Tempo de Escolha escrita por Val Rodrigues


Capítulo 7
Capitulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Vamos conferir?



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Acima de todas as coisas, guarde o seu coração, pois ele dirige o rumo de sua vida.   Pv.  4-23

— Lorena. Rute falou abrindo a porta do quarto aonde desde que chegaram do almoço, ela havia se trancado. _ Você esta chorando? O que aconteceu?

— Nada mãe. Ela respondeu secando o rosto.

— Ninguém chora por nada Lorena. Falou sentando-se na cama. _ O que aconteceu filha? Tem a ver com o Rafael? Vocês brigaram?

— Ele vai viajar mãe. Ele vai embora. Lorena admitiu em voz alta pela primeira vez, tão imersa em seus pensamentos que não notou a expressão no rosto de sua mãe. _ Ele vai fazer Pós graduação em Londres. Vai morar fora por um ano e meio. _ É muito egoísmo da minha parte querer que ele me escolha? Perguntou quando sua mãe permaneceu em silencio.

— É por isso que você esta tão chateada? Por que acha que ele não te escolheu? Sua mãe devolveu a pergunta que ficou no ar. _ Lorena, você precisa ouvi-lo. Não só escutar, mas ouvi-lo de verdade. Entende? Como vai compreendê-lo se não sabe as razões que o levou a fazer isso. Já parou para pensar nisso? Ela questionou. _ Pense com cuidado querida. Se vocês pensam em formar uma família em breve, precisam aprender a se apoiarem um no outro, é isso que fortifica a união do casal quando as divergências chegam. Aconselhou.

— A senhora acha?

— Isso sempre funcionou comigo e com seu pai. Pense bem, esta bem? Tomar decisões no calor do momento geralmente trazem arrependimentos no futuro. Não é bom ser guiada apenas pela emoção, mesmo que seja difícil, pense com a razão. O que esta oportunidade significa para ele? Que frutos esta decisão pode trazer no futuro? Não só no dele, mas de vocês dois.

— Mãe, a senhora já sabia? Perguntou só então notando que ela não ficara surpresa.

— Carmem e eu conversamos enquanto vocês estavam la fora. E eu realmente acho que vocês deviam conversar, porque ao que me parece, o Rafael tem um plano. Vou assistir a um filme na sala se quiser me acompanhar. Falou levantando-se.

— Obrigada mãe. Lorena disse antes que ela saísse pela porta.

Lorena tocou o seu dedo sem a aliança agora e deitou-se exausta. Fora apenas um final de semana, mas pareciam meses. Ela ficara noiva, brigaram pela primeira vez e o noivado acabou sem nem ao menos começar direito. Sua mãe tinha razão, ela era emotiva demais. Disposta a dar um tempo, resolveu que um banho ajudaria a acalmar os ânimos, mas a voz gritante em sua mente não se calou, nem quando ela secava os cabelos com o barulho do secador no maximo.

Ficar no quarto tornara-se sufocante, e ela vestiu uma roupa qualquer largando o pijama sobre a cama, quando uma ideia lhe ocorreu. Alcançando as chaves na gaveta da cômoda, guardou no bolso e saiu do quarto encontrando Rute deitada no sofá com a televisão ligada.

— Mãe, vou dar uma volta.

— Não volte muito tarde. Rute pediu e ela concordou dando um longo abraço na mãe que foi pega de surpresa, mas também retribuiu.

— Eu te amo, mãe.

— Também amo você querida. Falou sorrindo.

Lorena caminhou alguns passos sentindo o vento em seu rosto. A noite estava começando a chegar, trazendo uma brisa suave. Ela caminhou devagar pela calçada, deixando os pensamentos fluírem.  

— Legal o suficiente para começarmos? Ele dissera enquanto mostrava o apartamento. — Eu sei que não estamos juntos há tanto tempo assim, mas eu te amo e você me ama não é? Por que esperar? Não quero esperar. Eu quero poder começar logo nossa vida juntos.

