Ocean Motion escrita por Camí Sander


Capítulo 18
Capítulo 16 - Resistência


Notas iniciais do capítulo

Aaaaah, espero que vocês gostem



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Resistência

 

A cerimônia começaria em uma hora e quarenta minutos, no entanto, eu estava nervoso. Chegara na casa da minha mãe para buscar Isabella há cinco minutos e fui obrigado a aceitar um copo de uísque oferecido pelo meu pai para esperar as meninas.

Estávamos todos ali à espera das mulheres. Vestidos com ternos chumbo e broches com um Cravo vermelho e duas flores de amendoeira que, de acordo com a Rose, simbolizavam amor vivo, admiração e esperança e, de acordo com Alice, combinava perfeitamente com a cor dos ternos. Depois dessas explicações, ninguém contestou.

Andei, sentei, conversei e enrolei com os homens presentes até que a governanta anunciou nossas meninas pedindo para que o acompanhante esperasse no pé da escada. Revirei os olhos. Não é como se qualquer um de nós não tivesse passado pelos bailes de formatura.

Alice desceu primeiro. O vestido bordô-marsala longo tinha decote transpassado em coração e tiras finas nos ombros. A saia modulava os quadris levemente antes de descer com graciosidade até o chão, com uma abertura no transpasse superior. Nas mãos, um pequeno buquê com uma rosa vermelha, cravos vermelhos, flores de amoreira e gipsófilas. O cabelo em cachos grandes tinha presilhas para segurar os fios que esconderiam seu rosto.

Jasper foi radiante postar-se três degraus antes da base da escada para encontrá-la.

Isabella apareceu logo em seguida e senti o ar se extinguir. O tom do vestido era o mesmo que o de Alice, como já saberia, mas o busto em coração desse era drapeado e transpassado para os dois lados, fazendo com que os seios da mulher ficassem em destaque. As tiras eram mais largas e a saia franzida caía solta da cintura. Os cabelos em um coque trançado soltavam alguns cachos.

O sorriso brotou em meu rosto quando a maquiagem forte não conseguiu ocultar o rubor dela quando lhe estendi a mão. Seu perfume misturou-se com o das flores e precisei me conter antes que acabasse me inclinando e cheirando seu pescoço como um maldito vampiro.

—Você está muito linda, minha Marie – murmurei antes de beijar sua mão.

Ela soltou um riso tímido e agradeceu enquanto terminava de descer os degraus. O choque percorreu meu corpo quando pousei a mão no meio de suas costas e descobri que não havia tecido ali. As tiras largas desciam até a cintura, onde agrupavam-se com o cós largo do início da saia.

—Está tudo bem? – questionou Isabella quando retirei a mão com rapidez.

—Depende – respondi num sussurro.

A morena apenas me olhou com insistência enquanto eu recolhia as duas mãos para frente.

—Diga que você está usando sutiã e eu estarei muito bem – expliquei baixinho.

Bella riu e, para meu desespero, não respondeu.

Merda. Como eu poderia ficar ao lado dessa mulher sabendo que ela não está usando muita coisa por baixo desse vestido? Teste de resistência. Era isso que Rosalie estava fazendo conosco hoje. Fodida Rosalie! Um dia me vingarei dessa maldita!

Não prestei atenção nas outras mulheres que desceram. Principalmente porque estava concentrado em não imaginar minhas mãos passando pelo corpo da Swan enquanto tirava aquele traje. Também porque Isabella agarrou-se em meu braço ferreamente para poder se locomover com o que ela chamou de armas mortíferas.

—Edward? – chamou a pequena fazendo uma careta. – Podemos nos sentar? Meus pés estão começando a me incomodar e ainda teremos a cerimônia inteira para sofrer.

Ri do desespero dela e a conduzi até o sofá mais próximo. Não chegamos a conversar muito, mas isso se deu porque Isabella lembrou-se seriamente de que, como era sábado, hoje estávamos em trégua de brigas... e de assuntos que nos fariam mal.

Fomos de limusine, quase uma carreata, para a Fourth Presbyterian, onde a cerimônia aconteceria. Bella e Alice, que partilhava o carro conosco, ficaram conversando sobre o spa e as maravilhas que foram submetidas. Jasper apenas olhava para mim com malícia e eu o ignorei.

