Sweet and bitter love escrita por Ka Howiks


Capítulo 15
O que acontece na Rússia, fica na Rússia


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Como estão? Fiquei super contente com os comentários recebidos e pelo carinho, espero que tenham passado as festas de final de ano bem❤️.
Sobre o capítulo: Bom... Rússia é sempre um lugar complicado pro nosso Ollie, não é? E para a alegria de todos, teremos alguns momentos Olicity mais um descobrimento bem no comecinho kkk, vou parar de falar.
Beijos e boa leitura ❤️



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Star City 2015 

 

 Felicity já havia voltado do recesso de final de ano. Sua mãe se preparava para voltar a amada Vegas, mas antes disso acontecer, estava conseguindo deixar a filha vermelha mais vezes do que poderia contar. A relação dela e Quentin estava bem próxima, ambos conversavam muito, ele mesmo se ofereceu a levá-la ao aeroporto, o que ocasionou em um verdadeiro alvoroço nas irmãs Lance e Felicity,  que provocavam Quentin o quanto podiam.

 

   - Vamos ganhar mais dois membros na família pai?- perguntou Sara na semana em que Donna iria embora.

 

   - Como assim querida?- perguntou a Smoak mais velha.

 

   - Nada, Sara tem a constante mania de falar demais.- respondeu Quentin a lançando um olhar de repreensão, Felicity prendeu o riso.

 

   - Isso é um fato.- concordou Caitlin que jantava no apartamento de Oliver e Felicity, ambos decidiram fazer uma pequena reunião de despedida a Donna, que partiria pela manhã do dia seguinte.

 

   - Não enche!- retrucou.- Pelo menos não fui eu que saí com o Merlyn.

 

   - Foi um encontro! Se pode chamar aquilo de encontro.- bufou mexendo em seu macarrão.- E eu só fui porque vocês me torraram a paciência!

 

   - Eu apenas sugeri.- falou Oliver se justificando.- Mas ele realmente ficou decepcionado com o que ocorreu Caitlin, Tommy é um verdadeiro idiota, mas até ele sabe onde ir, e aquilo não estava em seus planos.

 

  - Oliver, não o defenda, ou a minha ira será transferida para você.- brincou os fazendo rir.

 

   - Não está mais aqui quem falou.- disse erguendo os braços em sinal de redenção.

 

    - Tommy é um menino bom, e na minha humilde opinião, vocês dois formariam um lindo casal.- comentou Donna sorrindo animadamente.- E convenhamos não é, aquele ali tem um corpo...

 

   - Mãe!- repreendeu Felicity vermelha.

 

   - O quê bebê?- perguntou divertida.

 

    - Vamos sentir sua falta Donna.- sorriu Oliver achando graça da reação da esposa.

 

   - Eu também vou sentir a falta de todos vocês, são minha família aqui, e agradeço muito por serem pessoas tão incríveis para a minha bebê.- comentou fazendo todos sorrirem mutuamente.

 

   - Por que não se muda pra cá Donna?- perguntou Laurel.- Sabe que a acolheríamos muito bem.

 

   - Eu sei querida, mas eu amo aquele lugar.- sorriu nostálgica.- Um dia, quem sabe.

 

   - Ficaríamos muito contentes com sua mudança.- sorriu Quentin trocando um olhar demorado com a Smoak mais velha.

 

  Os cinco convidados se entreolharam em silêncio, Felicity se levantou com Oliver segurando o riso, levando alguns utensílios, enquanto as meninas recolhiam o restante, deixando-os em sua bolha. 

  Infelizmente o horário do jantar se passou rapidamente.Caitlin, Sara e Laurel se despediram de Donna, todas estavam com olhos vermelhos, Felicity ficava extremamente feliz em saber o quão sua mãe era querida. Quentin também a abraçou fortemente, lembrando mais uma vez que iria levá-la no dia seguinte. O apartamento ficou quieto, os únicos barulhos audíveis eram de Oliver que juntava os pratos na pia. Donna apareceu, se encostou em um dos armários ao seu lado e o observou, atenta, como se pensasse sozinha.

 

   - Felicity foi atender um telefonema, parece que alguma coisa aconteceu.- explicou com uma ruga entre suas sobrancelhas.- Deixa que eu te ajudo querido.

 

    - Não precisa...

 

   - Não seja bobo.- o interrompeu pegando um pano.- Ela anda um pouco estressada, não é?

 

   - Algumas coisas aconteceram.- respondeu Oliver enquanto enxaguava uns pratos.- O trabalho dela não é fácil.

 

   - Eu sei, e isso me preocupa tanto.- suspirou abrindo a gaveta, guardando os talheres.- Nunca entendi muito bem essa decisão dela, sabe? Na infância Felicity sempre foi uma criança muito inquieta, com perguntas que na maioria das vezes eu não sabia como responder.- comentou fazendo Oliver parar e encara-la com um sorriso de canto.- Ela sempre estava lá, fazendo coisas, amava jogos de adivinhações e de ajudar as pessoas do nosso bairro. Acho que foi daí que veio tudo isso.

 

   - Felicity é uma pessoa extraordinária.- comentou Oliver.- Sei que se preocupa Donna, e eu entendo, mas ela salva muitas pessoas.

 

   - Meu bebê é realmente extraordinário.- brincou os fazendo soltar um riso baixo.- Lembro de quando a vi montar seu primeiro computador sozinha, estava tão feliz.- de repente um sorriso triste tomou lugar em seus lábios.- Noah a entendia como ninguém.

 

   - Ela não me fala muito dele.- disse Oliver cauteloso, sabia como aquele assunto era difícil para a esposa, e por via das dúvidas não queria chatear Donna.

 

   - Eles são muito parecidos, Felicity tem seu talento, tinham suas conversas próprias que eu nunca entendia.- sorriu quando uma lágrima escorreu em sua bochecha.- Oliver, eu tenho tanto a agradecer a você.- falou o surpreendo.- Por fazê-la tão feliz, por apoiá-la, entendê-la.- falou se aproximando.- Ela nunca esteve mais feliz. Obrigada por ser quem você é com ela, eu sou uma mulher que já teve o coração partido, mas sinto que você não fará isso com ela.

 

  

   O abraço quente de Donna o congelou. Tentou se recompor e retribuiu, de forma desengonçada. Ouvir suas palavras, e entender o quão bom Donna o achava o fazia se sentir patético.

 

   Ele gostaria de ser aquilo.

 

   Mas não era.

 

   Ela o considerava um filho, sempre ajudava Oliver com diversas coisas, e o loiro de certa forma havia pegado um carinho enorme por ela. Sua frase seguinte o quebrou por inteiro.

 

   - Prometa que vai cuidar da minha menina quando eu não estiver aqui.- murmurou com a voz embargada, se afastou para encará-lo.- Ela sabe se defender, mas precisa de você, me prometa.

 

   Seu olhar penetrante o deixou sem palavras. Dizem que os olhos são os espelhos da alma, por isso muitas pessoas têm tanto medo de observá-los, há muita profundidade neles.

 

   Seriedade.

 

   Veracidade.

 

   Nada do que ela pedirá Oliver tinha.

 

  Tentou se apegar ao fato de que a queria bem, e que iria protegê-la, pelo tempo que estivessem juntos.

 

   - Eu prometo.- sorriu forçadamente.- Enquanto eu estiver por perto, eu prometo.

 

   ***

O dia seguinte amanheceu preguiçoso, com um céu cinza, pouco convidativo, e uma brisa gelada que soprava pelas ruas. Oliver e Felicity ajudavam Donna a descerem as malas pela escada, agradecendo quando a última finalmente foi posta em seu devido lugar.

 

   - Pra quê três malas desse tamanho mãe?- perguntou Felicity se sentando no sofá ofegante.- Não é mais fácil colocar em uma só tudo o que precisa?

 

   - Tudo o que eu preciso está nessas três malas.- sorriu dando de ombros, o interfone tocou.

 

   - Deve ser Quentin, vou pedir pra ele subir.- informou Oliver as deixando sozinhas, Felicity a fitou e notou que a mãe começava a chorar.

 

   - Sabe que se fizer isso eu vou começar também.- brincou já não conseguindo se segurar.- A mãe...

 

   - Está tudo bem querida, é que eu só... Só sinto sua falta.- falou limpando as lágrimas do rosto de Felicity.

 

   - Também sinto sua falta.- murmurou.- Muita.

 

   - Eu sei.- sorriu de canto.- Eu te conheço, e por isso sei que alguma coisa está te incomodando.

 

   - Eu... Ah, é complicado.- suspirou quando a sentiu entrelaçar suas mãos.- Sabe aquele momento em que você se sente perdida em uma coisa, se deve contar ou não como conseguiu algo?

 

   - É sobre o seu trabalho, não é?- perguntou ganhando um aceno positivo.- Bom, se não se sente confortável, diga apenas o necessário, siga seu sexto sentido filha.

 

    - Certo.- falou pensativa.

 

   - E eu quero que você e Oliver aproveitem muito aqui, ok? Agora que eu estou indo embora o apartamento vai ficar vazio.- piscou em sua direção a deixando vermelha.

 

   - Até desses seus comentários eu vou sentir falta.- falou a fazendo sorrir.- Eu te amo.

 

   - Eu também te amo bebê.

 

   ***

 Uma sensação de solidão era sentida por Felicity naquele dia quando se despediu da mãe. Ela poderia ser louca, extremamente louca, céus! Como Felicity sabia o quão insana Donna poderia ser às vezes. Sua mãe era feliz, animada, e por mais que a deixasse sem graça, às vezes ela sentia sua falta. Quando estacionou o carro em um dos prédios do FBI que trabalhava se lembrou o que vinha a atormentando nestes últimos dias.

 

   Sarab.

 

  Ou Maseo Yamashiro.

 

  Felicity procurou informações sobre esse homem, e quando soube que o mesmo vinhera há pouco tempo de Hong Kong seu coração se sobressaltou. Não havia muitas informações, porém o bastante para o fazê-lo se tornar um suspeito.

 

   Ele era o suspeito.

 

  Mas quem a deu uma informação tão valiosa sem querer nada em troca?

 

   Assim que passou seu cartão de acesso e foi autorizada, prosseguiu diretamente até a sala de Watson, que já estava a esperando. Deu dois toques na porta quando a abriu, se certificando de fechá-la logo em seguida.

