Sangue de Arthur II escrita por MT


Capítulo 7
7- Capítulo, Ruidosos Vira-latas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Será que alguém vai ler mesmo depois de eu não divulgar? Ainda não descobri porque fui expulso do grupo do Nyah no face...

Aproveite o capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786514/chapter/7

Romanel, Elisa

Quando a cavaleira parou subitamente após lançar o Berserker no fundo do lago, o oxigênio quase tinha chegado a sumir no seu sangue. Nenhuma magia, nenhum dos seus itens encantados e nada do que aprendera com livros a salvaria.

Então isto é um adeus, pensara tentando reunir o resto de suas forças para levantar e encarar o resultado com dignidade. Mas seu corpo não compartilhava dessa intenção. 

— Não vai correr? - a garota tinha propensão a questionar. Cali, o cálice, uma menina fadada a morrer por outros e cheia de falta de tato para emoções alheias. Tinha pouco mais de um metro e cheirava a neve fria.

— Acha que serviria? - fez a pergunta e logo não precisava de resposta para outra. A pergunta sobre sua vida. - Sei que não. Sei que mereço o carrasco, não o quero no fim das contas, mas  é isso. Não posso fugir, e se conseguisse, o que faria? - tocou a testa da garota albina com o indicador. - Minha vida tinha tornado-se conseguir esse milagre. Não fazê-lo significa que não há mais significado em viver. 

A boca do pequeno cálice permaneceu quieta por alguns segundos. Provavelmente procurando algo para questionar. Então as íris carmim viraram-se para a morte

Que por coincidência também é uma garotinha. Um pouco maior, admito, mas ainda uma garotinha.

— Não acha que tá demorando demais?

Aquilo a fez se sentir banhada por frio quando a brisa tocou-lhe. Percebeu a mente ficar branca. O coração acelerou duas passadas.

Enquanto movia a face vagarosamente na direção da cavaleira em sua armadura branca, estava mais silenciosa do que lembrava de algum dia ter crido ser possível. E ao vê-la ainda parada sua mente foi tomada por uma única estúpida afirmação.

— Ela está.

A cabeça de Elisa pendeu inerte. Vazia de todo pensar e da possibilidade de fazê-lo. E despencou. Sua face caiu fora do limite do pano. Sangue jazia escorrendo de ambos os orifícios que a bala abrira na entrada e saída. 

Grama e cabelo beberam carmim.

 

Kirei, Kotomine

Não fora difícil fazê-la entrar na câmara que secretamente construíra com ajuda da Caster. Algumas palavras sobre redoma de realidade, um apressar e uma tensão no tom de voz.

Ela até mesmo esqueceu que não disse nada sobre ajudar a garota Saber.

Após adentrar na sala de paredes negras com teto e piso rabiscados por linhas de encatamentos, o rei Arthur pareceu notar a armadilha. E então o combate. Ainda tinha uma das facas do padre e atacou antes de os deixar perceber que entendera sua intenção, embora se ela realmente não sabe o que devia saber, não possivelmente poderia enxergar razão para uma traição. Kirei ainda questionava-se se não fora mera intuição.

— Contida como está não nos será um problema. E então? - Emiya pressionou o padre. - Sentamos e esperamos Caster trazer o cálice? Supondo que o seu estratagema funcione, o que impede ela de nos trair?

Nada, quis dizer, tal qual o que impede vocês. Mas conteve o ímpeto e virou-se para Medusa.

— Vá e cheque a situação, aquela bruxa pode acabar cometendo algum deslize.

Os olhos dela estavam cobertos por um lenço de couro rosa enfeitado com duas placas de prata ao centro e linhas escuras finas dando forma a hexágonos na superfície. 

Não parecia possuir espaço por onde enxergar sob aquilo, mas ergueu a face na direção dele e assentiu antes de deixar o lugar.

— Um feitiço de desnorteamento. Outro de cancelamento e então o disparo de uma bala anti-magia, não parece grande coisa e soa a trabalho demais. Ainda assim tem uma pontada de incerteza quanto à eficácia. - Emiya se fez ouvir. - Por que?

Kirei abriu as mãos e deu de ombros.

— Medea só foi capaz de achá-la hoje e de vê-la enquanto observava a breve luta entre a Saber e o Berserker outra dia. Um mago capaz de tão boa furtividade não merece menos que isso.

 

O cálice, Einzbern

Ela morreu

Esticou-se até o corpo caído e pôs os dedos em seu pulso. Ouvira um dos mercenários mencionar que se deve checá-lo para confirmar a morte de alguém.

Mas não soube o que procurar. Calor? Umidade? Consistência?

Não basta o buraco aberto na cabeça? Estou muito certa de sua morte.

Abaixo do aclive, na estrada ao lado do rio, o servo Saber mantinha-se parado. Também morreu?

