Sweet and bitter love escrita por Ka Howiks


Capítulo 18
Cartas novas


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Como estão? Me diverti muito lendo os comentários de vocês kkk, como sempre maravilhosos. Bom, vamos ao capítulo, como havia dito, teremos a introdução de um personagem que eu estava louca para começar a escrever. Essa pessoa será muito importante principalmente quando se trata do passado da nossa Lis.
sobre o passado: Estamos nos encaminhando para a reta final, então preparem-se, logo mais coisas bombásticas virão.
Boa leitura ♥



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Star City 2015

 

   Voltar para casa nunca havia sido tão difícil.

 

  Faziam algumas semanas desde o acidente na casa dos Queens. Oliver, assim como Felicity, acharam melhor William permanecer,pelo menos por um tempo, em Central City, fazendo uma mudança nas visitas, já que ambos não queriam colocar em risco a vida do menino. Sua casa não era segura.

 

   Pelo menos não por enquanto.

 

   Quentin, assim como outros policiais, haviam isolado a área da varanda quebrada, atrás de qualquer pista que desse o paradeiro dos bandidos. Oliver andava mais quieto, e de certa forma cabisbaixo. Ao ser interrogado se por mera impressão que fosse, tivesse visto algo que comprometesse os três indivíduos negou prontamente, o que foi extremamente difícil.

 

   Ele sabia exatamente quem eram.

 

  Uma parte sua se contentava com o estado que havia deixado um dos agentes, com um sorriso beirando ao psicótico. Mas no momento em que olhava suas mãos, tendo o vislumbre perfeito de ambas ensangüentadas, suas expressões endureciam. Ele quase matou um homem.

 

   Quase matou um homem a sangue frio.

 

   Talvez funcionasse como um gatilho, agora todas as vezes que se olhava no espelho enxergava uma sombra perigosa, que esperava ansiosamente o momento de atacar novamente. Seus pensamentos voltaram a ter foco no momento em que escutou a porta da frente ser aberta por Felicity. Ambos andavam cautelosos, observando os arredores. Felicity se fixou no chão, onde a mesma juntamente com a família havia sido feita de refem. Engoliu em seco, e ao sentir o abraço do marido por trás, demonstrando que estava tudo bem fechou os olhos. Lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto. Sentiu os lábios macios de Oliver beijarem sua cabeça, para logo em seguida a virar para ficarem frente a frente. Seus dedos traçaram o percurso do choro, em um gesto delicado, encostou seus narizes.

 

   - Vai demorar para nos acostumarmos com aqui, não é?- perguntou a loira, se afastando milimetricamente para encarar seus olhos.

 

   - Um pouco.- a lançou um sorriso triste.- Mas vamos ficar bem.

 

  Será mesmo?

 

  Sua garganta amargou, mas tentou transmitir serenidade a Felicity. As dúvidas se faziam mais constantes, afinal, até quando ficariam bem?

 

   Até quando teria que mentir pra ela?

 

   O sentimento apertou seu peito. De certo modo o mesmo sabia que seu tempo estava acabando, mas prorrogaria até o último segundo, o vírus Ômega era um perigo para todos.

 

   Inclusive pra ela.

 

  Prometeu a si mesmo que não falharia mais em suas missões. Seu último deslize tomou proporções inimagináveis, não seria o responsável por isso de novo.

 

   Não mais.

 

  A lançou um sorriso de canto, a dando um beijo demorado na testa. Se afastou, olhando para o olhar de cima.

 

   - Sei que está um pouco cedo, mas eu adoraria dormir.

 

   - Eu também.- confessou Felicity.- Estamos mesmo precisando descansar.

 

   Oliver assentiu, entrelaçando suas mãos. Subiram as escadas, sem deixar de notar a varanda, que já se encontrava concertada. Ao menos a atmosfera do quarto parecia permanecer a mesma, confortável.

 

   Seguro.

 

  Trancaram a porta, por precaução. Felicity se trocou, assim como Oliver e agora deitados, lado a lado observavam um ao outro. Felicity não sabia o porquê,  mas o sentia diferente. Tentou deixar os pensamentos de lado e o abraçou, se deixando ser envolvida por seus braços fortes. Encontrou ali coragem, coragem para enfrentar qualquer coisa no mundo.

 

   - Boa noite Ollie, amo você. - sussurrou.

 

   - Também de amo Lis.- respondeu, se deixando relaxar.- Muito.

 

   ***

 

    Felicity acordou, em alerta ao ouvir murmúrios que soavam desesperado. Não se sabia bem qual hora da madrugada era, tão pouco importava, se havia alguém ali ela iria encontrar. Entretanto, ao se sentar na cama, notou que os até então murmúrios não estavam tão longe como pensava.

 

   Estavam ao seu lado.

 

   Os murmúrios eram de Oliver.

 

 Nunca havia o visto daquela maneira antes. Seu corpo, completamente soado havia se livrado dos lençóis, que se encontravam enrolados no chão. Suas expressões, sofridas, como se clamasse por ajuda apertaram seu coração. Se aproximou com cautela, na tentativa de tirá-lo daquele sofrimento.

 

   - Oliver?- o chamou, colocando suas mãos em seu ombro.- Oliver?- chamou mais uma vez.- Oliver?

 

   Sua voz falhou, e em uma dimensão de segundos sentiu o ar a faltar. O peso do corpo de Oliver sobre o seu, a deixando completamente imóvel a assustou. Tentou se debater, mas pouco adiantava, Oliver parecia ainda estar dormindo.

 

  Enquanto segurava seu pescoço.

 

  Usou as pernas dessa vez, batendo em sua coxa. O apertou afrouxou-se, mas permanecia firme.

 

   - O-Oliver...- o chamou, aproveitando o pequeno momento em que pode respirar.- Oliver!

 

   O grito o fez arregalar os olhos. A observou, e ao notar que suas mãos seguravam a se afastou, aterrorizado, cambaleando para longe.  Felicity respirou fundo, se recompondo, os minutos seguintes se alastraram com um peso inexplicável. 

 

   - Ollie...

 

   - Fica longe de mim Felicity.- pediu quando a viu se levantar.- Eu falei pra ficar longe de mim Felicity!

 

    Sua voz grave, misturada a seu olhar gélido a paralisaram. Engoliu em seco, notando o brilho tenebroso em suas esferas azuis. Nunca havia o visto daquela maneira, tão agitado.

 

   Tão quebrado.

 

   Ignorou seu pedido, e ao tentar segurar sua mão o assistiu se afastar novamente.

 

   - Tá tudo bem.- tentou acalmá-lo, Oliver balançou a cabeça em negativa.- Nós vamos ficar bem, você não fez porque quis...

 

   - Para.- pediu sem força, exausto.- Para de tentar sempre ver o meu melhor lado, eu quase...- engoliu em seco, enjoado com sua frase seguinte.- Eu quase machuquei você.

 

   Sua garganta ardeu. Analisou as mãos em repulsa, as odiando com toda força por praticarem um ato tão horrível. Só em imaginar o que quase havia feito…

 

    O que ia fazer…

 

 Felicity ergueu seu rosto com ambas as mãos, cruzando seus olhares.

  

   - Nós vamos ficar bem, ok?- o assegurou, limpando lágrimas grossas que escorriam por seu rosto.- Eu estou aqui Ollie, não vou a lugar nenhum.

 

   - Eu sinto muito Lis.

 

   Enterrou seu rosto em seu pescoço, e cansado de segurar suas emoções desabou, soluçando. Estava cansado de tudo aquilo, das mentiras, da vida dupla.

 

    Da sensação de perder Felicity.

 

 Não se sabia como ou quando iria acontecer, mas uma voz no fundo de sua mente, que continha como principal função o atormentar sussurrava que seu tempo, calculado em uma ampulheta ia se esvaziando, contando os últimos grãos.

 

A abraçou forte mais uma vez. 

 

***

Felicity sentia seu corpo moído. Após Oliver se acalmar e finalmente dormir a mesma não conseguiu pregar o olho, ela nunca havia o visto daquela maneira.

 

Tão vulnerável.

 

Se culpava, óbvio, se não fosse por sua teimosia em insistir em ficar com o projeto archer sua casa não teria sido invadida, impedindo os gatilhos que se desenrolaram. Usava uma blusa branca de manga longa e gola alta, escondendo os vermelhos que mancharam sua pele pelo incidente Suspirou desgostosamente, os odiando, se Oliver visse aquilo ficaria pior. Desceu as escadas tendo o vislumbre da figura masculina sentada a cadeira, observando a varanda enquanto tomava café. Ergueu seu olhar, focalizando em Felicity que sorriu de canto, calorosa. Se aproximou, puxando a cadeira ao seu lado. Os olhos de Oliver imediatamente pararam em seu pescoço, abaixando a cabeça, envergonhado.

 

— Hey.- o advertiu, segurando sua mão.- Não está tão ruim.

 

— Podia ter ficado.

 

— Mas não ficou.- repetiu firme, suspirando, seus olhos vagaram pelo cômodo.- Talvez devêssemos ter aceitado a oferta de sua mãe e termos ficado mais um tempo lá.- seus lábios formaram uma linha fina.- Mesmo sendo nossa casa, eu sinto que há algo diferente, sabe? Se eu não tivesse ficado com aquele maldito projeto…

 

— Felicity.- ergueu seu rosto com ambas as mãos.- Se há alguém errado nessa história não é você, ok?- a fez assentir, chegava a ser irônico, ela culpada.