 

    - Como foram as festas?- perguntou Watson sorridente, indicando que sentasse.

 

   - Foram ótimas.- sorriu Felicity quando suspirou.- Watson... Eu recebi uma coisa.- mudou o rumo da conversa para algo mais sério, sua chefe arrumou a postura na cadeira e fez sinal para que prosseguisse.- Eu não sei como, mas descobri recentemente quem era essa pessoa que os informantes escutaram falar.- disse abrindo seu notebook para mostrar a foto do homem de cabelos longos.- Acredito fortemente que quem procuramos seja Maseo Yamashiro, Sarab deveria ser um alter ego para esconder sua identidade, alter ego dado pela máfia chinesa, pelos membros do alto escalão de Hong Kong.- informou, Watson observava tudo atenta, estudando suas palavras.

 

    - Como conseguiu isso?- perguntou direta, Felicity entreabriu a boca.- Isso não vai sair daqui Felicity, e nem deve.

 

   - Eu recebi por e-mail.- suspirou.- Não sei porque me escolheram, mas estava lá. Eu chequei as informações, elas batem, é ele.

 

   Watson ficou em silêncio por um breve momento. Seu olhar era vago, uma hora ou outra voltava a encarar a foto e logo em seguida se focalizava em Felicity.

 

   - Você viu a ficha dele, não é?- perguntou de repente.

 

    - Não havia muita coisa.- respondeu notando sua postura.- Mas você já sabia disso.

 

   - Nos meses em que os deixei sem respostas a operação não ficou parada.- comentou quando Felicity cruzou os braços.- Maseo Yamashiro é protegido por alguém do governo, alguém que está interligado tanto com o alto escalão de Hong Kong, quanto com China White.

 

   - Mas quem é essa pessoa? O que ela quer?- perguntou Felicity colocando suas mãos sobre a mesa.- E quem é essa pessoa que me enviou isso? Por que mandou?

 

   - Alguém está te usando pra estragar os planos de China White, e isso é útil.- respondeu Watson.- Não pode contar dessa fonte a ninguém Felicity, entendeu? Ninguém.

 

   - Certo.- suspirou voltando a se encostar na cadeira.- E quanto ao senhor Yamashiro? O que faremos?

 

   - Vou chamar o restante da equipe, mas o que falamos aqui, permanece aqui.- advertiu, Felicity assentiu impaciente.

 

   Felicity recolheu suas coisas e as colocou em sua bolsa.Watson mandou uma mensagem a Ray, que minutos depois apareceu. Logo depois, Caitlin entrou na sala, seguidamente por Sara e Laurel.

 

    - Bom, o que aconteceu?- perguntou Sara curiosa.

 

   - Por fontes secretas.- começou enquanto Felicity continha o olhar baixo.- Recebemos informações sobre o caso White. Nossos informantes deram pistas confiáveis sobre quem seria de fato “ Sarab”, o membro tão esperado do alto escalão de Hong Kong.

 

   - E quem é ele?- perguntou Caitlin.- Isso é ótimo!

 

   - Maseo Yamashiro.- informou, os agentes se entreolharam, buscando se alguém o conhecia, porém os cenhos franzidos deram a resposta.

 

   - E o que fazemos agora?- perguntou Laurel ansiosa.- Se checarmos nas linhas da cidade algum lugar que ele marcou presença...

 

  - Na realidade, estava planejando algo mais concreto, em tempo real.- interrompeu Watson olhando para Felicity e Ray.- O projeto Archer.

 

   - Bom, precisaríamos do DNA dele.- comentou Ray trocando um olhar com Felicity.- O que é possível, já que agora sabemos quem ele é.

 

   - Poderíamos saber onde ele está, armar uma operação e pegá-lo!- falou Felicity atropelando as palavras.- Pode dar certo.

 

   - Só precisamos fazer uns últimos ajustes.- falou Ray animado.- Amanhã garantimos que já estará para uso.

 

   - Certo, façam isso.- sorriu Watson.- E lembrem-se, segredo absoluto.

 

   ***

  Oliver não entendeu bem a razão para qual foi chamado com tanta urgência. Já se encontrava sentado em uma das salas da A.R.G.U.S, observando a tonalidade azul escura das paredes. John também esperava pacientemente, assim como Tommy e Sara que estavam espalhados, conversando. A loira parecia tensa, o que deixou Oliver inquieto. Os barulhos de saltos os chamaram atenção. Waller entrou, em silêncio, fechou a persiana da janela de vidro e trancou a porta.

 

   - Muito bem, estão todos aqui.- Suspirou.

 

   - Por que não nos levou à sua sala?- perguntou Tommy confuso.

 

   - Porque eu quero descrição.- respondeu.- Estamos no meio de um impasse.

 

   - Sobre o que exatamente?- perguntou John.

 

  - O FBI tem o conhecimento de Maseo Yamashiro.- informou os deixando surpresos, Oliver olhou alarmado para Sara.

 

   - Como...

 

   - Eu não sei.- respondeu cansada.- Houve uma reunião hoje de manhã e Watson falou com todas as letras o nome dele.

 

   - O que faremos?- perguntou Tommy.- Tem certeza que não é melhor envolvê-los? Seria uma ajuda...

 

   - Qual não queremos.- respondeu rudemente.- Eu não preciso lembrá-los o quão importante essa missão é, se o FBI se envolver, perderemos tempo, e não temos tempo.

 

    - Bom, eles já sabem de Maseo, não há como reverter isso.- falou John, Waller sorriu de canto.

 

    - Na realidade, podemos evitar que o encontrem.- seu tom de voz calmo, escondendo suas intenções, fez Oliver arquear as costas.- O programa Archer é um forte perigo para essa operação.

 

   - Waller...

 

   - Ele precisa ser destruído.- continuou sem ligar para o protesto de Oliver.- E você e a agente Lance farão isso, hoje.

 

   ***

Atualmente

 

  - Tommy você precisa...

 

   - Eu sei, eu sei.- respondeu irritado.

 

   - Já está fazendo as bolinhas no meio, está na hora de virar.

 

   - Certo.

 

   Tommy respirou fundo. Foi sua ideia tentar aprender a fazer waffles, e Oliver o ensinou uma maneira mais simples, ele já havia feito todos os processos de maneira exemplar até ali, porém a parte mais difícil vinha.

 

   Virar a massa.

 

   Da última vez a vítima não teve tanta sorte.

 

  Concentrado, pegou a espátula e soltou a massa, a jogando em seguida para cima, dando uma volta.

 

   Duas voltas.

 

   Agora ela precisava cair na frigideira.

 

   Em um movimento rápido Tommy a pegou, olhou para Oliver perplexo, sua boca estava entreaberta enquanto continuava parado, segurando o cabo da panela, Oliver apenas sorria.

 

   Ele havia de fato conseguido.

 

   Ainda incerto, esperou a aprovação de Oliver. Primeiramente o loiro a colocou no prato, partiu com delicadeza e a colocou na boca. Tommy trincava os dentes, seus braços estavam cruzados e seu corpo balançava levemente para frente e para trás, deu um suspiro impaciente com a demora do amigo.

 

   - E aí?- perguntou esperançoso.- Qual é cara!

 

   - Meus parabéns.- sorriu divertido por irritá-lo.- Você fez uma digna massa de waffles Tommy.

 

   - É sério?- perguntou desconfiado.- Está me zoando, não é? Se estiver...

 

  - Hey, Hey.- o interrompeu.- Eu já disse o que achei, cabe a você aceitar o elogio.- o olhar de Tommy caiu em si mais vez.- Está bom Tommy, era isso que queria ouvir?

 

  - Eu fiz! Hahaha.- comemorou dando pulinhos, depois abraçou Oliver.- Obrigado! Obrigado! Obrigado!

 

   - Não tem de quê.- respondeu divertido quando o mesmo se afastou.- Como se sente?

 

   - Bem, é estranho.- confessou coçando a cabeça, passos da escada o fizeram arregalar os olhos.- Pra debaixo da mesa.

 

   - O quê?

 

   - Debaixo da mesa.- falou o empurrando.- Vai!

 

   Oliver se enfiou entre as cadeiras e se encostou na parede. Com sua baixa visibilidade, notou que a pessoa que descia as escadas era mulher. Tommy se remexeu inquieto, fingia comer com um garfo a massa preparada quando Caitlin apareceu, lançando um sorriso preguiçoso.

 

   - O que diabos você está fazendo no meio da cozinha às 3 da manhã?

 

   - Fome.- sorriu de canto.- Quer?

 

   - O que é isso?- perguntou curiosa quando se aproximou.

 

   - É... Uma coisa que Oliver fez.- mentiu, o loiro franziu o cenho.- Está bom?

 

   - Uma delícia.- respondeu quando pegou o prato de suas mãos, Tommy sorriu de canto.- Por que está com essa cara?

 

   - Nada.- respondeu dando de ombros, deu um passo pra trás quando a mesma se aproximou, lembrando da presença de Oliver.- E você? O que faz acordada?

 

   - Ouvi um barulho, parecia alguém bem alegre.- comentou pensativa, Tommy se xingou mentalmente.- Tanto faz, eu vou dormir. Você vai?

 

   - Já já.- sorriu de forma nervosa, se ela soubesse que Oliver estava bem ali...

 

   - Certo, boa noite então.- murmurou quando fez o que o moreno mais temia.

 

   O mesmo suspirou irritado quando sentiu seu corpo reagir a mulher à frente, se sentindo impotente a qualquer que fosse a forma de os manter afastados. Levou sua mão até a nuca de Caitlin e a impulsionou ainda mais para si, tocando sua língua.

 

   - Nossa...- murmurou ainda em transe.- Caitlin Snow, como você consegue me deixar sem fôlego?- perguntou a fazendo sorrir de canto.- Boa noite.

 

   - Boa noite.

 

  A assistiu sair em silêncio, um sorriso brincava em seus lábios, porém o barulho das cadeiras se movendo o lembraram mais uma vez na enorme encrenca que havia se envolvido. Oliver se pôs de pé, arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços, esperando que falasse.

 

   Tommy não falou.

 

   - E então?- perguntou Oliver cansado do silêncio.- Tem alguma coisa pra dizer ou isso que eu acabei de ver, na realidade escutar.- murmurou fazendo careta.- foi uma alucinação?

