Akai ito escrita por R Marxx


Capítulo 7
Impulsividade


Notas iniciais do capítulo

Espero que esse capítulo alimente o bom shippador que existe dentro de ti x)



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Fiz um café para Will e lhe dei o último doce que tínhamos, um muffin. Ele aconchegou-se se agarrando a xícara quente e agradeceu com seu sorriso fofo. Aparentemente Percy ligara avisando que eu estava mal, “precisando de ajuda imediata”, mas ele não conseguiria vir porque estava na casa de Annabeth – sua namorada – e a mesma morava a uma hora de lá, em uma cidade que estava nevando.

— Você não precisava vir até aqui, eu já estou melhor. – Afirmei, voltando ao meu lugar em sua frente. Ele fez pouco caso, como se estivesse escrito no meu rosto “precisa-se de abraços quentinhos”.

— Percy não ia conseguir descansar enquanto ele ou alguém de confiança não comprovasse isso pessoalmente. – Will estufou o peito, mostrando o bom soldado em cumprimento de sua missão que era. Para mim parecia uma adorável criança enquanto despedaçava o muffin e o molhava no café antes de comer.

— Pois está comprovado. – Funguei.

— É, você ‘ta vivo. – Comentou pegando o celular. Imaginei que fosse dar o veredito a Percy, mas esperava que não fosse usar aquela mesma frase, porque era o que normalmente vinha depois de um “apesar de tudo” e significava que tu tava na completa merda.

Notei que preocupar Percy me deixava ansioso e enjoado.

— Toma. – Will estendeu o celular em minha direção. – Ele insiste que você ainda não parece bem, então... – Percebi tarde que não era somente uma mensagem Will ligara para Percy.

Não peguei o aparelho de primeira e quando o fiz meus dedos estavam tão trêmulos que seria fácil derrubá-lo – e eu não sentiria nenhuma culpa se ele quebrasse. Eu dei um muffin para aquele garoto e era assim que ele devolvia minha gentileza.

— Você ‘ta bem? – Sua voz perguntou assim que encostei o celular na orelha. – Sua respiração parece boa, você ‘ta realmente melhor?

— Você é tão exagerado e dramático.

Eu sei que não era o certo a se falar, mas foi a única coisa que consegui responder. Eu me sentia tão agradecido pela preocupação em seu tom que poderia chorar.

— Você é uma criança ousada. – Will riu, Percy riu e eu continuei estático com o telefone no ouvido.

— Eu tenho idade o suficiente para ser preso por agressão, é o suficiente para você? – Respondi irritado. Os dois riram mais. – E você, isso é uma conversa privada, se fosse para você participar estaria no viva voz. – Resmunguei para Will. O som do celular dele era muito alto. Ele levantou as mãos, rendido, mas o sorriso bonito não foi escondido.

— Você parece mesmo melhor, fico feliz. – Percy respondeu, seu tom era apaziguador. – Quando eu voltar... – Suas palavras ficaram no ar e o motivo para todos os acontecimentos daquela noite se fez claro novamente na minha mente.

— Venha para minha casa. Venham todos. – Olhei Will e esperei que Percy entendesse que Annabeth estava incluída também. – Eu, Jason e Piper faremos jantar. Esse final de semana. – Soltei.

Impulsivo.

De tudo que eu tinha pensado em dizer para ele, aquilo não tinha sequer entrado na lista de opções, mas eu me senti mais tranquilo em incluir mais gente naquele encontro, embora no começo quisesse ter uma conversa sozinho e de forma madura. Mas bom, eu não era maduro.

— Fechado. Vou avisar a Annie e bom, você avisa o Will. – Ele parecia alegre, mas sua diversão maliciosa ao falar de Will era palpável.

Desliguei o telefone sem me despedir, estava constrangido e odiava isso. Eu sabia que o loiro também sorria então o evitei e fui lavar o que eu podia.

— Você é mesmo arisco não? Parece um gatinho.

Era isso. Will estava expulso por tempo indeterminado daquele café.

Continuei o ignorando e ele veio trazer suas louças. Sem nem mesmo erguer o olhar lhe dei espaço para que o mesmo as lavasse. Eu estava começando a ficar muito consciente sobre a situação e a real era que além de socos eu queria dar uns bons beijos naquele garoto estranho. Um garoto estranho que parecia muito hétero top – o que era frustrante – mas Percy parecia insinuar algo, o que era ainda mais frustrante e confuso. Para almas gêmeas nossa comunicação estava uma bosta.

E eu ainda não sabia como lidar com o mix que era ele ter uma namorada e eu ter um crush no primo dele. Almas gêmeas não eram necessariamente casais, eu sabia disso, mas porra...