A cerimônia aconteceu calmamente. A igreja tinha arranjos de flores brancas a cada três bancos e a iluminação fora deixada baixa com focos de iluminação nos arranjos e no altar. Isabella andou a meu lado tremendo, mas não derramou nenhuma lágrima até que chegamos à recepção.

No breve caminho entre a igreja e o Doubletree Magnificent Mile, a morena conseguiu me contagiar com o deslumbramento que sentiu. A maneira que seus olhos brilhavam calou o falatório de Alice, mas as faces das meninas eram esperançosas e sonhadoras. Jasper apenas lançou-me um olhar de desespero por ser obrigado a superar as expectativas da noiva. Dei de ombros para ele.

 

—Estou me sentindo um castiçal – reclamou ela em meus braços.

Eu ri e puxei seu corpo para mais perto.

Dançávamos com os noivos a segunda valsa e éramos o único casal dançando que não era realmente um casal. Todos os outros dançarinos beijavam-se de vez em quando. Eu mesmo já me impedi algumas vezes de alcançar seus lábios rosados com os meus. Certamente Isabella percebeu minhas mãos suadas e coração acelerado, mas não comentou sobre isso.

—Somos os castiçais mais belos do casamento – sussurrei em seu ouvido.

Isabella riu e apoiou a cabeça em meu ombro. Dançamos mais algumas notas assim antes dos convidados entrarem na pista. Bella tencionou quando Seth decidiu tirá-la dos meus braços, então declarei que estávamos caminhando até o bar. Minha mão nunca deixando suas costas.

—Queremos champanhe – anunciei ao bartender.

—Para mim, pode ser um refrigerante – retrucou a morena, sentando-se na banqueta ali. – Não bebo álcool, esqueceu, Cullen?

Revirei os olhos, mas não respondi, apenas sentei-me ao seu lado para esperar. Não demorou muito para nossas bebidas serem servidas e eu ergui minha taça para ela.

—Brindamos ao amor?

Com um meio-sorriso, Isabella tocou uma borda com a outra e bebeu um pouco. Beberiquei também e assisti ela correr os olhos pelo salão.

—Ela está aqui? – quis saber.

Seu interesse no meu amor secreto era divertido de presenciar. O tom de voz dela sempre mesclava ansiedade, diversão, crítica e uma pitada de algo que defini como ciúmes. Queria saber o que ela diria se eu contasse quem era a mulher pela qual me apaixonei.

—Sim – respondi sorrindo. – É muito estranho eu pensar que ela está mais bela do que a noiva?

Fitei Rosalie rapidamente. O vestido sereia era rendado no busto e bordado com pérolas. A cor creme apenas acentuava a textura de sua pele bronzeada levemente para a ocasião. Os cabelos no coque mais intrincado que já vi estavam seguros com um arranjo de presilhas e flores. Cachos dourados estavam soltos para emoldurar o rosto e ela levava o batom da cor dos vestidos das madrinhas. Rose estava radiante mesmo sem a calda de renda que usara na cerimônia como uma capa complementar ao vestido.

—Não – a morena riu. – Isso significa que talvez não seja apenas paixão.

Bufei.

—Eu sei que não é só paixão – resmunguei e bebi um pouco.

—Então por que está demorando tanto para contar? – inquiriu altiva. – Isso tudo é medo?

—Medo? – repeti incrédulo. – E eu teria medo de quê? Dela?

—Ou de ser rejeitado – indicou. – Afinal, ela já te rejeitou uma vez.

Resmunguei com a lembrança. Era uma péssima recordação para se ter quando sabia que Isabella não estava usando sutiã. Aquelas pernas definidas ali, ansiando por um toque, bem perto dos seios nus roçando o tecido... Péssima hora!

—Você já melhorou seu estilo de lingerie, ou preciso mesmo comprar algumas antes que você se apaixone por alguém?

Ela grunhiu e socou meu braço.

—Idiota! E eu aqui, tentando encontrar a sua dama misteriosa para abrir caminho para você! – resmungou Isabella como se rejeitasse sua ingenuidade.

