Neighbours escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 1
Capítulo 1: Será?




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 Eu nunca fui muito aficionada por carros, apenas sei o básico e sobre alguns carros que chamam a atenção de qualquer um quando passam, mas os veículos estacionados em frente da casa nova que construíram na esquina oposta da minha casa são espetaculares, de cair o queixo.

Eles são um Porsche amarelo, um Volvo prateado, uma Mercedes S55 AMG preta e uma Ferrari vermelha, uma BMW vermelha conversível e até mesmo um Jeep (sujo de lama por fazer trilha pela região). Será? Eu estou sonhando. Me belisco para ver se estou mesmo acordada e sinto dor então estou mesmo desperta, acho que sim. Mas não pode ser verdade, os Cullen jamais viriam para outro país ainda mais um tropical como o Brasil. Se bem que aqui no sul não é tão quente, no entanto estamos em pleno verão agora.

Talvez seja uma família de fãs da Saga que compraram carros parecidos com os vampiros (como eles teriam tanto dinheiro?), o que já é incrível. Esse é o verdadeiro sentido da história, não é apenas um romance sobre vampiros, é a história de uma família. Fala de união.

Sem pensar saio de casa e atravesso a rua para ver os carros mais de perto, é como se fossem ímãs que me atraem com força, e vejo que as placas são ainda as mesmas dos EUA. Meu coração dispara, porém penso que deve ser apenas porque os veículos são importados já emplacados e ainda não trocaram.

Me recuso a me deixar acreditar que minha sorte tenha chegado dez anos depois do fim dos filmes,  quando a maioria das pessoas já esqueceu, contudo eu nunca esquecerei, estará sempre em minha memória, faz parte de mim. Forever and ever. Eu não quero criar expectativa e depois me decepcionar.

Mas será que Alice me viu há algum tempo (eu chamei a atenção dela?) e Esme decidiu esperar até eu ficar mais velha para poder ser sua irmã?

Enquanto eu ainda estava absorta em meus pensamentos ouço alguém falar comigo:

— Gostou querida? – fui pega de surpresa, mas a voz é tão incrível que meu corpo reage como se conhecesse desde sempre.

Penso: ‘Meu Deus devo estar sonhando!’— essa voz é exatamente como eu imaginava que seria a voz de Esme Cullen, como a de um anjo deve ser.

‘Acalme-se Carol, primeiro olhe antes de fazer qualquer coisa’, ainda incrédula me viro.

Mal posso acreditar em meus olhos quando vejo que se trata mesmo dela em carne e osso como eu sempre esperei encontrar um dia, poder sentir seu toque, sentir que ela é real. Corro em sua direção imediatamente e me jogo em seus braços:

— Esme! – olho para ela do jeito que eu sempre imaginei. Dizendo sem palavras tudo que eu sinto. Quanto eu a amo! Oh my God!

Sua pele é fria e rígida como eu imaginava, mas o contato faz com que uma energia atravesse meu corpo como calor. talvez seja puramente psicológico pois é o que eu sempre quis, senti-la viva.

Sweetie, me chamo Anne aqui – ela me repreende delicadamente.

— Ah claro, me desculpe – fico um pouco envergonhada.

— Tudo bem querida, eu sabia que você viria. Alice me disse.

— Ah.

— Vi você olhando nossos carros...

— Eu não estava fazendo nada, eu juro. Não se vê muitos carros desses por aqui - me explico para me defender.

— Eu sei, eu sei. Fique tranquila.

'Será que ela já percebeu meu jeito hipersensível e não gostou?'

— O que está acontecendo? – pede uma voz grave que vem se aproximando.

— Nossa vizinha veio nos visitar, querido! – responde Esme.

Não demora e eu identifico o dono da voz masculina:

— Carlisle! - Ele é pego de surpresa com meu abraço.

— Criança, meu nome é Carlos agora – diz enquanto recebe meu carinho.

Apesar de eu ser fisicamente mais velha do que ele, eu não me incomodo que me chame de criança. Eu sei que para ele eu sou mesmo. Carlisle tem quase quatrocentos anos e ele faz mesmo eu me sentir uma menina com cinco anos de idade.

— Está certo.

— Você realmente não se importa por sermos vampiros e nos aceita mesmo sabendo disso?

— Eu amo muito vocês dois – respondo não exatamente. Eu os escolhi como meus pais.

Caroline, you are so beautiful!— they say together.

Thank you so much— I blush and down my head shy.

— Vocês já sabem meu nome? Alice já me viu?