 

   - Se sua alucinação sexual for ver eu e Caitlin nos beijando você precisa de tratamento.- brincou, Oliver continuou esperando, sua tentativa de sair ileso não havia funcionado.- Tá.- falou a contragosto.- Mas se você contar a alguém eu juro...

 

   - Vá direto ao ponto.- cortou Oliver.- Vocês estão ou não?

 

   - Estamos.- respondeu abandonando a postura chateada de lado, dando lugar a um rosto mais leve e iluminado.- Estamos juntos. Claro que é cedo pra falar alguma coisa, estamos caminhando devagar, sabe? Não quero estragar as coisas dessa vez.- suspirou.- Mas estamos juntos!- falou animado o dando um empurrãozinho no ombro.- Eu consegui cara!

 

   - Thomas Merlyn, seu bastardo imbecil.- brincou Oliver divertido.- Isso... Isso é incrível, cara, e explica muito o comportamento de vocês dois ultimamente.- comentou pensativo.- Quem diria.

 

  - Eu sei.- sorriu convencido.- Mas não pode contar a ninguém, ok? Ou Caitlin vai chutar as minhas bolas, ou coisa pior, aquela mulher é perigosa com raiva.

 

   - Não vou contar.- prometeu Oliver.- Mas não significa que eu não te provoque.- sorriu vitorioso, o sorriso de Tommy desmanchou.- Que notícia ótima, falam mesmo que a vingança é um prato que se come frio.- riu de forma sarcástica- Você está tão ferrado, que maravilha.- comentou colocando sua mão sobre o ombro do amigo.- Ah, boa noite Tommy. O dia de amanhã promete.

 

  - Ollie... Seja legal.- clamou quando o viu sair.- Não é só porque sou um porre com você que você precisa fazer a mesma coisa, não é?- perguntou esperançoso quando o viu sorrir.- Não é?- perguntou hesitante, Oliver deu as costas e continuou a andar.- Céus, Caitlin vai me matar.

 

   ***

  

Uma brisa gelada pairava sob a grande cidade de Nova York. Sara já se encontrava bem, havia ficado proibida de ir às missões por um mês, porém agora já estava recuperada, e sua amizade com Felicity estava caminhando bem, aos poucos. A equipe se encontrava reunida na sala de reuniões, enquanto Felicity e Oliver recebiam as informações diretamente do vice-diretor da A.R.G.U.S. John olhava o telefone, parecia chateado, porém o mesmo sempre fora muito reservado, com seus sorrisos amigáveis e conselhos sinceros, ninguém jamais imaginaria que algo estava acontecendo, foi o que pegou Felicity e Oliver de surpresa.

 

   John não estava tão bem quanto aparentava.

 

   E saber sobre essa missão o deixaria ainda mais debilitado.

 

   Retornaram à sala em silêncio, Felicity olhava para Oliver que assentiu, quanto mais rápido falassem melhor. 

 

   - Bom, nossa missão será um resgate.- começou a loira.- Uma agente da A.R.G.U.S foi a alguns meses até a Rússia, em busca de informações sobre um assassino em série.

 

   - Ela não retornou.- continuou Oliver.- Não mandou notícias, não foi vista em câmeras e nem nada, mas as agências tem certeza de que ela está viva, e que está sendo usada para passar informações.

 

   - Sendo torturada você quis dizer.- falou Sara fazendo careta.- Que horror.

 

   - Vamos encontrá-la.- assegurou Felicity, seu olhar caiu em Dig.- Precisamos falar com você.

 

   - Sobre o quê?- perguntou confuso, uma expressão preocupada surgiu em seu rosto ao notar o olhar de Oliver em si.- O que foi?

 

   - Essa missão é um pouco pessoal pra você John, então por isso precisará manter a calma e a lógica.- comentou Oliver cauteloso.- Tudo bem?

 

   - Por que estão me dizendo isso?- perguntou irritado com as invasivas.- Falem logo.

 

   - A agente desaparecida John, é Lyla.

   

   Seu rosto perdeu o tom, de repente, uma sensação de desespero o atingiu. Dig continuou quieto, olhando para o celular, lutando contra a constatação.

 

   Era por isso que Lyla não estava falando com ele.

 

   Se sentou no sofá em estado de choque, não conseguia acreditar que não havia notado alguma coisa errada com ela.

 

   Com Lyla.

 

   Sua Lyla.

 

  Só em imaginar o que ela poderia estar passando, o tempo em que estava submissa a mão de estranhos… Sua mão se fechou em punho, sentindo repulsa de si mesmo, poderiam não estarem oficialmente juntos, porém ele a amava.

 

    Deveria ter desconfiado.

 

   Deveria ter feito alguma coisa.

 

  Mas não fez, se deixou levar pelas palavras de sua última discussão, onde a agente deixou claro que não o queria.

 

  - John, não se culpe.- interviu Oliver sabendo o que o amigo pensava.

 

   - Estávamos brigados, a distância por conta desse projeto não nos ajudou.- comentou com o olhar perdido.- Jamais imaginei que ela havia sido sequestrada.

 

   - E vamos garantir que ela volte em segurança, ok?- falou Felicity se sentando ao seu lado.- Temos agentes maravilhosos aqui.

 

   - Vamos pegar esses caras.- assegurou Tommy.

 

   - E vamos trazê-la John.- sorriu Ray.- Se for preciso, eu passo 24 checando o sistema de vigilância russo para termos resposta.

 

   - Eu vou amar fazer isso.- brincou Curtis.

 

   - Não entendo muito dessas coisas, mas vou fazer o possível também.- sorriu Caitlin.

 

   - E adoraríamos quebrar a cara de alguém.- sorriu Laurel.

 

   - Essa é a parte preferida do trabalho.- brincou Sara, John a lançou um sorriso de canto.- Pra qual lugar da Rússia vamos?- perguntou a Oliver que suspirou desconfortável.

 

   - Nós vamos para Moscou.

 

   *****

 

   A capital russa se encontrava extremamente gelada quando a equipe aterrissou. Já era noite, e as rajadas de vento, tão cortantes como o frio do Alasca batiam com brutalidade em suas peles enquanto saíam do aeroporto. A Catedral de São Basílio se destacava pelas ruas iluminadas, dando um toque místico a aquele lugar que incomodava Oliver desde quando ouviu pela primeira vez seu nome. Ir novamente até lá não estava sendo nada fácil , sua mente o perturbava com as lembranças.

 

   Moscou testemunhou seus crimes mais terríveis.

 

   E de certa forma, a cada rua que passavam, era como um lembrete das coisas ruins que havia feito.

 

   John também estava preocupado, saber de Lyla havia sido um grande golpe para ele, porém a postura mais pensativa e silenciosa de Oliver, com o olhar perdido e muitas vezes tenso o lembrava do porque que também deveria conversar com ele. 

  A casa em que ficaram era um pouco afastada do centro, sua aparência por fora era medieval, e uma trepadeira tomava uma parede inteira do casarão. Ao abrirem a porta, notaram que os móveis estavam cobertos por panos brancos, há um bom tempo parado.

 

   - Essa é a casa segura da A.R.G.U.S, uma das poucas na Rússia, pouco utilizada por conta das relações entre nossos países.- informou Oliver enquanto colocavam as malas no chão.

 

   - É bem sinistra.- comentou Caitlin que observava a casa com atenção.

 

   - Vamos ver o que temos.- falou Curtis esfregando as mãos, ansioso para hackear o sistema de vigilância russo.

 

   - Tenho alguns amigos que podem nos ajudar, amanhã faremos um encontro.- respondeu Oliver, John bufou em resposta.

 

   - Amigos.- repetiu em tom sarcástico, Oliver o repreendeu com o olhar.

 

   - Que tensão.- murmurou Sara.- Bom, por onde começamos?

 

   - Precisamos que chequem todas as ruas, filmagens de segurança, reconhecimento fácil, tudo o que puderem para acharmos qualquer informações do paradeiro de Lyla, ok?- falou Felicity os fazendo assentir.

 

   - Não podemos fazer muita coisa hoje, já é tarde, então descansem.- disse Oliver, os mesmos assentiram.- Tenham uma boa noite.

 

  ***

  Oliver terminava de se arrumar quando desceu as escadas, indo em direção à cozinha. Sua noite havia sido perturbada, entre sonhos e pesadelos, alguns remetiam a lembranças quais o mesmo tentava a todo custo esquecer. Seu corpo não havia conseguido descansar de fato, quando chegou a cozinha, a procura de um café para despertar, se surpreendeu ao encontrar John, encostado na pia na cozinha, tomando calmamente um café. 

 

   - Bom dia.

 

   - Bom dia John.- sorriu de canto pegando uma xícara.- Como está?

 

   - Mais ou menos.- suspirou.- Não acredito que isso aconteceu com ela, e eu não soube de nada.

 

   - Por que não nos contou John?- perguntou cruzando os braços, Dig suspirou.

 

   - Vocês tem problemas demais, não merecem ficar gastando energia com minha relação e a de Lyla.- respondeu, Oliver balançou a cabeça negativamente.

 

   - Somos uma equipe John, e mais do que isso, você é meu irmão. Se algo o incomodar, qualquer coisa que seja, quero que me conte.- falou o fazendo assentir.- Por que brigaram?

 

   - Mal tínhamos tempo um para o outro, e Lyla estava fazendo algumas missões para Waller, quais eu não gostei, juntou tudo e bom... É isso.- suspirou chateado.- Eu preciso encontrá-la Oliver.

 

   - E nós vamos.- garantiu o lançando um olhar firme.- Vou agora terminar de pegar uns equipamentos para a reunião com o pessoal daqui.- comentou, John bufou em resposta.- Dig...

 

   - Eles não são de confiança.

 

   - É nossa aliança mais confiável aqui. Eu vou, e nem pense em vir comigo.- o interrompeu.- Seu último contato com eles não foi nada amigável.

 

   - Certo, só leve isso então.- o entregou uma arma.- Cuidado.

 

   - Vou ter, e tome conta do pessoal aqui. As informações foram limitadas, mas sei que vão descobrir mais alguma coisa.

 

   - Pode deixar.- sorriu de canto.- Boa sorte.

 

   ***

 

  Oliver caminhava tranquilamente até onde o carro estava, notou pela primeira vez que estava sem chaves, porém foi surpreendido quando o vidro do motorista abaixou, revelando a figura loira que o esperava.