Will de repente estava na minha frente, e como se fosse natural e estivesse dentro do nosso nível de intimidade, retirou minha franja que estava tapando meus olhos, mantendo a mão enquanto segurava os fios na minha testa.

— Você tem olhos bonitos. – Disse com o sorriso brilhante (ele seria alguém que teria rugas cedo) – Vamos, vou te levar para casa. Já acabou aqui né?

Eu olhava tonto em sua direção, ou pelo menos era como me sentia. Meus olhos eram normais, castanhos, escuros, nada demais. Os olhos dele eram lindos, intimidantes e sorriam junto com ele. Will Solace tinha algum problema sério... era a troca divina por ser tão bonito. Ninguém pode ter tudo na vida.

— Já acabei sim, mas não precisa me levar para casa. – Finalmente respondi.

Will nada disse e foi para fora do café sem nem mesmo um tchau ou um aceno. Fiquei irritado, mas comigo mesmo. Era tão difícil assim topar que o menino bonito te levasse em casa? Tudo bem que não precisava, mas ele devia saber disso quando ofereceu. Arrumei tudo e sai batendo o pé – eu não era bom lidando com frustrações, embora tivesse que o fazer frequentemente – e só fui perceber depois de trancar a porta que Will estava ali, parado no frio parecendo me esperar.

Eu não disse nada – parecia que meus lábios tinham sido costurados – e só acenei antes de começar a andar rumo a minha casa. Minha sombra se tornou loira.

— Disse que não precisava que eu te levasse, mas não disse nada sobre te acompanhar. – Falou quando me virei para encará-lo. A voz era suave, como se não sentisse vergonha do que dizia, embora eu pudesse notar claramente seu rubor súbito mesmo em sua pele bronzeada. – Uau... seu sorriso é ainda mais bonito.

Will era muito direto e para piorar era envergonhado. No instante em que falara ele ruborizara e o clima todo se tornara embaraçoso.

E por que raios eu não conseguia parar e sorrir?

— Cala a boca Solace! – Respondi e virei-me para seguir meu caminho. Ele gargalhou, e como disse que faria, me acompanhou.

Quando avistei nosso apartamento consegui ver Jason na janela. Ele acenava e não era para mim. Já poderia imaginar a enxurrada de perguntas constrangedoras que me esperavam a alguns metros.

— Vai querer entrar? – Sussurrei, sem conseguir encará-lo.

Eu nunca tinha visto ninguém aceitar esse tipo de convite forçado e convencional, mas Will me ultrapassou e foi até a minha porta, virando para mim com cara de “e ai, vai abrir ou não?” enquanto tentava se aquecer esfregando os braços.

Encarei-o sem acreditar, paralisado. Eu exalava um gay panic por todos os poros do meu corpo. Will me encarava sério, parecia que ficaríamos assim até Jason decidir vir ver o que estava acontecendo. Era um momento digno de dorama, até o loiro quebrar o clima gargalhando. Uma gargalhada tão profunda que me fez querer quebrar o espaço entre nós para esfregar a cara dele no asfalto.

— Eu estou brincando. – Will dissera ainda da soleira da entrada do meu apartamento, o rosto tomado em diversão. – Desculpa, não queria te deixar nervoso.

— Nervoso? Eu não estou nervoso. Por que estaria nervoso? Eu que te convidei sabe? – Minha voz saiu tão lamentável que desejei poder sumir dentro da minha própria sombra.

— Eu sei. – Ele falou sério, finalmente voltando a se aproximar de mim. – Estou cansado hoje e poderei conhecer sua toca no sábado então vou embora agora. – Eu estava taquicardíaco. – Tchau Nico, bom descanso.

Will Solace e seu dentinho torto estavam parados na minha frente, sorrindo e comparando minha casa a uma toca e eu tinha me tornado incapaz de processar qualquer coisa que não a minha vontade impulsiva de lhe dar um beijo.

Eu parecia ter alguma chance, não?

— Tchau Will. – Mesmo na ponta dos pés só fui capaz de alcançar o seu queixo, deixando um selinho ali, e eu não fiquei para esperar uma reação.

Quando parei para respirar já havia passado pelo portão do prédio, a porta de casa e estava tacado na cama, hiperventilando e tentando ignorar os questionamentos de Jason.

“Aconteceu alguma coisa?”

Percy mandará, mas não senti sua presença tentando me acalmar como normalmente fazia, e eu sabia, de alguma forma, que ele sabia o tipo de coisa que havia me deixado naquele estado. E ele não parecia querer interferir.

“Cala a boca”.


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Notas finais do capítulo

Fico no aguardo do feedback de vocês sz
Até a próxima x) Se cuidem!!



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