igual uma adolescente apaixonada.

Não demorou para que ela começasse a explicar euforicamente a noite que teve. Quando finalmente terminou, com nós duas sorrindo igual bobas, levantei do sofá para onde tinha ido ouvir a aventura toda.

— Fico feliz que tenha sido bom, apesar do vômito e da vergonha.

— Ai, nem lembra. Nunca mais apareço lá!

Eu dei risada. — Com certeza você não foi a única. Bom, agora vou dormir. — Andei até o quarto, mas parei na porta, voltando a olhá-la. — Que bom que você seguiu em frente.

— Com o quê?

— Nathaniel.

Marimar paralisou por um segundo, e depois deu um risinho sem graça. — Ah, sim.

Concordei e fui para a minha cama.

Assim que passei pela entrada da escola, ouvi meu nome ser chamado e olhei diretamente para a cantina. Rayan me chamara, e estava sentado em uma das mesas com o professor de Gestão de Negócios Fotográficos, Vincent, e mais outro homem que eu lembrei de tê-lo visto na aula em que o professor Zaidi foi substituto. Me aproximei, e Rayan levantou para puxar a cadeira para mim.

— Não recebeu meu comunicado? — Rayan perguntou, voltando ao seu lugar.

— Qual?

— De que não teríamos aula hoje. Mandei as dezoito horas.

— Não, não recebi, eu não costumo olhar meu email quando chego em casa.

— Bom, pelo menos podemos tratar com você sobre o que estávamos falando. Este é Fabian Rigal, coordenador do curso de fotografia. — Indicou o homem.

Fabian estendeu a mão para me cumprimentar, e assim o fizemos. — Rayan me mostrou seu portfólio online. Para nós dois, aliás. — Indicou Vincent. — Gostamos muito do seu trabalho. Queríamos conversar sobre a nossa ideia de divulgar o curso.

— E como seria essa divulgação? Cartazes? — perguntei, interessada no plano.

— Sim, banners e panfletos também. Pensamos em fazer uma cartilha com imagens e informações sobre as aulas e as matérias.

— Legal. Eu ficaria só com as fotos?

— Isso. Já temos os ajudantes para o restante do trabalho.

— Eu estava falando sobre... o que daríamos em troca por essa ajuda — começou Rayan —, e a escola pode dar um desconto nas mensalidades. — E os outros dois concordaram.

— Ótimo. Quando começamos?

— Quando você estiver disponível — respondeu Fabian, sorrindo animadamente. — O professor Rayan vai te acompanhar, caso precise de ajuda com algo, iluminação, troca de lente, essas coisas.

— Se não tiver problema, claro. — Rayan sorriu.

— Não, vai ser bom ter uma ajuda. Vocês têm alguma preferência de imagem?

— Não, você decide, pode tirar fotos da escola ainda vazia ou no horário de aula, está liberada para trabalhar como bem quiser. E não se preocupe com as faltas, não levará nenhuma.

Sorri. — Tudo bem. Vai ser bem divertido.

— Quer começar agora? — perguntou Rayan.

— Pode ser.

Fabian procurou algo no bolso da calça e entregou um pequeno chaveiro para Rayan, que levantou, e eu o segui para o corredor.

— Vamos pegar o equipamento na sala.

— Ok.

Subimos para o primeiro andar e eu andei atrás do professor, que foi até a sala de equipamentos das aulas. Pegamos duas câmeras, já com os cartões de memórias, e um rebatedor.

Como a escola ainda estava praticamente vazia, aproveitei para fotografar o corredor e algumas salas de aula, tanto as convencionais, como os estúdios e os laboratórios. Fotografei a lanchonete no térreo, a entrada, a fachada do prédio, os alunos chegando...

— Seria legal se tirássemos algumas fotos dos alunos trabalhando com as câmeras — sugeriu Rayan, segurando o rebatedor.

— Sim, quero tirar algumas. Será que eles estão lá em cima?

— Talvez o terceiro ou quarto semestre esteja lá na cobertura.

— Cobertura?

— Sim, tem um jardim aberto lá em cima. Maravilhoso para fotografar.

— Então vamos.

Pegamos o elevador e subimos silenciosamente. Eu estava fingindo plenamente que não estava levemente nervosa desde o começo, por ficar sozinha com ele, e pelo jeito eu estava indo bem, já que meu reflexo no espelho não entregava nada.

Assim que chegamos no andar, visualizei primeiro um espaço fechado, com alguns sofás, pufes e mesinhas de centro, rodeado por paredes de vidro, como uma varanda. Já haviam alguns alunos fotografando ali, e os flashes estavam piscando a todo momento.

