Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 12
Aos olhos infantis


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou doente e passei só pra postar o cap. Espero que gostem. Até depois!



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Rose estava deslumbrada ao avistar o prédio. Não havia os animais e as plantas que sempre visitavam seus sonhos, mas tudo era tão grande quanto. Hermione sentia o coração quente ao ver a menina tão feliz, mas a sensação de que iria se arrepender continuava incomodando seus pensamentos.

Rony seguia à frente. Levava duas malas com rodinhas. Hermione seguia em seu encalço, uma mão segurava Rose, que tinha a mochila escolar nas costas e a boca constantemente aberta e, a outra, puxava a terceira mala. Nem ela sabia que tinha tantas coisas naquele apartamento que mais parecia um cubo.

Seguiram os três lado a lado no elevador, cada um silenciado por seus próprios motivos. Apenas Rose estava calada por se sentir feliz. Ela estava gostando de tudo. Para ela, as coisas seriam diferentes a partir de agora. Agora ela tinha algo que ela entendia ser uma família.

Os botões se acendiam e mostravam o quanto estavam subindo até que as portas se abriram no sétimo andar. Para os noivos não haveria viagens de lua de mel ou celebrações. Ficaram apenas alguns minutos em um restaurante com os pais e acionistas. Utilizaram-se da gravidez de Hermione como justificativa para voltarem para casa. Sua casa.

— Pode entrar mesmo? — Rose perguntou com a boca ainda mais aberta. Estava apenas na sala e já parecia três vezes maior que o local onde cresceu.

— Claro que pode — Rony respondeu carinhoso, embora estivesse constrangido. Foi Hermione quem fechou a porta atrás de si. O ruivo continuou — Aqui é a sala.  

Ampla, em tons claros e amadeirados, demonstrando um excelente gosto para decoração. Havia uma varanda adiante que tinha uma vista incrível, mesmo de onde estavam. Hermione avistou uma mesa de centro e cadeiras, havia também uma tela de proteção na janela. Se perguntou se ele havia instalado aquilo por Rose. 

Ao redor, um grande sofá em L, um tapete que parecia muito fofo para os pés, alguns pufes, duas mesas de centro, uma de cada lado do sofá, muitas almofadas confortáveis aos olhos e uma TV enorme na parede oposta.

— Eu nunca tinha visto uma televisão tão grande, tio! — Rose continuou dando passos pequenos e contidos, com receio de quebrar algo.

— Pois é sua agora. Pode usar quando quiser — Rony falou se direcionando à pequena e se sentiu estranho ao perceber que era observado por Hermione. Continuou sem graça — Aqui, à esquerda, estão a cozinha e a área de serviço. 

— Olha o tamanho dessa mesa, mãe  — Rose comentou impressionada com a mesa de jantar — Você deve ter muitos amigos. Olha só quantas cadeiras…

— Não tenho tantos amigos assim… — Rony comentou sentindo estranheza. Nunca havia se dado conta do quanto havia se tornado solitário. Além de Harry e seus pais, ninguém mais havia se sentado naquelas cadeiras.

— Ah… Aqui é muito alto, tio Rony — a menina correu em direção à varanda — Olha, mãe, igual a varanda que a senhora disse que queria ter, a que apareceu naquele filme…

— É sim, meu amor — Hermione falou contida — Venha, vamos conhecer o resto da casa.

— Seguindo pelo corredor, — Rony tomou a deixa e continuou, os três caminharam juntos — aqui será o quarto da Rose — ele abriu a primeira porta à direita, no corredor, e não conseguiu conter o sorriso ao ver a expressão da menina.

— Mãe, o meu quarto é maior que a nossa casa! — falou espantada e feliz — Olha esse monte de brinquedos — e entrou correndo. O pudor de instantes atrás se desfazendo. Rony continuava constrangido ao ser observado por Hermione — Mãe, olha, uma coleção de canetinhas coloridas… Olha isso, mãe, é uma caixa de blocos de montar… livros, ah… contos de fadas ali, eu tô vendo, olha mãe — ela apontou entusiasmada.

— Que lindo, meu amor…  — ela não parecia confortável, definitivamente.

— Estamos no outro quarto, Rose…  Rony se adiantou.

— Tá bem, tio Rony — ela respondeu automaticamente, animada em descobrir seu quarto — Ah!!!!! Tem um banheiro no meu quarto!

— E esse será o nosso quarto — Rony continuou após rir da expressão da menina. Hermione, finalmente, desfez o semblante pesado e adotou o semblante que ele não conseguiu identificar.

— Nosso quarto? — ela perguntou com o tom levemente sarcástico e ele estranhou. Ela estaria tensa, agora?

— Sim... — ele respondeu. Imaginava que aquilo aconteceria — Eu não sei o que Rose pensaria se percebesse que dormimos em quartos separados. Também quero evitar qualquer tipo de questionamento quando seus pais vierem nos visitar...

— Entendo... — ela continuou adentrando ao quarto que ele havia acabado de abrir a porta. Como tudo o que havia visto até agora, muito bem decorado — E iremos dormir juntos?