 

         Patético.

 

       Oliver se odiava cada vez mais.

 

— Você também não é.- murmurou, Oliver negou.- Ollie…

 

— Me desculpe.- pediu, acariciando seu rosto, só em imaginar como as coisas teriam se desenrolado se não acordasse…

 

     Seus pulmões clamaram por ar, desnorteado. Afastou suas mãos do rosto da mulher a sua frente, enojado em tocá-la depois de ontem.

 

— Acho que eu preciso correr um pouco.-  comentou, se sentindo claustrofóbico. Felicity assentiu positivamente, com pesar, o impedindo de sair antes de o dar um beijo.

 

— Eu amo você.- acariciou sua bochecha.- Muito.

 

— Eu também te amo, Lis, tanto que você nem imagina.- sorriu, dando um selinho demorado na testa. Seu olhar amoroso o atingiu dolorosamente..- Conversamos quando eu voltar?

 

— Ok.

 

Mordeu os lábios, intrigada, havia algo nele, o modo de agir que estava a preocupando. Seu celular tocou no momento em que a porta fora fechada, a assustando. Leu o visor, arrebitando os lábios, os últimos acontecimentos haviam atirado totalmente fora dos eixos.

 

“- Agente Smoak.- chamou a voz conhecida.”

 

“ - T.- repetiu com certo sarcasmo.- Achei que fosse me ligar logo.”

 

“- Eu ia, mas percebi que seria melhor você se recompor, os próximos dias não serão fáceis.”

 

“- Como soube?- perguntou, surpresa.”

 

“ -Notícias correm, e como eu mencionei antes, precisa de mim mais do que nunca.- Felicity suspirou, contrariada, mas não rebateu.- Como eu disse, marcaremos nosso encontro mais rápido do que o previsto , daqui uns dias a tríade chinesa fará um encontro, oportunidade perfeita para entrarmos em ação, mas antes, preciso que saiba de alguns pontos. Te mandarei os detalhes de nossa reunião, não se preocupe. Mas preciso saber…- suspirou.- Não contou nossa conversa a ninguém, não é?”

 

"- Não.- garantiu, seus lábios se entreabriram, incertos.- Você sabe quem são os agentes infiltrados?- a ouviu hesitar.- Me pede para confiar, mas no momento mais crucial me enche de invasivas.- comentou irritada.

 

“- No momento certo você saberá.

 

“- Por quê?- a ignorou.- Por que não me conta?”

 

“- Porque não quero ser a responsável por fazer seu mundo ruir.”

 

Sua resposta a deixou muda, pega completamente desprevenida. Finalizou a ligação, aérea.  Ela se machucaria então. Mas quem de tão especial seria para ter a capacidade de fazer sua realidade ruir?

 

Felicity temia a resposta.

Eram cartas novas, necessárias para a tornar ou não vencedora.

E ela iria usa-las.

****

Atualmente

 

— Essa coisa está ligada?- perguntou Tommy em tom impaciente.- Estamos aqui há 20 minutos.

 

— Eu sei, você faz questão de perguntar a cada segundo se já estamos conectados.- resmungou Curtis revirando os olhos.- Como o aguenta, Caitlin? Beleza não é tudo.

 

— Ainda acho que ela esteja sobre os efeitos de algum medicamento, é a única explicação.- comentou Sara.- Até porque…- apertou as bochechas de Tommy.- Esse ser é insuportável.

 

— Como eu odeio você.

 

— Eu sei.

 

Diggle balançou a cabeça, assistindo as provocações infantis. 

 

— Melhor darem um jeito nisso, ou nossa reunião com o vice-diretor não será nada profissional.- se dirigiu a Felicity e Oliver.

 

— Vamos acalmar as crianças.- sorriu Felicity.- Vocês dois, quietos, entraremos em contato há qualquer minuto com o diretor.

 

— Foi!- comemorou Curtis se pondo de pé.- Bom, vamos lá.

 

— Bom dia agentes.- cumprimentou o vice-diretor da A.R.G.U.S calmamente.- Tivemos problemas de conexão, espero não ter causado nenhum problema.”

 

— De maneira nenhuma.- sorriu Laurel.- E então, o que temos?

 

“- A missão de vocês será um tanto valiosa. Vim falar pessoalmente porque uma das chefes de vocês, Watson, julgou necessário esclarecer qualquer dúvida. Um museu da cidade de Amsterdã foi furtado no último mês por uma equipe especializada. Conhecidos como “ Os cristalinos”, o grupo mafioso, regido pelos gêmeos Chloe e Isaac Young.- a foto de dois jovens loiros, pele bronzeada e com aparentemente seus 27 anos fora apresentada.- Roubou do Museu Grünes Gewölbe a coleção de jóias consideradas as mais valiosas da Europa. As autoridades estão furiosas e exigem uma resposta imediata e precisa, é aí que vocês entram. Se infiltrarão e os prenderam, mas tomem cuidado, os mesmos são bem observadores.  Os Youngs são conhecidos por todo o mercado negro por suas relíquias, que aparentemente serão vendidas a preços exorbitantes em um próximo encontro em Monte Carlo. O restante das informações estará disponível com seus chefes.- olhou para Oliver e Felicity.- Alguma pergunta?”

 

— Vamos pra...Mônaco?- perguntou Felicity em uma feição preocupada.

 

“- Exatamente. Algum problema?”

 

— Não.- forçou um sorriso, mordendo levemente os lábios, Oliver franziu o cenho.- Está tudo perfeitamente esclarecido.

 

“- Ótimo. Bom, se precisarem de alguma coisa sabem o que fazer. Nós os desejamos um boa sorte agentes.”

 

— Esse cara sabe como tratar a gente, não é como Amanda, que nem um “parabéns” nos dá.- disse Tommy, revirando os olhos.- Vamos pra Mônaco galera! Isso é fantástico!

 

— Eles plantam hortas para prepararem as refeições, a culinária é incrível!- sorriu Ray, animado.- E o bacalhau? Ah, eu preciso experimentar. 

 

— É lá que tem um dos GP da Fórmula 1 , não é?- perguntou Curtis, dando um empurrãozinho no ombro de Felicity.

 

— É, vai ser tudo muito...Legal.- falou quase sem fôlego.- Vamos arrumar as coisas.

 

Felicity se retirou, às pressas. Os demais pareceram não notar sua postura por conta da animação com a viagem, entretanto, Oliver a observava pensativo, afinal, Mônaco não deveria ser um de seus lugares preferidos?

 

  Por que ela estava tão infeliz?

 

***

 

As longas horas de viagem os deram bastante tempo para ler e reler as informações, além começar a planejar como a missão iria ser realizada. Mônaco é um país pequeno, tendo como fronteira a França e a Itália, o que não o impediu de se tornar um dos países mais luxuosos do mundo. Sua vegetação, o enorme litoral, além do clima tropical na maioria dos meses e a atmosfera contagiante serviam como um petisco cheio para atrair milionários.

 

Qual a máfia cristalina pensará em usar.

 

Os gêmeos estavam no mercado ilegal a quase 7 sete anos, lucrando gradativamente com o passar dos anos, enquantos os cofres de certos paises recebiam cada vez mais prejuizos. Seus encontros de propostas de vendas não chamavam atenção, afinal, em um lugar aparentemente “seguro”, quem imaginaria que jóias até mesmo da realeza estavam sendo contrabandeadas na mesa ao lado?

  Fontes informaram que a quadrilha estaria acomodada no hotel e cassino de Monte Carlo, onde encontrariam o comprador. A equipe ficaria hospedada em um apartamento próximo ao local, sendo necessário discrição, não podiam ser vistos.

 

Ou tudo iria por água abaixo.

 

Ao desembarcarem em Monte Carlo, sentindo a brisa leve que soprava do mar mediterrâneo, recheado de iates, observaram a cidade com fascínio. Parecia uma ilha, carros e mais carros de luxo a cada esquina, sem contar com ruas íngremes e charmosas, dando ar a arquitetura europeia misturadas à vegetação, que demonstravam o porquê de ser um dos lugares com melhor qualidade de vida para se viver. Seus carros não estavam para trás, era preciso se misturar pelas ruas, tendo uma razão plausível para poderem usar carros de luxo. 

 

— Nossa.- murmurou Tommy, perplexo com os automóveis.- Que modelo é esse, Lis?

 

— É um Bentley, nova geração.- respondeu cruzando os braços.- Os antigos não tinham teto conversível, esse tem.

 

— Sorte a nossa.- sorriu Curtis abrindo a porta, se acomodando atrás.- Esses bancos de couro são incríveis.

 

— São belos carros.- concordou John, também indo verificá-los.

 

— Não vai correr que nem da última vez?- perguntou Oliver a Felicity, que parecia preocupada demais ao olhar para os lados.- Felicity?

 

— O quê?- se virou, como se despertasse.- Hmm?

 

— O carro.- respondeu entreabrindo os lábios.- Você tá bem?

 

— E por que não estaria? Estamos em Mônaco, cidade dos carros de luxo e cassinos, é claro que eu estou contente.- fingiu animação.- Mas acho melhor irmos para o apartamento logo, sabe? Não é comum esses carros andarem com essas malas.