— O que é isso? “O amor é paciente e bondoso. Tudo suporta.” Você que escreveu?

— Guarde com você, não esquece, esta bem.

Ela concordara, mas na primeira oportunidade esqueceu de sua promessa.  Percebeu parando no ponto de ônibus sabendo exatamente onde queria ir, mesmo que fosse uma ultima vez.

Caminhou devagar, passando pela portaria com a chave de acesso que Rafael lhe entregara. O coração batia no peito quando o elevador parou em seu andar e ela suspirou segurando as lagrimas, sendo invadida pela sensação de que estragara tudo. Queria voltar aquele dia e começar de novo. Ia abraça-lo e dizer para conversarem, ia dizer que encontrariam uma maneira de passar por isso, ia dizer que ele podia contar com ela e que apesar da distancia que enfrentariam, ela estava orgulhosa por vê-lo crescendo e se destacando profissionalmente.

Girou a chave percebendo que a porta estava destrancada e antes que seu cérebro pudesse raciocinar, Rafael surgiu em seu campo de visão. A surpresa refletida nos olhos de ambos por se encontrarem ali.

— Não sabia que estava aqui. Ela falou encontrando a voz.

— Vim resolver um assunto. Explicou sem deixar de olha-la. Queria abraça-la e dizer que não iria a lugar algum, mas se segurou colocando as mãos no bolso da calça. _ E você?

— Eu... eu... Lorena começou sem saber como explicar. _ Desculpe. Não cheguei a parabeniza-lo por conseguir a vaga do intercambio.

Ele acenou concordando.

— Obrigado.

— Na verdade... ela levou alguns segundos processando as palavras. _ Eu também não disse que fiquei orgulhosa por te ver se destacando no seu trabalho, você deve ter se esforçado muito, com certeza mereceu. Falou sincera.

— Obrigado. Repetiu engolindo as palavras que queriam sair de sua boca.

— É isso. Eu já vou indo. Tchau Rafael. Ela disse girando o corpo para alcançar a porta. Era assim que dariam adeus? Engolindo o orgulho, girou o corpo de volta encontrando Rafael na mesma posição a olha-la. _ Eu não quero terminar. Falou em um segundo de coragem. _ Fiz aquilo em um momento de emoção, não pensei bem...

Com passos longos e rápidos, ele eliminou a distancia a calando com um beijo. Diferente de todos os que já tiveram, este era urgente e sofrido os deixando sem fôlego.

— Por que fez aquilo? Ele perguntou sem soltá-la.  

— Você vai embora. Eu te disse, não quero ser um empecilho na sua vida.

— E quando foi que eu dei a entender que não queria mais ficar com você? Porque não confia um pouco mais em mim? Em que momento eu disse ou fiz algo que te levasse a pensar assim? Questionou se afastando dela.

— O que quer que eu faça Rafael? Lorena se empertigou. _ Só de imaginar você vivendo em outro país longe de tudo aqui, você vai conhecer pessoas interessantes. E se de repente você perceber que eu não sou boa o suficiente par a você? Falou o que estava em sua mente, mas que jamais tivera coragem de colocar em palavras ate agora.

— Para. Ordenou. _ Não faça isso. Nunca mais eu quero ouvir você falando dessa maneira.

— O que você quer de mim Rafael? Disse sentindo as lagrimas caírem sobre o rosto e ele se aproximou as secando.

 _ Eu quero que confie em mim. Quero que acredite em você mesma. Desde que começamos a ficar juntos, você tem essa insegurança. Eu te amo Lorena. Eu te pedi em casamento lembra? Eu não mudei de ideia e não vou mudar. Coloca de uma vez por todas uma coisa aqui. Ele disse com o polegar em minha testa. _ Você é a pessoa que escolhi para passar todos os dias da minha vida. Ela fungou e ele a abraçou apertado.

 _ O que vamos fazer? Perguntou momentos depois, ainda abraçada a ele.