— Não... Claro que não! — respondeu rápido e conturbado — Eu fiz uma reforma. Essa parede dava para o terceiro quarto e como estava sem uso, decidi que seria bom abri-lo. Teremos passagem um para o quarto do outro, caso seja necessário, todavia essa porta tem tranca em ambos os lados. A sua porta de entrada e saída será a porta do terceiro quarto, mas quando houver visitas, utilize a do meu quarto. Lá há um banheiro para você também.

Ela balançava a cabeça em concordância. Era engenhoso, Hermione não poderia negar, e agradavelmente confortável, pensou quando viu a sua cama. Não queria se deslumbrar, mas entendia bem toda a animação da filha. Não havia nem mesmo uma hora desde que encerraram o contrato da quitinete onde viveram por esses anos.

— Mãe... — Rose gritou e foi em direção aos dois correndo — Olha! É aquela boneca que eu queria... — a frase se perdeu quando ela viu o quarto dos dois — Nossa! É ainda maior que o meu… Que cama enorme...

— Está gostando? — Rony se direcionou à pequena.

— Demais, tio Rony. Tudo aqui é incrível! — e correu de volta para seu quarto.

— Eu sei que deve estar preocupada com a Rose, mas tudo o que está aqui também pertence a ela a partir de agora...

— Por mais um ou dois anos?

— Hermione... — ele suspirou — Me desculpe por tudo o que está acontecendo, mas a última coisa que quero é magoar a Rose. Pode ter certeza que, mesmo quando o contrato acabar, continuarei cuidando dela...

Ela não respondeu nada e seguiu de volta para o corredor quando viu que ele se movimentava em direção à porta do quarto. Estava letárgica. Queria conseguir digerir tudo o que estava acontecendo, mas parecia impossível, ainda mais agora.

— Ali é a biblioteca — ele continuou apontando para o fundo do corredor — Pode usar tudo à vontade. A Weasley S.A. tem sociedade com várias editoras, então, se quiser algum livro em específico, basta me dizer.

— Certo...

— Aqui será o quarto do bebê — era a porta ao lado da de Rose — Eu não fiz nada porque acredito que irá fazer algo a seu gosto...

— Tudo bem.

— Eu vou te deixar descansar... — ele desejou se afastar. Sentia-se estranho com aquela frieza — Aqui eu tenho dois funcionários, a dona Julie que faz a comida e o Luigi que vem a cada dois dias para limpar a casa. Eles vêm, fazem as suas tarefas e vão embora. Ambos têm a chave da casa e ambos já sabem sobre vocês. Não contei nada sobre o contrato. Acreditam que somos um casal.

 —E as camas separadas?

— Disse que era para quando não estivesse se sentindo bem...

— Tudo bem. Obrigada por me avisar.

— A dona Julie segue um cardápio semanal... fica na cozinha, perto da geladeira. Se quiser modificar alguma coisa, pode falar com ela amanhã.

— Certo... Eu vou tomar um banho e me deitar um pouco, se não se incomoda.

— Não! Claro que não! Se precisar de alguma coisa, basta me avisar — respondeu simplesmente. Sentia-se estranho por sua reação, mas era muito mais estranho ter pessoas em sua casa. As sensações se confundiam entre a alegria em ouvir os gritos de entusiasmo de Rose e a perturbação em resposta à frieza e ao desânimo da moça que acabara de fechar a porta.

***

— Dormiu bem, senhorita? — Dona Julie, uma senhora que aparentava os seus cinquenta anos, perguntou para uma Rose sonolenta que ainda usava pijamas e tinha os cabelos emaranhados na sua trança.

— Sim, senhora — ela se posicionou de forma firme.

— Pode relaxar, minha querida — a mulher respondeu com carinho.

— Minha mãe diz que devemos respeitar os mais velhos...

— Sim... — a outra sorriu — Mas nem sou tão velha assim e já nos conhecemos, não é verdade?

— Sim... — a menina falou pensativa enquanto se sentava à mesa da cozinha. Já estavam na casa havia uma semana.

— O que vai querer comer?

— Ovo frito com torrada e suco de laranja — ela respondeu animada.

— Bom dia! — Hermione apareceu pouco depois, parecia indisposta, envolvida em seu roupão.

— Bom dia, senhora!

— Bom dia, mãe! — a menina se levantou e lhe deu um abraço apertado.

— Julie, por favor... — Hermione começou com seu tom amigável após beijar a testa da pequena — Já parei de te chamar de dona, então por que continua me chamando de senhora?

— É o costume, senhora... Hermione.

— Bem melhor... e se quiser, pode me chamar de Mione, não tem problema nenhum.

— Todos os amigos da mamãe chamam ela de Mione — a menina pontuou.

— E como a senhora... você está?

— Indisposta, Julie. Estava vomitando...

— Esses primeiros meses são os piores — a mulher falou enquanto depositava os ovos fritos no prato de Rose. Hermione se levantou em seguida, desesperada, e correu em direção ao banheiro.

