Me Encontre escrita por SouumPanda


Capítulo 3
Clareza




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Estava com Isaac na loja de brinquedos, sentei em puff lendo uns e-mails e ignorando os e-mails do meu pai, quando Isaac escolhia o que queria, ele veio correndo com um novo jogo de lego,  eu ri da sua empolgação me pedindo para comprar o mesmo para ele. Após pagarmos fomos andar pelo shopping, Isaac estava de mãos dadas comigo enquanto olhávamos as vitrines, olhei para o lado e vi Caleb saindo da loja de ternos e parando para conversar com um moço alto e corpulento de cabelos ruivos que parecia um dos homens de preto. Puxei Isaac na direção oposta, não queria ver ele. Não entendia o porquê ele ter feito aquilo ontem, nem porque parece que sempre está onde estou, mas quando puxei Isaac para dentro da Farm era como se ele tivesse me visto, mas comecei a ver as roupas e acabei esquecendo que estava me escondendo como uma fugitiva. Escolhi algumas peças e arrastei Isaac para o provador comigo, ele sentou em uma poltrona e se colocou a jogar, provei um vestido floral amarelo com mangas de princesa e um pouco a baixo do joelho, sai para mostrar para Isaac e me ver melhor no espelho do corredor.

— O que acha Isaac? – Perguntei não tendo a atenção de Isaac que estava imerso em seu videogame.

— Eu acho que está linda. – A voz grossa entrou no provador e vi Caleb pelo espelho, ele estava parado ali,  logo minha respiração descontrolou e eu engoli seco me virando para poder encarar ele.

— O que você quer? – Perguntei grosseiramente, ele abriu um riso cafajeste que me fez revirar os olhos e cruzar os braços.

— Só queria me desculpar por ontem a noite, não consegui falar com você ontem, mas por ironia do destino olha nós aqui. – Ele falou de forma descontraída.

— Que coisa né, em uma cidade com mais de 500 milhões de pessoas acho que é muita ironia mesmo. – Respondi grosseiramente o que o fez rir. – Não acho que Annabelle aprovaria esses encontros irônicos. Então se me dê licença. – Eu entrei no provador me trancando e ainda via a sombra dele do outro lado.

— Annabelle é uma garota mimada que não tem que se intrometer nos meus interesses. – Ele disse grosseiramente e ouvi o mesmo suspirar. – Podemos conversar? Tomar alguma coisa não sei, aqui no shopping mesmo. – Ele disse enquanto eu terminava de me trocar, abri a porta o encarando. Não respondi apenas peguei minhas coisas e o vestido e chamei Isaac que se levantou rapidamente olhando Caleb e eu, senti a mão quente de Caleb em meu braço que me fez olhar para ele e o fuzilar. – Um suco apenas, desde que te vi no campus algo me prendeu em você. – Ele falou em suplica e com a voz grave e eu pressionei os lábios e ele soltou meu braço. – Seu filho pode ficar na recreação, não sei. – As palavras dele me fizeram rir, o olhar dele mudou e vi humor em seu rosto. – O que foi?

— Ele é meu irmão, não meu filho. – Falei rindo e respirei fundo quando nós dois sorrimos um para o outro.

— Então entende de irmãos mais novos e suas birras. – Ele disse em bom humor, engoli seco franzindo a testa. – Me deixe te conhecer, meu nome é Caleb Miller. – Suas palavras me fizeram sentir um arrepio por todo corpo, irmãos mais novos, birras, Miller. Quando entendi, minha boca se abriu, ele era irmão da Annabelle, me peguei rindo dos pensamentos sujos que já tive com os dois e como fui capaz disso. Mas nunca em nenhum momento passou pela minha cabeça que eles seriam irmãos, mordi o lábio e sorri constrangida, como se ele soubesse o que eu estava pensando.