 _ Eu pensei muito sobre isso e cheguei à conclusão. Lorena se soltou de imediato analisando seu rosto.

— Que conclusão? Perguntou e Rafael soltou um suspiro a puxando para seus braços novamente.

— Não quero que saia daqui. Falou e ela sorriu o abraçando também.

— Esta bem. Concordou. _ Qual a sua ideia?

— Primeiro eu pensei em negar a oferta da empresa, e assim a gente pode seguir como planejado. Franzindo o cenho ela ergueu a cabeça para olha-lo. _ Quando você me devolveu a aliança no jardim, eu percebi que não há nada que eu queira mais do que você. Explicou olhando em seus olhos. _ Não há nada mais importante para mim do que você Lorena. Ela sorriu emocionada com sua declaração.

— Para mim também Rafael.  Só agi daquela maneira por que tive medo de nunca mais ficarmos juntos. Mas, agora eu sei que não posso exigir isso de você. Eu quero ser capaz de somar em sua vida, de acrescentar sempre e não ao contrario. Confessou. _ É por isso que não posso concordar com esta opção, não quero que desista dos seus sonhos ainda mais por minha causa. Mesmo que a ideia de ficarmos longe tanto tempo seja dolorosa, você precisa ir. Não pode perder esta chance. Ele a beijou com todo o amor de seu coração, torcendo para que ela sentisse o que ele também estava sentindo no momento, e ela estava.

— Qual é a segunda opção? Lorena perguntou ainda afetada pelo beijo. Rafael se afastou minimamente a fim de recuperar o raciocínio.  

— A gente se casa, e você vem comigo para Londres.

— Viajar com você? Ela repetiu e ele acenou concordando. _ Acho que eu não conseguiria um visto tão rápido assim, alem do mais, tenho que terminar a faculdade. Tem o meu trabalho e eu não posso não posso largar minha mãe sozinha aqui e viver em outro país.

— Eu imaginei que diria isso. Então só nos resta a terceira opção.

— Que seria?

 _ Vamos nos casar o mais rápido possível, e quando chegar o momento eu vou e você fica aqui e termina sua faculdade, e continua perto da sua mãe.

 _ Você pensou em tudo isso? Ela perguntou surpresa.

— Eu disse que não tinha que escolher. Só depende de nós dois. E agora a escolha é sua. Ele disse com intensidade. _ O que você quer fazer Lorena?

— Não pode estar falando sério. Ela titubeou se afastando um pouco.

 _ Eu não brincaria com algo assim. No que depender de mim, vamos envelhecer juntos. Não importa quantas vezes eu tenha que convencê-la disso.

— Desculpa dificultar as coisas para você. Pensei que você só estava pensando na viagem, mas era exatamente o oposto. Estava pensando em nós.

— Pensei em nós o tempo todo. Declarou. _ Mas também errei ao falar com nossa família sem termos esclarecido as coisas antes, pensei que você fosse entender minhas intenções.

— Não vamos mais falar sobre isso. Ela pediu voltando a se aproximar dele e fazendo um carinho em sua nuca, que acenou concordando.

— Lorena, quando eu voltar, terei muitas oportunidades melhores que agora, este tipo de coisa é muito valorizado nas Empresas hoje em dia, vai ser um destaque em meu currículo.

— Tem razão. Mas tem certeza que realmente quer fazer isso? O casamento é algo serio e a gente não pode tomar este tipo de decisão no calor da emoção.

— Eu estou totalmente certo da minha decisão. E você? Quer se casar comigo?

— Sim, eu quero. Ela respondeu e ele sorriu alcançando no bolso a aliança que ela havia devolvido mais cedo e colocando no dedo dela mais uma vez.

— Eu te amo. Declarou.

— Eu te amo também. Ela falou e o beijou mandando todas as suas inseguranças para o espaço. Tudo ficaria bem, desde que permanecessem juntos. Pensou. 


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