 

   - Oi.- sorriu Felicity divertida quando o mesmo se aproximou, respirando resignado.- Que cara feia.

 

   - Como você...?

 

   - John.- respondeu sua pergunta.- Ao que parece, alguém quer fazer as coisas sozinho, isso não vai acontecer.

 

   - John, claro.- murmurou em tom baixo, sem esconder sua chateação, Oliver coçou a cabeça.- É melhor eu ir sozinho, pode ser perigoso.

 

   - E...?

 

   - E que você não vai.

 

  - Oliver, eu estou indo.- falou ligando o carro.- Cabe a você aceitar a carona ou não.

 

   Oliver a olhou incrédulo, o tamanho de sua teimosia era impossível para alguém tão pequeno. Se deu por vencido quando contornou o carro, se sentando no banco do passageiro.

 

   - Você consegue ser extremamente irritante.- comentou enquanto colocava o cinto, Felicity sorriu de canto.

 

   - Eu não chamaria de chatisse, mas sim de persuasão.- respondeu convencida.- E então? Me dê as coordenadas.

 

   - Centro.- informou a contragosto.- Vamos a um bar.

 

   ***

  Aos poucos os dois agentes iam entrando mais e mais no território russo. Oliver estava quieto, seus olhos fixos, com um azul ímpio a observavam mais vezes do que Felicity poderia contar. Sua voz era somente ouvida para informar por onde deveriam prosseguir, o que estava a deixando maluca, ela não entendia sua postura, desde a reunião quando o mesmo ouviu a palavra “ Rússia” sua postura havia mudado.

 

   Ele havia ficado tenso.

 

  E extremamente preocupado.

 

   A avenida por onde dirigiam estava cheia, carros e mais carros seguiam seus percursos, sem se importar com o frio cortante do lado de fora. Algumas construções modernas haviam a chamado atenção, o bairro onde se encontravam podia ser considerado nobre. Algumas ruas paralelas também eram de certa forma bonitas, as árvores eram o contraste das construções acinzentadas, lembrando o tempo soviético, escondido entre a modernidade. 

 

    - Próxima esquerda.- comentou a fazendo assentir, entrando em uma rua deserta.- Estacione aqui.

 

   Felicity parou o carro. Ao descerem, seus pelos se arrepiaram com o vento frio que atingiu sua pele, continuaram a andar em silêncio, porém um um momento, Oliver colocou sua mão sob seu ombro, a fazendo parar instantaneamente.

 

   - Preciso que me prometa uma coisa.

 

   - O quê?- perguntou confusa com sua fala.

 

    - Essas pessoas são complicadas.- comentou levemente desconfortável.- Preciso que prometa pra mim, que assim que entrarmos, você vai concordar com o que eu disser, ok?

 

   - Oliver...

 

   - Ok?- perguntou mais uma vez, Felicity assentiu a contra gosto, fazendo Oliver sorrir.- E não é que a teimosa cedeu?

 

   - Olha que eu posso mudar de ideia.- brincou caminhando ao seu lado, avistou um homem parado ao lado de uma porta.

 

   - Eu vi.- comentou ao seguir seu olhar.- Atrás de mim.

 

   Oliver endireitou sua postura, enquanto Felicity caminha praticamente escondida atrás de suas costas. O homem parado à frente cruzou os braços. Oliver o fitou, seu olhar gélido, quase congelado fizeram o homem se retrair, principalmente com a frase dita por Oliver, que Felicity  não entendeu. A porta então foi aberta, os deixando prosseguir, ao caminharem Felicity se surpreendeu com a dimensão do lugar.

 

   Havia muita coisa ilegal ali.

 

   Ao lado de uma avenida incrivelmente movimentada.

 

  Os lustres dispostos no teto escuro davam uma certa impressão de conforto. Haviam sofás de couro colocados ao fundo, com mesinhas de centro de vidro, assim como outras mesas, um pouco mais altas e circulares dispostas pelo salão. Havia uma ala privada, como Felicity pode perceber pelo uso de cortinas. O bar com uma grande estante de garrafas atrás do balcão era o destaque por conta do veludo vermelho revestido na parede. Oliver se sentou em um dos bancos, fazendo sinal para que Felicity se sentasse, seu olhar ainda vagava pelo ambiente.

 

   - Aconchegante?- perguntou Oliver.

 

   - Sim.- respondeu voltando a encará-lo, seu olhar o analisou.- O que é realmente isso aqui Oliver?

 

   - Um bar.- deu de ombros.- Restrito, mas um bar, onde pessoas fazem confraternizações.

 

   - A festa deve ser bem interessante.- indicou as pessoas que fumavam ao fundo.- E então, onde estão seus amigos?

 

   - Daqui a pouco estarão aqui.- respondeu desconfortável, olhando para o lado.- Enquanto isso continuamos aqui, fingindo ser cidadãos russos.

 

   - Um tempo pra conversar então.- sorriu de canto.- Como aprendeu a falar russo?

 

   - Um amigo me ensinou.- deu de ombros, Felicity revirou os olhos.

 

   - Continuamos nas invasivas.- reclamou.

 

   - Tudo bem, um cara de uma máfia me ensinou.- respondeu após seu comentário, Felicity o observou curiosa.

 

   - Aquelas festas que você falou, sobre mafiosos, eram aqui não é?

 

   - Você está em uma, só que em um dia calmo.- sorriu de canto, Felicity arregalou os olhos.

 

   - Mas é do lado de uma avenida famosa!

 

   - Que ninguém se importa em olhar.- deu de ombros.- E o que falariam se entrassem aqui? Eles têm documentos, e o principal, dinheiro.

 

   - É, bom ponto.- concordou.- Então, o que mafiosos fazem aqui? 

 

   - Coisas bem perversas.- comentou divertido.- Nunca esteve em um lugar assim?

 

   - É claro que já.- deu de ombros.- Infiltrada.- respondeu sua dúvida.

 

   - Quem não acreditaria em você, não é?- provocou, Felicity sorriu maliciosamente.

 

   - Não sei.- fingiu confusão, Oliver soltou um riso baixo.- Você acreditaria?

 

   - Com certeza.- respondeu honesto, seu rosto de repente se fechou.

 

   Felicity olhou para trás, havia um homem a observando, seu olhar vagada desde seus pés até se focalizarem em seu rosto, Oliver trincou o maxilar, principalmente quando o viu se levantar e parar diante Felicity.

 

   - Eto ne dlya tvoyego klyuva.- falou Oliver também se pondo de pé, parando a centímetros do homem.

 

   - Mne ona interesna, osobenno golaya.- riu, Oliver o segurou pela gola, e o fitou friamente, o homem não sorria mais.

 

   - Posmotrim, schitayet li Knyazev eto smeshnym.- murmurou Oliver em tom baixo, o homem engoliu em seco e o olhava assustado, temeroso.- Ubiraysya.

 

   Seu aperto se firmou mais uma vez em volta de seu pescoço, em um aviso claro. O soltou, o fazendo cambalear. Oliver o observou até que o mesmo finalmente saiu, suas mãos continuavam fechadas em punho.

 

   - O que foi isso?- perguntou Felicity curiosa, se pondo de pé.- O que ele falou? 

 

   - Você não vai gostar de saber.- respondeu ainda irritado com o que ouvira.

 

   - O que você falou?

 

   - Eu o convidei educadamente a se retirar.- piscou inocente, Felicity bufou em resposta, Oliver olhou o horário.- Estão atrasados.

 

   - Na verdade estamos bem aqui.

 

   A voz o fez virar o pescoço rapidamente em sua direção. Oliver trincou o maxilar, tenso, segurou na mão de Felicity, a pondo atrás de si. 

 

   - Viktor.- sorriu cordialmente.- Quanto tempo.

 

   - Oliver Queen.- sorriu divertido.- Mas que coragem em voltar aqui. Acho que entendi porque o Pakhan gosta tanto de você.

 

   - Onde ele está?- perguntou notando que a tentativa de manter a situação amigável havia passado.- Eu...

 

   - Eu interceptei a ligação, Anatoly não sabe que já está aqui, acredita que esteja em um avião.- sorriu sarcasticamente.- Temos assuntos pendentes.

 

   - Viktor... Eu não quero confusão com a irmandade.

 

  - Você não é e nunca foi um de nós.- rebateu trincando os dentes.- Peguem-o.

 

   Felicity, que escutava atenta, deu o primeiro golpe no homem que se aproximou, o jogando no chão. Oliver ficou ao seu lado, desarmando dois em suas frentes, que tentavam atirar. Os tiros fizeram algumas garrafas se espatifarem, Felicity teve seu cabelo segurado, e bateu com certa força o rosto no balcão, porém não desistiu, pegou um dos copos dispostos ali e o quebrou na cabeça de um dos capangas que a segurava, acertando seguidamente outro homem que se aproximava. Oliver realizava sua sequência de golpes com precisão, quando de repente sentiu uma forte dor de cabeça, fraquejando suas pernas. Felicity também fora atingida e caiu no chão, seus olhos se desfocavam, e sua adição estava confusa. Antes de apagar, ouviu a voz de Oliver ao longe, a chamando. Tentou com força levantar as pálpebras, mas já era tarde demais, e como um sopro, a escuridão a atingiu, e os gritos e tiros se tornaram apenas murmúrios abafados.

 

   ***

  - Já fazem horas  que eles não dão notícias.- comentou Caitlin que andava de um lado para o outro.

 

   - Não consigo localizá-los.- murmurou Curtis irritado em frente ao computador.- Por que os equipamentos e celulares não funcionam?

 

   - Porque foram destruídos.- respondeu John que arrumava sua arma, atraindo todos os olhares.- É o protocolo quando alguém é sequestrado por esse grupo.

 

   - Eles foram sequestrados?- perguntou Laurel preocupada.- Mas por quem?

 

   - Ele foi falar com eles, não foi?- perguntou Tommy entendendo a situação.- Mas que merda.

 

  - Eles quem?- insistiu Sara.

 

   - Bratva.

 

   A informação de John os fizeram soltar um murmúrio surpreso. Seus rostos estavam tensos, olhares temerosos, qualquer agente treinado já havia ouvido falar das assombrosas histórias da Bratva.

 

   A terrível máfia russa.

 

  Que funcionava tão escondida que ninguém sabia onde encontrá-la.

 

   Quase ninguém.