 

A assistiu se afastar novamente, engatando uma conversa com as meninas, que pareciam contentes. Oliver notou seu nervosismo mascarado, ainda sem entender sua origem. Notou que sua linha de raciocínio estava correta ao vê-la perguntar a Ray se queria dirigir em seu lugar, ela jamais faria isso.

 

Não em um carro como aquele.

 

Havia alguma realmente muito errada.

 

***

Felicity acabou por dirigir, já que Ray preferiu focar sua atenção em restaurantes que julgava interessantes. Oliver foi ao seu lado, a observando. Notou que no tempo em que dirigia, a loira verificou o retrovisor mais de cinco vezes, batendo os dedos no volante. Não ousou fazer qualquer comentário que fosse, apenas respondia perguntas de Curtis e Sara, fingindo um riso. O apartamento em que ficaram era amplo, com uma varanda imensa, dando visibilidade a quase todo Monte Carlo, sendo possível avistar o mar e seus barcos. A  sala continha tons pastéis, janelas de vidro e dois lustres na cozinha e na sala, localizada ao lado da varanda, sendo dividida por uma porta de vidro.

 

— Tem hidro aqui.- comemorou Laurel.

 

— Eu vou usar primeiro Lance.- riu Caitlin.- Isso é incrível.

 

— É mesmo.- concordou Sara.- Bom, vamos lá. Quando vamos ao cassino?

 

— As coisas não são tão simples assim.- suspirou Felicity.- Acho que não é inteligente irmos lá agora.

 

— E por que não?- questionou Oliver.- Ficarmos perto do alvo é vantagem.

 

— Isso pode chamar atenção, Carron deixou bem claro que os gêmeos são espertos, devemos analisar a situação primeiro. Curtis? As câmeras, quero a última localização deles e de quem possam estar acompanhados, além de claro, mais informações do comprador.

 

— Pode deixar chefinha.- estralou os dedos, se sentando no sofá.- É muito macio isso aqui.

 

— Vou ajudá-lo então.- disse Ray dando de ombros, se sentando ao seu lado.

 

— Podemos ir enquanto…

 

— Não vamos até termos mais informações,ok?- interrompeu Felicity a fala de Oliver.- Ótimo, vamos guardar as malas e pensar no plano.

 

***

 

Pontos azul turquesa escuro predominavam no céu, deixando claro que a noite se aproximava. Luzes e mais luzes se acendiam pouco a pouco, dando vida a cidade, que se tornara mil vezes mais convidativa, como um chamado.

 

A vida noturna de Monte Carlo não era nem um pouco pacata.

 

Oliver estava sentado na outra ponta do sofá, enquanto Curtis e Ray preferiam usar o chão, tendo o apoio da mesinha de centro para colocar o notebook.Já John se encontrava sentado em um dos pufes, assistindo TV. As meninas estavam nos quartos, provavelmente relaxando enquanto aguardavam novas informações. Tommy batia os pés impacientes, encostado na porta da varanda, olhando para a cidade. Se jogou ao lado de Oliver, fitando longamente seu rosto.

 

— O que você quer Tommy?- perguntou sem vontade.

 

— Não posso mais me sentar ao lado do meu melhor amigo?- fingiu chateação.- Francamente, em que mundo vivemos.

 

— Vá direto ao ponto.

 

— Tá, mas foi você que mandou.- sorriu animado, arrumando sua postura.- E se nós cinco fossemos ao cassino?-

 

— Me tira dessa, a Lis deixou claro que não quer a gente lá.- rebateu Curtis.- Vai ficar bem chateada se vocês forem

 

— Ela não precisa saber agora.- sorriu, Ray balançou a cabeça em negativa.- Por favor…- insistiu, seu clamor não resultou em nada.- Qual é gente, pensem comigo.- se pôs de pé.- Vamos até lá agora. Entramos no hotel cassino, que com certeza terá muitos aperitivos.- piscou para Ray.- Quais você precisa ter na sua lista Palmer. E Ollie.- se virou para o amigo que assistia com atenção sua tática de persuasão.- Podemos ter mais informações dos brilhantinhos.

 

— Cristalinos Tommy.– Dá no mesmo.- deu de ombros a informação de Ray.- Jogamos umas cartas, olhamos o ambiente.– Ele tem um ponto Oliver.- concordou John.- Por mais que eu odeie concordar com qualquer coisa que esse homem diga.- apontou o fazendo colocar a mão ao peito, ofendido.- Não podemos ficar sentados com informações limitadas. - Esse é o meu John John.- sorriu Tommy animado.- E aí, Ollie, o que diz?

 

— Tá.- cedeu, vendo seu sorriso se ampliar.- Mas…- continuou.- Não vamos nos divertir, e sim pegar pistas.

 

— Pistas, diversão, mesma coisa.- sorriu animado.- E você Ray?

 

— Eu vou, somente pela missão.- falou enquanto se levantava.- E uns aperitivos.- sorriu enquanto Tommy dava tapinhas em suas costas.

 

— Esse é o espírito.

 

— Curtis, se elas perguntarem…- falou Oliver, dando uma pausa para pensar.- Diga que fomos resolver um problema, ok?

 

— Tá.- concordou.- Isso pra mim tem cheiro de encrenca.

 

— Não joga praga, vai dar certo.- sorriu Tommy.- Não é Ollie?

 

— Eu espero que sim.

 

***

 

Por suas saídas discretas não fora possível pegar trajes mais formais, sendo assim necessário o uso de jaquetas que os deram um ar mais despojado. O cassino de Monte Carlo era impossível de não ser visto. Como um castelo, que resplandecia ao lado do mediterraneo, se destaca na tonalidade escura, brilhando em tom dourado devido às suas luzes. Seu jardim circular na entrada, com um enorme chafariz, o deixava ainda mais belo. Estacionaram o carro em uma das vagas à frente, livres para sua sorte. Haviam quatro homens na entrada trajando smokings, que aparentemente conduziam os visitantes a área do hotel e para a de lazer. Os quatro caminharam juntos, a passos calmos. Subiram as pequenas escadas da entrada de tonalidade branca, sendo barrados por um dos seguranças.

 

— Bonsoir messieurs, que souhaitez-vous?– Fala minha língua?- perguntou Ray com um sotaque francês arrastado, o homem assentiu.- Ótimo. Eu e meus companheiros aqui desejamos fazer uma visita à área dos cassinos.– Claro,  um de nossos funcionários.- apontou para o homem ao lado da porta de vidro.- irá os conduzir até a ala em que os turistas geralmente optam por começar, temos guias em cada corredor. Aproveitem.

 

A razão para a sugestão de um guia ficou extremamente clara à medida em que avançavam pelos corredores.  Seu interior de paredes douradas com detalhes brancos, pisos de mármore polidos e lustres a cada corredor transbordavam riqueza, com arquitetura que embora conservada, lembrava o século XIX quando fora construída. Viraram para a área leste, deixando para trás a sofisticação da monarquia, adentrando um mundo completamente diferente. Era um mundo ainda elegante, sem sombra de dúvidas, mulheres e homens riam em seus trajes em uma atmosfera carregada. As paredes se tornaram mais escuras, com luzes de led nas bordas do teto. Tommy arfou em êxtase ao encarar aquele local.

 

— Sejam bem-vindos à área dos turistas.- sorriu o homem.-Se for preciso alguma ajuda não hesitem em nos chamar.

 

A música eletrônica um pouco mais alta ecoava pelo salão. Máquinas, juntamente a mesas de jogas estavam espalhadas, dando lugar a uma pista de dança. Havia um pequeno bar mais ao fundo, onde se faziam os drinques.

 

— Esse é um parque de diversão para adultos, senhoras e senhores.- riu Tommy esfregando as mãos.- Por onde começamos? Sugestões?

 

— A missão.- lembrou John.- Não é por isso que estamos aqui?

 

— Petiscos!

 

Ray ignorou totalmente a fala de John, seguindo o garçom que passava com pequenos bolinhos. O mesmo revirou os olhos, incrédulo.

 

— Eu sei.- concordou Oliver suspirando.- Vamos dar uma volta.

 

— Sabe que poderíamos apostar, né? Se não jogar, não ganha.- sorriu Tommy olhando as mesas.- Beer Pong! Ah, vamos.- segurou no braço do amigo.- Por favor, por favor…

 

— Tá.- revirou os olhos.- Uma partida, não estamos aqui para nos divertir.

 

— Você que manda.

 

O grupo se aproximou da mesa repleta de jogadores. Um homem forte, um pouco mais alto administrava as partidas que pareciam acabar de começar.

 

— Como funciona esse jogo?- perguntou Ray que havia voltado com uma bandeja.

 

— Você tem que pegar essa bolinha aqui.- mostrou Tommy.- E acertar dentro daquele copo ali.- apontou para a mesa.- Aposto que você erra.

 

— Eu aposto que você erra.- sorriu, pegando uma bolinha também, .- Não vou nem apostar com Oliver e Diggle porque sei que eles vão ganhar.

 

— Todos vamos participar.- sorriu Tommy.- Qual é John, entra no clima!

 

— Se alguma coisa der errado, o primeiro culpado é você.