— O que aconteceu? — Rony perguntou assim que adentrou a cozinha, após quase ter esbarrado na jovem.

— Vômitos — Julie respondeu com simplicidade — O que irá comer, senhor?

— O mesmo que a Rose — respondeu ainda olhando para o caminho que Hermione havia feito.

 — É que o senhor é marinheiro de primeira viagem — a mulher começou e ele a olhou sem entender bem, portanto, ela explicou — É o seu primeiro filho, tudo é diferente, e os homens não são tão atentos com isso. A senhora tem tido dias difíceis aqui...

— Como assim? — ele pareceu preocupado. Percebeu que quase não havia conversado com Hermione desde que se mudaram

— Muitos enjoos — a mulher falava enquanto realizava suas tarefas — Ela tem tido enxaquecas e vomitado bastante… Acho até que ela emagreceu desde que chegou, e já é tão magrinha...

— Ela não tem se alimentado bem? — ele continuou o interrogatório ainda mais consciente de como estava sendo displicente quanto à Hermione e ao bebê.

— Nada... — foi Rose quem respondeu ainda mastigando — Tudo o que ela come ela coloca pra fora — concluiu o pensamento com aquela frase que tanto estava ouvindo nos últimos dias.

— Leve isso aqui pra ela e depois venha tomar o seu café — Julie entregou uma bandeja com uma xícara de chá, um copo de suco de laranja, algumas torradas, bolachas e frutas para Rony — Sei que o senhor é sempre muito pontual no seu trabalho, mas acredito que a sua esposa e o seu filho são mais importantes que isso, não é mesmo? — Rony apenas balançou a cabeça em concordância — E tente convencer a senhora a comer, pelo menos umas bolachas... Eu fiz a torrada.

— A mamãe adora torradas, vó Julie — Rose falou com sabedoria de causa e Rony observou em silêncio, se levantando.

— Eu sei, meu bem… Ela me disse.

Rony não se sentiu seguro em falar com Hermione desde que ela se mudou. A jovem parecia ter se trancado em seu próprio mundo e ele apenas respeitou. Agora se sentia excluído e um completo idiota por nem mesmo saber que ela gosta de torradas. 

Refletiu enquanto ia em direção ao quarto e percebeu que, na verdade, não sabia nada sobre Hermione Granger. Tinha a sensação de que ela o odiava e preferia não instigar mais desagrado em relação a ele, por isso bateu à porta do anexo no quarto com delicadeza. Não obteve resposta, então resolveu entrar.

Hermione ia saindo do banheiro naquele momento. De início, ela não o notou, mas aqueles poucos segundos foram suficientes para ele perceber como ela tinha um belo corpo por trás da camisola de seda. Os seios brilhavam no decote, inchados devido à gestação, e ele se maldisse por ter observado isso em uma mulher, em uma mulher grávida e que não tinha qualquer tipo de relacionamento com ele.  

— Ronald... — ela o viu finalmente. Parecia exausta.

— Eu trouxe algo pra você — ela o observou também, discretamente. Sempre muito elegante, era um homem bonito e estava pronto para o trabalho — Como está se sentindo?

— Péssima! — ela respondeu com sinceridade, sentando-se na poltrona que havia em seu quarto, esticando as pernas no pufe e fechando os olhos, relaxando — Está tudo de cabeça para baixo dentro de mim... — resmungou enquanto acariciava o estômago.

— Dona Julie fez esse chá pra você — ele começou colocando a bandeja na mesa ao lado, perto de onde ela estava — E disse que ela mesma fez as torradas. Ela falou que você não tem comido bem e que perdeu peso.

— É... Eu sei. Desculpe, meu amor. Mamãe vai tentar comer melhor por você, tá bem? — ela falou enquanto acariciava a bolota que havia em sua barriga e Rony sentiu o coração esquentar. Estranhamente desejou acariciar aquela bolota também. Era seu filho quem estava ali — Hmm… É de gengibre. A Julie é mesmo maravilhosa. Obrigada por trazer — ela falou pegando o chá, um sorriso discreto de gratidão. “Julie?” ele se perguntou observando.

— Não podemos fazer nada para que se sinta melhor? — verbalizou aquela pergunta enquanto ela se esforçava para tomar o chá. Era uma mulher admirável, realmente.

— Sim... Amanhã será a consulta do pré-natal e vou pedir algo à médica. Ela me receitou algo na época de Rose e eu conseguia controlar os enjoos com isso.

— A consulta é amanhã?

— Sim — ela estranhou o tom de interesse na pergunta.

— De que hora?

— Às 16h. Por quê?

— Eu venho te buscar. Irei com você. Esse bebê também é meu e quero participar de tudo o que puder, tudo bem?

— Tudo bem — era esquisito para Hermione ter alguém com ela que não fosse Gina ou Harry, mas ela concordou. Estranhamente, depois daquela breve conversa, sentiu o desejo de comer. As torradas e o suco estavam excelentes!


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