 

  - Isso... Nossa.- murmurou Ray perplexo.- Precisamos achá-los.

 

  - E vamos.- garantiu John pronto para sair.- Quem fez isso certamente não quer que o Pakhan saiba, precisamos avisá-lo.

 

   - O Pakhan não é a autoridade máxima dentro da Bratva?- perguntou Curtis curioso, John assentiu.- E você o conhece?

 

   - Sim, ele e Oliver são grandes amigos, vai nos ajudar.- assegurou.- Quem fez isso com os dois certamente pagará caro.

 

   ***

Uma forte dor de cabeça atingia Felicity assim que ousou abrir os olhos. Sua visão estava um pouco desfocada, e sentia cada parte de seu corpo doer. Tentou se mexer, porém fora impedida ao notar que seus braços estavam amordaçados a uma cadeira. Ergueu a cabeça com dificuldade e encontrou o olhar de Oliver, que a observava preocupado.

 

   - Você está bem?- perguntou, Felicity assentiu.

 

   - E você?

 

   - Bem.- suspirou tentando se mover.

 

   - Onde estamos?- perguntou ao olhar o que parecia ser uma espécie de galpão, com caixas e mais caixas espalhadas.

 

   - Em algum galpão industrial.- respondeu quando ouviu passos.- Merda.

 

   O eco foi ficando mais forte, revelando a presença de seis homens bem vestidos. Felicity se focalizou em um, que parecia ser Viktor, cabelos grisalhos, pele clara e que aparentemente deveria ter seus 40 anos. O mesmo sorriu ao observar Oliver, que sustentou o olhar, em desafio.

 

   - Demoraram a acordar.- comentou Viktor.- Bom, temos assuntos a tratar senhor Queen, ou eu deveria dizer Kapiushion?- perguntou de forma irônica.

 

  - Quando Anatoly te encontrar, e ele vai te encontrar.- assegurou o fazendo fechar a cara.- Você vai estar completamente ferrado.

 

   - Saber do nosso Pahkan não é sua principal preocupação agora Queen.- respondeu o analisando.- O que faz aqui?

 

   - Não é da sua conta.

 

   - Procurou nosso contato, deve ser importante.- continuou o ignorando.- Responda.

 

   - Não é da sua conta.- rebateu firmemente.

 

   Viktor se aproximou, olhou para Oliver com desprezo quando sem delongas o atingiu em cheio com o punho. Sangue escorria de seus lábios com a pancada, mas continuou firme, sem mostrar vulnerabilidade. Viktor então olhou para Felicity, sorrindo ao notar sua presença.

 

   - Talvez precise de um incentivo.

 

   - Encoste nela e será um homem morto.- rugiu em sua direção, o fazendo sorrir ainda mais ao descobrir seu ponto fraco.

 

   Felicity teve sua cabeça erguida com força, o mesmo puxava seu cabelo para trás, e com a outra mão livre acariciou seu rosto.

 

   - Seu amigo parece não saber conversar senhorita.- sorriu simpático.- Me conte o que vieram fazer.

 

   - Compras?- perguntou confusa, um tom avermelhado surgiu em sua bochecha ao levar um tapa, Oliver tentou erguer seu corpo mais uma vez, em fúria.

 

 - Eu perguntei o que vieram fazer aqui?- disse entredentes se aproximando.

 

   Felicity sorriu com sua aproximação. Aproveitou que seu cabelo havia sido solto e atingiu em cheio seu nariz com a testa. Viktor cambaleou para trás, soltando palavrões, limpou com a mão seu nariz que sangrava e a analisou, com o maxilar trancado.

 

   - Vai se arrepender.- ameaçou, a mesma continuou a olhá-lo firme.- Uma hora vocês dois irão falar, seu amigo conhece bem os protocolos da Bratva.- mencionou a organização a fazendo arquear as contas.- Na verdade até já usou alguns, não é Kapiushion?- perguntou divertido, Oliver trincou o maxilar.- Pensem bem.

 

   Seus passos foram ficando mais longes, e um barulho de uma porta sendo fechada ecoou pelo local. Um silêncio se instaurou, Felicity olhava para Oliver que continha o olhar baixo, a evitando.

 

   - Eu devia ter dito não pra você.- murmurou de repente, a chamando atenção.

 

   - Como?

 

   - Devia ter ficado com a equipe, assim só teríamos um problema.

 

   - Pra você ser sequestrado sozinho?- perguntou em tom irônico.- E quem é esse cara? Você dormiu com a noiva dele por acaso?

 

   - Por que eu faria isso?- perguntou incrédulo.

 

   - Não sei, pra ele te odiar tanto.- deu de ombros.- Tem certeza de que não dormiu com ela? Depois do episódio com o Max...

 

   - Eu não dormi com ninguém Felicity!- respondeu irritado.

 

   - Tem certeza?

 

   - Tenho.- suspirou ao se remexer.- As cordas estão apertadas.

 

   - Precisamos sair antes que eles voltem.- suspirou, uma fala de Viktor havia ficado em sua mente.- Bratva?- perguntou o fazendo congelar.

 

   - Precisamos focar em sair daqui.- se esquivou, Felicity suspirou impaciente.- Eu sei o que eles irão fazer se voltarem, então confia em mim, precisamos sair.

 

   - Como sabe o que eles irão fazer?- continuou, Oliver evitava seu olhar.- Oliver.

 

   - Eu sei porque já trabalhei com eles.

 

  Sua resposta a deixou calada. Um grunhido de dor escapou de Oliver, que se livrou das cordas e se pôs de pé, a fazendo encara-lo surpresa.

 

  - Como...

 

   - Desloquei os dedões.- respondeu afrouxando o nó de suas cordas.- Anatoly me ensinou, mas agora precisamos sair daqui.

 

   - Certo.

 

   Oliver segurou em sua mão, e ambos correram juntos. Recolheram pelo caminho duas barras de ferro para se defenderem, já que seus armamentos haviam sido retirados. O sinal da porta se abrindo os fizeram paralisar, porém ao notar a figura masculina a sua frente, sorrindo em sua direção deixou Oliver aliviado.

 

   - Vocês estão horríveis.

 

   - É bom te ver também Anatoly.- sorriu Oliver.- Ele é de confiança.- sussurrou a fazendo relaxar.- Como me achou?

 

   - Mais uma vez John Diggle salvando sua pele.- respondeu divertido.- Agora vamos, conto tudo no caminho, vocês parecem cansados.

 

   ***

  Ao contrário do que Felicity pensará, não foram levados à base onde a equipe estava. Anatoly os levou a uma das casas da Bratva espalhadas pela região, explicando como haviam sido achados, e sobre o sumiço de Lyla.

 

  - Vamos encontrá-la.- garantiu os servindo um copo de vodca.- Meus contatos estão passando informações, e a propósito, os amigos de vocês são muito engraçados.- comentou os fazendo sorrirem de canto.- Seus telefones, tiveram sorte de estarem inteiros.- Os entregou.- Um prazer conhecê-la senhorita Smoak.- sorriu de forma gentil, Oliver o lançou um olhar significativo, o fazendo sorrir ainda mais.- Gostaria de dizer que qualquer pessoa que quebre o nariz de Viktor é uma amiga.- brincou a fazendo sorrir.

 

   - Foi meu momento favorito.- deu de ombros quando virou o copo, o deixando impressionado.- Como queima.

 

  - Por isso tomamos, espanta o frio.- respondeu Oliver virando sua dose.

 

   - Essa é das minhas, hein Kapiushion?- sorriu Anatoly arqueando as sobrancelhas em direção à Oliver.- Vou os deixar um pouco sozinhos, aqui tem um kit de primeiros socorros, caso queiram. Se arrumem e me chamem, assim os levo.- falou os fazendo assentir.

 

   Anatoly saiu do quarto onde estavam, os deixando sozinhos. Oliver se sentou a beirada da cama, e um gemido de dor o escapou.

 

   - Onde dói?- perguntou Felicity preocupada se sentando ao seu lado.

 

  - Nuca, mas tudo bem.- suspirou, seu olhar se focalizou no rosto ao seu lado, e ao notar as escoriações avermelhadas uma de suas mãos se fechou em punho.- Céus, eu vou matar Viktor.

 

   - Não vai não.- rebateu.- Pelo o que Anatoly falou no caminho esse cara já vai ter problemas demais.- comentou um pouco preocupada.- Ele vai...

 

   - Eu não sei.- confessou.- Muito provável, ele traiu a Bratva, mas se serve de consolo aquele cara é um porre.- falou a fazendo sorrir de canto.

 

   - Ele te chamou de Kapiushion, não é?- perguntou o observando,

Oliver abaixou o olhar para o chão.

 

  - Capuz.- respondeu após um tempo.- Em minhas missões ilegais aqui eu usava um capuz verde e flechas para não ser reconhecido.

 

   - Por isso o apelido de Robin Hood.- murmurou finalmente entendendo as provocações de Tommy.- Tommy e sua mania de ser irritante.

 

   - Ele vai nos deixar em paz por um tempo.- sorriu vitorioso.- Deve estar se perguntando como conheço a Bratva, né?

 

   - Eu poderia dizer que não, mas estaria mentindo.- brincou, de repente tomou uma postura mais cautelosa.- Como aconteceu?

 

   Oliver fechou os olhos, tomando coragem para responder. Ele não queria que a mesma soubesse o que havia feito, vinha escondendo isso desde que pisaram em solo russo. Sua reação com certeza seria de puro horror, e sentir seu olhar de repulsa era algo que o destruiria ainda mais. Manteve sua cabeça baixa quando limpou a garganta.

 

   - A essa altura já deve saber que eu fui um membro da Bratva.- comentou em tom baixo, Felicity assentiu.- Há um tempo, eu, John e Helena viemos atrás de um político corrupto aqui, Constantine Kovar, que na época era o principal problema da Bratva.

 

   - Daí que começou a ligação então.- comentou baixinho.

 

   - Como sempre muito observadora.- sorriu de forma triste.- Anatoly nos ajudou, acabamos nos tornando amigos, quase irmãos.- suspirou.- E então eu comecei a me interessar pela Bratva, quis saber seus segredos, e me apeguei a forma como eles ajudavam a comunidade. Anatoly não me poupou os detalhes, contou desde as partes boas até as mais depravadas possíveis, mas eu não ligava mais, estava cego, cego com a minha versão de justiça.