 

A partida se deu ínicio. Seus oponentes passavam longe de seus alvos, ficando impressionados com a destreza em que miravam. Gritos animados explodiram ao verem John acertar o último copo com precisão.

 

— Isso foi incrível.- sorriu uma mulher.

 

— Dúvido acertarem de novo.- falou um rapaz.

 

— Não vamos jogar mais.- respondeu Oliver ouvindo murmúrios desapontados.

 

— Só mais uma vez, não estamos fazendo nada demais.- sorriu Tommy.

 

— Mais uma vez.-concordou Oliver a contra gosto.- Mas vamos fazer mais difícil dessa vez.

 

A mesa foi juntando mais curiosos com o passar das rodadas. Não jogaram uma partida, muito menos duas. À medida que iam vencendo, sentindo a textura de serem vencedores os enfeitiçavam, esquecendo completamente o mundo exterior. John, assim como Oliver e os demais se soltaram, rindo e fazendo piadas. Oliver jogava mais uma vez, o copo estava a uma distância maior, e seus telespectadores aguardavam ansiosos. Se concentrou, olhando o copo vermelho. A bolinha fez a curvatura exata, caindo perfeitamente, arrancando outra enxurrada de gritos. Tommy bateu palmas, também comemorando.

 

— Esse é o cara!- apontou para Oliver.- Minha vez!

 

— Você tem uma pontaria ótima.- sorriu uma mulher ruiva.- Meus parabéns.

 

— Obrigado.- agradeceu Oliver, sorrindo de canto.- Não é tão difícil quanto parece.

 

— Adoraria que me mostrasse.- sorriu convidativa, deslizando sua mão por seu braço. Oliver custou a sustentar um sorriso.- Se quiser…

 

— Me desculpe, tenho um...Compromisso.

 

O mesmo suspirou fundo, caminhando até o bar. Esfregou o rosto, olhando para a bancada, era certamente uma mulher atraente, então por que não?

 

A missão.

 

Um sorriso sarcástico se formou em seus lábios. De fato, essa seria a desculpa que usaria caso o perguntasse, mas a verdadeira resposta, totalmente clara em sua mente era muito mais profunda.. Não era a missão a razão para não beijá-la. A razão era que ela não era ela.

 

Não era Felicity.

 

Ambos estavam mais próximos, o flerte ocorria fácil, entretanto a mesma ainda continha muitas barreiras. Oliver lutava consigo mesmo, a desejava ardentemente, e somente ao lembrar o breve momento na gelada Rússia o deixava desnorteado. Levou as mãos ao peito, como se precisasse de ar. Murmúrios altos, que pareciam como o de uma briga, chamaram atenção.

 

— Merda.

 

Tommy aparentemente falava com um homem, que parecia nervoso, enquanto Ray e John permaneciam ao seu lado. Se aproximou, entrando no meio da confusão.

 

— O que foi?- perguntou aos amigos.

 

— O que foi? Nós ganhamos e esse cara aí quer dinheiro!- respondeu Tommy erguendo a voz.- Como se…

 

— Tommy…- tentou repreendê-lo.- Tommy.- falou pausadamente, apontando com o olhar a cintura do rapaz.- Ele tá armado.

 

— E vocês aparentemente não. Agora me sigam para a área externa.

 

Oliver revirou os olhos e assentiu, sendo o primeiro a caminhar. Saíram da ala que lembrava vagamente Vegas, seguindo por um corredor mais vazio que os demais. Puderam notar também que o homem que os ameaçava não estava tão sozinho como imaginavam.

 

Ótimo.

 

— O que fazemos?- sussurrou Ray.- Lutamos?

—        - Vamos chamar atenção.- respondeu John.

 

— E qual é a saída então?

 

— Entrem.- indicou uma porta dos fundos.- Agora.

 

— Oliver...

 

— Faz o que ele mandou.- falou Oliver.- Saímos desarmados, estamos em menor grupo, podendo colocar nossos disfarces em risco. Entra.

 

Tommy revirou os olhos, aceitando suas ordens. O interior da sala era um quartinho pequeno, com cadeiras, demonstrando que não era muito utilizado.

 

— Vão dar o dinheiro ou não?- perguntou o rapaz mais uma vez.Tommy negou.- Bom, temos um problema então.

 

Ray tentou reagir, mas congelou no momento em que escutou o engatilhar de pelo menos, oito armas ao mesmo tempo.

 

— Francesco,amarre nossos convidados.- sorriu maliciosamente.- alguém parece estar precisando pensar um pouquinho

 

***

 

— Já fazem horas que eles saíram.- exclamou Laurel que continha o celular na orelha.- Caixa postal de novo

 

— Eu estou começando a me preocupar.- comentou Caitlin olhando para a varanda.- E se aconteceu alguma coisa?

 

— Curtis.- chamou Felicity que o observava.- Você está muito quieto.

 

— Só estou focado.- forçou um sorriso.

 

— Você sabe onde aqueles imbecis se meteram, não é?- perguntou Sara o vendo se retrair.

 

— Eu não posso contar.- apertou os lábios, se segurando.

 

— Curtis.- falou Felicity, olhando fundamente em seus olhos.- Curtis…

 

— Eles foram ao cassino sem vocês saberem.- respondeu engolindo em seco diante de seu olhar.- Agora pode por favor parar de fazer isso? É torturante.

 

— Torturante é o que vamos fazer com eles quando os encontramos.- disse Laurel irritada.- Eu vou matar o Ray.

 

— E eu o Tommy.- disse Caitlin.- Lis? O que vamos fazer? 

 

— Nós vamos até lá.- informou com pesar.- Peguem seus vestidos e as armas. Curtis? Você vem também.

 

— É claro que eu vou, acha mesmo que vou perder isso?- sorriu animado, se levantando do chão.- Eles estão muito ferrados.

 

— Você não tem ideia.

 

***

 

John tentava com dificuldade libertar suas mãos. Os quatro estavam de costas um para o outro, amordaçados juntos em quatro cadeiras. Dig tombou a cabeça para trás, frustrado.

 

— É impossível se libertar dessas correntes.

 

— O senhor espertinho tinha que falar que cordas eram fracas, não é?- falou Oliver irritado.

 

— Mas era mesmo.- se justificou Tommy.- E qual era o seu plano? Morder as cordas?

 

— Eu ia deslocar os dedões e a essa hora já estaríamos de volta ao apartamento, era essa a porcaria do plano, mas como sempre você fala demais.

 

— A culpa é minha agora?

 

— Sim.- responderam unissioso.

 

— Isso já é perseguição.

 

— É totalmente sua culpa. Você nos atraiu para cá, nos fez sair de casa e por sua culpa estamos presos.- disse Ray, sentindo seu telefone vibrar pela quarta vez.- Laurel vai me matar.

 

— E a Caitlin? Não quero nem pensar.- choramingou.

— Caitlin, Laurel, já pararam pra pensar no que a Felicity vai fazer com todos nós?

 

A frase de Oliver os deixou reflexivos por um instante.

 

— Você com certeza é o mais ferrado entre nós.- respondeu Dig após um tempo.

 

— Realmente.- riu Tommy.- De repente me sinto melhor.



— Tommy? Cala a boca, coisa que você deveria ter feito desde que chegamos em Mônaco.- revirou os olhos, tentando novamente se libertar.

 

— Ainda bem que Lyla está em outro continente, não preciso me preocupar.- sorriu John aliviado.

 

.- Joga na cara mesmo.- falou Ray.

 

— Fiquem quietos.- pediu Oliver.- Estão… estão ouvindo isso?

 

Tiros e gritos ecoavam abafados pela porta. A mesma fora aperta com brusquidão, revelando um par de saltos finos e sapatênis. Caitlin e Laurel foram as primeiras a aparecerem, a manga de seus vestidos fora um pouco danificada, assim como seus cabelos que estavam levemente bagunçados. Ambas caminharam sem dizer uma palavra ao grupo, notando as correntes presas a um cadeado.

 

— Lis? As chaves!

 

— Aqui!

 

Curtis entrou, às entregando o moinho. Seu peito subia e descia, cansado, como se tivesse corrido uma maratona

 

— Isso… Isso foi incrível!- sorriu animado.- Entramos com tudo! Sara deu um chute em um cara com o salto fino que eu tive dó.- riu.- Eu nunca vou esquecer isso.- comemorou, notando o olhar carrancudo dos agentes, diante de sua animação.- Oi... Gente 

 

Caitlin então se aproximou, lançando um olhar raivoso a Tommy que sorriu amarelo.

 

— Oi amor, você está tão linda, sabia? Uma perfeita…

 

— A minha vontade agora é de matar todos vocês!- esbravejou.

 

— Raymond Palmer!- chamou Laurel, o mesmo retraiu os ombros.- No que estava pensando? 

 

— A culpa foi do Tommy!

 

— Isso, joga a bomba pra mim mesmo, traidor!- rebateu o moreno.

 

— Uma bomba vai realmente explodir se não sairmos daqui de pressa.- comentou Felicity que entrava pela porta, ofegante, seguida por Sara e Curtis. Seu olhar cintilou.- Oliver Jonas Queen!

 

— Eu tenho razões plausíveis que nos fizeram parar aqui hoje.- tentou argumentar.- Queríamos pistas, por isso viemos aqui.