— Sim, birras são terríveis, mas Isaac é um amorzinho, não tenho queixa como pode ver. – Eu suspirei e sorri. – Prazer sou Zoey Johnson. – Eu disse sentindo uma coisa estranha no peito, como se meu coração estivesse aquecido com o olhar de Caleb em mim e seu sorriso branco que mostrava seus dentes perfeitos. – Prometi levar Isaac para comer, se quiser nos acompanhar. – Eu fiz o convite que Caleb aceitou prontamente, saímos os três do provador e paguei meu vestido, seguimos a praça de alimentação, Isaac andando um pouco mais na frente e eu sem graça e sem assunto com Caleb naquele momento, apenas pensando como nos confundimos ele com Isaac ser meu filho e eu Annabelle ser algo mais íntimo dele, meu estomago estava revirando pela ansiedade, sentamos e pedimos hambúrguer para os três. Isaac estava nitidamente desconfortável e um tanto com ciúmes de Caleb, ele o encarava com a cara fechada até que Caleb percebeu.

— Então Isaac, gosta de videogames? – Caleb perguntou se mostrando interessado.

— Gosto sim, tenho um Playstation 4 e um Xbox One. – Isaac respondeu com os olhos brilhando como se Caleb já tivesse ganhado ele. – Podia ir jogar comigo em casa. – Meu estomago revirou com o convite de Isaac que fez Caleb me olhar com ternura e tornar a olhar Isaac.

— Não acho que sua irmã irá gostar disso. – Ele disse me olhando e eu mordi os lábios sentindo meu coração mais acelerado que o normal.

— Acho que ele está ocupado demais para isso Isaac e nós temos que ir. – Eu disse limpando a boca e me levantando, Isaac não gostou muito fazendo um certo bico e abraçando Caleb que sorriu com o gesto de Isaac e eu arregalei os olhos.

— Na verdade estou com tempo livre hoje. – As palavras de Caleb ia gelando meu corpo, Isaac já comemorava a notícia e meu sorriso de nervoso era evidente, até ontem ninguém sabia onde eu morava hoje Hunter e parece que agora Caleb saberia? – Podemos ir?

— Claro que podemos, você tem tempo, eu tenho tempo. – Isaac disse animado e eu fui andando no automático para o carro enquanto os dois iam conversando atrás de mim. O que estava fazendo de errado para tudo desmoronar tão rápido? Quando Annabelle souber é meu fim, já vejo carros blindados e eu aposentando meu Aston Martin, vários seguranças a minha volta e eu isolada do mundo novamente, tendo que cumprir agendas oficiais com meu pai. Abri o carro colocando as sacolas e ajudando Isaac na cadeirinha.

— Vou seguindo vocês então Isaac, até logo amigão. – Caleb disse satisfeito e animado, Isaac em êxtase com o feito, meu corpo começou a doer assim como minha cabeça, Isaac é novo demais para entender como isso nos afetaria se mais alguém descobrisse sobre nós, não adiantaria eu brigar com uma criança de cinco anos sobre isso, seria estresse desnecessário, caberia eu, implorar para Caleb para ficar calado, mas não poderia dormir com mais ninguém, ter feito sexo com Hunter foi terrivelmente errado, se cada pessoa que descobrisse eu tivesse que ir para cama, não seria uma má ideia com Caleb, me peguei sorrindo e logo neguei com a cabeça.

Eu olhava pelo retrovisor torcendo para não ver nenhum Audi atrás, mas era em vão, lá estava ele determinado atrás de mim, eu acelerava e ele me acompanhava, então eu diminuía. Pensei em alguma rota de fuga até tirar ele da minha cola, mas acho que ele conhece a cidade melhor que eu, eu apertava tão forte o volante que via minhas mãos perderem o sangue e quando entrei no condomínio meu coração parecia estar na cabeça, Isaac animado cantarolando no banco de trás, entrei na garagem e vi Caleb parando o carro do lado de fora. Entreguei as compras para Angelina e logo ajudei Isaac descer da cadeirinha, vendo Caleb vir em passos lentos e um sorriso de fazer minhas pernas tremer em nossa direção.

— Bela casa. – Ele disse balançando a chave na mão. – Então Isaac pronto para perder? Me leve até seu videogame. – Ele disse sorrindo gentilmente para Isaac que foi puxando ele para dentro da casa até a sala de jogos, me sentei no banco da ilha da cozinha vendo Angelina voltar a cortar seus legumes.