—Você falaria com ela?!

—É claro! – exclamou esperançosa. – Você é meu melhor amigo... Ou era, não sei. Eu ainda estou devendo pelas inúmeras vezes que me defendeu – explicou dando de ombros.

Sorri de sua bondade. Isabella poderia ser tachada a mulher mais cega da face da terra, mas seu coração ainda era o mais leal. Não havia maneiras de me impedir de amá-la. Hoje eu percebia isso. Aquilo que fez com que conquistasse meu coração antes mesmo que eu percebesse.

—Obrigado, Isabella – sussurrei. – Mesmo que possa não parecer, eu aprecio muito a sua amizade. Significa muito para mim.

—Não há de quê. Mas fale quem é! Ela está acompanhada?

—Você notou alguma moça desacompanhada? – questionei surpreso.

Existia alguém ali no salão que estivesse sem companhia? Era um casamento, afinal, espera-se que todas as damas tenham companhia. Talvez não um relacionamento, mas um acompanhante não era pré-requisito para esses eventos? Nunca tinha parado para pensar nisso.

Bella revirou os olhos.

—Ela é da família da Rose ou do Emmett? – insistiu.

—Nenhum dos dois – retruquei.

—Hmm, então o acompanhante dela é – raciocinou. – Você a conheceu na Ocean?

Filha da puta! Eu não vi quase ninguém da empresa na cerimônia... e muito menos aqui! Bela jogada, Swan, mas hoje não é um bom dia para desvendar meus sentimentos por você!

—Não exatamente.

Minha resposta evasiva não impediu a mulher de continuar. Às vezes a teimosia dela era realmente irritante. Se não tivesse tanto medo de que a louca voltasse para a pista de dança e acabasse sendo desrespeitada por algum imbecil, já teria sumido daqui.

—Bom, sabemos que é comprometida.

—Sabemos?

—É claro, Edward! – revirou os olhos. – Foco! Você reclamou disso outro dia.

Quando?

—Reclamei?

—Volta, Edward! – brigou ela. – Quando estávamos no hospital, lembra? Você disse que ela estava noiva. Será que já se casou?

—Não.

—Okay, deixe-me ver – murmurou olhando pelo salão pensativa.

Seus murmúrios duraram quase cinco minutos enquanto isso, bebi minha taça e pedi que substituíssem por água. Não queria despejar nenhuma verdade hoje para acabar com o dia.

Estava com a boca cheia d’água quando Bella me fitou pálida.

—Não pode ser – murmurou assustada.

A expressão dela preocupou-me. Bella parecia da mesma cor do dia em que aqueles nojentos puseram as mãos em seu corpo. Era um ataque de pânico? Temi encostar nela.

—Você está bem?

—Não – respondeu ligeiro antes de beber seu refrigerante de uma vez. – Edward, por favor, eu te imploro, diz para mim que você não está apaixonado pela Alice.

A água que eu tinha acabado de engolir quase voltou, o que me rendeu um acesso de tosse.

—Meu Deus, Isabella, de onde você tirou isso?

—É ela? – desesperou-se a mulher. – Edward, você precisa esquecê-la. Alice é minha melhor amiga e está muito feliz e realizada com o Jasper. Se você quer ser feliz, por favor, saia dessa agora.

Eu ri.

—A Alice é minha irmã, Isabella! – comentei entre risadas. – Eu não sou tão doente! Jesus, que mulher mais louca fui arrumar!

Bella analisou minha expressão por um minuto inteiro antes de buscar confirmação.

—Não é a Alice – ela disse ainda em dúvida.

Revirei os olhos, respirei fundo algumas vezes e parei de rir antes de prender seu olhar.

—Não, não é a Alice – repeti com seriedade.

—Quem é? – sussurrou.

Mirando seus olhos, tudo o que vi foi medo. Será que ela tinha medo de saber a verdade? Ou tinha medo de não gostar da minha escolha? Será que temia alguma atitude minha, caso eu deixasse escapar o nome?

