Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 11
Vivendo um clichê


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Olá, minha gente! Sábado é dia de que? Isso mesmo, capítulo novo!
Só pra lembrar, as partes em itálico são referentes a flashback, do dia da saída da Mari e do Castiel. A parte normal é no presente.



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Naquele momento, eu parecia estar vivendo o clichê da s/n em um país estrangeiro e saindo com o artista famoso que eu era fã. A diferença era que: um, eu não sou tapada igual uma s/n, obrigada; e dois, não estávamos indo para um Starbucks e eu não iria levar um jato de um copo de café na cara. Ao menos esperava que não.

Aqueles dias de aflição entre o casting e o resultado me faziam descobrir umas coisas muito toscas como filmes de tornado de tubarões e fanfics clichês. 

Aliás, eu poderia muito bem estar vivendo uma fanfic clichê naquele momento, saindo com um modelo famoso, super bem vestido em uma roupa preta de marca — esse era o rockeiro raiz, todo de preto debaixo do sol de verão — e com um óculos quase maior que a cara. Se Castiel estava tentando se disfarçar com aquilo, o efeito era quase totalmente o oposto, chamando atenção.

Mas como uma pessoa maravilhosa como aquela não chamaria atenção? Esse comentário foi mais como uma notinha de rodapé, então corta.

— Não sabia que Paris era tão quente assim — comentei qualquer coisa quando viramos a esquina da rua da agência. Era tão quente que parecia até que as ruas suavam. Só não tinha chegado no nível brasileiro de fritar um ovo no asfalto ainda.

— Ué, você não é do Brasil? Pensei que fosse acostumada com esse tipo de coisa — ele retrucou, tirando um elástico do bolso e prendendo o cabelo em um coque samurai. Podiam falar o que quisessem daquele tipo de penteado, mas era impossível não prestar atenção no modelo juntando as mechas com a mão e dando as voltas no elástico. Apesar dele estar suado, era perceptível que a raiz do cabelo tinha algumas ondas.

Peraí, ele sabia que eu era do Brasil?!

— Você sabe que eu sou do Brasil? — É, eu acabei soltando a pergunta em voz alta.

— O pessoal da agência só falava da modelo nova nas últimas duas semanas antes de você chegar. Todo mundo sabe de você, Marimar — ele contou e empurrou uma porta de vidro de um pequeno estabelecimento entre um banco e uma loja de colchões, na rua de trás do prédio da agência. Era tão pequeno que eu sempre passava por ali e sequer percebia que havia uma sorveteria. 

E quase me esqueci de entrar também, quando ouvi Castiel dizer o meu nome. Era engraçado ouvir um “Marrimar”. Mas pelo menos não fui tão tapada assim e consegui manter o mínimo de decência na cara.

Entramos na sorveteria — que tinha ar condicionado, ainda bem — e nos ocupamos em escolher nossos sabores de sorvete entre dezenas dos disponíveis. E morrer um pouquinho por dentro por tudo o que acontecia. Entretanto, isso se restringia apenas a mim. 

Após fazermos nossos pedidos e conseguirmos uma mesa, nos sentamos e esperamos nossos sorvetes. Castiel ocupou-se em responder a mensagem de alguém no celular e eu me segurei pra não esticar o pescoço e tentar ver o que ele digitava. Seria falta de educação da minha parte e eu não queria causar uma má impressão na minha primeira saída com o modelo famoso que eu admirava.

Cara... Dá até vontade de repetir em voz alta só pela sensação que causa. Saindo com o Castiel Perrot. Tá certo que era a rua de trás da agência, mas melhor que nada.

Voltando para a realidade, eu estava passando os olhos pelo estabelecimento em busca de qualquer coisa que pudesse puxar assunto. Uma criança fazendo birra porque queria um sorvete muito caro, um menino derrubando sorvete de casquinha na própria camiseta, um funcionário gritando com o outro sabe-se lá por que, uma música chata tocando no fundo...

— Qual sabor de sorvete é o seu favorito? — perguntei a primeira coisa que me veio em mente e me elogiei por ser algo normal. A outra possível questão era se ele ia sempre ali, porém, isso poderia ser confundindo com um possível flerte descarado.

— Morango — respondeu de forma sucinta e terminou de escrever a mensagem, desligando a tela do celular e o deixando sobre a mesa quando nossos pedidos chegaram.

Castiel pedira um sundae de morango — é, talvez não precisasse nem perguntar — e chocolate com calda de morango. Já eu, optei por um de flocos com tudo que é acompanhamento possível. Como dizia minha irmã, eu não engordava de ruim, porque comia feito um dragão.

— Eu gosto de flocos — disse e comecei a tomar do meu pedido. Castiel parecia ser um tipo calado, como quase todo mundo na agência comentava. Porém, não custava nada puxar assunto... — Você saiu da dieta? Vi mês passado no seu Instagram que você tava promovendo uma dieta doida lá, mas fiquei em dúvida se você tava fazendo isso só pela marca ou se fazia alguma dieta de verdade. Você faz? Porque você já postou várias vezes foto em academia e eu pensei...

Comecei a tagarelar sem parar — isso pode ser um defeito muito ruim de vez em quando, eu sei — e percebi que Castiel bufou, largando a colher no pratinho do sorvete e passando a mão pelo cabelo, tirando alguns fios bagunçados do lugar. Talvez eu tenha ficado um pouco hipnotizada pelo movimento? Só talvez... De repente, o modelo tirou os óculos escuros e puxou-os para a cabeça. Morri por dentro quando seus olhos cinzentos sobre mim. O problema é que eles não estavam nem um pouco felizes.