— Algum problema, minha querida? – Angelina me olhava de forma fraternal e angelical, sorri respirando fundo vendo aquela jovem senhora de cabelos grisalhos que sempre me tratou como sua neta.

— Apenas tive pensamentos horríveis contra o moço que está com Isaac e estou com medo Angie, parece que quanto mais eu pisco mais gente descobre sobre a gente. – Eu bufei e Angie mantinha o sorriso. Passou meia hora que fiquei ali com Angie e mordi o lábio. – Acho que vou ir lá ver eles. – Ela afirmou e  fui até a sala de jogos, quando entrei Caleb desligava a TV com Isaac no seu colo dormindo e nos olhamos e ele sorriu ternamente.

— Se quiser posso colocar ele na cama, não sei. – Ele disse sem jeito. – O que for melhor para você. – Acompanhei Caleb até o quarto do Isaac que o colocou na cama e saímos de fininho dali. Descemos em silencio, não tínhamos conversado quase nada, paramos perto da escada se encarando, mordi o lábio e Caleb sorriu. – Ele é um bom garoto.

— É sim, agradeço por vir brincar com ele. – Eu disse suspirando e totalmente desconfortável. – Ele as vezes precisa de figura masculina presente. – Eu dei risada e ele fez o mesmo.

— Se quiser, posso vir mais vezes brincar com ele e aproveito  vejo você.- Seu comentário fez meu rosto queimar e sabia que estava vermelha, engoli seco e respirei fundo. Nos olhamos por instantes em silencio Caleb parecia estar querendo se aproximar e eu não conseguia me mover, sentia o perfume suave e amadeirado dele invadir minha narina, meu peito inflava, passei a língua pelos lábios e quando o vi ali pronto para me beijar a campainha tocou todo momento foi quebrado por Angie passando por nós para atender a mesma. – Acho que vou aproveitar e vou indo.

— Te acompanho. – Eu disse sem graça e fui andando até a porta que era aberta, vi Hunter parado com um riso que desaparecia ao ver ao fundo de Angie, eu e Caleb. – Hunter, oi! – Eu disse exaltada e olhei Caleb como se cometêssemos um crime em estar ali naquele momento, Caleb beijou meu rosto rapidamente e foi saindo.  – Obrigada por hoje. – Eu disse e ele se virou e sorriu gentilmente. Caleb saiu  passando por Hunter que me olhava questionando o que tinha visto naquele momento, sorri sentindo meu rosto queimar, ele foi entrando e beijou o outro lado do meu rosto e foi se jogando no sofá como se já fosse de casa.  – Que bom que se sente de casa né. – Eu disse ironicamente indo até ele. – Quer comer algo? Estou morrendo de fome. – Eu disse e Hunter se levantou afirmando com a cabeça.

— Claramente, o que teremos de bom? Um suco e um sanduiche seria muito bom. – Hunter falava em bom humor e em tom autoritário. Ele se aproximou de Angie e a beijou no rosto fortemente a fazendo ficar com rosto vermelho. – O que posso comer da sua cozinha Angie? – Hunter falava animado o que a fazia rir e eu sentei o vendo de bom humor.

— O que quiserem eu preparo. – Ela disse cordialmente.

— Um sanduiche e um suco de maracujá Angie. – Eu disse sorrindo e ela afirmou. – Vamos Hunter, para piscina. – Eu disse indo para o fundo da casa acompanhada de Hunter que respirava fundo olhando tudo,  sentamos nas espreguiçadeiras de madeiras com estofados brancos que tinha a vista da encosta do continente, respirei fundo e notei que Hunter me olhava enquanto a brisa batia no meu rosto, fechei os olhos sentindo e respirando fundo, estava sentada reta com as pernas cruzadas sorria com a sensação de paz e a tranquilidade da mente, da quietude, virei meu pescoço para Hunter e abri os olhos cruzando nossos olhares.