Aproveitei a distração dos alunos e os fotografei enquanto pegavam os colegas de surpresa e riam. As fotos sairiam completamente espontâneas.

Saindo do espaço fechado, contemplei o espaço aberto para o céu estrelado de Paris. A cobertura era envolta por um balaústre de vidro, e o lugar também continha sofás à prova d’água e diversos postes de luzes, deixando o ambiente agradável. Tudo ali estava agradável, o clima entre os alunos, o clima da noite...

Enquanto tirava minhas fotos e me divertia com as risadas do pessoal, notei uma câmera direcionada a mim. Fiz algumas caras e bocas e vi o fotógrafo mostrar um sorriso por trás do aparelho, e logo voltei ao meu trabalho.

Rayan encostou em um dos sofás para mexer no celular, então me sentei em um pufe do outro lado da cobertura, aproveitando o ambiente descontraído. Ele estava com a câmera extra pendurada no pescoço e o rebatedor apoiado em suas pernas. Eu, como fotógrafa, adorava ver fotógrafos distraídos, ainda mais quando eles usavam uma camisa branca aberta no colarinho e as mangas arregaçadas...

— Você não é aluna, é? — Alguém perguntou e eu olhei para o lado, encontrando o mesmo rapaz que estava me fotografando.

— Sou sim, do primeiro semestre.

Ele ficou confuso. — Mas como você veio pra cá?

— Eu estou tirando fotos para uma futura divulgação do curso. Eu sou aluna, mas já trabalho como fotógrafa profissional.

— Ah, agora está explicado... Raphael. — Estendeu a mão, e eu a peguei.

— Júlia. Você é de onde?

Ele riu. — Holanda. Meu sotaque entregou?

— Só um pouquinho. Só dá pra saber que você não é daqui.

— E você é daqui? Se for levar em conta o sotaque, você é.

— Por incrível que pareça, não, eu sou brasileira.

— Uau! Nunca imaginei encontrar uma brasileira aqui — exclamou, fascinado.

— O mundo é pequeno. — Sorri, achando engraçado sua reação.

— Pronto, Júlia? — Ouvi Rayan à nossa frente, de repente.

— Sim. — Levantei. — Foi um prazer, Raphael. — Acenei.

— Igualmente.

— O que faremos agora? — indaguei assim que entramos no elevador.

— Podemos fazer a seleção das imagens. Acho que um dos laboratórios está vazio hoje.

Segui Rayan para o segundo andar, e ele abriu o laboratório de computadores. Enquanto ele ligava o primeiro da fileira mais próxima, tirei o cartão de memória e o pluguei na CPU. Ele puxou a cadeira da mesa ao lado para perto da minha, e eu fiquei levemente tensa com a aproximação.

Tentei ignorar abrindo logo a pasta e a primeira imagem. Assim ficamos o resto das próximas duas horas, escolhendo as fotos que ficaram boas e as deixando em uma pasta separada no próprio cartão, enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias da vida. E claro que em não relaxei em nenhum momento.

— A maioria das fotos nem precisam de edição, ficaram boas por si só — disse ele, assim que acabamos.

— Obrigada. O clima estava tão bom que seria difícil não sair no mínimo incríveis — brinquei, e Rayan riu.

— O talento da fotógrafa também conta.

Sorri, envergonhada por tudo e mais um pouco, e só naquele instante notei que ele estava com o braço apoiado no encosto da minha cadeira. Sem saber o que dizer, olhei a hora.

— As aulas ainda não acabaram — comentei.

— Vai dar nove horas. Acho que merecemos uma folga, não?

— Também acho.

— Então vamos guardar essas coisas e levar o cartão para o Fabian.

Desliguei o computador e Rayan, as luzes, e saímos. Guardamos os equipamentos e Rayan deixou o cartão com o coordenador, em sua sala, e fomos liberados pelo resto da noite. Fomos para a rua, sentindo o vento fresco daquela noite.

— Quer uma carona para casa?

Considerei uns segundos. — Ah, por que não?

Caminhamos rapidamente até o estacionamento e Rayan abriu a porta do passageiro para mim antes de tomar seu lugar no banco do motorista. Ligou o carro e partiu para a rua. Assim que parou no primeiro farol, me olhou.

— Você disse que queria que eu te mostrasse onde comprei aquele bombom... O que acha de ir até lá?

— Hm... É aqui perto, não é?

— Sim.

— Tudo bem.

Rayan mudou a seta da direita para a esquerda, e seguiu o caminho. Estacionamos no meio-fio logo à frente da cafeteria quase vazia. Ela tinha uma decoração típica das cafeterias parisienses, não que fosse menos bonita. Entramos e ele foi na frente pedir uma mesa. O garçom nos levou a uma das primeiras mesas e eu me sentei.