— Sim ela viu você há alguns anos.

— Ah, porque demoraram para vir? Eu quase perdi a esperança de encontrá-los nessa vida. Talvez depois que eu morresse – digo não de forma egoísta, mas triste.

— Não fale assim querida, não vamos deixar você nunca mais – promete Esme. E eu acredito nela.

— Agora eu sou velha demais para ser filha de vocês dois, posso ser apenas sua irmã. Mas vocês saberão como eu me sinto de verdade.

— Sinto muito, mas você sabe que não podíamos sair de Forks antes.

— Eu sei. Desculpe se estou sendo egoísta.

— Não está, está tudo bem sentir o que você sente sweetie— ela é a primeira pessoa que valida meus sentimentos, meus pais sempre desrespeitavam minhas emoções. Eu nem sequer tinha o direito de sentir o que sentia, mas era impossível não sentir o que eles faziam comigo.

— Você sempre será uma criança para nós – diz Carlisle.

É verdade, eu nunca serei mais velha do que eles de certa forma. Eles sempre terão séculos a mais do que eu. Devo me contentar com isso.

— Eu sei porque não podiam vir, mas se tivessem vindo me buscar antes eu iria para os EUA com vocês.

— Oh meu anjo!

— Agora vocês estão aqui, o que imaginei que fosse impossível, é o que eu sempre quis e estou feliz!

— Você é linda Carol!

Enrubesço com o elogio dela.

— Você é que é maravilhosa Esme! – a abraço e dou um beijo no rosto.

Ela reage ao meu gesto com uma atitude inesperada e beija minha cabeça.

— Você é uma benção!

— Estão todos aqui?

— Sim, por enquanto. Quando o ano letivo começar nossos filhos vão para a faculdade – diz Carlisle.

— Oh!

Esme fica triste e eu sinto o quanto ela sente se afastar dos filhos mesmo por pouco tempo e sabendo que vão voltar.

— Você veio por causa do programa de médicos do governo, Carlisle?

— Sim. Eu estou contratado pela prefeitura para trabalhar no hospital regional quando estiver pronto. E você?

— No momento eu trabalho em casa.

— Fazendo o que? – pede Esme curiosa.

— Só cuido da casa mesmo e isso já dá muito trabalho, ainda mais quando ninguém colabora e tenho que limpar tudo sozinha.

— Oh! – Esme fica realmente tocada relembrando o que ela mesma viveu  no primeiro casamento.

— Você poderia vir trabalhar para nós? – convida Carlisle.

— Claro! – aceito empolgada mesmo antes de saber os detalhes. – Mas não será preciso fazer muito, vocês não comem... – não quero parecer atrevida e calo minha boca antes que fale mais bobagem.

— É verdade, mas você vai apenas fingir ser nossa empregada. Não precisará fazer nada. Topa?

— É claro que sim – eu seria maluca se recusasse um emprego desses. Onde mais eu encontraria algo parecido? Jamais. – Muito obrigada! – agradeço do fundo do meu coração. Não importa o salário, vou trabalhar para eles! As pessoas que eu mais amo, antes mesmo de conhecer os adorava só pelo que li deles. E conhecê-los pessoalmente é incrível e não me decepcionei. Eles são mesmo o que imaginava.

— Por nada querida, nós é que agradecemos por você ser tão compreensiva conosco e nos aceitar abertamente.

— Vocês são lindos! Vocês me deram muito mais, esse o mínimo que eu posso retribuir.

— Você é nosso presente Carol, não há nada que pague isso.

— Eu darei meu melhor para vocês: eu mesma.  Vocês me deram muitas coisas: amor, compreensão, dignidade e família. Se não fosse por vocês eu teria me suicidado.

Sweetie!— Esme me repreende maternalmente.

— Me desculpe, mas é verdade. Tentei três vezes. Vocês me salvaram a vida. Ou eu é que sou muito covarde e não teria me matado e só encontrei o motivo para continuar viva que eu tanto queria. Vocês me mostraram que não há nada de errado comigo em ser do jeito que sou, o mundo é que não está preparado nem merece alguém como eu. Sou boa demais para esse mundo cruel.

— Por que você chegou a pensar nisso, querida? – pergunta Carlisle.

Choro ao lembrar e Esme me envolve delicadamente.

— Não chore, meu amor.

— Me desculpe, eu não queria deixá-la triste, criança - ele pede desculpas.

— Tudo bem, eu é que penso desculpas por ser assim sensível demais. Isso sempre foi um problema. Uma fraqueza. Sou idiota!