— Você realmente é incrível, tento entender como consegue ponderar em ser humilde, não deixar transparecer tudo isso que tem, você é tão pé no chão e posso dizer que uma mulher magnifica, linda. – Hunter olhava com os olhos verdes que com os raios de sol faziam parecer tons de mel, sua voz era terna e um tanto encantada, abri um sorriso mostrando todos meus dentes e suspirei.

— Às vezes as maiores riquezas estão naquelas que duram para sempre em nós Hunter, amor, família, amigos. – Sorri, ele afirmava com a cabeça. – Isso é superfo, conquistado através de esforço e do mesmo jeito que vem, vai. Meu pai me fez crescer ouvindo isso. Que sem uma base forte, não temos nada. – Notei que os olhos de Hunter brilhavam , engoli seco e olhei para frente novamente, logo Angelina trouxe nossos lanches, sorri para ela. – Obrigada Angie.

Comemos os lanches em silencio, Hunter me olhava de forma embasbacada e eu não queria que ele fantasiasse algo que entre nós  se encantasse com tudo material que via ao meu redor, cada vez que pegava ele olhando para mim de uma forma que me deixava desconfortável eu continuava a pensar que tinha sido um erro a noite passada. Se eu não tivesse tido um pequeno surto pela aproximação de Caleb, Hunter não estaria ali comigo e tenho minha parcela nisso, agora teria que lidar com o que viesse disso. Acho que o que mais me deu medo foram as ameaças de Annabelle nas últimas semanas se ela resolvesse soltar caso soubesse quem eu sou pela aproximação de Caleb ai tudo ia por água abaixo e lidar com Hunter seria mais fácil do que com Annabelle, eu sei como ela pensa, porque em uma vida não tão distante já fui como ela. Meu celular quebrou meus pensamentos e me assustou, Hunter olhou para o celular e quando vi que era meu pai não atendi. Mas ele continuou insistindo em ligar quando atendi respirei fundo.

— Papai. – Falei com a voz carregada  dando um longo suspiro. – Oi? – O silencio se fez enquanto escutava tudo que meu pai tinha a falar. Suspirei fazendo uma careta, sabia que Hunter estava curioso em saber o motivo da ligação. – Já pensou em ser mais presente do que dar presentes? – E novamente o silencio. – Se você quiser, não vou reclamar, mas tanto faz para mim. – Eu falei desligando  o celular e suspirando, tentando respirar e soltar lentamente o ar, mas sentia o olhar curioso de Hunter.

— Algum problema? – Ele perguntou baixo cheio de receio em sua voz.

— Meu pai acha que pode simplesmente me dar presentes  supre qualquer ausência e que iria adular ele quando chegar de viagem. – Suspirei. – Ele culpa Isaac descaradamente pela morte da minha mãe, mas quem matou minha mãe de desgosto sabemos que foi ele.

— Mas o que ele te ofereceu? – Hunter estava curioso apesar do olhar triste e cheio de piedade em mim.

— Me pagou uma viagem para Londres, com até 10 acompanhantes só para comemorar meu aniversário na boate Mahiki. – Suspirei e quando notei os olhos de Hunter brilhavam. Eu sabia que era uma das boates mais caras de toda Inglaterra , muito exclusiva. – Parece futilidade né, eu sei, já que existe coisas mais graves por ai. – Pressionei os lábios. – Mas já que ganhei, porque não ir não é mesmo? – Abri um sorriso e Hunter fez o mesmo, seus olhos brilhavam esperançosos. -  Até os passes e as passagens chegarem penso quem irá, mas até lá Hunter silencio absoluto, será muito trabalhoso explicar para os outros sobre a viagem e esconder isso tudo. Então terá que ser discreto e me ajudar. – Os olhos de Hunter brilhava e ele afirmava, mas sua mente viajava já pensando nas possibilidades, respirei fundo e fiz uma careta o olhando. Eu sabia que Hunter estava maravilhado na possibilidade de uma viagem a Londres, ele estava em maravilha por termos ficado e acho que pensa que possamos vir a ter algo mesmo eu esclarecendo que foi um erro, eu teria que manter constante atenção em Hunter, porque ele me transpassava uma energia de estar extasiado de emoção e impulso para gritar para o mundo os eventos recentes.


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