Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida escrita por Ocarina, LuisaPoison


Capítulo 4
Medos e conflitos


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, amores! Tudo bem com vocês?
Antes de irmos para mais um capítulo, queremos agradecer todo o carinho que temos recebido nesta história.

No capítulo anterior, descobrimos que Kurama foi o responsável por roubar a relíquia do clã kamaitachi. O que será que este capítulo nos reserva? Bora ler!



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 Kurama não imaginava que reveria aquele bracelete. Há muito tempo, ele o havia enterrado em um dos locais mais inóspitos do Mundo dos demônios: a Floresta Sangrenta.

Conhecida pela agressividade para com os seus invasores, as árvores ali presentes eram temidas por quase todos os youkais, até mesmo os mais poderosos. Isso porque, aquelas plantas eram mortíferas e ameaçadoras. Suas raízes cresciam sob o esqueleto de suas vítimas e o cheiro de carne em decomposição perdurava em suas folhas, se espalhando a longas distância graças aos ventos. Aqueles que se aventurassem na escuridão da floresta, jamais seriam capazes de sair de lá.

Porém, Kurama sabia como adentrar àquele território. Com pleno domínio de diversas plantas do Makai, utilizava as suas habilidades para se camuflar em meio aquelas árvores. Por vezes, algumas delas percebiam a sua presença e até mesmo tentavam lhe atacar, mas ele conseguia contornar a situação. Utilizando outras plantas malignas a seu favor, as oferecia como iscas para escapar dali com vida.

Aquela floresta lhe trazia muitas lembranças da época em que era um poderoso e temido ladrão no Makai. Recordou-se de seus antigos aliados, de sua família e seus amigos. Quantas coisas valiosas já havia escondido naquele lugar? Quantos assuntos inacabados haviam sido deixados ali? Kurama perdeu a conta, e dissipou tais memórias em seguida. Ele precisava se concentrar naquilo que tinha que fazer. Precisava se concentrar apenas no presente. Assim, ao chegar onde queria, não perdeu tempo em desenterrar a antiga relíquia dos kamaitachi, deixada nas proximidades da maior árvore da floresta.

O bracelete dourado continuava tão belo quanto da primeira vez que ele havia visto. O desenho das foices cruzadas, símbolo do Clã Kamaitachi, decorava a parte externa do aro, fazendo com que a jóia se tornasse ainda mais deslumbrante. De certa forma, a simples ideia de entregá-la a Koenma o deixou desconfortável. Aquela era uma de suas maiores conquistas. Ainda que ninguém soubesse quem havia roubado a relíquia, inúmeros rumores apontavam para ele, o que fez com que a sua fama como ladrão se espalhasse por todo Mundo das Trevas. Os boatos diziam que ele a tinha utilizado para seu bel-prazer, aumentando os seus próprios poderes e, por isso, havia se tornado tão forte. Mas na realidade, essa informação não era procedente. Tomado pela curiosidade, na época, de fato Kurama tentou usá-lo para tornar-se mais poderoso, mas logo descobriu que sería inútil, pois somente um kamaitachi era capaz de extrair os poderes ali contidos. Nas mãos de qualquer outro youkai, aquele bracelete era apenas uma bela jóia.

Ao voltar para o Ningenkai, Kurama decidiu que era tarde demais para contactar Koenma e, portanto, entregaria a relíquia ao líder espiritual somente no dia seguinte. Caminhando em direção à sua casa, porém, sentiu uma vibração vinda do bolso de seu casaco. Como se quisesse lhe dizer alguma coisa, a jóia ressoava num ritmo constante, e o símbolo do Clã das doninhas iluminava-se a cada pulsação. A última vez que ele a havia visto brilhando daquela maneira foi quando a roubou do seu antigo dono. Sem saber o real significado daquilo, Kurama chegou a cogitar a possibilidade de entregá-lo para Koenma naquele mesmo instante. Porém, antes que pudesse fazê-lo, pressentiu um youki vindo de algum lugar não muito distante de onde estava.