— Tá vendo isso? — ele perguntou em um tom áspero e tomou uma colherada do sorvete. — Isso aqui vai entrar por um lugar e sair por outro, como todo mundo. — Franzi o cenho com o assunto repentino no meio da mesa, contudo, o modelo continuou, tendo as sobrancelhas quase unidas em irritação. — Eu fumo, tenho problemas pra dormir, pele oleosa, arroto quando estou em casa e desencravo unha — declarou de uma vez e eu só soube abaixar a cabeça e olhar pro meu sorvete derretendo no pote. — Então para de agir como se eu fosse uma obra de arte pra você ficar olhando, porque eu sou só mais um zé mané que conseguiu ficar famoso com um pouco de sorte, entendeu?

Apenas assenti de cabeça baixa, tomando uma colherada do meu sorvete que estava virando água pra tentar disfarçar a vontade de chorar. 

Parabéns, Marimar, meus parabéns. Você saiu com seu crush famoso e conseguiu estragar tudo em apenas vinte minutos. Talvez ele não quisesse nem olhar na sua cara depois dessa. É, talvez não fosse tão ruim levar um jato de café na cara igual a s/n. Doeria menos.

— Olha — Castiel pediu e eu ergui o rosto pra ele, tentando manter o restinho da minha dignidade e não chorar. — Foi mal — pediu desculpas daquele jeito dele. — Eu só não gosto que fiquem me tratando assim, entendeu?

— Toda fangirl? — completei, amassando o que sobrou do meu sorvete com a colher. Já estava quase todo derretido mesmo.

— É. — Depois dessa, ficamos em silêncio e continuei amassando meu sorvete, enquanto Castiel terminava de tomar o dele. — Já experimentou sorvete de maçã verde com manjericão? — o modelo puxou assunto de repente e me surpreendi. 

Depois do esporro que levei, achei que Castiel não fosse querer falar comigo nunca mais, mas, no fim, ele acabou sendo gentil e ainda tomamos mais uma rodada de sorvete juntos.

...

— Parece que desocuparam o provador. — Ouvi a voz de Nathaniel comentar e tirei meus olhos da revista que estava ao lado do caixa da Guerrida, o brechó que ficava na parte de baixo do prédio em que moro com Júlia. Era uma das propagandas de Castiel. E não, não era a da Charles Mlain.

— Já volto — disse para ele e sumi com as peças de roupa no provador.

Sábado normalmente não era dia em que nos encontrávamos no café — o que comumente acontecia se segunda a sexta —, mas, por um acaso do destino, nos esbarramos na rua. Tomamos nosso costumeiro café no Fulano e, como já estávamos quebrando a rotina mesmo, resolvi levar Nathaniel — ou simplesmente Nath, como me deu a intimidade de chamar — para conhecer alguns dos outros estabelecimentos da minha rua. Ainda ficamos de experimentar a comida do restaurante italiano, mas outro dia. Acabamos parando na Guerrida, aquele brechó onde fiz amizade com a vendedora suíça, durante aqueles dias que quase subi pelas paredes esperando pelo resultado do casting. 

Fabienne — ou simplesmente Fabi — ficou conversando com Nath enquanto eu me trocava no provador. Sai desfilando pelos corredores quando deixei o provador, indo em direção a eles. 

— Que tal? — Parei com a mão na cintura, como se estivesse numa passarela. Troquei meu vestido por uma jardineira jeans e uma blusa magenta por baixo dela. Continuava com os chinelos de dedos no pé, bem ar de casa mesmo.

— Ficou ótimo em você — Fabi comentou com sorrisos. Claro que ela iria elogiar, pra que eu comprasse.

Nathaniel passou a mão no queixo, parecendo pensativo enquanto me analisava de cima a baixo, demorando-se mais no meu rosto. Será que tinha alguma coisa de errado comigo?

— Ficou mesmo — declarou por fim. — Caiu muito bem em você. — Continuou meio pensativo enquanto olhava pra mim. 

Repentinamente, o celular de Nathaniel tocou, fazendo com que ele se afastasse de nós para atender. 

— Vou levar — disse para Fabi, que deve ter comemorado a comissão que ia ganhar com a venda.

Avisei que ia me trocar e voltei para o provador. Quando estava caminhando entre as araras de roupa, Nathaniel veio em minha direção, quase trombando comigo no meio do caminho.

— Desculpe não poder continuar nosso passeio, mas recebi uma ligação importante e vou ter que ir embora mais cedo — explicou e eu respondi que estava tudo bem, apesar de querer passar mais tempo com ele. 

Era divertido estar com Nathaniel, admito. A conversa fluía fácil e tínhamos muito assunto pra conversar, por incrível que pareça. Tanto que quase não falávamos sobre nós mesmos e terminávamos rodeando as coisas que gostávamos e tudo que era tópico aleatório.

Observei o loiro sair da loja, ainda curiosa por que ele ficou olhando daquele jeito pra mim. Será que tinha algo de errado na minha cara?

— Não sabia que você tinha um namorado — a vendedora comentou, entregando uma sacola da loja com as peças de roupa dentro.

— Ele não é meu namorado, Fabi — respondi, mas apenas recebi uma risada como resposta.

 


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Notas finais do capítulo

Ester:
Castiel gente como a gente, quebrando o clichê de encontrar o crush no estabelecimento comercial -q Só resta ver se a Mari vai entender isso...
Até mais, povo o/

Bia:
Eita, Castiel se revoltou de leve, mas logo voltou ao estado quase natural dele kkkk
Essa Mari e o Nathaniel já estão até saindo pra fazer compras hmmm xD
Até mais o/



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