 

— As pistas estavam na mesa de Beer Pong, né?- disse Sara, arqueando as sobrancelhas.

 

— Como…

 

— Eu falei pra vocês, o que custava esperar?- interrompeu Felicity.- Mas não, os quatro apostadores acharam que estávamos de férias!

— Lis…

 

— E ainda saíram desarmados! John? Você é a razão, como se deixou ser corrompido desse jeito.

 

— Íamos jogar uma partida só, e quando vimos…- suspirou, suas mãos foram libertas.

 

— E ainda por cima saíram escondidos.- disse Laurel que se encontrava vermelha, como se fosse explodir.

 

— Ela tá parecendo o furacão hoje.- cochichou Tommy aos demais que se levantavam.

 

— Infelizmente tenho que concordar.- disse Ray em tom baixo.

 

— Continuamos a discussão depois, agora temos que sair daqui, rápido.Se formos vistos aí sim teremos um grande problema- interferiu Felicity, agitada, Oliver notou seu nervosismo,

 - Como assim “ se formos vistos”?- indagou, franzindo o cenho.- Felicity…?

 

— Smoak, mas que surpresa agradável.

 

Felicity fechou os olhos, de costas para a porta. Os agentes se puseram em alerta, confusos com o homem de olhos azuis extremamente claros. Suas pupilas, visíveis, demonstravam interesse, e de certa forma diversão.

 

— Damien Darhk.- fingiu um sorriso, se virando para encará-lo.- É realmente uma surpresa encontrá-lo por aqui.

 

— No meu cassino? Certamente é sim.-  comentou em tom sarcástico, arrumando sua gravata.- Principalmente depois em que eu deixei bem claro que não a queria aqui, muito menos em Mônaco.- seu tom de ameaça era claro.

— Damien…

— Temos negócios a tratar senhorita Smoak, e dessa vez eu não serei bonzinho. Você e seu amigo parecem ter problemas de audição, me surpreende ocuparem cargos tão importantes.

 

— Amigo?- perguntou, engolindo em seco.

 

— Não é por isso que está aqui?

 

— Não, não até o momento. Estou em uma missão.

 

— Interessante.

 

Damien parecia satisfeito com a informação. Dois homens que o acompanhavam, trajando ternos perfeitamente alinhados foram chamados, ouvindo seu sussurro. Um dos mesmos assentiram, se retirando, Damien esfregou as mãos.

 

— Tenho uma proposta, senhorita Smoak, e como uma boa apostadora, sei que não irá me desapontar. 

 

— O que quer?

 

— Uma revanche, você e eu, tudo ou nada.- Felicity o escutava com atenção.- Se ganhar, eu liberto seu forasteiro, a ajudando em sua espécie de missão, deixando assim todos vocês livres- apontou para seus amigos.- Mas se eu ganhar…- Felicity apertou sua mão, ignorando sua fala.- Não quer saber o que farei se ganhar?

— Não, até porque você não vai.- respondeu confiante, o olhar de Damien cintilou.

 

— Perfeito.- ampliou o sorriso. Seu aperto se fortaleceu, a puxando até que seus lábios estivessem sob seu ouvido.- Mas se perder, você e ele estão mortos.

 

***

 

Uma energia carregada pairava pelos agentes enquanto caminhavam pelos corredores. Ao saírem da sala, a destruição deixada pelo grupo era certamente notável. Seguranças e mais seguranças caídos, sem contar com vasos quebrados. Em contradição sobre o que fizeram ao chegar, agora seguiam para a área oeste. Os tons dourados e mais elegantes voltavam com força, assim como as pessoas mais bem vestidas, que desfilavam com joias caríssimas em seus pescoços. Foram parados à porta enorme porta por um dos homens de Dark, fazendo sinal para que aguardassem, dando momento para conversarem.

 

— Quem é Damien Darhk?- cochichou Sara.

— Um antigo conhecido.- suspirou, suas mãos suavam.- Eu fui expulsa de Mônaco, em especial Monte Carlo.- respondeu baixinho,as expressões permaneciam chocadas.

 

— Por que?- questionou Oliver, ganhando seu olhar.

 

— Damien Darhk é um dos homens, se não o homem mais rico do distrito de Monte Carlo. Eu estava aqui em uma missão com uns amigos, quando tivemos a brilhante ideia de jogar.- revirou os olhos.- Começamos bem na área dos turistas, até recebermos um convite para jogar com a própria Elite, mas o que eu não sabia que iria jogar com o dono de tudo isso aqui. Os jogos, se pararem para notar, sempre contém uma parte da máfia envolvida, e com Damien não é diferente. Eu o venci e bom, eu não deveria ter ganhado.

 

— E depois? O que você fez?- perguntou Caitlin.

 

— O que eu tinha para fazer? Eu fugi. Meus outros dois amigos conseguiram um carro e nós fugimos, não antes sem sermos jurados de morte caso pisassemos aqui um dia.

 

— Por isso você não queria vir aqui.- constatou Oliver.

 

— E como você aceita uma aposta dessas?- questionou Laurel, preocupada.- Jogos não são exatos, um erro e…- engoliu em seco.- É muito arriscado.

 

— Devemos pensar em outro plano.- concordou Ray, ganhando a aprovação dos demais.

 

— Ela consegue.- interrompeu Oliver, a olhando fixamente.- Se há alguém que vença esse cara é Felicity, vamos ficar bem.

 

Seus olhares se cruzaram. Felicity sorriu de canto, e como se ganhasse mais força diante de seu olhar, sorriu, abandonando a postura acuada.

 

— Vamos fazer isso.

 

O salão fora aberto, os deixando boquiabertos. Pequenos lustres estavam fixados a cada uma das mesas, dando a sensação aos apostadores de que a sorte estava ao seu lado. As portas de vidro, revestidas com madeira polida, se destacam entre as paredes douradas, revestidas com mais detalhes em dourado. Tudo ali brilhava

 

Tudo soava como um palácio.

 

Essa sala, no entanto, continha um número consideravelmente menor que a anterior. Pessoas sentadas em volta de mesas com veludo verde, jogavam, concentradas. A mesa em ficaram era pouco mais ao fundo, discreta.

 

— Bem vindos a ala da Elite.

 

A voz macia de Damien, diante de seu olhar analítico mostravam como construiu seu império. Se sentaram a lados opostos, em frente um para o outro.

 

— Pronta para perder?

 

— Eu nunca perco Dark, achei que já soubesse disso.

 

E entre provocações, mascaradas por sorrisos, a partida fora iniciada. Os agentes ficaram um pouco afastados, juntamente com mais dois seguranças. Curtis roia as unhas.

— E se ela perder?

 

— Ela não vai perder.

 

Oliver então deu um passo para o lado, se aproximando. Ficou a altura de outro rapaz, que também ao longe observava a partida com interesse. Felicity puxava suas cartas, confiante, sorrindo uma vez ou outra. Oliver também partilhava de sua felicidade, que embora preocupada, era a mais dominante, ela estava em seu território agora.

 

Estava em seu mundo.

 

E parecia incrivelmente bela fazendo isso.

 

— Incrível.- murmurou o homem ao seu lado.- Ela fez uma trinca, impressionante.

 

— Ela é ótima mesmo, não é?- sorriu orgulhoso.

 

— Certamente é sim.- seu olhar desceu até suas pernas, Oliver revirou os olhos, fechando as mãos em punho.- É o investidor dela?

 

— Investidor e um pouco mais.- mentiu, o fazendo sorrir envergonhado.

 

—  Meu nome é Lois, Lois Hill.- estendeu a mão.- Tenho um cliente que pode se interessar em apostar nela nos próximos jogos. Se tiver interesse...- o entregou um cartão.- Pode me ligar.

 

— E qual seria o nome do seu cliente? Por curiosidade.- fingiu interesse.

 

— Isaac Young, ele é de confiança, e garanto que dinheiro não irá faltar, podem lucrar muito.- riu baixo, Oliver o acompanhou.- Bom, boa sorte.

 

— Obrigado.

 

Oliver olhou para o cartão, intrigado, havia conseguido uma pista.

 

Ao que parecia, o senhor Young gostava de apostar.

 

A partida se desenrolou, ficando empatada após a segunda, o que ocasionou em uma tensão. Damien estava mais concentrado do que nunca, sorrindo triunfante ao abaixar suas cartas.

 

Straight. Sinto muito senhorita Smoak.- comentou, ao analisar seu olhar aterrorizado.

 

— Realmente é uma pena.- suspirou com pesar, voltando a sorrir. Damien engoliu em seco.- Royal Flush

 

— Impossível.

Damien continha a boca entreaberta, pasmo ao notar a sequência de Ás a 10 completa, do mesmo naipe, era claro o vencedor.

 

— Inacreditável.

 

Felicity se levantou, fazendo sinal positivo aos amigos que comemoravam, sendo repreendidos pelo barulho.John a abraçou, sendo seguida por Ray.

 

— Sabíamos que iria ganhar.

 

— Uhum.- concordou descrente, soltando um riso baixo, aliviada. Se virou para Damien.- E então…

 

— Meus parabéns, de novo.- falou a contragosto.- Sou um homem de palavra, e como disse, vou ajudá-la. Mas primeiramente precisam trocar seus trajes se quiserem continuar circulando pelo meu cassino. 