Pegou um sanduíche na cesta e desceu devagar. Um passo em falso e estaria rolando descontroladamente com grama na boca. Mesmo na longínqua Rússia sabe-se que a grama não tem bom gosto.

Mas uma mão pousou sobre seu ombro, segurando-a com vigor o bastante para fazê-la parar. Sentiu um pouco de eletricidade percorrer a espinha.

Então eu precisava mesmo checar o pulso?!

— Você vem comigo criança. - aquela não era a voz de Elisa, então não sobreviveu ao tiro. Como esperado de um ferimento daquela gravidade. — Algo contra?

Balançou a cabeça da esquerda para direita. Não seria a primeira vez que trocava de mãos, só a mais rápida.

Apontou para a cavaleira com o indicador.

 — Se vai usar o cálice faça um contrato com a Saber ou o outro no fundo do lago. 

— Sim, tem razão. - sentiu o toque dela desaparecer do seu ombro.

E ao olhar para trás não viu ninguém. 

Os mercenários também haviam falado sobre os youkais japoneses. Fantasmas dos mortos que atormentam os vivos. A garota mordeu o sanduíche e tornou a descer. 

Não achava que um fantasma pudesse usar o graal a menos que fosse um espírito heroico com um mestre. E ela não emanava aura de um, sendo assim não tendo motivo para perturbá-la. 

Quando alcançou a cavaleira outra pessoa já o havia feito. Uma mulher envolta em trajes roxos e lilás. Reconheceu a voz que lhe abordara a pouco e imaginou que o fantasma pudesse não saber sobre os requisitos.

— Youkai, o que está fazendo? Fantasmas como você não podem firmar contratos com servos. 

Saber tomou distância da aparição ao ouvir aquelas palavras, um esgar desconfiado assumiu seu rosto enquanto erguia a lâmina. Não gosta de fantasmas.

— Então na verdade você era um desses Youkais esse tempo todo? Aquelas ilusões foram coisa sua?! - a espada da cavaleira começou a brilhar em carmim sob as palavras que soltava em tom pesado e tenso.

A garota Einzbern mordeu o sanduíche sem tirar os olhos da cena. Me pergunto se o fantasma vai morrer se for morto…

— Não! Eu sou uma maga, uma feiticeira! Medea, participei da última batalha pelo graal! Conheço a Arthuria, o rei Arthur!- soltou as palavras enquanto gesticulava sinais de pare e calma com as mãos.

— Fantasmas são famosos por mentir e enganar suas vítimas. - lembrou Cali.

— Não estou mentindo! - gritou para a menina antes de voltar sua atenção a Saber novamente. - Eu te ajudei a achar seu inimigo, por quê haveria um fantasma de fazer tal coisa?

Saber encontrava-se sem o capacete e suas íris verdes fitaram as carmim da Einzbern. 

— Culpada. - sentenciou para a cavaleira que assentiu.

— Espera! Como assim culpada?! Eu te ajudei! Até tirei o veneno do seu corpo! Te tirei da alucinação!

— Você morre aqui. - declarou o servo brandindo a espada.

Mas ao invés de avançar ela voltou a retroceder e menos de um instante depois um clarão branco atingiu o espaço entre a cavaleira e a aparição. 

Um cavalo albino e alado tomou forma. Era tripulado por uma mulher usando um negro vestido curto e um visor rosa sobre os olhos. Reconheceu o animal e apenas pôde tentar supor quem o pilotava.

Não são servos, mas ainda assim… o que mais poderiam ser?

— Sou Medusa e estou aqui para perguntar. - ela girou o cavalo até o fantasma antes de continuar. - Tudo indo bem por aqui?

— Elas pensam que sou um fantasma. - respondeu quase não mantendo o timbre regular.

— Talvez deva tirar o capuz…- disse e quando ela o fez continuou. - e pegar um pouco de sol.

— Acha? 

— Ei, do cavalo, essa senhora de roxo é mesmo uma dos servos que lutaram na última batalha pelo graal? - perguntou a cavaleira.

Medusa fez a montaria rodar novamente e o rabo acertou a face do Youkai. 

— Sim.

 

Pendragon, Mordred

Meu pai me odeia

 — Então é isso. - mordred respondeu tentando acompanhar a conversa. - Vocês se intrometeram na minha luta, posso perdoá-las por isso. Mas nunca mais ousem insinuar essa proposta. Eu mato vocês.

Meu pai não me perdoaria.

— Está em terrível desvantagem. Se os sete servos da última guerra estão juntos mesmo e vivos, um servo com um mestre acamado não tem qualquer esperança. - a garota de olhos carmim se intrometeu. - Na verdade seria muito melhor para você que para eles. Não é a última de pé, então podem matá-la e fazer um pacto com o Berserker que soa muito menos dado a expressar qualquer opinião.