Lembrei que estávamos na festa de casamento da minha prima e não era um clima propício para essa conversa. Quando estivéssemos sozinhos, eu abriria meu coração. Não aqui. Não agora.

—Outro dia eu te falo.

—Promete?

—Eu prometo, minha Marie – sussurrei solene.

 

Logo anunciaram o jantar e o restante das atividades festivas.

Assim que abriram a pista com músicas remixadas, Alice levou minha acompanhante para dançar e pediu para eu fazer companhia ao noivo. Conversei com Jasper por um bom tempo.

Soube que meu primo e minha irmã estavam planejando se casar no dia de ação de graças, para reunir a família. E que a baixinha queria Isabella como sua dama de honra.

—Se vocês não estiverem namorando, é claro.

Assenti e busquei minha acompanhante com os olhos. Bella estava muito alegre perto da minha irmã e sua bebida tinha mudado. Parecia algum suco de morango com leite condensado.

Horas mais tarde, descobri que era um drink alcoólico e que Alice mentira para Isabella sobre a quantidade de álcool ali. Agora, eu segurava uma madrinha bêbada e descalça que tentava dançar conforme a música remixada.

—Acho que devemos ir para casa.

—Não, Edward! – reclamou ela, pendurada em meu pescoço. – Vamos dançar! Eu quero dançar! Dança comigo! Vamos esquecer a vida hoje!

Era horrível estar sóbrio quando a mulher da minha vida estava se atirando em mim. Queria poder culpar a bebida e abraçar seu corpo com mais força, beijar os lábios sedutores e despentear ainda mais aqueles cachos escuros e molhados de suor. Mas eu não podia, porque estava sóbrio e sofreria a culpa inteira na manhã seguinte.

—Isabella, por favor, você está bêbada, vamos para casa.

—Não quero ir para casa – protestou a morena. – Eu quero que você vá lá e fale para a sua mulher que ela é uma imbecil por te trocar por um babaca qualquer.

Eu ri. Seu senso de justiça era adorável quando bêbada.

—Você nunca viu o cara, nem sabe quem é a mulher. Como pode dizer que são imbecis?

—Qualquer um que rejeita Edward Cullen só pode ser retardado clinicamente comprovado.

E esfregou o corpo contra mim, virou a cabeça e bebeu mais um pouco.

Ri da sua lógica.

—Você me rejeitou com facilidade várias vezes – lembrei-a.

A mão com a bebida apareceu em meu rosto assim que seu corpo se afastou. Os olhos fechados dela realçavam seu estado cambaleante. Segurei sua cintura um pouco mais firme.

—Shhhh, eu tinha uma promessa a cumprir – esclareceu. – Você é muito gostoso para o seu próprio bem. E é um puta carinhoso também. Mas me irrita para caralho. Não me irrite mais, ?

—Certo – concordei impotente. – Por mais que eu adore esse lado da Swan, não é uma boa ideia continuar aqui com essas declarações. Vai que a minha dama escuta?

Ela lançou um olhar malicioso em minha direção.

—Tem medo dela ficar com ciúmes? O que ela pensará quando ver você me levando para casa? Você vai me levar até em casa, não é, Cullen? – e depositou um beijo no meu pescoço.

Revirei os olhos para sua reação. Estive tentando fazê-la sair por vontade própria na última meia hora e agora a mulher me pergunta se vou levá-la até em casa?

—Vem – chamei em seu ouvido. – Vamos para casa, minha Marie.

 

Fomos de táxi para que eu pudesse manter os olhos na morena e ter certeza de que ela não tiraria a roupa, como queria, ou vomitasse. Fui cavalheiro o suficiente para perguntar se preferiria dormir na casa da minha mãe. Com sua negativa, seguimos para o apartamento aconchegante dela.

—Edward, me ajuda a tirar o vestido – choramingou a morena.

Gemi.

—Bella, dorme assim – sugeri. – Se eu fizer isso, amanhã você não vai olhar na minha cara!

—Eeeedwaaaaarrrd – reclamou se atirando em mim. – O vestido!

O hálito embriagado, quente e doce, bateu em minha boca e a reação do meu corpo foi instantânea. Porra, Isabella! Seis meses! Seis fodidos meses e ela se esfregava em mim. Alguém precisava me dar um prêmio de autocontrole.