 

   Felicity o esperou pacientemente, via sua postura defensiva, vulnerável, e até mesmo envergonhada de contar aquilo.

 

   - Eu fui entrando aos poucos, e de certa forma me perdendo. John tentava me avisar, Anatoly também, podia ser o chefe da Bratva, porém nossa relação era mais que isso, ele via que aqui não era o meu lugar, porém não adiantava. Comecei a fazer os testes, matei pessoas, torturei.- suspirou em tom desgostoso.- Dei meu voto de lealdade. Eu estava pronto.

 

   - E o que aconteceu?- sussurrou, Oliver apertou as mãos.

 

   - John me mostrou o que eu estava abrindo mão. Mas o que ele me mostrou eu não tinha mais.- uma lágrima grossa rolou por sua bochecha.- Uma família.

 

  Sua fala a deixou com o coração acelerado. Felicity entreabriu a boca, porém nada saiu, Oliver continuou.

 

   - Quando se entra pra Bratva isso não existe mais, pois a sua família é a Bratva, são seus irmãos. Eu estava prestes a entrar, só precisava ir a cerimônia, e então…Eu desisti.

 

   - Por quê?

 

   - Porque de certa forma eu ainda tinha pessoas que eu amava, e não queria esquecê-las.- respondeu, Felicity engoliu em seco.- Eu estava tão cego, e depois, como uma pessoa em estado de hibernação eu acordei, me dando conta do pesadelo que eu quase havia transformado minha vida.- apertou os lábios.- Parecia tão certo, sabe? Ajudar as pessoas através da Bratva, eu me apeguei tanto a ideia de justiça que não percebi que eu havia me tornado um monstro.- murmurou sentindo o ar de seus pulmões se esvaziarem.- Você deve estar me achando um.

 

   Relutante, o loiro ergueu a cabeça. Não encontrou o olhar de repulsa que esperava, tampouco julgamento, em seu lugar havia compaixão, empatia. Suspirou resignado.

 

  - Como consegue me olhar assim?

 

   - Você fez o que lhe pareceu certo, e como mesmo disse, justiça tem muitas versões.- respondeu.- A sua parecia plausível no momento, não tem que se envergonhar, afinal, você se arrependeu.- sorriu de canto, uma expressão preocupada surgiu em seu rosto.- Há rituais não é? Eles machucaram você?

 

   Com dificuldade, Oliver sentiu o pano grosso de seu casaco escorregar por seus braços, o colocando na cama, e botão por botão, foi desabotoando sua camisa social. Sua pele ia ficando exposta, e quando o último botão fora aberto, e a peça retirada, um suspiro surpreso escapou dos lábios de Felicity. Nunca havia as visto tão de perto, somente quando estavam treinando, porém nunca havia ligado, mas agora era diferente, ela entendia que alguma daquelas marcas ali eram importantes demais. Oliver mostrou um ponto em suas costas, que continham cinco riscos finos, quase apagados, porém insistiam em continuar gravados.Felicity arregalou os olhos ao perceber que haviam sido feitas por facas.

 

   - Meu Deus Ollie.- murmurou horrorizada quando o mesmo se virou novamente em sua direção, seu olhar estava gélido, perdido, os fechou ao sentir a mão quente de Felicity em seu peito.

 

  A loira não sabia o que estava fazendo, porém ansiava por tocá-lo. Oliver parecia tão vulnerável, havia passado por tanta coisa horrível. Hesitou por um segundo, quando o sentiu segurar em seu pulso,  impulsionando suas mãos a deslizarem entre seus músculos expostos. Oliver suspirou quando a sentiu se aproximar, e então, como um fio quase sendo rompido, a razão o tomou outra vez, o fazendo abrir os olhos.

 

   - Felicity... É melhor pararmos por aqui, vou acabar fazendo besteira.- murmurou a fitando intensamente.

 

   - Que tipo de besteira?- sussurrou presa em seu olhar.

 

   - Uma que eu tenho certeza que você irá se arrepender.- sorriu amargo.

 

Seu aviso aparentava não ter surtido efeito, pois Felicity não havia se movido centímetro algum.

Continuava a fita-lá intensamente.

Mesmo sendo um agente treinado, com anos e anos de experiência, entender por mera impressão que fosse, o que se passava por trás daqueles olhos azuis era o maior dos mistérios que havia encontrado. Levantou sua mão e acariciou sua bochecha, suspirando ao sentir sua respiração quente bater em sua pele ao encostarem suas testas.

 

   - Por que temos que ser tão complicados, Lis?- sussurrou contornando com o nariz seu queixo, seguidamente o deslizando até a curvatura de seu pescoço.

 

   - Eu não faço ideia.- respondeu de olhos fechados, sentindo os arrepios que seu toque causavam em seu corpo.

 

    Felicity prendia a respiração, e por mais que seus instintos dissessem “fuja” ela estava os ignorando completamente, principalmente ao sentir os lábios quentes de Oliver morderem levemente sua pele, a fazendo suspirar. O mesmo se afastou alguns centímetros, a observando, Felicity sentia seu corpo inteiro ferver, o que era um fato interessante já que literalmente nevava lá fora.

 

  Céus, Oliver conseguia a deixar assim sem nem tirar sua roupa.

 

   Aquele homem era completamente sua perdição.

 

  O sentiu passar seu braço em torno de sua cintura, a trazendo para perto de si. Felicity levantou o quadril, o ajudando a colocá-la sentada em seu colo, suas    pernas o contornaram, os deixando colados, e um arrepio percorreu seu corpo ao senti-lo retirar seu sobretudo. O pano grosso escorregou com brusquidão por seus braços, já que continuar o usando estava a deixando sufocada. Oliver havia a ajudado, porém a observou novamente, sorrindo de canto com a forma que a loira havia se livrado da peça.

 

   Aquela mulher o deixava louco.

 

   Inteiramente louco.

 

   E ela apenas precisou o tocar.

 

 Feliciy voltou a observá-lo, seu corpo estava agitado e seu batimento cardíaco descompassado.  Não sabiam exatamente o que fazer, ou se de fato deveriam fazer alguma coisa, porém ao cruzarem seus olhares, carregados, cheios de desejo e nostalgia, o que deveria ser certo não soava tão correto assim. Oliver a fitava intensamente e mesmo nervoso, sentindo seu corpo trêmulo, tratou de deixar todas as aflições para fora daquele quarto, se focalizando no olhar da mulher a sua frente, que mordia levemente o lábio inferior. Sorriu ao notar o traço familiar, e tomando mais coragem, aterrou seu rosto ao redor de seu pescoço, a sentindo puxa-lo cada vez mais para si. Felicity remexeu levemente seu quadril, fazendo Oliver apertar sua cintura, aumentando a fricção entre suas roupas.

 

   - Felicity...- sussurrou mordendo seu lóbulo, notou que suas costas se arquearam com o toque.- Você acaba comigo desse jeito.

 

   Seus rostos novamente se encostaram, ofegantes. Felicity acariciou sua barba, como sempre gostou de fazer. Em um impulso, o guiou em sua direção, sentindo finalmente o toque de seus lábios, e ao provar o gosto novamente, tanto tempo em abstinência, sensações que haviam sido guardadas a sete chaves voltavam a florescer. Oliver a apertou mais forte, seu beijo era voraz, completamente entregue, mostrando o quão perdido e desesperado sua mente se encontrava. Felicity não se encontrava em uma situação diferente, seu cheiro, que a mesma havia inspirado tantas e tantas vezes estava a deixando atordoada, principalmente ao sentir suas mãos a apertando...

 

    Descendo…

 

    Subindo…

 

     Um murmúrio inaudível escapou de seus lábios ao sentir o aperto na parte interna de sua coxa. As mãos de Oliver invadiram a barra de sua camisa, e ao levantar os braços para a retirar, se livrando da peça que a impedia de senti-lo mais profundamente, um toque sonoro os despertou. Oliver ignorou, voltou a deslizar seus lábios na curvatura de seu pescoço, porém o toque estridente do aparelho o fez suspirar irritado.

 

   - Pode ser importante.- murmurou Felicity com a voz falhada, rendida às sensações que percorriam seu corpo.- Oliver...

 

   O mesmo se afastou alguns centímetros, gravando a imagem da mulher com o rosto vermelho e cabelos bagunçados à sua frente. Contornou sua cintura com o braço, a impedindo que saísse, e com a outra mão, retirou o aparelho de seu bolso traseiro.

 

  “- Curtis?- perguntou limpando a garganta, tentando estabilizar sua respiração.- Sim, tivemos sorte. Eu diria que... Estamos definitivamente bem.- respondeu a deixando vermelha por notar a forma como se encontravam.- Certo, estamos indo.- respondeu sério.- Fiquem tranquilos, em menos de uma hora chegamos.”

 

  Sua deixá foi a desculpa perfeita para Felicity se levantar. A mesma recolocou seu sobretudo, o abotoando concentrada.

Oliver também se encontrava aéreo com o que havia acontecido, ou quase acontecido. Se caminhava para porta atrás de Felicity, colocando seu casaco quando em um movimento súbito a loira bloqueou a saída, fazendo seus corpos se chocarem. 

 

   - Uma coisa.- murmurou o deixando preocupado.- O que acontece na Rússia, fica na Rússia.- afirmou, um sorriso divertido surgiu em seus lábios.

 

    - Esse não é o ditado.- brincou Oliver aliviado, cruzando os braços, porém assentiu, sentindo seu olhar intimidador.- Mas eu entendi o que quis dizer garota de Vegas.- a provocou, Felicity sorriu de canto.- O que acontece na Rússia, fica na Rússia.

 

***

Felicity não ousou perguntar como Anatoly sabia exatamente onde deveriam ir, ou quando e como o carro que utilizaram para se locomover se encontrava estacionado perfeitamente em frente à casa.Anatoly conversou o caminho inteiro, rindo com Oliver que se encontrava neutro, apenas concordando, soltando um riso educado uma hora ou outra, além de o repreender com o olhar ao mencionar assuntos que Felicity entendeu serem delicados em seu tempo na Bratva. Seus olhares também se encontraram durante o percurso, se desconectando ao chamado de Anatoly, que observava tudo de maneira incrivelmente divertida. Ao destrancarem a porta, braços a envolveram, checando se estava bem.