— Não diga isso querida. Não seja tão dura com você mesma.

— Não precisa dizer se não quiser, vamos respeitá-la.

— Obrigada Carlisle, vocês merecem saber. Eu não sei como eu posso dizer, por onde começar...

— Comece de quando você era criança, querida – sugere Esme.

— Vocês já sabem, não é?

— Só o que Alice contou, mas preferimos ouvir de você. O que aconteceu?

— Vou tentar expressar o que sinto... Meu pai me batia quando eu era pequena. Eu sei que parece banal, afinal muitas crianças passam por isso...

— Mas na maioria não ficam marcas tão profundas como ficou em você, querida.

— Desculpe por eu ser assim.

— A culpa não é sua querida. Seu pai não soube ser pai e merecer uma filha como você – diz Carlisle.

— Aposto que você nunca fez nada para merecer apanhar – diz Esme me confortando. -  Nenhuma criança faz algo para ser agredida tanto. Seu pai é que não sabia lidar com uma criança. Não sabia tratá-la.

— Não eram apenas tapas, também chineladas, chicotadas, cintadas - com o lado da fivela para doer mais – e mangueiradas. Só por milagre minha pele não é marcada por esses golpes. Eu me sentia pior que um animal. Sim, até mesmo com tubo de plástico para regar o jardim ele me batia. Eram surras, verdadeiras sessões de espancamento. Eu pedia para parar, mas não parou. Só ele sabia o limite e eu não, mas as vezes parecia que ele perdia totalmente o controle e queria mesmo me matar. Me admiro que não morri. Muitas vezes pensei que era isso mesmo que ele queria. Isso foi desde quando eu era quase um bebê, tinha seis anos de idade até cerca de quando eu tinha dezessete anos.

— Um pai não deveria tratar um filho dessa maneira – diz Carlisle e Esme assente. – O que ele pensava? Como depois os filhos iriam tratá-lo no futuro?

Eu acho que ele não pensava e estava nem aí. Ele descontava em mim alguma raiva eu nem sei o que tinha acontecido, mas era o bode-expiatório. Eu nem tinha culpa do que aconteceu com ele fora de casa, do que fizeram, de como o trataram, mas eu sofria mesmo assim.

— Quantos anos ele tinha?

— Ele tem quase trinta anos a mais do que eu. Era covardia! Mesmo sendo pai ele não é dono e pode fazer o que quiser. E ainda era mais injusto porque eu apanhava por causa do que meus irmãos não faziam e deveriam ter feito, mas eu quem sofria a punição, porque eles estavam sob meu comando. Não estavam coisa nenhuma e me desrespeitavam. Não cooperavam. Eles é que não ajudavam e eu é que levava a culpa sempre. Ele não entendia isso, eu é que tinha que fazer meus irmãos me obedecerem, não ele que tinha que mandar eles me ouvirem. E ficava por isso mesmo. Ele me batia e eu apanhava por algo que eu não tinha feito, nem era culpa minha. Meu irmão não lavou a louça, batia em mim.

— Que horror! – comenta Esme chocada. – Uma criança não deve cuidar de outra, mal consegue cuidar de si mesma e muito menos ser responsável pelas atitudes de outros. Imagino como seus irmãos agora devem ser.

— Que coisa horrível! Que motivo mesquinho! – diz Carlisle.

Não quero pena de ninguém mais, só a deles.

— Eu tive que crescer rápido e ser responsável antes de ser adulta.

— Você foi vítima de violência doméstica como eu fui. Infelizmente, depois de tantos anos ainda mulheres sofrem nas mãos de maridos e pais.

— Por isso eu entendo você tanto Esme!

— Oh meu anjo! Por que as pessoas boas tem que sofrer tanto?

— Não sei querida, mas isso não é assim para sempre – diz Carlisle para a esposa.

— No entanto as marcas ficam. Podem não ficar no corpo, mas ficam na alma.

— Eu vi no meu boletim da creche que eu sempre fui assim, carinhosa; não fiquei assim depois do que aconteceu.

— Claro, só as pessoas gentis são agredidas, porque os maus são covardes para enfrentar outras pessoas más. Só lutam com quem sabem que vão derrotar.

— Agora eu vou cuidar de vocês duas meus tesouros, eu tenho tanta sorte em tê-las - diz Carlisle.

— Você merece querido – diz Esme. – Você sim é um homem de verdade.

Eu concordo com ela. Um homem não precisa agredir uma mulher para mostrar que é homem. Um homem de verdade não faz isso.

...XXX...


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