 

***

 

Damien aparentemente estava cumprindo com sua palavra. Os levou para  a área do hotel, onde com a ajuda de alguns de seus funcionários, arranjaram trajes que não chamariam atenção como os anteriores, que estavam totalmente danificados por conta da luta. E não que não fossem deslumbrantes.

 

Até porque eram.

 

Muito deslumbrantes.

 

Felicity se olhava demoradamente no espelho. Seu vestido em tom grafite, repleto de brilho, continha uma fenda longa que rasgava desde acima de suas coxas até os pés, contento ainda um pequeno decote entre os seios. Seus cabelos estavam soltos, e os lábios, marcados por um batom vinho. Se virou para Damien, que sorriu em satisfação.

 

— Nada melhor do que pegar alguém da Elite parecendo um.- comentou.- Seu amigo já está bem, entretanto, decidi que seria melhor o mesmo não aparecer aqui, por enquanto. Seu estado pode chamar atenção, até mais do que você e o seu bando a horas atrás.

 

— Garanto que tentaremos ao máximo sermos discretos.- garantiu, Damian assentiu.- E logo logo estaremos longe daqui.

 

—  Assim espero senhorita Smoak, até porque, sabe muito bem como lido com meus problemas.- a lembrou. Damien era elegante, seu modo de falar, agir, todos compactuam com a imagem que desejava mostrar para pessoas de fora, deixando às escuras seus outros negociações, ou até mesmo a forma primitiva em que os tratava.-  Cuide do problema, e não me faça a considerar um enquanto estiver aqui.

 

Suspirou fundo quando o mesmo se foi, aliviada. Sua vontade era de sair pelo hotel até encontrar seu conhecido, mas não podia.

 

Ao menos não agora.

 

Ao sair do quarto, desceu as escadas que levavam até as áreas de lazer. Entreabriu os lábios ao notar que Oliver a esperava, trajando um smoking que definiu com êxito seus músculos. Segurou com força o corrimão diante de seu olhar, que a fez considerar, por um minuto, que havia desaprendido a como respirar. Oliver engoliu em seco, estendendo o braço para que se apoiasse, não antes de entregar um dos comunicadores.

 

— Curtis foi o primeiro a se arrumar, então foi buscar os equipamentos.- cochichou enquanto andavam.- Está armada?

 

— Não somos iguais a vocês que vieram sem nada.- provocou. Oliver suspirou alto.

 

— Eles realmente estavam certos.- comentou, fingindo pesar.

— Certos? Sobre o quê?

 

— Sobre você ser a mais brava e o fato de eu ser o mais ferrado.- escondeu um sorriso ao ver sua cara chocada.

 

— Eu não sou a mais brava.

 

— Claro que não.- falou com ironia. Felicity virou levemente o rosto para encara-lo.- Porém a mais teimosa com certeza. 

 

Partilharam um sorriso, voltando a caminhar novamente pelos corredores das salas de apostas privativas. Oliver os dirigia a uma, quando Felicity deu um leve aperto em seu braço, indicando um outro lado.

 

— O salão de bebidas vai nos dar mais respostas agora.

 

Oliver a deixou que os conduzissem. Poderia ter vindo de uma família rica, era inegável, mas aquele lugar era diferente, continha uma certa mágica.

 

Tudo era glamuroso.

 

O salão, diferente dos outros lugares, continha um lustre maior que os padrões. Haviam pequenas mesas onde grupos se reuniam, rindo enquanto tomavam champanhe.Duas enormes portas de vidro levavam a varanda, que mostrava um pouco da cidade e do mediterraneo.

 

— Onde estão os outros?

 

— Curtis com a ajuda de Ray está tentando em um dos quartos localizar a senhorita Young, o irmão já sabemos que está aqui.

 

— Como?

— Enquanto a senhorita aposta jogava.- a fez sorrir de canto.- Eu estava trabalhando e consegui uma pista bem interessante.

 

— O quê?- perguntou.- Oliver fala!

 

— Lá fora, você vai ficar animada quando souber.- sorriu divertido.

 

Felicity segurou em sua mão, o fazendo andar o mais rápido possível pelo salão. Atravessaram a porta de vidro, caminhando até o final da varanda. Felicity se virou em sua frente, aguardando ansiosa.

 

— O que você descobriu?- perguntou mais uma vez, Oliver colocou sua mão sob a grade.- Oliver…

 

— Um apostador estava de olho em você.- a interrompeu, seus olhos brilharam.- E esse apostador trabalha para Isaac Young.

 

— Um apostador de verdade gostou do meu jogo?- seu sorriso se ampliou.- Ele quis apostar em mim?

 

— Sim, e como eu me passei pelo seu investidor, peguei o cartão.- respondeu, feliz por sua animação.- Se não fosse agente certamente esse seria um bom hobbie de viver.

 

— Eu não acredito.

 

A loira levou as mãos até os lábios, chocada. Era óbvio que se considerava uma boa jogadora, mas ter a opinião de um especialista era gratificante.

 

— Isso é incrível.- comentou em êxtase.- E ele trabalha para o Young?

 

— Você escutou essa parte?- a provocou, ganhando um empurrãozinho em seu peito.- Sim, podemos usar isso para chegarmos perto dele, em uma sala privativa, mas ainda precisamos da irmã. E é isso que os outros estão fazendo.

 

— E enquanto a nós?

 

— Fingindo nosso papel de sócios. Lois Hill, o homem que quer apostar em você, tem que acreditar em nosso papel.

 

— Ele está aqui?- perguntou, olhando através da porta de vidro, Oliver negou.- Temos que esperar um pouco então.

 

Felicity respirou fundo, olhando a cidade. Estava tão preocupada em estar ali, pensando em várias maneiras de como agir caso desse errado, que não havia tido tempo para apreciar. Mônaco era lindo. A estrutura, as luzes, a vegetação, o mar, tudo continha seu charme, cada detalhe.   Notou, de esguelha, que Oliver a observava. Voltou a encará-lo, arqueando as sobrancelhas

— Essa cidade realmente combina com você, não é?

 

— Com todos na realidade.- respondeu, um sorriso se formou em seus lábios.- Vocês quatro no Beer Pong, devem ter chamado muita atenção.

 

— Fomos os mais famosos, de fato.- respondeu divertido.- Deveria ter previsto as intenções de Tommy desde o ínicio.

 

— Ele enganou vocês diretinho.- riu baixinho, Oliver a acompanhou. Suas mãos se tocaram, e como das outras vezes, a mesma eletricidade os atingiu. Oliver sustentou o aperto, entrelaçando seus dedos.- Mas no final deu tudo certo.

 

— Claro, ficar amordaçados em uma cadeira é realmente um final feliz.- respondeu com humor, Felicity riu outra vez.- E você ainda teve que apostar.

 

— Eu precisava.- deu de ombros, o observando. Notou que sua postura brincalhona havia mudado

 

— É, esse seu amigo deve ser realmente importante pra você aceitar um acordo daqueles.- suspirou incomodado, recolhendo sua mão. Felicity a segurou, impedindo que saísse.

 

—  Não fiz isso só por ele.- deixou claro, Oliver forçou um sorriso.- Era o melhor para todos nós. E se desse errado...

 

— Já teríamos armado um plano B e arrastado você daqui.- brincou.- Jamais deixaria… Deixariamos.- se corrigiu a fazendo engolindo em seco.- Algo acontecer com você.

 

— Eu sei. E  obrigada.- sorriu de canto, Oliver franziu as sobrancelhas.

 

   - Por o que exatamente?

 

  - Você foi o único que acreditou desde o início que eu ia ganhar.- respondeu clareando suas ideias.

 

   - Você é a melhor apostadora que eu conheço Felicity.- sorriu de canto, ergueu sua mão, colocando um fio rebelde da loira atrás da orelha.- Confio no seu potencial garota de Vegas.

 

  Seu comentário a fez soltar um riso baixo, se deliciando ao sentir o toque sútil de Oliver em sua bochecha. Ergueu o olhar, encontrando o seu vivido, concentrado em analisar cada detalhe de seu rosto. Poderia ser a atmosfera daquela cidade, sexy e doce que estivesse a influenciando daquela maneira, mas naquele momento não sentia vontade de ir a lugar algum.  Se sentiu ser puxada por Oliver de repente, arregalando os olhos.

   - O que está fazendo?- perguntou, surpresa com a proximidade repentina.  

 - Estamos sendo observados.- respondeu em tom baixo.- Cenas emocionais deixam pessoas incomodadas.

 

   - Você é um péssimo ator.- sorriu provocativa.- Sério mesmo que seria assim que você iria me beijar?

 

   - Não.- respondeu, um brilho diferente, até mesmo um pouco sedutor tomou conta de seus olhos. - Definitivamente não. 

 

   Felicity deveria ter previsto os sentidos enterrados em sua frase, mas não teve tempo para raciocinar, já que em um movimento ágil a mesma sentiu seu corpo ser imprensado a parede. Ergueu o olhar, confusa, engolindo em seco ao encontrar o olhar ardente do homem à sua frente. Oliver praticamente a cobria, por conta de sua estatura. Sua mão  contornava sua cintura em um aperto firme, enquanto a outra se apoiava na parede. Felicity estremeceu ao sentir o toque quente dos lábios de Oliver em seu pescoço. Ela precisava sair dali, retomar o controle.