 

   - Vocês nos mataram de susto!- berrou Caitlin a abraçando.- Como somem desse jeito?

 

   - Não foi planejado.- suspirou Oliver.- Mas estamos bem.

 

   - Imagino, um tempo sozinhos é saudável.- provocou Tommy, sentindo o olhar afiado de Oliver em si, o lembrando da informação valiosa que continha.- Pra relaxar, sabe?

 

   Felicity ficou vermelha, pela primeira vez suas provocações tinham peso.

 

   - Sua amiga derrubou três dos homens de Viktor.- falou Anatoly divertido com o fato.- Mas temos assuntos mais urgentes, o que conseguiram?

 

  - Algumas coisas, não tanto o que eu gostaria.- suspirou Curtis pesadamente.- Suas informações foram “kakoy uzhas!”

 

   - Seu sotaque é horrível.- murmurou Anatoly fazendo careta, Curtis deu de ombros.

 

   - Então, o que consegui foi isso aqui.- murmurou voltando a se concentrar.- Lyla está presa em um lugar chamado Gulag, mas não encontrei nada com esse nome por aqui.

 

   Anatoly trocou um olhar significativo com Oliver, fazendo John arquear as costas. Se Anatoly tinha conhecimento sobre aquele lugar, significava que não era bom.

 

  - Não encontrou porque é conhecido como Koshmar.- informou Anatoly.

 

   - Pesadelo em russo.- completou Oliver notando a expressão confusa da equipe.- Um lugar terrível, a milícia toma conta daquele lugar, só o pior dos piores. Difícil de entrar, porém não impossível.

 

   - Não me importa se é impossível ou não, eu não vou sair desse país sem a minha mulher.- falou John entredentes.

 

   - Deve a amar muito.- comentou Anatoly atento a sua postura.

 

   - Você não imagina o quanto.- suspirou.

 

   - Vamos trazer Lyla de volta.- assegurou Felicity o passando confiança.- Como entramos?

 

   - É uma prisão.- informou Curtis lendo as informações.

 

   - A maneira mais rápida e fácil de entrar em uma prisão é sendo um prisioneiro.- comentou Ray.

 

   - A milícia controla aquele lugar Ray. Não vamos simplesmente nos colocar em um lugar em que não podemos sair.- contrapôs Laurel.

 

   - Eu posso tentar.- sugeriu Sara ganhando um “não” uníssono.

 

   - Você pode estar recuperada, mas não pronta para se colocar em risco.- contrapôs Caitlin a fazendo fechar a cara.

 

   - Eu tenho homens lá dentro.- disse Anatoly.- Se entrarem e saírem no tempo estimado, pode dar certo. Mas Gulag é imprevisível.

 

   - É um risco que estamos dispostos a correr.- garantiu Oliver.- Bom, eu entro...

 

   - Não, eu vou.- rebateu John firme.- Vocês já se meteram em confusões demais, eu preciso fazer isso.

 

   - Posso dar a sua imagem então?- perguntou Anatoly recebendo um aceno positivo.- Certo, a maneira mais fácil de entrar em Gulag é portando drogas, peço um lote e você está dentro.

 

   - E quanto a nós?- perguntou Sara.- O que faremos?

 

   - Estudamos a planta, e com cautela, nos infiltramos na segurança.- falou Oliver.- Precisamos facilitar nossa entrada e saída.

 

   - Curtis, o sistema  vigilância precisa ser desligado.- continuou Felicity se virando para Anatoly.- Quanto tempo temos?

 

   - No máximo quarenta minutos.- respondeu.- Na realidade trinta, se contarmos com os contratempos.

 

   - Pode garantir que John seja colocado no mesmo corredor que Lyla?- perguntou Felicity a Anatoly.

 

   - Não garanto.- falou honesto.- Mas posso tentar. Se quiserem que isso dê certo, o senhor Diggle precisa ser enjaulado imediatamente.

 

   - Tem certeza disso Dig?- perguntou Oliver ganhando um aceno positivo.- Então faça Anatoly.- pediu ao amigo que assentiu, pegando seu telefone.- Vamos invadir Gulag.

   *****

  A maneira eficaz que Anatoly conseguiu as drogas deixou alguns membros da equipe desconfortáveis. Sim, eles estavam preste a fazer algo ilegal ao ver do governo, porém não, não se sentiam confortáveis em compactuar com a máfia Rússia, tampou empacotar quilos e quilos de heroína na bolsa em que John iria carregar. Ao terminarem, Dig continha uma expressão decidida. Anatoly o deixou no lugar estratégico, onde haviam câmeras para a equipe acompanhar a distância. Após o tempo estimado, policiais fardados faziam ronda na região, um( pelo o que assegurou Anatoly) era de sua confiança, sabia exatamente o que deveria ser feito. Abordaram John que levantou os braços, os entregando a bolsa que logo se revelaria cheia de conteúdos ilícitos.

 

   - Aposto que Anatoly prometeu dividir parte da heroína com esse cara.- murmurou Laurel que assistia a cena assim como os demais.

 

    - Deve ser nada pra eles.- supôs Tommy também concentrado, fazendo careta ao assistir o soco que John levou.- Isso não foi combinado, foi?

 

   - Não, não foi.- respondeu Oliver em tom baixo, sem transparecer seu nervosismo.

 

   - Precisavam transparecer realidade, por isso o machucaram.- comentou Felicity de braços cruzados.

 

   - Pode ser.

 

  John foi posto dentro do carro, e por mera impressão que fosse, Oliver sentiu o homem de Anatoly olhar para a câmera e fazer um sinal positivo discreto. Suspirou.

 

   A primeira parte do plano havia sido completada.

 

  Agora faltava a principal.

 

  Ray e Curtis se encarregaram de descobrir tudo sobre Gulag que facilitaria na entrada. Haviam conseguido plantas inacabadas, que juntadas as de Anatoly, os deram uma noção de espaço. Já sabiam como e quando desligar a rede de segurança, porém a saída era algo que os preocupava. Teriam mais tempo na entrada do que na hora da partida, o que era preocupante, se fossem pegos ali sofreriam consequências, todos eles.

 

   Era um preço alto.

 

   Que estavam dispostos a pagar.

 

  Anatoly dispusera homens na entrada e na saída, porém o que acontecesse lá dentro era pura responsabilidade deles. Ir andando não era um caminho viável, então riscaram essa opção da lista. Havia algo no entanto que se mostrou um verdadeiro triunfo, as saídas, se cortassem o piso da cela em que Lyla estava chegariam na rede de esgoto.

 

   Uma saída sem chamar atenção.

 

   Exatamente como queriam.

 

   Estudaram as plantas com mais precisão. Curtis ficaria encarregado de desligar o sistema por trinta minutos, Sara e Anatoly esperariam no carro em uma distância segura, Tommy e Caitlin os esperariam nos túneis, e Ray e Laurel ajudariam Oliver e Felicity a pularem o muro, cortando a rede elétrica.

 Caitlin e Tommy haviam sido os primeiros a partirem, seguindo as instruções de Anatoly, preparariam o túnel para saírem o mais rapidamente possível. Equipamentos para o corte do piso já se encontravam nas bolsas de costa quais Oliver e Felicity usariam. Sara já aguardava com Curtis e Anatoly em suas posições, restava agora a parte da entrada. Com facilidade, Ray cortou os fios ligados à cerca, suspirando ao encontrar o trio que o aguardava.

 

   - Prontinho.- falou se encostando no muro, ajustando sua touca.- Só eu que estou me sentindo um pouco gangster?

 

— Muito gangster.- brincou Laurel sorrindo de canto, suas expressões mudaram para preocupação ao observar o equipamento instalado.

 

   - Vamos ficar bem.- sorriu Felicity notando sua postura.

 

   - Vão mesmo, se não vou matar vocês dois.- argumentou fazendo Oliver sorrir de canto.

 

   - Não ousaria me opor a terrível Laurel Lance.- falou a fazendo sorrir.- Vamos ficar bem, prometo.

 

   - Tomem cuidado.- falou Ray colocando a mão em seu ombro, seu olhar caiu em Felicity rapidamente, fazendo Oliver entender seu ponto. Com um sorriso discreto o mesmo concordou em atender seu pedido discreto, cuidaria dela.- Nos vemos em 40 minutos.

 

   Felicity os deu um abraço. Amarrou as cordas em sua cintura, fazendo o mesmo movimento que Oliver fazia. O mesmo passou o braço em torno de sua cintura, a apertando em seu corpo, a loira parecia tensa, nervosa, Oliver a olhou curioso, até notar algo que havia esquecido.

 

   A altura do muro.

 

   Ela tinha medo de altura.

 

   Um sorriso brincalhão se formou em seus lábios. Os aproximou até o ouvido de Felicity, notando seu corpo fazer um movimento inquieto com o toque.

 

   - Esqueci que seu ponto fraco era altura.- zombou, Felicity o apertou mais forte.

 

   - Eu te mandaria ao inferno, mas preciso que fique aqui.- respondeu de olhos fechados, agarrada a Oliver.

 

   - Qual é Lis, não me diga que a mulher que lutou com o Bratva tem medo de alguns metros.- comentou, a mesma abriu os olhos e os observou divertida.- Você acabou com eles.

 

   - É.- sorriu convencida, um impacto a fez despertar, a corda havia parado os deixando em cima do muro.

 

   Engoliu em seco ao notar a altura, era enorme! Tentou se recompor, porém foi surpreendida ao sentir os braços de Oliver a agarrarem mais uma vez, a fitando intensamente.

 

   - Segura firme em mim.- pediu, a mesma apertou seus braços em volta do corpo do loiro.- Só pra deixar claro, seu beijo continua maravilhoso Smoak.

 

   - Oliver!- falou seu nome vermelha.- Combinamos em não falar sobre isso, esqueceu?

 

   - Tecnicamente ainda estamos na Rússia, não quebrei nenhuma regra.- sorriu.- Não é?

 

   - Tecnicamente não.- respondeu a contragosto.

 

   - Bom em saber que meu plano não quebrou nenhuma regra.- respondeu de repente, a deixando curiosa.- Abra os olhos.-murmurou ao pé de seu ouvido, a fazendo estremecer.- Já estamos no chão.

 

   Felicity abriu os olhos, notando que a parte mais assustadora havia passado. Olhou para a altura do muro, depois para o chão, e repetiu o movimento diversas vezes. Ele queria distraí-la.