Meu pai não me abraçaria e diria ´´está tudo bem``, ela puxaria sua espada.

— Medea, é verdade? - a mulher que viera no pégaso questionou a bruxa.

Meu pai realmente prefere sua nova família tal qual preferia os outros membros da távola redonda.

— Sim, mas aquela coisa… - ela fez um som de desagrado e continuou. - Não é um servo comum. Há diferentes coisas ali, nenhuma suficientemente boa.

Se eu matasse Emiya Shirou… aquele pesadelo…

— Entendo. Saber, pretende mesmo manter-se contra nós? Medea é uma grande conhecedora de magia e provavelmente capaz de curar o seu mestre se ainda estiver vivo.

Ia me devorar.

— Pode fazer isso? - Mordred falou, subitamente desperta dos seus devaneios, encarando a mulher de vestido roxo. - Se puder salvá-lo…

Tatsuo Koji tinha um desejo que só um milagre poderia dá-lo. Lembrou-lhe algo dentro de si. Uma coisa que lhe era importante o bastante para engolir sua covardia e encarar a guerra do santo graal

Um prêmio que fizera-o levantar do bueiro em que vivia e trabalhar.

Os lábios da cavaleira comprimiram-se um no outro. Apertando-se enquanto decidia como responder ao desejo pelo qual uma pessoa que era-lhe importante abdicou tanta coisa.

A vida, o medo e… não sei, no fundo ele pouco se fez conhecer. O que sei é o que vi e não pude ver mais que o que não fora capaz de esconder.

— Eu posso. O nível divino a qual foi exposto era dezenas de vezes menor que o real. Contanto que não demore demais e ele não tenha atravessado para o mundo dos mortos, sua vida não está longe de minhas capacidades.

Medusa sorriu. Estavam todas sentadas na grama recebendo a brisa do rio. O cavalo alado pastava e o único som vinha dele, do vento e de suas vozes.

— Agora é com você. Tem a vida numa mão e a morte na outra, qual irá manter sobre sua palma?

Mordred ainda não tinha uma resposta. Mesmo olhando para a água calma e azul, ela não conseguiu chegar a um desfecho que pudesse satisfazê-la. 

Morte ou vida.

Se ao menos fosse simples assim.

— Fa… - ele morreu. Soube imediatamente. - Acabou…

Se levantou num impulso veloz. Precisava do cálice. Não havia mais outro caminho. 

E essas pessoas são meus inimigos.

Girou com Clarent na mão, materializando a arma pouco antes do arco terminar e a tempo da lámina decapitar a bruxa. Sangue esguichou melando-a, quente, escuro. 

A outra ergueu-se num pulo com a mão correndo ao visor. Mordred investiu sobre ela e sua espada perfurou mão e crânio numa única estocada.

— Ainda deve ter mais cinco, não teria sido melhor se aliar? - a menina não pareceu surpresa com a súbita carnificina.

Mordred escutou passos se aproximando pela estrada acima. Pegou a garota e a pôs nas costas antes de começar a correr.

— Você é o cálice, né? 

— É. Você é aquele sétimo servo invocado por um idiota aleatório, né?

A cavaleira demorou-se numa passada, cogitando se deveria dar um cascudo na pirralha ou não. 

Preferiu ignorar.

 

Antigo rei de Uruk, Gilgamesh

— Então aqueles vira-latas fizeram mesmo. - disse fitando a figura escura no meio da rua. - Os matou por latir tão ruidosamente em seus ouvidos?

Sem resposta. Mas podia sentir o cheiro de sangue e farejar a mana densa e escura.

Ela pegou-os de volta.

— Você é diferente, como? - perguntou para Gilgamesh numa voz que era a encarnação do inverno.

O corpo do rei dos heróis foi atravessado por um arrepio. Mas não moveu um dedo em resposta a isso. Manteve o tom casual.

— Como se eu pudesse ser posto no mesmo barco que um punhado de plebeus. Deveria ter-lhe sido óbvio desde o primeiro instante em que essa estúpida ideia passou por sua cabeça. - sorriu. - Você jamais estaria acima de mim.

— São suas últimas palavras?

Abriu o portal da babilônia o  suficiente para ocupar o espaço de uma casa a outra, de uma extremidade da rua a outra. 

— Esta é minha fala. 

 

  O graal de Uruk, algo que estivera perdido na antiga mesopotâmia  não via-se junto a seus outros tesouros. Tivera de ir até lá para poder pegá-lo.

Ele era suficientemente bom para competir com o santo graal. Suficientemente bom para que se libertasse.

Consegui-lo levou-lhe os primeiros anos após a guerra onde fora derrotado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mais um final que promete! Me pergunto qual será o desenrolar do confronto entre o rei da Bretanha e o rei dos heróis.

Obrigado por ler e volte sempre!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue de Arthur II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.