Passei as mãos pelas laterais de seu tronco antes de segurar sua cintura firmemente. Olhei para os olhos fechados e nossos narizes se encostaram. A boca dela ainda estava aberta e meus lábios se projetaram para encontrar os seus.

Antes que o estrago pudesse ser feito, Bella baixou a cabeça para apoiar em meu ombro e gemer descontente. Suspirei frustrado e abaixei um pouco do zíper dela. Empurrei-a gentilmente para a cama, beijei sua testa e fugi de seu quarto.

—Edward – reclamou ela.

—Por favor, Swan, não me estresse com isso hoje! – supliquei sem me virar para olhá-la. – Eu vou preparar um sanduíche, café e deixar umas aspirinas por aí. Você consegue se virar sem mim. Boa noite.

Um banho frio. Foi isso mesmo que tive depois de preparar um café-da-manhã de ressaca para ela. Mandei uma mensagem de texto gingante xingando minha irmã e sua irresponsabilidade. Então, caí na cama e dormi escutando o sono inquieto da vizinha.

O dia seguinte foi usado para pensar em como explicar o que aconteceu à Isabella, mas nunca consegui sequer passar pelo batente da porta dela, já que a mulher colou um bilhete verde fluorescente com a nota “Não foda meu dia já fodido. Não quero ver ninguém, então volte para o inferno do qual saiu” na altura dos olhos.

Decidi não arriscar sua ira.

Infelizmente, essa decisão não foi das melhores, porque me vi passando a semana inteira sem conseguir falar com ela. Rosalie estava de licença matrimonial e sem uma secretária, meu trabalho ficou uma merda. Foi com alívio que abracei a noite de sábado junto da minha cama, esperando que domingo pudesse ser mais tranquilo.

 

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Bônus - Pov Isabella

Encolhi-me na cama e olhei para o travesseiro vazio ao lado. Um suspiro entrecortado saiu de mim. Nunca imaginei que sentiria falta dele. Uma batida na parede antecedeu sua voz.

—Isabella?

—Sim? – respondi grogue, soltei um pigarro para deixar minha voz mais clara. – Sim?

—Você está chorando? – alarmou ele. Barulhos afobados, coisas caindo ao chão e uma forte batida. – Porra!

Eu ri.

Imaginei aquele menino de oito anos tropeçando em tudo apenas para chegar mais rápido até dia irmãzinha. Algumas coisas realmente não poderiam mudar!

—Tu ri, é? – reclamou Edward. – Me aguarde, Swan. A tua hora vai chegar. Não vai saber o que te atingiu! Caralho, isso dói como o inferno!

O homem deveria estar com alguma parte roxa enquanto meu sono ia embora. Precisava finalizar essa conversa antes de despertar totalmente. O dia tinha sido muito corrido para nós dois. E precisávamos de descanso.

—Boa noite, Cullen – falei alto o suficiente para ele ouvir.

—Boa noite, minha Marie – respondeu gemendo de dor.

Sorri com a forma que me tratou.

No domingo anterior, acordei com dor de cabeça e uma vontade gigante de matar alguém. A vontade de matar passou depois do bilhete de bom dia que encontrei no espelho do banheiro. Edward deixara ali com uma garrafa de água e aspirinas. Instruções claras de tomar o banho mais relaxante que pudesse, não prender os cabelos como de costume e não fazer barulhos desnecessários. Ele pediu desculpas pelo seu comportamento e disse que, assim que melhorasse, o procurasse para conversar. Mas não fui. Não tinha tanta certeza do que aconteceu naquela noite e fui covarde para tentar descobrir o que tinha acontecido. Provavelmente, eu ferrei com a trégua e ele queria alguma reparação. Foi uma boa coisa que estivemos ocupados demais durante a semana para nos falarmos.

Olhei novamente para o travesseiro que a poucos dias aguentava sua cabeça. Suspirei de novo e virei para o lado.

—Eu também não consigo dormir – reclamou a voz no outro quarto. -Você poderia vir aqui cuidar de mim, já que eu me quebrei todo para tentar te ajudar, não poderia?