Aquela energia maligna não era de Yusuke, tampouco Hiei ou qualquer outro demônio que ele conhecia. Era poderosa e emanava uma intenção assassina um tanto quanto familiar. Certo de que se tratava de um kamaitachi, o kitsune enfim compreendeu a reação do bracelete, como se o próprio quisesse criar vida para clamar pelos seus verdadeiros herdeiros. 

 Ao pressentir que o pior estava para acontecer, Kurama guardou a jóia em seu bolso e correu em direção ao inimigo.

~*~*~

Caminhando apressada pelas ruas da capital japonesa, o seu coração palpitava acelerado. Aquela noite parecia mais escura que o normal, e nenhum som se ouvia além de seus próprios passos firmes sobre a calçada. Vagar durante a madrugada nunca havia sido um problema para Yue, no entanto, nos últimos dias daquela semana, a estranha sensação de estar sendo observada a fazia sentir-se completamente insegura. 

Por diversas vezes, ela ordenou mentalmente a si mesma que deixasse de ser paranóica, se forçando a acreditar que tudo era fruto de sua imaginação. Ainda assim, continuou amedrontada, incapaz de dar ouvidos à sua própria consciência.

Atenta a qualquer movimento ao seu redor, de repente, saltou assustada quando, ao passar em frente ao portão de uma enorme casa, o ladrar enfurecido dos cães ali presentes rompeu o silêncio da noite. A princípio, pensou que os animais estavam incomodados com a sua presença, no entanto, percebeu então que eles se fixavam em alguma outra coisa. Algo que estava atrás dela. Aterrorizada, se virou num movimento brusco, porém, para o seu alívio, não havia nada ali.

“Fica calma, Yue. Não tem ninguém atrás de você. Está tudo bem.”, ela pensou tentando se tranquilizar.

Trêmula, decidiu seguir o seu caminho, tentando inutilmente retomar o fôlego perdido. Sua respiração estava acelerada devido ao medo excessivo que sentia, e, com uma força além da necessária, as suas mãos suadas agarraram as alças da mochila lilás que carregava nas costas. Frequentemente, Yue sondava o seu entorno para ter certeza de que ninguém a perseguia. Em alguns momentos, se assustou com sombras nas calçadas, o farfalhar das folhas das árvores e até mesmo o sibilar do vento. Ainda assim, continuou a caminhada, ignorando os seus temores. Ao ouvir um sussurro de uma voz feminina, porém, ela estancou os passos, arregalando os olhos em seguida.

— É você...?

Yue procurou por todos os lados, mas não encontrou ninguém. Os seus batimentos cardíacos novamente se aceleraram e os seus pulmões pareciam não dar conta da demanda de oxigênio exigida pelo seu próprio corpo. Achou estar ficando louca e soube que precisava sair dali o quanto antes.

“Não foi nada, Yue. É só a sua imaginação. Você, definitivamente, precisa de uma folga.”

Apegada a esse pensamento, ela lutou contra a paralisia que travava os músculos de suas pernas, se forçando a continuar andando. Faltando somente percorrer uma quadra para chegar em sua casa, novamente escutou o assustador sussurrar em seu ouvido. 

— Eu sei que é você.

Dessa vez ela não parou. Do contrário, quando se deu conta, já estava correndo o mais rápido que podia. Com falta de ar, chegou ao edifício em que residia e correu apressada pelas escadarias, subindo até o segundo andar. Com as mãos trêmulas, conseguiu inserir a chave na fechadura depois de algumas tentativas falhas. Ao entrar em casa, trancou a porta, apoiando as costas nela para, em seguida, escorregar até o chão.

Na escuridão da residência, ela enfim expirou o ar que nem se deu conta de que havia prendido. Percebeu então que lágrimas brotavam em seus olhos, num misto de medo e alívio, por finalmente estar na segurança de seu lar. Queria se levantar dali, mas não encontrou forças. Ainda ofegante, pensou em ter ouvido algum barulho nas escadas, e então fechou os olhos com força, abraçando a mochila que trazia consigo. De repente, uma forte e repentina ventania ao redor do prédio fez com que as janelas da sala tremessem, trincando a vidraria. Yue se levantou do chão sobressaltada, sabendo que aquilo não era algo normal. 