 

   Filho da mãe.

 

  - De nada.- respondeu a sua dúvida clara, soltando as cordas de seus quadris que foram puxadas imediatamente.- Mas isso não invalida o que eu disse.- continuou sentindo seu olhar.- Seu beijo continua maravilhoso.- respondeu a fazendo sorrir de canto, o mesmo a acompanhou.

 

  - Você também Queen.- murmurou pegando a bolsa, Oliver paralisou, chocado.- O quê?

 

   - Você...?-  perguntou sem conseguir completar o pensamento, as palavras fugiam de sua boca.

 

   - Você continua com um beijo maravilhoso.- respondeu séria.- E não me peça para repetir, isso não vai acontecer.- continuou ao vê-lo entreabrir a boca.- Vamos?

 

    - Vamos.

 

   *****

 

John esperava impacientemente o momento certo em sua cama. Guardas e mais guardas transitavam de um lado para o outro. Um barulho de uma descarga o fez ficar em alerta, era o sinal que a equipe estava ali.

 

   Chegou o momento.

 

   Um guarda abriu sua cela, fazendo sinal para que saísse. O acompanhou rapidamente até a cela de Lyla, pagando pouco tempo antes,o entregando a chave.

 

   - 40 minutos.- informou com um sotaque arrastado.- Sejam rápidos.

 

  John assentiu, caminhou com passos pesados, engoliu em seco ao notar o estado da mulher sentada no chão.

  Lyla estava horrível, seu cabelo se encontrava sujo, hematomas cobriam sua pele pálida, tão pálida que o mesmo juraria que estava prestes a desmaiar. O barulho de sua cela sendo aberta a despertou, a mesma arregalou os olhos ao notá-lo ali, parado em sua frente.

 

   - Johnny.- sorriu fracamente quando o mesmo se abaixou no chão e a abraçou.- Mas o que...

 

   - Achou mesmo que iria fugir de mim?- perguntou acariciando seu rosto com a ponta dos dedos.

 

   - Jamais amor, jamais.- sorriu ao sentir o toque breve de seus lábios.- Me desculpe, eu estava tão nervosa na nossa última ligação...

 

   - Hey, conversamos sobre isso fora daqui, ok?- falou a fazendo assentir, um olhar preocupado tomou conta de seu rosto.- A equipe, eles estão aqui.

 

   - Fizeram tudo isso por mim?- perguntou com os olhos lacrimejados, John assentiu, beijando sua testa.- E se forem pegos? Pode ser perigoso.

 

   - Deixei bem claro que não saio desse país sem você.- afirmou a ajudando a levantar.- E eu não vou.

 

   Lyla sorriu com sua declaração, segurou com ambas as mãos seu rosto, levantando um pouco os pés na altura necessária até seus lábios. O mesmo a abraçou, suspirando aliviado por finalmente tê-la tão perto. Um arranhar de gargantas os fizeram se separarem, encontrando os olhares de Felicity e Oliver.

 

   - Desculpa atrapalhar o casal, porém temos um piso pra cerrar.- falou Felicity entrando e fechando a cela.- Oi...

 

   - Felicity!- ergueu a voz a abraçando.- Quanto tempo! Você está ótima, mas aparentemente se envolveu em uma briga.

 

   - Bratva.- respondeu Oliver retirando o equipamento.

 

   - Uau.- murmurou Lyla surpresa.- E você, hein Queen? 

 

   - Oi Lyla.- sorriu se levantando a dando um abraço.

 

   - Vocês dois juntos, mas que coisa, não?- os provocou, John apertou sua mão em sinal de advertência.

 

   - Pois é.- murmurou Felicity.- A vida e suas voltas, não é?

 

  - Muitas voltas.- concordou Oliver agachado no chão.- Maçarico.

 

   - Tem certeza de que isso vai dar certo?- perguntou Lyla receosa.

 

   - Caitlin e Tommy estão no subsolo, fizeram a maior parte do trabalho por nós.- Felicity sorriu de canto com o buraco feito no chão.- Certo, John, desce primeiro e em seguida Lyla, sejam rápidos, temos 25 minutos.

 

   John obedeceu sua ordem. Logo em seguida Lyla foi ajudada, já que não conseguia sustentar muito bem seu corpo. Felicity desceu e Oliver a seguiu, puxando suas bolsas.

  O cheiro não era um dos melhores no andar abaixo. Seguiram a trilha que Caitlin e Tommy haviam feito, os dando noção de espaço por onde deveriam seguir. Em um momento tiveram que pisar na água, o que acarretou em um arrepio por conta do frio cortante, seus passos eram ágeis, no final da trilha encontraram Caitlin e Tommy, que os esperavam encostados na parede escura.

 

   - Finalmente.- falou Caitlin preocupada, indicando que continuassem.- 15 minutos até a segurança voltar à ativa, precisamos estar longe daqui. E a propósito, oi Lyla.- sorriu a abraçando rapidamente, notou seu tom de pele.- É melhor carregá-la Dig, Lyla não está nas melhores condições.- aconselhou, o amigo prontamente atendeu seu pedido.

 

   - Não ouse discordar.- interrompeu Lyla que protestava.- Caitlin quase virou médica, está recebendo ordens de uma doutora.

 

   -  Menos John.- falou envergonhada.

 

   - Está sendo bem aconselhada Lyla, Caitlin é a melhor doutora que poderia atendê-la.- comentou Tommy sorrindo orgulhoso.- Desculpe não cumprimenta-lá, estamos atrasados.

 

   - Tudo bem.- sorriu de canto.- Você está ótimo, parece feliz, namorada?

 

   - Alguma coisa assim.- respondeu trocando um leve olhar com Caitlin.

 

  - Ela é tão misteriosa que nunca a vimos.- zombou John.- Me parece mentira.

 

    - Cuide de sua vida.- rebateu o moreno divertido.

 

   “- 10 minutos pessoal, acelerem o passo!- falou Curtis.”

 

   “- Indo.- respondeu Oliver.- Falta muito?

 

   - Não.- respondeu Caitlin.- Ali, vamos.

 

   A saída do esgoto acabava em um rio. A mudança de ambiente os fizeram molhar as roupas até metade das pernas. Ao olharem para trás, ainda conseguiam ver o muro de Gulag, e pelos gritos e aumento das luzes, já haviam se dado conta que a segurança havia sido quebrada.

 

   Aumentaram o passo.

 

  A van de luzes apagadas logo ficou visível. Laurel e Ray abriram as portas, os puxando para entrarem. Sara deu partida no carro, e seguindo as instruções de Anatoly, prosseguiu pela via oposta à que usaram. Um casaco quente foi posto em Lyla para diminuir seu frio, e no banco, deitada em John, a mesma agradeceu pelo resgate.

 

   - Obrigada.- agradeceu a equipe que sorriu de canto.

 

   - Qualquer coisa por alguém da família.- respondeu Oliver, John sorriu em sua direção.- Está a salvo Lyla, descanse.

   

   ***

 

  Médicos a mando de Anatoly cuidaram de Lyla na casa, sob a supervisão de Caitlin. O assunto de Gulag apareceu nos jornais, deixando bem claro o quão irritados a milícia havia ficado. Oliver perguntou a Anatoly se aquilo o traria problemas, algo que foi negado prontamente, ninguém em sã consciência se colocaria contra a Bratva.

 

   Haviam exemplos demais sobre o resultado final de algumas pessoas quanto a isso.

 

   Oliver ajudava Anatoly a pegar alguns copos, o mesmo quis fazer uma comemoração com o feito.

 

    - Mais uma vez, muito obrigado.- agradeceu Oliver.- Te devo uma.

 

   - Sabe que isso não é verdade.- sorriu Anatoly.- Nossa relação é mais que isso, você sabe.

 

   - Eu sei.- sorriu de canto.- Obrigado, por tudo.

 

    - Um conselho de um velho irmão?- perguntou fazendo Oliver olhá-lo com atenção.- A senhorita Smoak...- pronunciou o nome o ouvindo protestar.- É ela, não é? Sua motivação para sair daqui.- Oliver confirmou, abaixando seu olhar, o riso de Anatoly o fez olhá-lo confuso.- Os anos passam e você continua terrível quando o assunto são sentimentos, principalmente quando envolvem uma mulher.- comentou o fazendo rir.

 

   - O que eu posso fazer?- perguntou dando de ombros.

 

   - Muita coisa.

 

   - Anatoly...

 

   - Oliver Queen, o homem que prefere enfrentar a máfia do que seus sentimentos sobre uma mulher.- o interrompeu.- Não pode fugir disso pra sempre.

 

   - Eu sei.- suspirou.

 

   - Nem negar o que sente.

 

   - Eu sei.- repetiu incomodado.- O que eu fiz foi horrível, e se eu tentar e não voltarmos ao normal?

 

   - E quem disse que devem voltar ao normal? Seria loucura.- argumentou pondo sua mão sobre o ombro do amigo.- Conversem sobre o que aconteceu Oliver, não para voltar ao antigo, mas sim para começar algo novo.- aconselhou o fazendo assentir, se curvou em sua direção.- E cá entre nós, que mulher, só não a cantei por nossa amizade, fique de olhos abertos, não poderá fazer sempre o que fez no bar da Bratva quando alguém a cantar, e sim, eu soube, deixou o rapaz assustado.- falou se afastando, escutando sua risada.

 

   Anatoly caminhou com as garrafas até a sala, o deixando sozinho no cômodo. Observou bem a parede branca, ainda perdido nas palavras de Anatoly.

 

   Ele realmente não podia atacar cada homem que achasse Felicity bonita.

 

    Não como fizera no bar.

 

   Voltar ao passado era impossível, uma loucura, mas o futuro... Ah, o futuro, como sempre misterioso. Se retirou da cozinha, com seus pensamentos ainda bagunçados.

 

   A relação de ambos não era normal havia muito tempo, mas será que ela estaria pronta para falar das mágoas antigas?

 

   Ele estaria pronto?

 

 Como sempre, a Rússia era seu local de reflexão.

 

  


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Notas finais do capítulo

Tensão entre nosso agentes começando a explodir kkk, confesso que tenho essa cena na minha mente um tempinho, esperando apenas o momento certo para finalmente colocá-la em ação kkk. Espero que tenham gostado, comentem e até a próxima atualização ❤️



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