 

   Mas como fazer isso se nem mesmo conseguia sustentar suas próprias pernas?

 

  - Você tem muitos segredos, não é?- o ouviu sussurrar em seu ouvido.- Poderia ter contado, já disse que não ligo para nenhum deles.

  - Eu...- sua voz falhou ao senti-lo morder seu lóbulo. Prendeu a respiração.- Tem coisas que você não vai gostar.- respondeu com dificuldade.

 

Oliver contornou seu queixo com a ponta do nariz, a fazendo fechar os olhos. Seus lábios se chocaram brevemente, sendo afastados em centímetros para sua decepção. 

 

   - Eu já disse que não ligo para nenhum deles.

 

  A maneira como a olhava, juntamente as palavras doces e ao mesmo tempo sedutoras a impediam de tomar qualquer decisão racional. O breve toque de seus lábios fora o bastante para a desestabilizar. Não se passou de um selinho torturante, a fazendo desejá-lo cada vez mais perto. O calor de suas respirações e os mínimos toques, que se transformavam em sensações avassaladoras por seu corpo a deixaram sem fôlego, e como um perfeito toque final, trágico e prazeroso, Oliver levou os lábios até o pé de seu ouvido.

 

   - Seria assim se eu quisesse beijar você, Lis.

 

   Seu timbre rouco demonstrava que o mesmo também se encontrava afetado. Encontrou seu olhar novamente, e com uma piscada se afastou, arrumando seu terno. Oliver olhou para os lados, se certificando de que não haviam chamado atenção, procurando sinal dos homens que os observaram

 

   - Vou checar o salão.- respondeu, tentando se recompor. Felicity assentiu, arrumando sua postura.

 

   - Ok.

 Sua maneira indiferente ao que havia acontecido durou somente até vê-lo desaparecer por completo pelas portas. Se encostou novamente a parede, levando as mãos ao peito que subia e descia. Fechou os olhos ao passar os dedos pelo mesmo trajeto que os lábios de Oliver haviam percorrido, e como se pudesse ainda senti-los, arfou, deleitada. Oliver poderia ter saído, mas a sensação de tê-lo ali, com o corpo praticamente pregado ao seu a atormentaria por dias. Engoliu em seco, arrumando o vestido. Oliver realmente ainda continha um poder sobre ela.

 

Estava ficando cada vez mais difícil resistir.

 

***

 

“- Merlyn na linha, nada da senhorita Young na ala leste. Tem certeza de que ela compareceu?”

 

“- Eles vieram juntos, estão por aqui em algum lugar.- respondeu Curtis.- Oliver e Felicity precisam saber onde ela está para colocarem a segunda parte do plano em execução. Continuem procurando.”

 

“- Certo, desligando.— falou sem animação. Caitlin continuava a olhar as outras salas.

 

— Esse lugar é enorme. E se ela já tiver ido embora e deixado a venda para o irmão?

 

— Curtis disse que ela é orgulhosa, gosta de sempre estar presente nas negociações, evitando perca de valor para a parte dela.- respondeu Olhou para os lados, e ao se certificar de que estavam sozinhos a puxou.- Ainda brava comigo?

 

— Furiosa.- falou, rindo ao vê-lo fazer biquinho.- Não pense que vai me distrair, poderiam ter se machucado, feio, e eu não comecei a namorar você para…- se calou, notando seu sorriso.- O quê?

 

— É a primeira vez que você fala em alto e bom som os nossos status, eu nunca perguntei porque não queria acelerar as coisas.- comentou a deixando sem graça.- 

 

— Você também nunca falou pra mim.- disse em tom baixo, encarando seus olhos- e não precisa responder agora, eu também não quero acelerar as coisas. Você não…

 

Sua tentativa de explicação fora totalmente esquecida ao sentir os lábios gentis de Tommy se sobreporem aos seus. Arfou, e totalmente entregue, passeando suas mãos até chegar em sua gravata, o puxando mais para perto. Tommy apertou sua cintura, e sorrindo, abriu os olhos, ofegante.

 

— É isso mesmo que você quer? Sem rodeios por favor.- pediu, respirando fundo, Caitlin assentiu.

 

— É claro que eu quero namorar com você Tommy.- respondeu, rindo ao ser atacada por diversos beijos em seu rosto.- Thomas!

 

— Namorado.- a corrigiu.- Quero que me chame assim agora.- brincou, a dando um selinho demorado.- Então, namorada.- Caitlin revirou os olhos, escondendo um sorriso.- O que quer fazer?

 

— No momento? Ligar os comunicadores.- sussurrou.- Chloe Young acabou de passar por aquele corredor.- apontou, Tommy virou o rosto discretamente, a tempo de avistar uma mulher com cachos dourados.- Talvez tenha ido buscar o comprador, temos que ser rápidos, a venda não vai demorar a acontecer.

***

 

“- Alvos no centro do salão.- informou Curtis.- Hora do show pessoal.”

 

Felicity e Oliver caminhavam tranquilamente. O loiro, ao avistar Lois em uma espécie de conversa com os gêmeos se aproximou, acenando.

 

— Senhor Queen. sorriu educado, apertando sua mão.- E aqui está a grande jogadora. Um prazer conhecê-la senhorita…

 

— Smoak.- sorriu.

 

— Jogadora?- perguntou Young por cima, interessado na conversa.- Joga apostado?

 

— Não é aposta quando eu jogo.- piscou, o sorriso de Isaac se ampliou.

 

— É tão boa assim?

 

— Com certeza.- garantiu, notando o olhar de Chloe.- Por que não jogamos uma partida? Assim não restará dúvidas.

 

— Infelizmente não poderemos.- interviu Chloe, Isaac bufou.

 

— Nosso outro problema não irá a lugar nenhum.- sorriu, na tentativa de convencer a irmã.- Vamos Chloe, é só uma partida.

 

— Você sempre faz isso.- revirou os olhos.- Mas tudo bem. Uma partida.

 

— Vamos aos jogos senhoras e senhores.

 

Isaac enchia Felicity de perguntas enquanto caminhavam para uma sala privativa. Oliver pode notar, de relance, o olhar interrogativo de Chloe em um dos seguranças da porta, que eram Ray e John. Ambos permaneceram calmos, principalmente ao serem milimetricamente analisados. Palmer limpou a garganta.

 

— Algum problema, senhorita?

 

— Não.- respondeu, ainda o observando. Balançou a cabeça.- Nenhum problema

 

Oliver respirou aliviado ao vê-la entrar. As portas em geral ficavam abertas, o que os davam visibilidade de como as coisas ocorreriam. John assentiu discretamente, deixando claro que tudo estava sob controle. Uma cadeira fora puxada para Felicity se sentar. Isaac fez questão que a mesma se sentisse confortável, o que fez a irmã revirar os olhos.

 

— Termine logo essa porcaria ou eu começo sem você.

 

— Sempre tão doce maninha.- fingiu um sorriso educado.- Por que não bebe um pouco? Parece estressada.

 

— Estou bem aqui.- respondeu cruzando os braços, sussurrando algo a seu segurança que assentiu.

 

— Ótimo, porque eu também estou.

 

Seu sorriso intencionado dirigido a Felicity fez Oliver suspirar desgostosamente. Olhou para os lados, em busca dos outros agentes. Pode notar Sara e Curtis em uma mesa, sentindo falta de três membros.

 

“- Nos quartos.- respondeu Sara notando seu olhar interrogativo.- Estão pegando os diamantes. Chloe havia ido buscá-los, por isso sua demora a aparecer. E Oliver, disfarce essa cara.- o loiro franziu o cenho.- Está na cara de que se pudesse mataria Young agora mesmo, sem nenhuma discrição.”

 

O mesmo balançou a cabeça, mostrando de forma discreta o dedo do meio. Sara sorriu, dando de ombros.

 

“- É você que está enciumado, não eu.”

 

— Eu não estou…

 

— O quê?- perguntou Chloe.

 

— Não estou achando que esse jogo irá demorar muito.- disfarçou, indicando as cartas de Felicity.- Ela fez a maior pontuação até agora.

 

Aquilo pareceu a enfurecer ainda mais. Aguardaram as últimas informações pacientemente, até obterem a informação.

 

“- Snow na linha, mala pega.”

 

“- Hora do show.- sorriu Sara.”

 

— Parece uma Royal Flash.- comentou Oliver a palavra ensaiada, Felicity levou sua mão à cintura.

 

— Pra quem aposta você parece entender mal.- comentou Isaac.- Isso está mais para uma trinca.

 

— Seja qual for a pontuação você perdeu.- falou Felicity se pondo de pé ao lado de Oliver, apontando suas armas.- Isaac e Chloe Young? FBI, mãos na cabeça agora.

 

— Como é que é?

 

Em um movimento rápido,  o segurança de Chloe efetuou dois disparos para o alto, ocasionando uma verdadeira bagunça com os demais jogadores, ganhando tempo para a deixar correr. Isaac ficou para trás, sendo contido Curtis enquanto  Sara lutava com o segurança. Oliver e Felicity saíram correndo pela porta dos fundos atrás de Chloe.

 

“- Atenção, corredor principal agora.”

 

“- Indo.- informou John.”