— Finalmente te encontrei... — a mesma voz tornou a dizer.

Ela a procurou novamente por todos os lados, mas não sabia dizer de que direção vinha. Era como se o som se espalhasse, ao mesmo tempo, para todos os cantos do apartamento. 

— Isso não é real. Isso não é real. Isso não é real! — repetiu para si mesma como um mantra, tentando espantar o medo. 

— É sim, eu sou real. Venha comigo…— a voz parecia ter se aproximado, aumentando de intensidade para o seu  desespero — Você não pertence a esse lugar.

— O que você quer?! Me deixa em paz! 

Um riso debochado e diabólico lhe provocou um arrepio da cabeça aos pés.

A maçaneta dourada da porta girou, forçando a tranca. Em seguida, batidas com o intuito de derrubá-la fizeram com que Yue arregalasse os olhos, afastando-se depressa da entrada.

— Venha comigo.

Com as pernas bambas, ao recuar no escuro da residência, a jovem tropeçou numa irregularidade do chão, caindo de costas no piso. Ignorando a dor, ela pensou em gritar por socorro, todavia o seu corpo não respondeu aos seus comandos, e de seus lábios secos nenhum som saiu.

Depois de constantes empurrões, a porta da casa foi enfim arrombada, provocando um estrondo ensurdecedor. Por ela, a invasora adentrou. Precariamente iluminada na penumbra da noite, Yue pôde ver que a criatura possuía estatura mediana, pele num tom azul acinzentado e olhos intensamente negros. Porém, o que realmente prendeu a atenção da jovem foram os seus braços. Lâminas afiadas se projetavam desde o antebraço até suas mãos, curvando-se nas extremidades como foices afiadas.

Em choque, Yue emudeceu, enquanto lágrimas escorriam pela sua pele empalidecida pelo terror. O monstro semicerrou os olhos ameaçadoramente, lançando-lhe um olhar assassino. Ao vê-la avançar em sua direção, instintivamente Yue cobriu o rosto num reflexo para proteger-se do ataque, no entanto, nada aconteceu. Somente ao ouvir um grito, a jovem arriscou abrir os olhos novamente. 

Espantada, levou as mãos à boca ao se dar conta de que, interceptando o ataque, uma espécie de chicote havia atravessado o abdômen daquela criatura. Sangue escorria de seu ferimento, espalhando-se pelo chão, e, por trás dela, um homem ruivo segurava a arma, impedindo a sua movimentação.

Sem compreender o que estava acontecendo, Yue observou as foices existentes nos braços da mulher cortarem o chicote que a prendia. Diante de seus olhos, os dois adversários começaram a lutar,  desferindo golpes intensos de um lado para o outro. Atônita, ela não conseguia acreditar no que estava vendo, e, na realidade mal conseguia acompanhá-los. De repente, num movimento brusco, o ruivo foi atingido de surpresa pela lâmina afiada da adversária, deixando um novo rastro de sangue no piso do apartamento. Contudo, com uma expressão inabalável, ele conseguiu revidar ao criar uma espécie de espada, que novamente perfurou o corpo de sua inimiga.

Ao perceber a desvantagem em que se encontrava, o monstro recuou. Antes que o homem pudesse novamente lhe atingir, a desconhecida conseguiu se esgueirar velozmente de suas investidas, escapando dali ao saltar pela janela da sala, quebrando o vidro que já estava trincado. 

Em estado de choque, Yue não conseguiu se mover. Nem ao menos se deu conta de que o seu defensor se aproximava, ajoelhando-se em sua frente para encará-la diretamente nos olhos.

— Você está bem?! — ele perguntou a sacudindo pelos ombros.

Ela não esboçou reação. Sentindo-se completamente tonta e enjoada, sua visão se turvou. Ali mesmo, perdeu a consciência. Antes que ela se chocasse com o chão, porém, Kurama a segurou. 

 Cansado, o kitsune sabia que aquela noite seria muito mais longa do que havia planejado.


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Notas finais do capítulo

Então, uma nova personagem surgiu na história. Quem será ela? Palpites?

Esperamos que tenham gostado e até o próximo!



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