Dei uma olhada no menu e quando reparei, vi que Rayan estava pedindo algo no balcão antes de vir se sentar à minha frente.

— Pedi vinho para nós.

Eita...

Ele já tinha pedido, eu não poderia fazer uma desfeita. Eu só precisava comer algo antes de beber. Olhei o menu com mais atenção e pedi uma cesta de palitos de azeite e alguns molhos de acompanhamento. Ele pediu o mesmo.

O vinho chegou primeiro, e Rayan fez um brinde, sussurrando um “saúde”, e deu um gole. Fiquei sem graça e dei um gole do meu, torcendo para que o álcool não subisse rápido demais. Conversamos um pouco até os aperitivos chegarem, e eu mal percebi que estava bebericando o vinho e quase terminando ele antes de comer. Empurrei os palitinhos para dentro. Meu rosto já estava quente.

— Se eu soubesse que você era fraca para bebida, tinha pedido outra coisa. — Rayan riu.

— Eu não sei porque insisto em pensar que o álcool não vai subir rápido. — Eu estava com uma sensação engraçada no corpo. — É sempre a mesma coisa e eu sempre acho que vai ser diferente.

— Você não tem o costume de beber, pelo jeito.

— Não, nunca tive. Aliás, não temos o costume de beber vinho no Brasil, não igual aqui. O pessoal prefere tomar cerveja, mas eu não gosto.

— Me conte mais costumes do seu país — pediu ele, curioso.

Comecei a listar diversos costumes nossos, como tomar banho duas ou três vezes por dia, dependendo do clima, escovar os dentes depois das refeições — muitos europeus costumavam mascar chiclete após comer —, a mania do povo brasileiro em falar alto e sempre gesticular enquanto falava, coisas que os parisienses odiavam, e diversas outras situações que fui lembrando conforme comíamos e bebíamos mais um pouco. Tudo aquilo apenas deixou Rayan com ainda mais vontade de visitar o Brasil.

Quando o cansaço estava batendo, finalizamos a noite comprando alguns bombons e voltamos para o carro. O clima continuava gostoso, e eu estava mais relaxada, com certeza por culpa do vinho.

Abri a minha janela para sentir o ar frio soprando. Muito provavelmente, depois eu ficaria pensando em quão estranho e legal essa noite foi.

Só percebi que chegamos na minha casa por causa do vento que parou, e ouvi a porta do motorista ser fechada. Rayan deu a volta e abriu a minha, estendendo uma mão para me ajudar, quase fazendo uma reverência, com um sorriso brincalhão no rosto.

— Eu não estou bêbada. — Dei risada, mas acabei aceitando aquela mão convidativa.

— Acredito que toda ajuda seja bem-vinda. — Ele fechou a porta e me acompanhou até o portão do prédio.

Voltando a ficar sem graça, precisei soltar sua mão para procurar minhas chaves na mochila. A rua estava deserta e silenciosa, o que me deixava ainda mais nervosa. Encaixei a chave na fechadura e a destranquei.

— Obrigada... por tudo. — Minha voz estava mais arrastada do que o normal. Era a combinação de álcool, mais cansaço, mais sono.

— Não há de quê. Foi divertido trabalhar com você.

— É, foi mesmo.

— Assim que tiver notícias sobre as fotos, te aviso.

— Claro, agradeço.

Eu não sabia se tudo aquilo estava me atrapalhando, ou se era por ele estar ao meu lado. Talvez as duas coisas. Uma auxiliando a outra em me deixar mal na fita.

— Bem, tenha uma boa noite. — Rayan não hesitou em me dar um beijo na bochecha, mas eu travei quando nossos rostos se encostaram. Ele ia se afastar, mas eu o segurei pelo maxilar sentindo, na ponta dos dedos, sua barba baixa fazer cócegas, e devolvi o beijinho na bochecha, perigosamente perto da boca.

Bom, pelo menos pra mim. Nem era algo tão inusitado entre os franceses. Mas... inusitado mesmo era aquela sensação de magnetismo...

— Boa noite — desejei, e empurrei o portão para entrar, ao mesmo tempo em que ele se afastava para o carro.

Virei, enquanto trancava o portão, e o observei se afastando com o carro. Suspirei e subi as escadas, sem entender se aquilo tinha sido real ou se eu estava sonhando acordada.


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Notas finais do capítulo

Bia
Ai, ai, Marimar não é a única que está apaixonadinha xD
Até mais o/

Ester
Descobrimos o que deu de Marimar e Castiel (essa história ainda não acabou) e não é que tivemos outro encontro de outro ship?
Rayan mostrando que é chique nos últimos com direito a um bom vinho xD
Até mais, povo o/



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