Ponderei por um tempo seu pedido. Ele tentaria conversar sobre o casamento? E se eu disse algo que o magoou? Ou pior: e se aconteceu algo entre nós e eu ainda não lembrei? Porque minha memória me agraciava com várias insinuações minhas sobre ele, mas nunca qual era a reação.

—Vamos lá, minha Marie – insistiu. – Podemos planejar nossa casa na lua como nos velhos tempos!

—Mas, Edward...

—Amanhã a gente pensa sobre o “mas”, Isabella. Por favor, eu só estou com saudade da minha melhor amiga! Por favor!

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Pov Edward

Ela não respondeu. Virou-se para o lado e despediu-se com duas batidas na parede.

Oh, foda-se. Já passara do tempo de voltarmos ao normal pós-trauma. Eu sentia saudades e parecia que ela também, mas se nenhum de nós fizesse algum movimento, acabaria fazendo a mesma besteira de confessar por meio de briga. Nem fodendo repetiria isso!

Esperei alguns minutos para ter certeza de que ela não se levantaria e viria até mim, então saí da cama com meu cobertor e fiz meu trajeto até sua porta da frente. Respirei fundo e cogitei bater na porta. Se ela se levantasse, iria fechar a porta na minha cara com um xingamento por ter feito com que se levantasse. Girei a minha chave reserva na fechadura e entrei com o mínimo de barulho possível, fechando a porta em seguida. Fiz o caminho até seu quarto e encontrei a mulher encolhida com o travesseiro que tanto usei.

Sorri para a cena. Parei ao lado da cama e puxei um pouco o travesseiro dela. Seus olhos imediatamente se abriram.

—Larga meu travesseiro, Marie! – reclamei.

—Edward? – murmurou sonolenta. – O que faz aqui?

Deitei-me ao seu lado enquanto erguia seu braço para pegar o travesseiro e ajeitar para mim.

—Eu quero dormir – respondi. - O que lhe parece?

—Você invadiu minha casa – reclamou ela.

Apenas um pequeno detalhe, Isabella! Não se torture por isso!

Não senti necessidade de responder sua objeção em voz alta. Beijei-lhe a fronte, cobri-nos com meu cobertor e virei para o lado de fora da cama.

—Durma bem, minha pequena Marie – desejei já de olhos fechados.

 

Foi um sono tranquilo e bom. Foi o melhor em semanas. Mas não despertei com Isabella em meus braços. Infelizmente, acordei com a claridade da janela no rosto.

—Bom dia, Cullen! – saudou a voz muito alegre dela.

—Bom dia, meu amor, só feche as cortinas por um instante, sim? – pedi colocando o travesseiro no rosto.

Um silêncio confortável se seguiu e eu quase dormi novamente.

—Edward? – chamou Isabella.

—Hm?

—Bom dia – repetiu sem entonação.

—Bom dia, Isabella – retornei sorrindo. – Fechou as cortinas?

—Edward? – chamou mais uma vez. – Bom dia.

—Bom dia, Swan – esfreguei os olhos com os punhos e gemi. – Está muito claro!

—Edward! – repreendeu a mulher. – Bom dia!

—Qual é, Isabella, já repeti cinquenta vezes! – protestei com raiva. – Agora não parece mais um bom dia. Qual é o seu problema?

Ela atirou seu travesseiro em meu rosto.

—Meu problema? Você me chamou de amor, seu maluco. Já passa da hora de falar com ela!

Franzi o cenho. Chamei? Enfim, não era grande coisa, uma vez que eu sabia o que sentia por ela. Dei de ombros, agarrei seu travesseiro e virei para ficar com o rosto longe do sol.

—Supere isso e deixe-me dormir mais alguns minutos – resmunguei bocejando.

—Inacreditável! – bufou ela.

E saiu do quarto marchando e se queixando sobre homens inoportunos que se acham donos da cama ou algo assim. Hoje eu não me importava com as reclamações dela se estivesse aqui mergulhado em seu cheiro e desfrutando da calmaria de um domingo.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acham? Contem-me sobre a Bella bêbada e o Edward cavalheiro! kkkkk



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