 

— Mas que merda de saltos.- reclamou Felicity os jogando a escada abaixo, parando no terceiro degrau ao notar dois homens armados.- Oliver…

 

O mesmo os acertou nas pernas, o que causou um desequilíbrio, impedindo que atirassem. Tommy e John que vinham logo atrás fizeram sinal para que prosseguisse, enquanto os mesmos os amparavam. Os corredores eram imensos, a dando vantagem para se dispersar. Continuaram a correr, desviando de objetos que a loira os jogava, derrubando vasos e mais vasos. Chloe parecia disposta, entretanto, sua falta de atenção a fez tropeçar em uma muleta de um rapaz, que passava pelo local.

 

— Desculpe senhorita, estou me acostumando.- sorriu, ao invés de deixá-la sair colocou a ponta do ferro em seu peito.- Pessoas ruins tendem a tropeçar bastante.

 

Oliver se ajoelhou, pegando as algemas, enquanto a escutava xingar fervorosamente. Felicity no entanto, ao invés de ajudá-lo, congelou. Seus olhos se encheram de lágrimas, abafando um grito. O rapaz, novo, que havia os ajudado sorriu, embora bastante machucado. Continha hematomas e cortes na testa, e aparentemente havia sido ferido na perna. Felicity o abraçou fortemente, escutando seus resmungos.

 

— Isso dói Lis.

 

— Você merecia muito mais.- respondeu se afastando, segurando com ambas as mãos seu rosto.- Você está tão grande.- comentou o fazendo rir.

 

— Falando assim eu parecia uma criança.

 

— Você era.- afirmou, o vendo revirar os olhos, prendendo um sorriso.- Senti tanta a sua falta.

 

— Eu também senti a sua.

 

Oliver assistia o abraço. Ambos pareciam tão emocionados, tão presos em sua própria bolha que pouco notavam sua presença. Felicity enxugou as lágrimas, olhando para Oliver.

 

— Esse é Roy, Roy Harper, antigo membro da minha equipe de Los Angeles.- apresentou.- E esse é Oliver. Oliver…

 

— Queen?

 

A observou, confuso, como que checasse a informação. Após ter certeza, um sorriso sarcástico se formou em seus lábios.

 

— Então esse é Oliver Queen.- repetiu com humor.- Desculpa cara, promessas.

 

Oliver não teve tempo de tirar suas dúvidas, pois no momento seguinte fora atingido em cheio por um soco no nariz. Trincou o maxilar, sem soltar Chloe, enquanto que com a outra mão limpava o sangue que escorria. Felicity arregalou os olhos, alarmada.

 

— Qual é o seu problema?

 

— Minha promessa, esqueceu? Estávamos conversando sobre seu ex marido imbecil, aí eu falei “ nossa, se algum dia eu ver esse cara a primeira coisa que vou fazer é dar um soco nele”, e você concordou.

 

— Eu estava bêbada!- Elevou a voz. Roy deu de ombros.

 

— Promessas são promessas, com ou sem álcool.

 

— Minha vontade é de matar você.

 

Caitlin, Tommy e Curtis apareceram, procurando os agentes. Suas caras confusas diante do machucado de Oliver foram inevitáveis.

 

— Foi um incidente.- respondeu. demorando seu olhar em Roy que sorriu de canto.- Peguem essa aqui, temos muita coisa pra resolver.

 

***

O estrago pelos corredores do grande Hotel Cassino eram notáveis por todos os cantos, principalmente pelos corredores. Haviam pedaços e mais pedaços de mobílias caras espatifadas, enquanto no andar inferior, alguns curiosos olhavam chocados o acontecido, o que gerou burburinhos incessáveis pela madrugada afora, contendo ainda o assédio da mídia, que filmaram exatamente o momento em que os gêmeos Young foram levados por agentes locais até a unidade mais próxima, passando por uma série de interrogatórios, que logo após sua finalização, agentes do FBI pela localidade os levariam até a Alemanha, onde seriam julgados. A parte da equipe em si havia acabado, ganhando uma enxurrada de elogios do vice-diretor pela recuperação, sem danificação dos diamantes, que retornariam ao museu da monarquia, de onde nunca deveriam ter saído.

   Os agentes voltaram ao cassino pela tarde, devolvendo itens emprestados. Damien agradeceu, porém, por suas expressões ao encarar os tecidos que passaram por lutas estava claro que não iria os usar.

 

— Muito bom da sua parte devolver… Isso.- forçou um sorriso, seu olhar caiu em Roy.- Como está se sentindo senhor Harper?

— Feliz por não estar morto.- sorriu, amparado por duas muletas.- O médico foi muito bom, obrigado.

— Agradeça a sua amiga, se não fosse por ela você provavelmente não estaria aqui.- indicou. Roy a olhou de esguelha, ganhando um beijo no ombro.

— Fazemos de tudo para proteger quem amamos, não é?

 

Os agentes, pelo pouco que conversaram, acharam a presença de Roy muito interessante, o enchendo de perguntas. Oliver no entanto não ousou uma aproximação, ainda tentando entender como havia terminado com um corte no nariz. Pelo o que ouvira, havia sido alvo de uma promessa, o que não era tão ruim parando para pensar.

 

Ele merecia muito mais que um soco pelo o que havia feito.

 

—  De fato.- concordou Damien.- Parece realmente uma reunião, na realidade sinto falta de uns fios de cabelos ruivos. Diga que mandei lembranças à senhorita Whitelock.

 

O sorriso de Felicity se desmanchou, dando lugar a uma expressão fechada. Roy que estava ao seu lado segurou em sua mão, firme, olhando no fundo de seus olhos. Limpou a garganta.

 

— Claro.- forçou um sorriso.- Quando eu tiver a chance direi a ela.

 

— Bom senhores, sugeri minha ajuda porque se o FBI mandou vocês, não demoraria para a Europol aparecer, e tudo o que eu não preciso é de atenção por aqui.- arrumou sua gravata.- Já cumpri minha promessa, então eu gostaria de pedir, humildemente, que todos vocês.- apontou para cada um.- Não ousem ou sequer cogitem colocar os pés aqui outra vez, entenderam?

 

— Estamos na sua black list? Por quê?- choramingou Tommy.

 

— Porque, meu caro agente, você e sua alcateia agiram como lobos no meu castelo! Houveram tiros, itens que equivalem milhões quebrados, sem contar que assustaram meus clientes!- Tommy foi puxado por Caitlin, ao notar o acesso de fúria do homem à frente.- Por isso, se pisarem aqui de novo ou em Mônaco e eu descobrir, ficaram pior do que ele.- apontou para Roy.- Então fora!

 

— Quanto estresse.- reclamou Ray enquanto eram conduzidos para o lado de fora.- Esse lugar nem é tão interessante assim a propósito, uma verdadeira perca de tempo!

 

— Isso, fala até ele mudar de ideia e decidir nos matar em praça pública, genial.- sorriu Sara sarcástica.- Você quase morreu mesmo naquela cadeira.

 

— Sara, não mencione esse assunto perto da sua irmã, ok? Ela ainda não me perdoou.- pediu em tom baixo.- E você sabe como ela é quando fica brava, não queremos isso aqui.

 

—  Sinto muito por não poderem voltar aqui, pelo menos não estamos mais sozinhos na lista, não é Lis.- sorriu Roy.- Bom, acho que vocês devem ir embora agora.

 

— Nós devemos.- corrigiu Felicity.- Conversei com o Watson, e ela concordou em deixar você na equipe, mas…- enfatizou.- Você estará sob avaliação, é com você se irá merecer ou não ficar conosco.

 

— Isso...Nossa.- comentou perplexo.- Obrigado.

 

— Alguém tem que cuidar de você, não é?- piscou Felicity.

 

— Temos um novo membro então.- sorriu Curtis, animado.- Seja bem-vindo Roy, queremos muito saber da tão famosa equipe da Lis.- brincou.

 

— Tem certeza que ele vai poder usar uma arma? Com essa carinha.- provocou Sara, os fazendo rir.

 

— Você vai se acostumar com as brincadeiras logo.- sorriu Caitlin.

 

— E vai precisar ter muita paciência.- falou John.

 

— Muita mesmo, principalmente na hora dos treinos.- riu Laurel

 

— Eu imagino.- sorriu de canto, olhando para Felicity.- Vai pegar tão pesado assim comigo?

 

— Na realidade não sou eu quem vai avaliar você.- Roy franziu as sobrancelhas.

 

— Você não é a chefe?

 

— Somos dois.- respondeu Oliver, notando de maneira divertida seu espanto.- Oliver Queen.- o estendeu a mão.- Seu segundo chefe que irá avaliar você.

 

— Você.- repetiu ainda atônito.

 

— Relaxa, no máximo terminará com um soco no nariz.- sorriu sarcástico. Roy engoliu em seco.

— Eu estou muito ferrado, não é?

 

— Você não tem ideia. 


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Notas finais do capítulo

tandamdamdammmm kkkk. Ao que parece, nosso Roy deveria ter pensado melhor em dar um soco no Ollie, hein? Como disse, nosso passado está se encaminhando para a reta final, então no próximo capítulo( vou deixar uma spoiler rs) descobriremos quem é essa T e o que exatamente ela quer com a nossa agente favorita.
Recomendem e comentem as partes que mais gostaram da leitura. Beijos e até a próxima atualização pessoal ♥



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